Done Deal

Escrito por Miá Silverini | Revisado por Debbie

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Prólogo

  Ele era um moleque e ela uma garotinha, até aí tudo bem. Ele era um skatista e ela fazia ballet. Ele andava pelo colégio com um skate preto e vermelho e ela andava com um carro esporte. Ele lia revista de carros e ela lia Teen Vogue. Ele, e ela, .

Capítulo 1

   caminhava pelos corredores do colégio de San Diego. Sempre o mesmo fuzuê de todas as manhãs. pegou seu celular para responder a mensagem de sua amiga quando esbarrou em alguém e seus livros foram ao chão.
  - Caralho, dude! Você não... - os olhos azuis de fitaram a menina ajoelhada no chão recolhendo os livros – Desculpa, , eu não te vi. Quer dizer, não que ninguém te veja, além do mais, sua roupa chama bastante atenção, não que elas sejam chamativas é que seu chaveiro está fazendo barulho e acaba fazendo que todos ouçam. Quer dizer não é irritante, mas...
  - Eu já entendi - respondeu rindo - Desculpa, eu sou muito desatenta mesmo, você se machucou?
  - Não. Mas meu skate quebrou em dois - fez cara de triste - Vou ter que ir embora de ônibus.
  - Meu irmão pode te levar embora.
  - Relaxa, o ônibus é tranquilo.
   - interrompeu - Vamos, a aula vai começar. O que está falando com o Skater?
  - Oi, ! – o menino cumprimentou sem graça - Só estávamos...
  - Não interessa, Skater. Vamos, !
  A menina saiu arrastando pelo braço, que arrumava sua roupa e o garoto deu de ombros e foi atrás dos amigos. Encontrou os meninos sentados na mesa de sempre, todos rindo e conversando.
  - , o que fazia com a bailarina? Me contaram que o senhor estava conversando com ela. - perguntou.
  - É que ela quebrou meu skate, aí...
  - O QUE A VADIA FEZ? Quebrou seu skate!? Ah, mas eu vou mandar matarem ela, jogar aquela anãzinha gostosa em um chiqueiro. Quem ela é para quebrar seu skate? Mandou ela se foder? - perguntou.
  - E correr o risco de levar mais uma advertência?!
  - Ah, tá bom, foi mal, dude. Vou dar uma festinha hoje, minhas famosas festas de sexta e você pode levar a anã, tá, Branco de Neve?
  - Qual o seu problema cara? Mas eu vou ver se ela quer ir. Quer que eu arranje a amiguinha dela pra você? - brincou.
  - A vara-pau? Prefiro qualquer coisa, até a baixinha. - o sinal do inicio das aulas tocou e todos recolheram suas coisas para entrar - Vamos para a aula meu colega porcelana!
   sempre enchia o amigo de piadas por ele ser de um branco extremo. tinha olhos azuis brilhantes que sempre estavam escondidos debaixo de um óculos de sol aviador. Seus cabelos eram loiros, mas, muitas vezes, por baixo de um gorro. Sempre mascava chicletes que muitas vezes faziam aquele barulho irritante de mastigadas. Os professores sempre o faziam jogar o chiclete fora, daí vinha sua mania de morder canetas, lápis, roer unha... Era um aluno muito quieto, mas não prestava atenção na aula, só passava cada segundo das quatro aulas diárias desenhando em seu caderno. Mesmo assim era inteligentíssimo.
  Já na quarta aula, teve a brilhante ideia de desenhar . Fez um retrato da garota na posição que ela estava, com a cabeça encostada em uma das mãos e com a outra brincava com a caneta rosa e seu outro desenho foi uma caricatura da mesma, de corpo inteiro, um corpinho pequeno vestindo uma roupa de ballet e um sorriso grande e olhos brilhantes.
  Estava tão entretido no desenho que nem notou a presença do professor ao seu lado para recolher a lista de exercícios que deu na última aula.
  - Com licença, senhor da Vinci, se o senhor terminou sua obra de arte, eu gostaria que o senhor me desse seu dever de casa. E só para recordar, se tiver um se quer desenho, eu rasgo ele no meio ouviu?- o professor de Álgebra praticamente gritou.
  - Eu entendi, o senhor não precisa me tratar como um idiota, pois sabe que é a última coisa que pode me chamar. Sempre tiro A nos seus testes e sempre faço as listas. A culpa não é minha se o senhor não tem cultura o suficiente para tolerar um desenho. - desafiou o professor e todos da classe pararam para assistir a troca de farpas - Você quer a lista de hoje ou posso entregar a da semana que vem também? Se não for incomodar o senhor, é claro.
  - Eu tenho cultura para artes e não para rabiscos de quinta feitos por um rebelde sem causa. - o homem pegou os dois desenhos e colocou sobre a mesa de - Não tem coragem para mostrar para a sua musa inspiradora, senhor ? Tem medo que ela mesma rasgue esses rabiscos mal feitos?
  - Eles estão muito bonitos, , obrigada. - agradeceu para todos ouvirem em alto e bom som - Não são rabiscos mal feitos, muito pelo contrario, você é um artista. Tem gente que não sabe apreciar uma bela arte...
  - Menina, me dê a sua lista. Porque para defender o skatista ali a senhora tem tempo, mas para fazer o dever não?
  - É que... - a garota pensava em uma desculpa, mas por sorte, foi mais rápido.   - Foi mal, professor, eu peguei o dever dela para copiar, mas não deu tempo, ele está comigo. - entregou sua lista como se fosse a da menina.
  - Já chega, saiam os dois da minha sala antes que eu mesmo os tire daqui, direto para a diretoria, mocinhos. , a senhora não está acostumada a ir lá, mas garanto que o skatista sabe o caminho de cor e até de trás para frente com os olhos vendados. Caso preferir ir por sua conta, vá reto, vire a segunda direita e quando ver o menino do skate da outra sala, como chama mesmo o amigo do artista aqui? Ah, sim, quando ver , é lá mesmo, boa sorte. E já para você, Van Gogh, te vejo daqui a uma semana, quando sair da suspenção. , seu pai vai ter o prazer em lhe atender!
  Os dois saíram da sala com os materiais na mão. Chegaram na diretoria e a secretária os mandou esperar no corredor até o diretor poder atende-los.
  - Eu queria te chamar para ir na casa do hoje, ele vai dar uma festinha e disse para eu te convidar.
  No ? Seu amigo ? Sei lá, amanhã eu tenho ensaio de ballet pela manhã.
  - Ah, tudo bem, vou chamar outra pessoa.
  - Eu vou. Vai ser divertido.
  - e , entrem - o diretor apareceu. - Então, o que aconteceu na aula de álgebra agora?
  - Pai, é o seguinte, o professor ridículo que começou, ele enche o saco do só pra mandar ele pra sua sala e deixar a gente na detenção, mas, você não vai fazer isso conosco né? - resumiu.
  - Hoje vocês vão ficar na detenção, sim. , é sua terceira detenção em uma semana, sabe que isso quer dizer suspenção, né? Mas, vou deixar passar essa.
  - Valeu, senhor. Podemos voltar agora? - o menino pediu.
  - Você está careca de saber que quando é mandado para minha sala, você não volta a aula.
  - Podemos falar agora sobre poder usar salto e saia aqui no colégio?
  - Aqui não é um desfile de moda, filha. Se não se importam, saiam da minha sala e vão para o pátio agora.
  Os dois fizeram oque o diretor pediu. Sentaram em baixo de uma árvore e ficaram lá em silêncio. Começaram a adiantar o dever de casa, arrumaram seus armários e ficaram andando para passar o tempo. No colégio eram 4 aulas de 70 minutos e já estavam na última. Tinha uma hora para esperar lá fora.
  - Você ama dançar, não é? - perguntou e a menina assentiu - Você dança muito bem, te vi dançar ano passado quando fui ver minha irmãzinha. Ela tem 5 anos. Você faz que tipo de dança?
  - Street, ballet clássico, jazz, contemporâneo e ginastica artística.
  - Desculpa perguntar, mas está ligando pra quem?
  - Mãe? - perguntou assim que alguém atendeu sua chamada - Faz um favor, pega minha bolsa que tá minhas coisas de ballet que esta em cima da minha cama e traz para o colégio agora, eu vou almoçar aqui e ir direto para a aula. Ah, é que eu tenho que ficar na detenção, mas depois a gente se fala mãe, vou desligar ok? Beijinhos. - ela guardou o celular na bolsa, se levantou e retirou a grama do shorts - Olha, eu vou ali no portão pegar minha roupa e já volto.
  Ela aguardou no portão por uns cinco minutos até seu irmão mais velho aparecer com a bolsa. Ela cumprimentou ele, Nick olhou para e o mesmo gelou apenas com o olhar. Nicolas era popular na escola, talvez por ser o filho do dono. e o irmão andaram até a árvore que ele estava, a menina abaixou e pegou a mochila, retirou o celular dela e entregou ao irmão.
  - Valeu, maninho, me busca no ballet às sete. - Nick acomodou a mochila nas costas e foi embora.
  - Ora, mas que bela surpresa! Nick não está na sala de aula, onde eu fico protegido dele, mas sim na casa dele! E a pergunta que não quer calar: o que Nicolas faz longe da escola?
  - Ele está dodói. E não fale do meu irmão como se ele fosse te matar.
  - Ele me viu a um metro de você! Ai, Deus, ele vai, sim, me matar! - o sinal tocou finalizando o dia letivo.
  - Vou para o refeitório almoçar, então... Te vejo na detenção.
  - Eu vou almoçar aqui também.
  Almoçaram e foram para o castigo. Passaram os 70 minutos conversando e rindo. Acabou o tempo e os dois foram para o banheiro. se trocou e saiu para sua aula de ballet. saiu do banheiro, encontrou no meio do corredor esperando sua aula de reforço e pediu seu skate emprestado para ir atrás da menina. O amigo deu o skate e o pediu de volta antes que sua aula acabasse.
   saiu de skate em busca de . Ela estava andando na calçada até entrar em uma loja de conveniência. Ele entrou atrás e fez como se não tivesse visto ela. parecia realmente não ter notado sua presença, então ele trombou “acidentalmente” com ela e fez a latinha de energético que a menina segurava, cair no chão.
  - Desculpa, moça, eu não tinha te... ? O que faz aqui?
  - Eu estou indo para a academia de dança e você?
  - Só vim comprar refrigerante.
  - De onde surgiu esse skate? Eu não quebrei o seu?
  - Gostei da roupa! Aí, vai mesmo hoje no , né? - desconversou.
  - Claro, com que roupa devo ir? - pegou a lata do chão e trocou por outra na geladeira.
  - Não sei, as meninas vão de shorts, blusa e tênis. Sei lá.
  - Acho que não vou, só vai ter skatistas e gente estranha. Boa festa, mas sabe, não estou acostumada a ir nesses lugares. - ela foi até o caixa pagar.
  - Se você for - a fez parar - As meninas babariam na sua roupa, ia parecer uma pessoa famosa...
  - Por que quer tanto que eu vá?
  - Porque eu meio que gosto de você, achei que estava bem claro isso.
  - E estava mesmo. Tudo bem. Vamos fazer assim, eu vou, com uma condição.
  - Ih, sabia que o pior estava por vir.
  - Vai ter um concurso de dança daqui a uns meses e eu preciso de um parceiro...
  - Espero que ache um logo. Qual é a condição? Quer que eu te ajude a achar alguém?
  - Eu já achei. E estou olhando para ele.
  - Nem pensar. EU NÃO DANÇO! E além disso, é injusto. Eu ensaio, danço, te ajudo a ganhar e o que recebo em troca é sua companhia em uma festa?
  - Ok, duas festas.
  - Nada feito.
  - Duas festas e um abraço. - ele negou - Uma festa e um beijo. - negou de novo - Ok, oque você quer pra dançar comigo?
  - Quero que diga para o seu pai que estamos namorando. Por um mês, sei lá.
  - O quê? Por que você quer isso?
  - Isso faria com que ele não me suspendesse, nem me colocasse na detenção. Dessa vez, não fui suspenso porque você estava no meio. Você é a chave para nenhum professor implicar comigo e seu pai não chamar minha mãe.
  - Você não é meu tipo.
  - Você não tem um tipo.
  - Se eu tivesse, com certeza você não o seria.
  - Vou deixar você pensar... Vale a pena. Os meninos te deixariam em paz e você teria uma pessoa maravilhosa para ir às festas tops e para assistir seu treino de líder de torcida.
  - Meu irmão vai te castrar. Quando esse um mês passar, meu pai vai ter uma implicância com você maior do que nunca!
  - Não vai não. Tudo vai sair bem. Você não precisa casar comigo, é só falar que estamos namorando, só pra eu poder fazer o que eu quiser. Se não quiser, não precisa nem tocar em mim.
  - Não sei, agora não parece justo para mim.
  - Então, o que quer além do concurso?
  - Eu quero o seu amigo. Aceito isso, em troca quero sair com ele.
  - O ? - perguntou decepcionado – É, né? Então tá. Vamos voltar para o colégio e falamos com ele agora mesmo.
  - Mas e minha aula de ballet?
  - Você quer um parceiro, quer o , e ainda quer ir pra aula hoje? Escolhe gata, tenho que estar lá em 10 minutos, está me esperando.
  - Tá. Vamos logo. Me deixa ir de skate? Eu subo nele, você segura minha mão e vai levando.
  - Esse skate é do , então cuidado.
  - Nunca faria nada de ruim a esse skate, agora vamos.

