Eyes Of Despair

Escrito por Stelah | Revisada por Lelen

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Recomendo que ouça : Black Veil Brides - Carolyn

  Meus olhos esbugalhados, mirando o teto. Meu corpo quase paralisado por imensa dor. Uma poça de sangue me cercava, estava cada vez mais próxima do mais temido ser: O ceifeiro.
  Os segundos não contribuíam nada com minha dor infernal, passavam-se como horas e respirar estava cada vez mais difícil.
  Sentia minha alma cada vez de mim mais longe. Ela parecia querer caminhar por outras bandas, num lugar dali distante. Talvez no céu, talvez no inferno, seja lá como eles o chamem.
  Sua voz rouca, pelo tempo aos prantos, quase que irreconhecível, fez-me desviar o olhar a um canto ainda mais escuro da sala. O garoto que me jurou amor eterno e por quem meu coração batia até aquele maldito momento, estava com uma faca em mãos, com sangue por toda a sua vestimenta.

  - Eu não queria fazer isto, mas eles me mandaram. Eu não queria, mas ele quis. - Ele repetia incontáveis vezes, mesmo que o soluçar atrapalhasse.
  - Por que você fez isso ? - Sussurrei, com as poucas forças que ainda tinha.
  - Eu não queria, eu não queria, eu não queria! - Seus olhos verdes voltaram para mim, e ele pareceu se alterar.  

  Gritos de raiva e arrependimento invadiram a sala vazia.

  - Eles disseram que era melhor pra ela, mas eu não queria, mas ele quis, ele quis... Agora eu estou sozinho outra vez, de novo...
  O corpo dele tremia e seu suor confundia-se com suas lágrimas e manchas de meu sangue. Ele se balançava para frente e para trás, num movimento contínuo. Seus olhos cada vez mais distantes e ele parecia não estar na mesma realidade que a minha. A dor e desespero dele ardiam mais que qualquer ferida minha.

  - Vocês tiraram ela de mim, tiraram! - falava com um outro alguém, ao menos era o que me parecia. Mas era um alguém que aos meus olhos não poderia ver. - Eu não queria machucar ninguém, mas eles mandaram e eu tive que fazer!

  O garoto se levantou apressado, jogou a faca no chão e colocou suas mãos no bolso, como se não se importasse com todo o sangue. Começou a andar em círculos, ainda repetindo seu discurso. Às vezes passava as mãos no cabelo e mordia os lábios como um tique nervoso, eu já estava acostumada com isso.
  Gritei, quase que o dobro que ele, até que minha voz desaparecesse. Seria diferente, agora no meu leito de morte eu não poderia ajudar meu então assassino. Não poderia levantar e abraçá-lo, consolando-o com um: Ei, eu estou com você.

  - Eu amava ela, e agora? - Foi o suficiente para acabar de destroçar meu coração. Minha morte seria seu fardo pro resto da vida.

  A cada instante eu me sentia mais perto da morte, mais perto do fim. Talvez fosse assim que se sentia, afinal, sua doença o deixava um passo à frente do desespero, um passo à frente da escuridão.
  Seus gritos foram ficando cada vez mais baixos e, antes que tornassem imperceptíveis aos meus ouvidos, ouvi um grito de pavor. E esta seria a última coisa que ouviria:

  - Sai de perto dela, sai!

  O garoto se ajoelhou diante de meu corpo e me abraçou com força, num gesto desesperado de proteção. Acompanhei seu olhar, em direção à porta e senti meu corpo esfriar de repente.
  Minhas forças foram se esgotando e vi meu controle por sobre meu  corpo sumir, isso numa fração de segundos. Seu toque já não podia sentir.
  E num olhar mais perceptivo, lá estava a morte, diante de mim.



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