Estranha Cinderela

Escrito por Gabriela Pereira | Revisado por Francielle

Tamanho da fonte: |


   era alto, magro, de pele clara e olhos verdes, ele tinha algumas tatuagens pelo corpo e a banda de rock mais conhecida da atualidade.
   tinha a pele bronzeada, olhos e cabelos escuros e um sorriso de parar o trânsito. Bem, no momento o trânsito estava parado, a cidade inteira, não, o estado inteiro parou para ver o show da banda de .
  - Odeio essa banda, não sei nem porque estou vindo! - comentou enquanto mudava a marcha do carro para andar mais cinco metros antes de parar de novo.
  - Porque você é minha amiga, e tenho entradas para a festa que vai rolar depois do show - olhou para a amiga mostrando as credenciais - e você adora festas! - era loira, tinha cabelos e olhos claros e um amor platônico enorme pelos meninos da banda, como uma boa amiga, prometeu ir com ela ao show.
  Depois de uma hora paradas, as duas finalmente entraram no estádio e foram para seus lugares na pista VIP. Um show cheio de efeitos, gritaria, choros e um som ensurdecedor acabou depois de três horas, as meninas esperaram o estádio se esvaziar para irem de volta pro carro, as duas se trocaram ali mesmo, no estacionamento do estádio. Elas seguiram para o 'Clube 21' onde seria a festa, fãs estavam por todas as partes, assim como fotógrafos, penetras e paparazzi, as duas pararam para tirar algumas fotos que eram pedidas, e depois entraram no salão.
  O 'Clube 21' era uma boate para seis mil pessoas, as duas seguiram para o mezanino de onde tinham uma vista do lugar todo, depois de uma hora os meninos da banda subiram em um palco que se tinha na lateral da pista de dança.
  - Olha lá o meu baixista. - falou mostrando pra amiga o seu 'preferido', como se ela já não soubesse o nome de todos ali, mas os olhos de não desgrudavam de uma pessoa, aquela que nunca tinha chamado a sua atenção, que naquele momento fez seu coração bater mais forte, aquela que a fez esquecer de como se respira, que ela sabia que era loucura gostar, porque nunca o teria, , o vocalista da banda. Os meninos agradeceram a presença de todos ali, e falaram que o Brasil era um país maravilhoso, completamente diferente dos Estados Unidos, mas esqueceu o que dizia quando seus olhos encontraram com a menina de cabelos escuros e vestido vermelho no mezanino. voltou à realidade quando seu amigo passou o microfone para ele, após os agradecimentos foi para a pista de dança, com os olhos sempre atentos ele tentava achar a menina que o fez perder a fala.
  Por ser o vocalista, ele era o mais desejado, o mais intocável, aquele que tentava se aproximar, mas era sempre afastada por alguma outra menina ou pela falta de coragem, que não era bobo nem nada dava exatamente o que as meninas queriam, um pedaço de , uma lembrança, um beijo, ele já havia perdido a conta de quantas garotas já havia beijado naquela noite. desistiu de ficar na pista de dança e voltou para o seu lugar no mezanino.
   parou o que estava fazendo quando a viu, ele largou a menina que estava em seus braços, nem se lembrava do nome dela, seguiu a garota de vestido vermelho até o mezanino, ela se sentou em uma mesa na lateral, ele olhou em volta, estavam sozinhos.
   abriu uma bebida da mesa e deu um gole longo, ela parou quando viu que alguém havia sentado na cadeira a sua frente. Os dois corações quase pararam quando seus olhos de encontraram.
  - Oi, eu sou o . - agradeceu mentalmente sua mãe por ter a forçado fazer o curso de inglês, caso contrário, essa conversa não iria acontecer. - Mas isso você já sabe. - ele piscou, não disse nada, a única coisa que passava pela cabeça dela agora era 'Não se apaixone, não de bola para ele, não... Não tire os olhos dele'. - Será que posso saber seu nome?
   já estava quase desistindo, imaginando que a menina não entendia uma palavra do que ele estava falando.
  - , meu nome é . E caso queira saber, eu não faço a mínima ideia de quem é você. - ela sorriu ironicamente, ela já sabia como essas histórias acabavam, cada um vai para o seu lado, e de corações partidos ela já estava farta.
  - Bem, se está aqui era de se imaginar que soubesse quem eu sou, mas acho que é a única garota aqui que ainda não tentou nada comigo.
  - Claro, alguém aqui tem um cérebro e não titica de galinha na cabeça! - ela deu mais um gole na sua bebida, sorriu.
  - Sabe, adoro garotas do seu tipo.
  - Do meu tipo? - eles se encaravam com um sorriso no rosto.
  - Desafios, garotas como você são desafios.
  - Acho melhor voltar para a pista de dança, suas bonecas de prazer estão te esperando. - ficou sério, continuou encarando aqueles olhos verdes, com medo de que eles sumissem a qualquer momento.
  - Não sem você. - ele cruzou os braços em tom de desafio.
  - Então vai ficar aqui a noite toda. - os dois sorriram. A noite passou tão rápido que eles só se deram conta da hora quando o DJ desligou a música - A não, que horas são?! - perguntou se levantando.