Capítulo 2

  Foram assim até a escola que era a cinco quarteirões da lojinha. foi puxando até o colégio e conversando. Ele tentava a fazer falar o porquê de ter escolhido o amigo e não ele. Foi o caminho inteiro citando os defeitos de e tudo oque ele falava da filha do diretor, mas parecia que cada coisa ruim ela gostava mais dele.
  Chegaram ao Colégio , foram até a ultima sala do segundo andar, que era onde estava tendo aula. Ele estava prestando atenção e anotando as coisas, ele estava na primeira carteira e usava um óculos. Quando reparou que os dois estavam na porta da sala, tirou o óculos do rosto e jogou na bolsa. Olhou a hora e disse a professora que já tinha passado da hora de acabar a aula. Ela liberou a classe e todos saíram. saiu da sala e encontrou o amigo e o esperando na porta.
  - Por que estão me olhando assim? Que isso ein?!
  - Aí, dude, e se eu dissesse que eu tenho a cura pra você não ir mais pra sala do ?
  - E qual seria a cura, porcelana?
  - Taram! - apontou para .
  - E o que eu tenho que fazer? Qual é a roubada da vez?
  - NADA! – gritou - Só tem que sair com ela. - sussurrou.
  - O que? Tenho que sair com a anã, Branco de neve?
  - É. Só isso. Básico.
  - E por quê?
  - Ela meio que curte você.
  - Sério?
  - Meio que sim - a menina respondeu.
  - E então, quando vamos sair, ?
  - Quando você quiser. - se derreteu.
  - Eca! - fez cara de nojo - Não quero ficar vendo isso. Você vai sair com ela depois de nosso um mês de namoro e o fim dele.
  - Você vai hoje em casa? - ignorou o amigo e se aproximou da garota.
  - Vou sim. - respondeu sorrindo.
  - Você não ia a 15 minutos atrás.- disse e, novamente, foi ignorado.
  - Legal, então... Eu te vejo lá. Dude, devolve meu skate para eu ir embora.
  - Quer que meu irmão te leve?
  - Nick? Por favor, diga que tem outro irmão.
  - Na verdade era o Nick mesmo...
  - Vou de skate por umas duas quadras, depois paro no consultório da minha mãe e ela me leva pra casa, você vem ?
  - Vou. - respondeu rodando os olhos. Aquele apelido... - falou então, . Até a noite.
  - Tchau , te vejo em casa. Se quiser, leva uma amiga, sei lá.
  - Ok. Tchau meninos.
  Os dois desceram as escadas e foram comprar alguma coisa pra comer na cantina da escola. desceu também e foi para sua casa. Passou o dia escolhendo uma roupa para ir. Ligou para para contar sobre o dia. A amiga pediu para ela explicar como foi convidada para a festa dos skatistas.
  - Foi assim, me chamou para ir, quando eu estava indo pro ballet, nos encontramos e ele me perguntou de novo, então eu disse que achava que não iria por que me sentiria sozinha e ele disse que queria que eu fosse porque gostava de mim. Ai eu falei que só iria se ele dançasse comigo no campeonato 3 Stars de dança então ele disse que era muita injustiça porque e sairia com ele uma vez e ele vai ensaiar comigo por meses. Aí, , ele propôs que eu fingisse ser namorada dele por um mês só para o meu pai deixar ele em paz. Eu disse que tudo bem, SE ele... Promete que não vai surtar porque não sabia?
  - Claro, fala logo.
  - Se ele arranjasse o amigo dele, o , para mim!
  - QUEM? VOCÊ GOSTA DELE? PORQUE NÃO ME CONTOU? O SKATER GOSTA DE VOCÊ COMO NAMORADA OU COMO PESSOA? VAMOS NA FESTA DOS SKATISTAS? UOU! SO VAI TER GATINHO LÁ, VOCÊ NÃO ESTA ENTENDENDO! - gritava no telefone.
  - Para de gritar! Eu não gosto dele, só acho ele pegável. O Skater gosta de mim, sei lá, ele gosta. E sim, vamos na festa e vai ter vários gatos.
  - AH! Espera, você tem ballet amanhã! O tio não vai te deixar ir nessa festa de jeito nenhum.
  - É aí que entra você, . Se você falar que vai, meu pai deixa! Você tem que ir, , por favor!
  - Não perco por nada. Vou ter que desligar. Pilates. Beijinhos.
  - Passa em casa depois ! Beijinhos.
   passou o dia ensaiando e pensando na roupa que iria. Gritou para Nick aparecer no quarto dela, 5 minutos depois, o irmão estava parado na porta mordendo uma caneta azul.
  - Estava fazendo o que, Nick?
  - Tarefa. O que você quer? Me chamou só pra isso?
  - Não! Me leva na casa de um amigo hoje? Vai ter uma festa.
  - Papai deixou?
  - AINDA não, porque ainda não pedi. Mas ele vai deixar.
  - Casa de quem?
  - . - falou baixo.
  - Quem, ? Você está louca? Vai ficar sozinha lá!
  - É que... Eu estou namorando o . - fez uma parte do trato.
  - PAI!
  - O quê? - gritou o diretor do escritório.
  - está namorando !
  - Como? - gritou mais uma vez e apareceu na porta do quarto.
  - Pois é. - a menina disse se jogando na cama. - Posso ir com o meu namorado em uma festa?
  - Bem... Tá legal, pode. Mas, ele vai ter que te levar, não é seu namorado? Ele já tem idade para dirigir.
  - Tudo bem! Você quem sabe... - os dois homens saíram do quarto, ligou para .
  - Fala, gata! - a amiga atendeu.
  - Meu irmão não vai nos levar, meu pai caiu nessa de namoro e falou para o meu namorado nos levar de carro, porque o Skater tem carro. , o que vamos fazer?
  - Manda ele nos levar, caramba! Por que ele não pode nos dar uma caroninha? Liga pra ele e qualquer coisa me liga, chego aí às sete. Beijos, linda.
  - Beijinhos - desligou o celular e fez outra ligação - ?
  - Ah, o que foi agora, ?! Pelo amor de Deus, achei que era ligação importante, porra!
  - Tanto faz, quer que eu vá hoje na festa?
  - Achei que já estávamos conversados sobre isso.
  - Tá, é que eu preciso de uma carona.
  - Ué, pede pro seu irmãozinho, pra sua amiguinha, sei lá poxa, um taxi.
  - Você tem carro?
  - Tenho, mas...
  - Ótimo, passa aqui em casa oito e meia.
  - O quê? Eu nem sei onde...
  - Sabe sim, oito e meia!
  - Vem cá, tá achando que manda em mim, é?
  - Quer que eu seja sua namorada? Então aprenda como a MINHA banda toca, meu amor!
  - Quer ter um parceiro naquele bagulho de dança? Então aprenda a dançar conforme o MEU ritmo, gata.
  - Quer ser imune ao meu pai? Então aja como EU quiser, querido!
  - Quer ficar com meu amigo? Então aprende que nesse lance de namoro, quem manda sou EU, Anjo.
  - Bom saber pelo seu amor a viver, né? A qualquer minuto, eu posso atravessar o corredor e ir lá falar para meu irmão quebrar todos os seus ossinhos porque você é um péssimo namorado de mentira.
  - Apelou, em?
  - Faço o que posso.
  - Oito e meia, né?
  - Em ponto.
  - Aham, vamos combinar de deixar seu irmão fora disso, tá?
  - Vamos combinar de obedecer a , tá?
  - Vamos combinar de não ficar repetindo o outro, tá?
  - É, tem razão, isso é chatinho.
  - É, né? Fica na mesmice...
  - É
  - É
  - Para de me repetir!
  - Oito e meia?
  - Tem perca de memoria recente, menino?
  - Só confirmando... Vou dormir, tchau.
  - Beijinhos.
  - Ah! Rapidão, vamos combinar de não falar beijinhos, tá?
  - Tudo bem, tchau.
  - Tchau.
  - Calma aí, fica tão seca a conversa sem uma despedida fofa...
  - Vai dormir, vai .
  - Tá, beijos.
  - !
  - BEIJOS! - e desligou.
  Colocou o celular para despertar 6 horas, fez como e menino e foi dormir. Acordou com o barulho do despertador do celular. Levantou, foi para a cozinha e fez um lanche. Depois tomou banho e começou a se arrumar. Secou seus cabelos e quando sua amiga chegou ela estava terminando de prendê-los.
  As duas fizeram uma leve maquiagem, foram lá fora para ver o clima, estava fresco. Já eram oito horas quando começaram a se vestir. olhou sua roupa e a aprovou com um sorriso. fez o mesmo que a amiga e também aprovou sua vestimenta. Elas estavam indo para a escada quando o diretor chamou pelas duas.
  - Não volta tarde, tá? - o pai disse desviando os olhos do livro.
  - Eu... Vou dormir na , volto amanhã cedinho, aí eu vou para a aula de Ballet. Não se preocupa pai, estou indo, beijos. - Elas desceram e foram esperar na portaria do condomínio.
  - Vai dormir em casa e nem me avisou?
  - Eles viram a noite nessa festa, ficam até seis, sete da manhã, ! - o carro de estacionou na frente da casa e elas entraram.
  - E ai meninas? - o garoto saudou seguindo caminho.
  - Que horas você vai embora de lá? - perguntou.
  - Você nem chegou lá e já pensa em ir embora?
  - Só quero saber, dá pra responder?
  - Ah, sei lá, umas cinco, seis horas. Depende do meu estado, né?
  - Você é um porco!
  - Você é uma chata!
  - Você quer ficar comigo!
  - Você quer ficar com o meu amigo!
  - Você é um idiota!
  - Você prometeu que iriamos parar com o lance de repetir o outro.
  - Só para finalizar. A diferença entre eu e você é que você quer ficar com alguém que não te quer, já eu quero ficar com alguém que me quer.
  - Quem disse?
  - Disse o quê?
  - Que ele te quer. Quem disse?
  - Ele!
  - Ele não queria te ver nem pintada de ouro antes de você dizer que queria ficar com ele.
  - Você tem tanta inveja dele que está até escorrendo aqui na sua boca.
  - Inveja do quê? Ele não tem nada que me inveje.
  - Ele me tem.
  - Uou! Que legalm em?! Parabéns!
  - Que chato você! Sabe, é que...
  - Ô casal! - gritou no banco de trás - Por favor, né? Não aguento mais a voz de vocês dois, pelo amor de Deus!
  Todos foram calados até a casa onde estava rolando a festa. Tinham algumas pessoas andando de skate dentro da casa, algumas pessoas se pegando no jardim, tinha gente bebendo, brincando de jogo da garrafa... Todos olhavam para os três que chegavam e TODOS cumprimentavam o rapaz. segurou na mão de e se aproximou dele, que parou estranhando.
  - O que foi isso? - ele perguntou - Por que está segurando minha mão?
  - Somos namorados, então aja como se realmente fossemos, tá?
  - Deixa comigo. - ele a puxou pela cintura e a beijou.
  Nessa altura, já estava falando com um menino em um canto e os dois se beijando no centro da festa. Ela rompeu o beijo, mas continuou nos braços deles.
  - Foi namoro o suficiente para você? - o menino perguntou e levou um tapa no braço - O que foi?
  - Nunca mais faça isso, idiota! A menos que queira levar um tapa na cara!
  - Se não gostou, por que não me impediu de te beijar?
  - Idiota!
  - Você já disse isso, e mesmo assim, continua nos meus braços. O que foi? Quer mais um beijo?
  - Vamos beber alguma coisa.
  - Você quer vodca com o quê?
  - Água... Sem vodca.
  - Não bebe, bebê? - deu-lhe um selinho.
  - Quer parar de me beijar, porra?! Me dá qualquer coisa boa pra beber, !
  - Vem comigo. - a puxou até um balcão com bebidas e misturou milhões de coisas -Experimenta.
  - Tá - bebeu um gole - Isso é muito bom. O que é?
  - Segredo do chefe. Mereço um beijo? - se aproximou e roubou-lhe um beijo.
  - Você é muito chato! - deu o ultimo gole na bebida - Faz algo diferente.
  Isso se repetiu umas 10 vezes, até ela estar completamente bêbada e estar se pegando com o namorado falso. estava no mesmo estado que a amiga, bêbada e ficando com um cara do colégio. Era a melhor festa que as meninas tinham ido e estavam curtindo até mais que o esperado. Já passava de 5 da manhã e a casa estava esvaziando. A música já estava se abaixando e as bebidas tinham acabado.
  - , você me embebedou só pra eu ficar com você?
  - Claro que não, ! Você se embebedou.
  - Podemos ir embora? Tenho ballet em 4 horas.
  - Me beija.
  - Depois você me leva embora?
  - Tá. - estavam a caminho do beijo quando interrompeu.
  - Vamos embora! Estou cansada! Ih! Vocês ficaram, estão namorando de verdade agora?
  - Eu não desisti do ainda, isso foi um contratempo - disse enrolando a língua.

Capítulo 3

  Os três foram embora. Deixaram na casa dela e depois foram até a casa da filha do diretor. Pararam o carro e começaram a se beijar na frente da casa.
  - O que vai acontecer depois que sua embriaguez passar, ?
  - Tudo volta ao normal, você volta a ser meu namorado fake.
  - Mesmo assim podemos nos beijar às vezes?
  - É isso que namorados fakes fazem, agora eu vou entrar porque sim, tá?
  - Toma um banho para passar esse álcool no corpo. Tem algo programado pra amanhã?
  - Sei lá, me liga.
  Ela entrou na casa, tomou um banho e foi dormir. Foi acordada pela sua mãe a chamando para a aula de ballet, sua cabeça latejava e não conseguia se quer enxergar direito. Ressaca. Levantou, lavou o rosto e se trocou para a aula. Teve que ir andando até a academia. Nas primeiras piruetas, a dor na cabeça aumentou. Ressaca. Começou a ter tontura e teve que sentar por um tempo. Ressaca. Terminou a aula e foi para o vestiário. Trocou de roupa e quando estava indo embora a professora a chamou.
  - Nunca vi uma aluna minha de ressaca. Nunca imaginei que a primeira seria você. A melhor, sem duvidas.
  - Desculpa, eu estou muito envergonhada disso.
  - O que foi? Um garoto? Uma amiga? Sentimentos?
  - Um garoto. Meu namorado.
  - Não existe namoro, bebidas ou drogas no mundo da dança, .
  - Mas no munda da existe namoro e dança. Se me dá licença tenho que ligar para o meu namorado vir me buscar.
  Foi até a porta da academia e ligou para .
  - Que foi? - ele atendeu sonolento. - São 11 horas da manhã!
  - Vem me buscar?
  - Você sabe que não estamos namorando de verdade, né?
  - Sei, mas eu não quero que meus pais me vejam desse jeito.
  - Mesmo eu te buscando, você iria para sua casa e eles te veriam.
  - Posso ficar um pouco na sua casa?
  - Tô indo te buscar. Você está no ballet?
  - Aham. Obrigada. Beijos.
  Em 10 minutos o carro parou na porta da academia, ela adentrou e foram para a casa dele, onde foi apresentada como namorada para a família. Desceram as escadas, o quarto ficava no porão, o menino se jogou na cama e só depois tirou a bermuda xadrez, cobrindo-se com a coberta.
  - Me empresta uma blusa? - a menina perguntou.
  - Pega na primeira gaveta.
  - Me empresta seu banheiro, seu chuveiro, seu sabonete e sua toalha?
  - Empresto, só pega outra toalha no armário de baixo da pia. Não vou me secar com a mesma toalha que você se secou.
  - Aposto que vai!
  - Toma banho logo caramba!
  Entrou no banheiro, tomou um rápido banho, vestiu a blusa do menino por cima da roupa intima e prendeu o cabelo em um coque mal feito.
  - Tô com sono! - resmungou.
  - Dorme! - respondeu saindo do meio da cama de casal e indo para o lado esquerdo.
   se deitou e ficou olhando para o teto. Depois se cobriu com a coberta e virou de frente para o dono do quarto.
  - Você está só de cueca?
  - Estou de blusa também, agora cala a boca para eu dormir.
  - Desliga o ar. Estou com frio.
  - Já, já passa, você está de cobertor.
  - Enquanto isso eu passo frio?
  - Quer que eu te esquente?
  - Não se aproveite da situação!
  - Então morra congelada.
  - Tá! - 2 minutos de silêncio - Já dormiu?
  - Você não me deixa dormir!
  - Me abraça?
  - Aham - ele a abraçou por traz e ficaram assim. Ele começou a rir.
  - Do que está rindo?
  - Estou imaginando minha mãe descer aqui e nos ver dormindo juntos.
  - Ela vai ficar brava?
  - Ela vai chorar de alegria! Acho que você devia dormir aqui sempre para minha mãe ficar sempre feliz!
  - Não força! Boa noite.
  - Você tá gelada.
  - Acabei de dizer que estava com frio.
  - Por isso estamos dormindo da forma mais melosa de todas: conchinha.
  - Eu acho fofo.
  - Boa noite!
  5 minutos depois estavam dormindo. Quem olhasse de fora, realmente acharia que eram namorados, e mais, namorados a pelo menos 5 meses. Dormiam no centro da cama, encolhidos. Dormiram por 3 horas. Até a dona da casa descer para chama-los para almoçar.
  - Queridos? - bateu na porta e nem esperou permissão e já entrou - O almoço... Ai meu Deus!
  - Que foi mãe?
  - São namorados mesmo! Eu estou tão feliz por você, filho! Não sabia que era hetero, você só traz o para cá! Achei que era gay.
  - Mãe! Eu não sou gay, né ?
  - Acho que não. - respondeu.
  - Mãe, o que faz no meu quarto?
  - Vim chamar vocês para o almoço, depois vocês voltam a dormir. Uma nora! Achei que eu só teria genro, por sua parte e pela parte da sua irmã.
  - Mãe, espera lá em cima vai.
  A mais velha subiu sorrindo por ver que o filho não era gay. Os dois trocaram de roupa e subiram para comer. O pai de estava na ponta, sua mãe e Lindsay, sua irmã de 5 anos estavam sentadas em um lado e e ele do outro. Todos em silêncio. A mãe e o pai não acreditavam que estavam diante da namorada do filho que achavam que mantinha um lance com . estava queimando de tanta vergonha. Lindsay também não acreditava que tinha uma cunhada e que ela estava almoçando em sua casa. comia de cabeça baixa e sem olhar para os familiares.
  - Então, - o pai iniciou a seção questionário - Quantos anos tem?
  - 15, faço 16 mês que vem, mas minha festa é um mês depois.
  - Estão juntos há quanto tempo?
  - Um mês ficando - o menino inventou - Mas namoro mesmo, faz uma semana.
  - As perguntas são para ela, filho. O que você faz no seu tempo livre?
  - Ballet, estudos...
  - Não anda de skate?
  - Ainda não.
  - Usa vestido, saia, salto, maquiagem? - a mãe perguntou.
  - Sim.
  - Bem vinda à família! Eu pensava que se não fosse gay, sua namorada seria skatista e usaria roupas largas e tênis. Graças a deus que me enganei!
  - Mãe! - resmungou.
  - É neurótica por carboidratos? Cuida muito do seu corpo? Por que você é... - o homem falou.
  - Me acha gorda?
  - Não, ele quis te chamar de gostosa sem ser nojento, sem nos ofender. - explicou.
  - Ah, eu não ligo muito para essas coisas. Eu não gosto muito de McDonald’s, mas não ligo muito se estou comendo gorduras.
  - Qual sua média escolar?
  - 8,5 eu acho.
  - Você podia estudar com o pequeno .
  - Eu não preciso que alguém estude comigo, pai. - o filho resmungou de novo.
  - Não precisa, mas estudo nunca é demais. E não é uma mulher velha, feia e gorda, muito pelo contrario, filho! É sua namorada.
  - Mais uma vez ele te chamou de gostosa.
  - Eu a chamei de não gorda!
  - Eu já acabei, e você ?
  - Aham, também. - ela respondeu baixo.
  - Então vamos para o quarto.
  - O que vocês fazem lá? - Lindsay perguntou - Coisas de gente grande?
  - Não, Lin! Nós brincamos de Barbie!
  - Fazem coisas de gente grande? - o pai arregalou os olhos.
  - Não, caramba, vamos dormir! - foram para o quarto.
  - Deixa a porta aberta! - a mãe gritou.
  Não obedeceu a mãe e fechou a porta. Foi ao banheiro, escovou os dentes, colocou a blusa que estava usando para dormir, tirou a bermuda e voltou a deitar no lado esquerdo da cama de casal. estava parada encostada na parede, em dúvida se colocava a blusa do “namorado” de novo e voltava a dormir, ou se ia embora. Decidiu ficar, mas não sabia se trocava de roupa ali no quarto mesmo, como o menino tinha feito, ou se ia se trocar no banheiro.
  - Você está me olhando? - ela perguntou.
  - Não. Por quê?
  - Não olha, vou colocar sua blusa de novo.
  - Não vou olhar, estou de olhos fechados.
  - Tá.
  Tirou o shorts e a blusa, ficando só com a roupa íntima. Pegou a blusa que estava usando para dormir e a vestiu, tendo dificuldades para realmente coloca-la. Depois, deitou-se na cama de costas para , pegou o braço dele e o enlaçou em sua cintura.
  - Não me disse que usava minha cueca.
  - Não me disse que estava me vendo trocar de roupa.
  - Só para mostrar que eu não sou gay. Aliás, você não ficou mal com a minha cueca, não, até que eu gostei.
  - Idiota!
  - E pode ficar com a cueca, a blusa eu quero de volta.
  - Tá.
  - Você está se iludindo.
  - O quê?
  - Está caindo na sua própria mentira.
  - Que mentira?
  - Que somos namorados. Está me tratando como se realmente fossemos.
  - Não estou me iludindo. Sou uma ótima atriz!
  - É tão boa atriz que você acredita na sua própria atuação.
  - Claro que não!
  - A menos... Que você esteja fazendo isso porque você quer e não pelo nosso trato.
  - É isso mesmo. Estou fazendo isso por livre e espontânea vontade.
  - Então quer que isso se torne de verdade?
  - Não! É só um lance, só para curtir.
  - Então me beija? - ela sentou em cima dele e se beijaram.
  - Vou contar para a mamãe que vocês estavam fazendo coisas de gente grande com a porta fechada! - Lindsay apareceu na porta.
  - Lin! - a garotinha saiu correndo - Que ótimo! Minha mãe só vai deixar você ficar aqui se ficarmos na sala!
  - ! Oque eu falei? - a dona da casa surgiu na porta.
  - A gente só estava se beijando... De porta fechada, mãe!
  - Sei... - ela subiu de volta.
  - Melhor eu ir, meu pai já deve estar preocupado.

Capítulo 4

  Um mês depois...