  - Sete da manhã, por quê? - correu até o parapeito do mezanino e olhou para a pista de dança, sua amiga estava deitada em um dos sofás junto com o baixista da banda. - acorda! Tem cinco minutos! - gritou acordando a menina e todo o resto que estava ali, ela correu, pegou sua bolsa e saiu descendo as escadas, a seguiu sem entender nada.
  - Isso vai ser tipo Cinderela? Mas às 7 da manhã? - ele perguntou
  - Vai! Mas eu não vou deixar meus sapatos pra trás, e a Cinderela não foi morta pelo pai! - assim que ela chegou na porta de saída sua amiga encontrou com ela.
  - Por que vai ser morta pelo seu pai?! - perguntou antes de ver a menina sair correndo e entrar no carro.
  - Nossa, mas porque tanta pressa ? - perguntou enquanto entrava no carro.
  - Tinha que devolver o carro pro meu pai antes das seis! - elas ficaram em silêncio um minuto, pensando na encrenca em que se meteram. - Mas e ai, como foi a noite?! - elas começaram a dividir suas experiências da noite anterior, depois de umas boas broncas as duas foram dormir, é claro que não saiu da cabeça de , assim como ela não havia saído da dele.
   podia dizer que foi a tarde mais torturante de sua vida, e sua banda estavam em cada capa de revista, e em cada programa de televisão. queria estar com 'a menina do vestido vermelho', era assim que ele falava sobre para os amigos, ele tinha mais dois dias de folga no Brasil antes de voltar para casa, mas não sabia por onde começar a procurar sua , foi ai que ele teve uma ideia.
  - Cara, você tem o telefone daquela menina que estava com você? - perguntou para o amigo.
  - Quem? A amiga da menina de vestido vermelho?
  - Ela mesma! Você tem?!
  - Tenho, mas isso vai te custar a sua guitarra. - os dois amigos trocaram sorrisos.
  No fim do dia se preparava para sair de casa quando deu de cara com o príncipe da sua noite anterior.
  - Sabe Cinderela, o príncipe vai atrás da dona do sapatinho de cristal depois do baile. - ele disse mostrando a chave do carro que havia alugado, ele era igual ao que a menina havia usado na noite da festa.
  - E o que a chave tem a ver com a história da Cinderela? - ela perguntou sorrindo.
  - No seu caso, quer dizer, no nosso caso, o problema era um carro e não um sapatinho! - ele jogou a chave para a menina. - Tem dois dias pra me mostrar sua cidade, Cinderela!
  - Como descobriu onde eu moro?
  - Digamos que uma tal de foi sua fada madrinha! - eles entraram no carro e nos dois dias que se passaram nada os separavam, eram risadas aqui, beijos ali, fotos, diversão e claro, um amor que começava a crescer ganhando proporções enormes.
  Eles estavam sentados em uma campina que existia no parque da cidade, observando o sol nascer abraçados. estava com a cabeça no ombro de , e ele passava a mão em seu cabelo, o sol brilhou na sua frente, trazendo os dois pra realidade.
  - Tenho que ir. - sussurrou se lembrando de que seu voo sairia em duas horas.
  - eu...
  - Eu sei, eu também não posso te deixar. - eles suspiraram.
  - Então acho que é isso. - se levantou, fez o mesmo, eles trocaram o ultimo beijo - Foi bom te conhecer.
  - Vai gostar mais da minha banda agora? - perguntou rindo.
  - É claro que não! - eles se abraçaram, ela seguiu para a saída do sul do parque, e ele foi para o norte, sem olhar pra trás.
  Três meses se passaram e para e a vida andava um tanto sem graça, algumas vezes eles se falavam por telefone, outras por mensagem, mas era apenas sair um rumor de um namoro de com alguma garota que se sentia péssima.
  - Sabe , eu não posso ficar assim, ele tem o mundo nas mãos, e eu sou só uma garotinha mimada que ele conheceu.
  - Você se apaixonou , por isso fica tão tristinha assim. - a amiga dizia consolando .
   estava triste, desligado, a música nem fazia tanto sentido agora, seu coração não estava mais preso a ela, ele estava preso a garota brasileira, estava preso em sua .
  - Acho que devia ir atrás dela. - os meninos da banda falaram.
  - E como iríamos ficar juntos? Eu viajo o ano todo! E nunca estou em casa!
  - Como sabe que não vai dar certo, se ainda não tentou? - eles falaram.
   voltou para a faculdade, continuou seguindo a vida, terminou a turnê e assim que pode, pegou um voo para o Brasil.
  Era uma segunda de sol, estava saindo do campus quando algo lhe chamou a atenção, parado em frente ao portão da faculdade estava .
  - O que faz aqui? - perguntou sem entender.
  - Conto de fadas possuem finais felizes sabia?
  - Mas isso não é um conto de fadas .
  - E quem foi que disse isso?! - ele perguntou rindo, eles se beijaram ali na frente de todo mundo, queria que o mundo todo visse quem era a sua princesa, quem era a garota que fez seu coração bater mais forte, queria estar com o tempo todo, e ele faria de tudo para isso dar certo.



Comentários da autora