  Estavam na sala de TV deitados no chão da casa do diretor e assistindo Harry Potter e o Cálice de Fogo. Comentavam sobre o filme e sobre os atores. Quando o filme acabou, desceram para fazer pipoca. A brincadeira começou quando foi lavar a mão e secou-as na blusa do menino. Como vingança, ele colocou um gelo da sua coca dentro do decote da blusa da garota. Voltaram a sala e colocaram num canal de música e ficaram cantando e brincando um com o outro.
  - Como vai ser seu aniversario de 16? Falta pouco!
  - Lindo! Com muito rosa e preto. Você vai, né?
  - Eu não ia.
  - Mas vai agora, né?
  - Agora que é minha “namorada”... - fez aspas com o dedo. Seu celular anunciou uma nova mensagem.
  - Quem é?
  - O quê? Nada. Ninguém. Não interessa. Você não conhece.
  - Por que ficou nervoso? Quem é? - pegou o celular da mão do garoto. - Quem é Taylor?
  - Eu a conheci num acampamento de skate ano passado e a gente ficou.
  - E o que ela quer com você?
  - Ela está vindo para San Diego e queria... Me ver.
  - E você vai?
  - Logico, ela é minha amiga.
  - Sabe que sou sua “namorada”, né?
  - Sabe que as aspas meio que dizem “só que não”? E além do mais, ninguém conhece ela, ninguém vai ver, nós sempre ficamos na minha casa. E aliás, o que vai mudar na sua vida?
  - Nada. - seu celular tocou. - O que é? Oi. Não estou fazendo nada. Eu já vou. Beijos, também te amo. Tchau.
  - Quem... Quem era?
  - Nada. Não te interessa. - o imitou.
  - Se não interessasse eu não teria perguntado.
  - Se te interessasse eu teria respondido - se levantou - Já volto.
  - Aonde vai?
  - Na casa do Pete.
  - Pete? Da classe do seu irmão?
  - É. Espera 5 minutos. Ele mora aqui no condomínio.
  - O que você vai fazer lá?
  - Nada. Não te interessa.
  - Fala logo caramba! - levantou e seguiu a menina até a porta - Eu te levo. Entra no carro.
  - Conheço bem o caminho, posso ir a pé.
  Bateu a porta e foi até a casa de Pete buscar seu irmão mais novo, que estava brincando com o irmão do amigo de Nick. Bateu na porta, pediu para chamarem Thomas e assim, o menino estava na sua frente depois de 2 minutos. Voltaram para casa conversando e brincando de apostar corrida. Vieram pelo caminho mais cumprido, que passava pelo parquinho. Thom viu um de seus amiguinhos e perguntou para a irmã se podia convida-lo para nadar em sua casa. De primeira, negou, mas seu irmão foi fazendo aquela carinha de cachorrinho e ela cedeu. Continuaram o caminho, agora com um garotinho a mais.
  Entraram na casa e os dois meninos foram para o quarto de Thomas. voltou para a sala e encontrou deitado no sofá vendo um jogo de futebol. Ela disse o que tinha ido fazer na casa de Pete e ele deu de ombros. O chamou para nadar e ele aceitou. Foram para o quarto da garota, que colocou um biquíni e foi até o quarto de Nicolas para pegar uma bermuda pra emprestar. Quando chegaram na piscina, Thom e seu amigo já estavam nadando.
  - Thommy, que horas a mamãe saiu daqui?
  - Às dez, eu acho, ela disse que voltaria tarde e falou para você tomar conta de mim, o que significa me alimentar! E ela falou para você sair com o Piqué.
  - Ah, não! Eu faço isso amanhã.
  - Quem é esse? - perguntou.
  - Meu cachorro. Thommy, eu quero sair a noite, será que ela vai estar aqui?
  - Não sei, . - Thomas respondeu antes de mergulhar - E se ela tiver aqui, ela não vai deixar você sair hoje não, irmãzinha.
  - Por que não?
  - Porque amanhã você vai ver as últimas coisas para sua festa e, vamos sair cedo para ir para Los Angeles.
  - Ah! Tinha esquecido!
  - Por falar nisso, sua professora de ballet ligou.
  - O que ela disse?
  - Algo sobre você estar virando a pior aluna dela...
  - O QUÊ?
  - Brincadeira. Ligou para avisar que segunda você não tem aula e que ela retirou você da categoria duplas de um concurso aí e te colocou para fazer solo.
  - Solo? Ela quer me castigar! Só pode...
  - Você adora fazer solo!
  - Não no 3 Stars! Onde só tem gente foda. Já perdi.
  - Espera um minuto - interrompeu - Quer dizer que eu não tenho mais que faz isso?
  - É.
  - E que nosso trato acabou?
  - Não, eu prometi que o faria e vou até o fim.
  - Não tem problema?
  - Não.
  - Não se apaixone por mim.
  - Esse é o seu sonho.
  - Eu não te quero mais.
  - Pode deixar, isso nunca irá acontecer.
   estava tomando sol e o “namorado” brincava na piscina com Thomas e seu amigo. Os três se divertiam na enorme piscina jogando vôlei, apostando corridas, jogando água para fazer entrar, o que não aconteceu. O mais velho saiu da piscina, sentou ao lado da menina que estava de fone de ouvido cochilando e nem o viu sentar ali. O mesmo levantou e chacoalhou o cabelo para jogar água nela. abriu o olho assustada e mandou-lhe um dedo do meio.
  Nem notaram o som da porta principal se abrindo e o restante da família entrando. Nick foi até a parte da piscina para avisar que já tinham chego. Parou no lado de fora da porta de vidro e ficou assistindo os dois garotinhos brincando. Desviou um pouco seu olhar e parou na espreguiçadeira, onde a irmã acariciava os cabelos molhados de e ele mexia no celular da mesma comentando algumas coisas. Nenhum dos quatro tinham reparado que o filho mais velho estava parado ali, por isso, ele pigarreou e todos pararam o que estavam fazendo e olharam para ele.
  - Tem jantar aqui em casa hoje - Nick disse e olhou para o skatista - Jantar de família.
  - Oi, Nicolas. - o remetente da indireta quase sussurrou. Nick virou de costas para ir embora.
  - Nicolas, responda!- mandou fazendo o irmão parar.
  - Não apela . Só família, tá?
  - Nick, chama o pa... - o diretor substituiu o filho mais velho e parou na porta de vidro. - Pai, nós vamos dar um jantar por quê?
  - Sua semana de aniversário, né? - Thom respondeu de dentro da piscina.
  - Posso chamar um convidado?
  - NÃO! - Nick gritou de varanda do seu quarto.
  - A semana de aniversário é minha, Nicolas, se eu quiser que o porteiro do nosso condomínio vá ao nosso jantar, então ele virá. Não é pai?
  - Ah, claro filha, mas seria estranho chamar o porteiro. - o diretor entrou na casa.
  - Eu não quero vir num jantar de família! - sussurrou para a garota.
  - Quem disse que é você o convidado, menino? Eu, em... - ela respondeu - Mas acho que você ganharia pontos com meu pai se viesse. Vou chamar a , chama o também. Só tem um negócio que eu tenho que avisar. Roupa social.
  - Ih, sai fora. Não venho nem que Deus mande!
  - Pontos com a meu pai...
  - Vou ver se o quer vir. Que horas?
  - Oito horas.
  - Ou, seu gay, tá afim de ir num jantar na casa da hoje às oito? Semana do aniversário dela, sei lá, um lance assim. Roupa social. Sei lá, depois eu te ligo quando eu estiver em casa. Eu estou... Na piscina da casa da . Ah, vai se foder . - e desligou o telefone.
  - Ele vem?
  - Aham.
  - Meu irmão vai ter um colapso. Mas aí ele vai ver a e tudo vai passar.
  - Aí, sabia que eu já gostei dela?
  - Jura? Ela já gostou do .
  - Mas que caralhos! O mundo inteiro já quis ele?
  - É. O cara é bonitinho, tem carinha de bebe. Dá vontade de apertar, sabe?
  - Não sei e não quero saber.
  - Chato!
  - Vou pra casa. Oito horas eu estou aqui. Tchau.
  - Espera aí, por que todos querem a ?
  - Nem todo mundo. Falou! - se secou e subiu para pegar suas coisas. Esbarrou em Nick no corredor dos quartos.
  - Sai da minha casa se não quiser morrer virgem, viadinho de merda. - Nicolas sussurrou para que apenas o “cunhado” ouvisse.
  - Que medo, ein? - perdeu o juízo - Mas vou pegar minhas coisas e vou para minha casa, volto aqui as oito com uma surpresinha pra você.
  - Eu vou quebrar a sua cara, skatista.
  - Não passa vontade, não. - fechou a porta do quarto de e desceu 3 degraus - Até mais.

Capítulo 5

  Desceu as escadas quase se urinando com medo de Nicolas ir atrás. Quando desceu o último degrau, olhou para trás para ter certeza que não estava sendo seguido por Nick. Respirou fundo e foi embora. Chegou em casa e foi tomar banho. Ligou o computador, entrou no seu facebook e logo no topo do Feed de notícias estava uma atualização: está em um relacionamento serio. 578 curtidas, 120 comentários.
  É, a vida de filha do dono e diretor da melhor escola da Califórnia devia ser bem agitada. Tudo o que ela colocava os puxa-sacos curtiam, comentavam...
  O menino continuou a descer para mais atualizações de amigo e novamente parou em uma de , onde ela tinha trocado a foto do perfil. “Caramba! Como ela pode ser tão gata?” pensou enquanto curtia a foto e lia os comentários.
  - Gata, linda, perfeita, gostosa, maravilhosa, diva, gatíssima, deusa, só comentam a mesma coisa, e só meninos, meninos do fundamental, meninos do colegial, meninos de só Deus sabe aonde, meninos que já estudaram no colégio. Um monte de amigos do irmão dela chamando ela de gostosa e o Nick não faz nada, agora, vai eu comentar uma coisa dessas... Ele acaba com a minha raça. Ah, se acaba...
  - Falando sozinho? - entrou no quarto.
  - Que horas são?
  - Sete e pouquinho. Tá nervosinho por qual motivo?
  - Motivo nenhum. Não estou nervoso.
  - Ah, você está sim... Tá com a mão na nuca e tá rolando os olhando quando termina de falar.
  - Aí, por que todo mundo comenta “gata, linda, gostosa” nas fotos da ?
  - Então é ciúmes?!
  - Cala a boca. Com que roupa você vai?
  - Uma camisa branca e uma calça jeans e você?
  - Jeans, camiseta branca e blaser preto.
  - Mamãe que escolheu?
  - Idiota!
  - Deixa eu ver a foto dela. - parou atrás do computador- É, ela está bem bonitinha na foto mesmo, vai vê que é por isso que as pessoas disseram que ela está bonita?! Aí, mudancinha de status rolando solta no Facebook, né? Viu os comentários desse? Acho que nunca ri tanto em toda a minha vida. Só “puxadores de saco”. Todo mundo cheio de mimimi com ela, ficou com ciuminho também, foi, branco de neve?
  - Vai se arrumar e vê se para de me encher.
  - Você vai sem gorro? - perguntou recebendo um “aham” como resposta - Jura? O negocio é tão chique assim a ponto de fazer você tirar seu gorro? Nossa, acho que não quero mais ir, só vai dá gente chique e bem arrumada.
  - Qual parte do vai se arrumar você não entendeu? A frase parece bem esclarecedora.
  - Ih... Melhora esse humor aí, bonequinho de louça, se não o sogrinho de mentira não aprovará o namorinho de mentira, entendeu? E você está bravinho comigo por que a menina que você curte me quer e não a você? Porque se for, pode parar de graça, porque agora quem não está de bom humor sou eu, então vê se melhora essa cara de vagabundo e tenta parecer uma pessoa requintada e... Ah, esquece, só tenta não aparentar um skatista largado, tá?
  - Viado. Gay. Baitola. Bixa. Vai se foder, puta pobre, vê se me erra, idiota. Não se faz de inteligente porque você é a pessoa mais burra da sala.
  - Eu não preciso fazer um trato com uma menina para ela ficar comigo. Eu não preciso de ninguém para não ser expulso do colégio. Eu não preciso xingar ninguém por ciúmes de uma coisa que nem minha é, seu filho de um puta!
  - Sabe, eu tenho orgulho de ser filho de uma puta. As putas abortam os filhos ou vendem, então se minha mãe era uma puta e ficou comigo, quer dizer que eu sou especial para ela.
  - Ah, vai se foder. Viu isso no Facebook enquanto tinha um colapso de ciúmes?
  - Dude, eu te amo, irmão.
  - Eu também... Também me amo!
  - Idiota. Vai se arrumar, caralho!
  Se vestiram e foram para a casa do diretor. Chegaram antes de todos e foram para o quarto da menina. Bateram na porta e permitiu a entrada. As duas meninas estavam já vestidas e deitadas na cama conversando. Os garotos sentaram na cama e entraram na conversa. Ficaram um bom tempo lá até a mãe de ir chama-los para receber as pessoas que chegavam. Os quatro levantaram e desceram para a sala. apresentou como seu namorado para todos que ficavam com cara de “como assim?”. Depois de receber todos, os quatro sentaram na mesa que ficava no jardim conversando e rindo. Nick foi até o jardim pegar mais bebidas, que estavam no freezer perto de onde a irmã e os amigos estavam. Ele parou, encarou os dois skatistas e voltou a fazer o que o pai tinha pedido. Uma das tias de chegou e foi lá fora conversar com ela:
  - , você está maravilhosa! A princesa da família fazendo 16 aninhos!
  - Pois é né, tia. É sábado! Mas a festa mesmo, só mês que vem. Não vejo a hora!
  - E os namoradinhos? - estava demorando...
  - Está aqui do meu lado.
  - Mas que menino lindo! - a tia cumprimentou - Seu namorado é lindo, querida, a sua cara, vocês combinam muito!
  - Não sou eu não! - o menino corrigiu-a. - Mas obrigado pelo lindo.
  - Ah! É você? Também é lindo! Parabéns. Mudando de assunto, mas que roupa linda, ficou maravilhosa em você! Vou entrar, fica aí com seus amigos. - a mais velha entrou e os quatro caíram na gargalhada.
  - ! - o priminho dela apareceu no jardim - Como está a minha namorada?
  - Oi, meu amor! Eu estou ótima!
  - Quem são esses?
  - Meus amigos e... Meu namorado.
  - EU sou o namorado dela.
  - Eu que sou!- entrou na brincadeira do menininho.
  - Ah, é? Se você é o namorado, dá um beijo nela.
  - Tá! - os dois deram um beijo e o garotinho ficou de boca aberta.
  - Eu não posso beijar assim porque a minha mãe falou que criança não pode dar beijo de novela, só pode beijo na bochecha. Mas eu continuo sendo o seu namorado né, ?
  - É, meu amor. - a prima disse rindo. - Eu amo você!
  - Eu também. Eu vou lá dentro porque minha mãe tá esperando. - o priminho entrou na casa.
  Os quatro continuaram lá por um bom tempo, até quererem jantar. Fizeram o prato e voltaram para lá. Era uma e meia da manhã quando todos foram embora. A aniversariante subiu e se jogou na cama. Pegou o celular e abriu na nova mensagem do “namorado”.
  “Minha mãe está te convidando para sair para jantar amanhã, na nossa casa de campo. Aniversario da minha avó.”
  “Ok, que roupa devo ir?”
  “É o estilo do jantar de hoje. Vou dormir.”
  “Boa noite, beijos.”
  Ficou uns 5 minutos olhando para o celular esperando uma resposta, mas desistiu. Colocou seu pijama, escovou os dentes e foi dormir. Rolava de um lado para o outro na cama, sem conseguir pegar no sono. Meia hora depois, pegou o celular novamente e mandou uma mensagem para .
  “O que vai fazer a tarde?”
  “Ficar com a Taylor.”
  “Ok”
  “Brincadeira, vou andar de skate.”
  Jogou o celular no criado mudo e abraçou o travesseiro. Ficou sentada dessa maneira até seu irmão adentrar o quarto.
  - Ouvi um barulho, vim ver se estava acordada.
  - Não consigo dormir. - Nicolas sentou ao seu lado.
  - Tenho certeza que tem algo a ver com o skatista. Olha, , se ele fizer algo para você, eu juro por Deus, que faço ele andar em um cadeira de rodas. Juro.
  - Deixa ele... Não tem nada a ver com isso. Eu só não consigo dormir. Nick, você namora e mesmo assim eu acho que gosta da .
  - Não gosto dela. Por quê? Está com um problema parecido?
  - Sim e não. Mais ou menos. É que eu acho que não sou eu que estou com esse problema, e sim o...   - O skatista? Está te traindo? Eu acabo com a raça dele.
  - Não, eu sei lá. Eu só... Bom, deixa quieto. Você responde as mensagens de boa noite da sua namorada?
  - Claro, eu a amo e acho que é um sinal de carinho. Você não está feliz, né?
  - Estou. Vou tentar dormir, amanhã eu vou em um jantar com a família do skatista.
  - Se acontecer alguma coisa nesse jantar, me liga que eu te busco, nem se for na Austrália, eu vou te busca, tá? Boa noite coisinha feia.
  - Boa noite. Eu te amo, Nick.
  - Eu mais.
  Recebeu um beijo na testa e depois caiu no sono. Acordou 2 horas da tarde com a ideia de checar mesmo se estava andando de skate. Desceu as escadas pulando alguns degraus e parou na porta da sala, onde se encontrava seu irmão. Pediu para ele leva-la até a casa do “namorado” e ele falou que tudo bem.
  Ela voltou para seu quarto, trocou de roupa, fez sua higiene “matinal” e voltou para onde o irmão mais velho estava. Os dois entraram no carro e foram até a casa de . Quando chegaram lá, disse que o irmão podia voltar para a casa e o mesmo fez o que a irmã disse. Ela parou na porta e tocou a campainha. A mãe atendeu e a chamou para entrar.
  - Oi, o já voltou? É que ele disse que ria andar e skate hoje. - perguntou meio trêmula.
  - Ele nem saiu. Está no quarto, quer que eu o chame?
  - Não, eu vou lá. Por um acaso, a amiga dele já chegou? Ele disse para eu vir conhecê-la.
  - Ah, a Taylor chegou de manhã, estão no quarto. Tem certeza que não quer que eu avise que já chegou?
  - Tenho sim. Obrigada.
  Desceu os degraus, um por um, parou na porta do quarto e não ouviu nenhum barulho. Encostou a mão na maçaneta da porta e a girou o mais lento possível. Quando viu que não dava para girar mais, abriu um vão da porta e lá pode ver os dois se beijando. Se recuperou e entrou no quarto como se nada estivesse acontecendo. Os dois pararam imediatamente o que estavam fazendo e olharam para ela que parecia não ligar.

Capítulo 6

  - Quem é ela? - Taylor perguntou.
  - , só uma amiga. - olhou para o chão e viu seu chinelo - Vim pegar o meu chinelo, já estou de saída, finjam que eu não estou aqui. - pegou o calçado e deu meia volta.
  - , você vai no jantar de hoje, né? - o menino perguntou.
  - Sim, sua namorada vai? - se referiu a Taylor
  - Não. Ela vai ficar na casa de uns parentes.
  - Tá. - fez menção de sair e parou na porta. - Aliás, ótimo jeito de andar de skate, ein?
  Subiu as escadas e encontrou a mãe do menino na cozinha, se despediu dela e saiu da casa. Andou um quarteirão e, sem ter para onde ir, atravessou a rua e sentou em um banco que tinha em uma praça. Ficou lá pensando, sentiu uma lágrima teimosa cair e escorregar pela bochecha e a limpou com o polegar. Pegou o celular e mandou uma mensagem para .

  “Tem como nos encontrarmos agora?” 10 segundos depois a amiga respondeu.
  “Está na sua casa?”
  “Estou na rua. Estou indo para a sua casa.”

  Levantou foi rumo a casa da melhor amiga. Bateu três vezes na porta e ficou esperando. 10 segundos depois, o barulho de uma pessoa correndo e girando as chaves na porta pode ser ouvido, para depois revelar uma de roupa de ficar em casa. As duas se abraçaram e caiu no choro. Se soltaram do abraço e foram para o quarto de . Algumas lágrimas teimavam em cair, fazendo com que os olhos de se enchessem de lágrimas por ver a amiga chorar.
  - Me conta. Foi assaltada no caminho? Piqué fugiu? Algo com sua família? Fala logo, , eu estou começando a ficar muito preocupada.
  - Eu gosto dele, .
  - Ele quem? Piqué? É eu sei que você gosta do seu cachorrinho, mas...
  - Não! . Eu gosto dele. Tipo, não era para eu gostar.
  - E dai? Ele gosta de você, você gosta dele. Parem com esse trato e fiquem de verdade.
  - Ele não gosta de mim. Há 20 minutos atrás eu entrei no quarto dele e ele estava se atracando com uma garota mega mal vestida. , ela tinha um dread no cabelo. Um só! O cabelo dela era descolorido e super desidratado. Ela tinha unhas comidas, um piercing na sobrancelha, quem ela pensa que é para usar uma coisa dessas? Ela pensa que está bonita? NÃO, não está, e isso que me incomoda.
  - A menina ser feia te incomoda?
  - Não, ele achar ela melhor do que eu. Que tipo de pessoa eu sou pra ser pior que aquele monstro que eu vi sentada na cama onde eu dormi? Eu não sou a rainha da beleza, mas até a tia da faxina do colégio é mais bonita que ela e a tia não tem um dos dentes! Eu cheguei lá e ela me olhou de cima a baixo e perguntou quem eu era. Ela tem uma voz de Alvin e os esquilos e tinha uma mala no quarto. Tem noção de que quando eu vi aquilo, meu joelho deu uma dobrada e eu achei que ia desmaiar lá.
  - Fala com ele, sério. Ele gosta de você, . Claro que sim, quem não? Tudo bem que ele te leva para o mau caminho, mas se você gosta dele...
  - Posso morrer já?
  - Claro que não!
  - Eu já vou indo, tenho que voltar a pé.
  - Quer dormir aqui?
  - Não dá, tenho um jantar com a família de você sabe quem.
  - Por que não quer falar o nome dele agora?
  - Porque eu detesto falar o nome dele. Me sobe um arrepio na coluna, dá um calafrio, prefiro não falar no nome de você sabe quem.
  - Tá. Boa sorte, amo você. Qualquer coisa me liga.
  Saiu da casa e foi embora a pé para a sua. Chegou e encontrou a mãe a esperando para irem para LA buscar os três vestidos da festa da 16 anos. Entraram as duas mais o irmão mais novo e foram. 2 horas depois estavam lá, pegaram os três vestidos, com os sapatos e algumas joias. Comeram algo por lá e voltaram para San Diego. A menina tomou banho, se arrumou e foi para a casa de . Foi para o quarto dele e deitou na cama de cara fechada.
  - Tá gata, . – o menino a elogiou. - Não vai agradecer, mal educada?
  - Aham - murmurou.
  - Você está bravinha? Por que você tá mal humorada?
  - Não estou. Me deixa quieta.
  - TPM? Quer um abraço? Quer um beijo? Quer um beijinho, bebê? Quer?
  - Depois de você ter beijado aquela Taylor? Nunca mais!
  - Eu escovei os dentes, tá? Posso contar um segredo?
  - Ela é ele? Porque não me surpreenderia!
  - Não. Ela tinha comido atum no almoço, eu ODEIO atum. - os dois riram. - Vamos?
  - Eu tenho que dizer uma coisa. Eu não posso mais fingir que somos namorados, porque eu...
  - Quer dizer que vamos terminar?
  - Não. Quer dizer que eu... Não sei como falar isso.
  - Eu já entendi tudo.
  - Já?
  - Claro.
  - Então... O que você tem a dizer?
  - Tudo bem, eu já entendi, você cumpriu com a sua parte do trato e eu não cumpri com a minha parte, que era fazer você ficar com o .
  - Não quero mais ficar com ele. Eu... Queria dizer que eu...
  - Vamos - a dona da casa apareceu na porta chamando-os. – Acho que estou sonhando, meu filho namorando uma menina que usa roupas de meninas!
  Foram para a casa de campo para o jantar. Estavam sentados no banco da varanda conversando e brincando um com o outro.
  - Sabe aquela estrela ali, a mais próxima da lua? Ela chama Beezus e a do lado esquerdo dela chama Talyam. - o skatista disse apontando para as estrelas que se referia.
  - Como sabe dessas coisas?
  - Eu sei de várias coisas que você nem imagina. Mas o que queria me dizer em casa?
  - Você já desistiu de mim? Quer dizer, parou de gostar de mim?
  - Já. Graças a Deus, não?
  - É. É que eu... Queria dizer que eu... Achei que você e a Taylor combinam. Quando enjoar do nosso trato, acho que devia investir nela.
  - Eu menti.
  - Sobre gostar de mim?
  - Não, claro que não. Eu menti sobre os nomes das estrelas. Eu inventei.
  - Eu desconfiei.
  - Eu minto às vezes. - riu.
  - Eu gosto de você. - sussurrou.
  - O que disse?
  - Que eu gosto de você. Realmente gosto de você, coisa.
  - Eu também gosto de você, nanica.
  - Serio?
  - É. Como amiga claro. Acho que você está virando minha melhor amiga.
  - Eu... Fico feliz por isso.
  - Você gosta de mim como amigo também não é?
  - É, eu gosto de você.
  - Como amigo, né?
  - O Nick já deve estar ali no portão. Eu vou indo. Obrigada pelo jantar, foi ótimo.
  - Tá. Escuta, o que vai fazer amanhã? Podíamos fazer alguma coisa. Amanhã é domingo, então...
  - Eu vou ficar vendo filme em casa.
  - Quer ir pra rampa perto da sua casa para eu te ensinar a andar de skate? Eu sei que faz um mês que eu prometi isso. Você já desistiu?
  - É, já. Não é muito minha praia.
  - Tá legal, vou para a sua casa amanhã então?
  - Não vai dar, eu vou... A vai em casa ver filme comigo.
  - Não quer mais a minha companhia? Enjoou de mim foi, ? – riu - Eu estou brincando, segunda você vai almoçar em casa?
  - Não dá. Eu vou indo.
  - Tá, a gente se fala então.
  - Tchau.

Capítulo 7

   POV (mode on)

  Zona de amizade. Eu tinha entrado na zona de amizade, ou zona do “nunca vamos ser mais do que amigos”. O pior era que eu não sabia o que fazer. Liguei para e contei tudo para ela.
  - Ih... Isso é difícil, . Quer saber? Deixa de ser a amiga. Para de falar com ele, se distancia, vão parar de ser amiguinhos e aí quem sabe ele começa a gostar de você daquele jeito de antes.
  - É, pode ser. Vou dormir. Obrigada. Te amo, até amanhã.
  Desliguei o telefone e aquelas malditas palavras flutuavam em minha cabeça. Zona de amizade. Fui dormir pensando ainda nessas palavras. Acordei pensando em quê? Claro, nessas palavras idiotas.
  Tomei meu café como se nada estivesse mexendo comigo e fui para a sala. Joguei meu celular por entre as almofadas e deitei minha cabeça em uma delas. Eu nem consigo dizer qual era o programa que passava na televisão porque eu não consegui prestar um pingo de atenção. Eu sei que Thomas foi até a sala e disse algo para mim e eu balancei a cabeça afirmando, mas não lembro uma se quer palavra que saiu da boca dele. Talvez ele tenha pedido para mudar de canal, porque logo apos de eu assentir, ele sentou no outro sofá e colocou em um filme.
  Passei a tarde daquele jeito. Não comi, não me mexi, não disse uma palavra a ninguém, não respondi as mensagem nem de nem de , não atendi as ligações dos mesmos, não fiz nada além de pensar em uma só coisa: ZONA DE AMIZADE. Quando finalmente acordei para a vida, eram onze e pouco da noite e meu irmãozinho já dormia no sofá. Eu o acordei e juntos subimos para nossos quartos. Entrei no banheiro e tomei um banho. Sentia tontura de vez em quando e minha cabeça latejava, mas achei que era por pensar tanto na zona de você sabe o que. Coloquei meu pijama e capotei na cama.
  De acordo com que as badaladas do despertador aumentavam o volume, minha cabeça gritava por silêncio ainda mais. Com muito esforço, levantei e fui para o banheiro. Lavei o rosto, fiz minhas necessidades, escovei os dentes, passei meu estoque de creme e fui atrás de uma roupa descente para vestir. Coloquei a roupa que escolhi, peguei o celular que estava carregando e desci as escadas com as pernas bambeando. Não entendia o porquê de eu estar com tontura, estar fraca e com dor de cabeça, mas mesmo assim não fui atrás de algo que melhorasse os sintomas. Tomei um copo de água e fui, junto com meus irmãos e meu pai, para o colégio. Peguei os materiais para a primeira aula no meu armário e fiquei encarando seu interior até sentir uma mão tocar minha cintura e ir escorregando até o outro lado do meu corpo. Até parecia que meu interior já sabia quem era porque um arrepio correu por todo o meu corpo e meu coração começou a bater mais forte.
  - Hey, linda! - você sabe quem disse sorrindo - Bom dia para você também. Me espera para ir para a aula?
  - Eu já estou ficando atrasada. Não quero chegar depois que o professor. - respondi sem expressão.
  - Tá. Não está para papo hoje?
  - Dependendo da pessoa eu não estou mesmo. - um grupo de meninas passou e me cumprimentou, sorri como se estivesse muito feliz.
  Virei as costas e fui para a sala. Joguei minha bolsa no chão e sentei na frente da minha bancada na sala de química. Por um segundo eu havia esquecido que ele era minha dupla, pois quando escolhemos com quem sentaríamos, estávamos na zona de amizade, e estávamos felizes por isso. 37 segundos cronometrados depois, chegou e sentou ao meu lado. O professor começou a cuspir aquelas baboseira de sempre, dando lição de moral para tudo, enchendo o saco. Continuei em silêncio, cantando e filosofando mentalmente. Passei meus olhos pela classe e era só gente boiando.
  - Vamos fazer alguma coisa depois do seu ballet hoje. - meu colega de química sugeriu.
  - Não. Eu tenho que estudar. - respondi rápido.
  - Vai estudar o quê?
  - Álgebra.
  - Vou para a sua casa estudar com você. Eu sou inteligente, não esqueça! - brincou.
  - Eu vou estudar na casa da .
  - Nossa, você está passando 24 horas na casa dela, nem tem tempo para o seu melhor amigo, é menina?
  - Pois é. - respondi baixo. - Melhor amigo, né? - falei mais baixo ainda e acho que ele nem ouviu.
  Voltei a “prestar atenção” na aula. Peguei meu celular para mandar uma mensagem para , informando-a da minha pequena mentirinha a respeito de ir estudar na casa dela. Foi o tempo da mensagem conseguir ser enviada para o morfético do professor arrancar o celular da minha mão e colocar no bolso dele. Desnecessário. Revirei minha bolsa em busca de entretenimento, mas não encontrei nada que pudesse me distrair.
  - Espera um pouco, você não ia ver filme com a ? - merda! Fui pega na minha mentira.
  - Eu ia. - inventei rápido - Mas lembrei que não estou indo muito bem em álgebra, é sempre bom estudar.
  - Vai, fala ai porque está me evitando. Eu consigo ver claramente quando você mente e agora você está mentindo.
  - Eu não estou te evitando, eu não estou mentindo. Se você acha que me conhece, meu bem, você achou muito errado, tá? Se me conhecesse veria que não é mentira.
  - Sei não, ein? Por que não me diz o que eu fiz desta vez e voltamos a ser amigos?
  - Tudo para você se resume a isso, né? Sermos amiguinhos. Ai, me deixa ter um dia ruim, me deixa em paz no meu mau humor, me deixa quieta.
  - Você é louca. Está brava por ser minha amiga? Tudo bem então, se não quer ser minha amiga, não seja minha amiga, se quer voltar a ser a menina que me odiava eu sei lá por qual motivo, que volte a ser como era antes, eu estou pouco me lixando para você, ouviu? - o sinal tocou e continuaram a discutir por todo o caminho até o armário. - Quer saber? Você não passa de uma menininha mimada, egocêntrica, arrogante. Não passa disso, é isso que você é , simplesmente isso, riquinha filhinha de papai.
  - Qual a sua moral para falar de mim? Você me usou para conseguir se dar bem, seus pais achavam que você era gay, e quer saber? Talvez você seja mesmo. E digo mais, você é um idiota, que se faz de sofrido para conseguir tudo o que quer, um pobre coitado, você não me engana não, entendeu senhor ? Qual a sua moral, um skatista excluído e babaca perante a mim? Você não é nada. Eu posso ser tudo o que você falou, mas nunca, NUNCA, tive que usar alguém para conseguir algo. Por que você não volta para a sua vidinha idiota e não esquece da minha existência, ein?
  - Ei, casal! - apareceu - Briguem mais baixo, ninguém precisa saber de nada da vida de vocês, não é verdade, crianças do titio? Sim. Então vamos circulando e depois da aula podemos conversar racionalmente, não?
  - Concordo - disse - Vamos abaixar a bola e depois podemos encontrar uma solução para este probleminha de uma maneira delicada e inteligente, não é mesmo? Todos concordam?
  - Para mim chega! - virou-se e sem querer querendo jogou grande parte da água de sua garrafa plástica em minha roupa - Puta que pariu! Era só o que me faltava, jogar água na filha do diretor e dono da escola! Por que, Deus? Por que o senhor não me manda apenas pra Guilhotina e me priva disto que estou vivendo? Eu grudei chiclete na cruz, não é possível.
  - E eu dancei em cima da mesa da santa ceia, só pode ser! Sabe o que vai acontecer agora, doutor , tem ideia? Você vai ficar com esse lindo rostinho todo deformado!
  - Ui, vai me bater? Cuidado para não quebrar uma unha, tá? Ah não, já sei, cuidado para não sair o aplique dessa sua cabeça oca. Mas se quiser me bater, me bate.
  - Eu? Te bater? Nunca! Nick terá o prazer de fazer esse favor, porque eu não coloco mão em merda.
  - Se você não coloca a mão em merda, como você se toca, ein?
  - O que disse da minha irmã? - meu irmão já estava atrás dele - Chamou a MINHA irmã mais nova de merda, foi skatista? Perdeu o medo de morrer?
  - Quem? Eu? Não, não. Eu namoro sua irmã, nunca falaria isso. - arregou.
  - Nick, não vale a pena maninho. Vai pra sua sala, vai. Qualquer coisa de mando um WhatsApp, ok irmãozinho? - eu disse como se fosse a inocente do Universo. - Ah, Nick, por favor, me dá esse seu suco que você está segurando? Eu estou com sede. - peguei o copo, “molhei a boca” no suco de laranja e joguei o resto em . - Cheque mate.
  - E , AGORA NA MINHA SALA! - meu pai apareceu no corredor quase vermelho de raiva quando me viu.
  Meu pai saiu muito na frente e nós dois bem longe dele ainda xingando um ao outro, nos molhando, agindo como criancinhas de terceira série. Quando chegamos na sala do meu pai, ele nos mandou esperar porque estava atendendo uma mãe. Sentamos no corredor, um do lado do outro, sem trocar uma se quer palavra, sem um olharzinho pelo canto dos olhos, sem nada, só silêncio. Ok, não estava tão silêncio porque ele estava batucando na perna só para me irritar. Aquele sorrisinho de lado, aquele sorriso irônico que ele sempre faz e que é ridiculamente fofo. Por que aquele sorriso naquela hora, naquele momento em que estávamos em pé de guerra? Golpe baixo.
  Deixei que ele batucasse na perna dele, em troca, eu comecei a estralar os dedos, pois sabia que isso causava arrepios nele. Percebendo minha tortura, ele abriu a bolsa dele e pegou seu óculos de hipster e seu gorro e os colocou, logo depois, colocou seus beats preto, sabia o quanto eu amava quando ele estava daquele jeito maravilhosamente maravilhoso. Não deu nem tempo de eu retrucar que saiu meu pai na frente, não dando para ver a tal mãe. Quando meu pai deu um passo para o lado para que a moça passasse pudemos ver que não era ninguém mais ninguém menos que a mãe de .
  - O que vocês dois fazem aqui? - ela perguntou.
  - Digo o mesmo, mãe.
  - Qual foi a da vez, filho? O que você fez para ?
  - Eu? Mãe!
  - Bom, senhor , se o pai de estará presente nessa reunião, a mãe de também tem que estar, estou correta?
  - Claro, claro que sim. - meu pai concordou – Entre, por favor.
  Entramos na sala, sentei no sofá, meu pai puxou a cadeira dele até entre os dois sofás e sentou nela, sentados no sofá a minha frente estavam ele a mãe. Meu pai perguntou o que tinha acontecido.
  - Bom pai, foi assim, eu estava tentando prestar atenção na aula, mas o senhor ficou bravinho por eu estar tendo um dia ruim e me chamou de um zilhão de coisas ruins, dentre elas: merda, egocêntrica, cabeça oca, mimada... E ainda jogou a água dele em mim!
  - Filho! - a minha ex-sogra de mentira e futura sogra de verdade chamou a atenção do meu ex-namorado de mentira e futuro namorado de verdade. - Não se faz isso com mulher nenhuma.
  - Mãe! Ela me chamou de gay, sofrido, idiota, excluído, jogou suco de laranja em mim, e me ameaçou!
  - Filha! - meu pai chamou minha atenção.
  - Lies, lies, lies... Ele começou. - eu disse cruzando as pernas.
  - Se for para ouvir briguinha de casal, por favor, se retirem e detenção hoje.
  - Posso falar uma última coisa pai? Não quero ver você, , nem todo trabalhado no ouro com detalhes de diamantes.
  - Você promete para mim? Podemos jurar isso? Você, nunca mais vai nem pensar no meu nome e muito menos cruzar meu caminho?
  - TRATO FEITO! - levantei e fui embora para a quadra.

Capítulo 8

  Peguei meu fone de ouvido de dentro da minha bolsa, o coloquei nos ouvidos e aumentei a música no volume máximo. Fechei meus olhos, empurrei a bolsa pelos quatro degraus da arquibancada e deitei minha cabeça nela. Eu não ouvia um ruído lá fora com meus fones, só quando teve uns sete segundos de pausa entre uma música e a outra que eu ouvi alguém subindo os degraus da arquibancada. Levantei meu tronco e vi você sabe quem sentando no degrau de cima a uns dois metros de mim. Retirou um cigarro da parte de fora da bolsa, o acendeu e colocou na boca.
  - tem câmera aqui. - eu disse o encarando. - Meu pai vai te ver fumando aqui na escola.
  - Não tem câmera na quadra, já fui pesquisar a respeito.
  - Tá fumando o quê?
  - Canudinho, não deu para perceber? - foi irônico.
  - É algum tipo de droga?
  - É cigarro, algum problema?
  - Nenhum. Eu te odeio.
  - Fico feliz por isso.
  - Você me meteu na detenção de novo.
  - Cala a boca. Não estou a fim de ouvir sua voz.
  - Você não fumava.
  - Fumava sim. Você que não via.
  - Por que está fumando?
  - Por que você faz ballet?
  - Porque eu gosto, me sinto bem.
  - O mesmo em relação a fumar.
  Ficamos as cinco horas restantes para acabar o dia letivo na quadra, em silêncio. Depois fomos almoçar no refeitório da escola, eu em uma mesa sozinha e ele, do outro lado do universo, sozinho também. Depois de almoçar fomos para a detenção. Eu ensaiava alguns passos num canto da sala e ele desenhava em um papel. Uma hora depois, a secretária apareceu na porta dizendo que já podíamos ir embora. Ele levantou, pegou a bolsa do chão e foi embora em um disparo, deixando seu desenho em cima da mesa. Esperei a secretária ir embora para eu ir pegar o desenho.
  Peguei a folha com as duas mãos e só depois eu vi que tinham 2 folha, era um desenho e na outra tinha uma conversa entre ele e . Sentei sobre a mesa e comecei a ler:

  “Cara, acho que ela está grávida, não sei, , só sei que eu estou cagando de medo”
  “Fodeu, dude, e o filho é de quem?”
  “Não sei, babaca, você acha que eu estou cagando de medo por quê? Por que o Discovery Kids está fora do ar?”
  “Corre o risco de ser de quem eu estou pensando, ?”
  “Não posso deixar de considerar essa hipótese. E o pior é que nem gostar da Taylor eu gosto.”
  “Ih, fisgou você de vez?”
  “Que nada, eu jamais gostei dessa menina. Eu estou tendo um lance com as vizinhas, a da frente e a do lado.”
  “Porra cara, então é Taylor, , Messy e Erika?”
  “Peguei a Carter também, esqueceu?”
  “Quando alguém vai dar um jeito em você, porcelana?”
  “Quando eu realmente gostar de alguém.”
  “E quando você vai gostar de alguém?”
  “Quando aparecer alguém fácil, gostosa, bonita, legal, alguém que se sujeitaria a ser minha escrava e fazer tudo o que eu quiser, pode andar de skate também, que eu gosto.”
  “Quem te viu quem te vê... Mas e o bebê, papai?”
  “Não é meu, quase certeza disso.”

  Amassei o papel, guardei na minha bolsa e fui embora. Encontrei o skatista pegando umas coisas no armário dele e não perdi a oportunidade de encher a paciência.
  - Parabéns, papai do ano, vou comprar um presentinho para o seu filho, tá?
  - Do que está falando, menina louca? - fingiu não saber de nada.
  - Você engravidou aquele neandertal chamado Taylor? Que fase, em colega?
  - Não engravidei ninguém e se eu tivesse, não seria da sua conta, ok?
  - Você está ficando com as suas vizinhas sendo que elas tem o quê? Uns 25 anos? Por aí.
  - Não é da sua conta. Elas tem dez anos a mais que você, mas são mil vezes mais gatas e gostosas do que você jamais será na sua vida.
  - Tanto faz, foda-se.
  - Aí, não tínhamos feito um trato que você nunca mais falaria comigo?
  - Tchau.
  Fui andando em direção ao portão quando uma mão me puxou até a sala mais próxima e trancou a porta atrás de nós. Era . Ele fazia um gesto para eu ficar quieta. Depois de ter a certeza que o amigo já tinha passado por nós sem perceber nada, começou a falar.
  - Eu vou te ajudar.
  - No quê?
  - Eu não sou burro, não. Tudo bem, talvez eu seja, mas eu juntei tudo.
  - Tudo o quê?
  - Você gosta do Branco de neve e eu vou te ajudar, minha anãzinha.
  - Foi a que falou, né?
  - Sim, mas não importa.
  - Não mesmo, ele me odeia.
  - Ele é mentiroso.
  - Disso eu sei.
  - Primeira dica que eu vou te dar, pequena. O porcelana adora uma concorrência, ainda mais se essa concorrência for eu. Então, é só criarmos um caso entre nós que ele vai te querer de volta rapidinho, só para ganhar de mim. Segunda dica, vamos aprender a andar de Skate, minha criança, simples assim. Terceira dica, podemos dar uma “engostosada” em você.
  - O que é isso? O que é “engostosar”? Vai doer?
  - Não, é deixar você um pouquinho mais gostosa. Você já é gostosa, mais se fosse 0,2% a mais já ai ser muito mais gostosa.
  - Entendi, então olha, ter um caso com você, aprender a andar de skate e “engostosar”?
  - Sim, então trato... - viram alguém tentando abrir a porta e depois essa pessoa pedindo para a faxineira abrir para pegar um caderno. Reconheceram a voz - É o porcelana, me beija.
  - O quê?
  - Vem mais perto e me beija.
  A menina foi até o outro, o encostou na parede e o beijou bem a tempo de assistir a encenação. O mesmo pigarreou e os outros dois pararam o que estavam fazendo.
  - Não queria atrapalhar, mas podemos conversar um minuto, ?
  - Não dá agora, estou no meio de algo importante, depois conversamos. - respondeu ainda me abraçando.
  - Então só me fala o porquê e depois nos falamos.
  - O anãozinho da Branca de Neve estava frágil pela partida de Branca de Neve e correu para os braços da concorrente da garota com a cor de uma porcelana, a rainha do mal!
  - E se a Branca de Neve decidir concorrer com a rainha do mal por um bem que a pertencia muito antes?
  - A Branca de Neve partiu o coração do pobre anãozinho, para consegui-lo de volta, ela teria que provar que o ama de verdade.
  - Acho que a Branca de Neve aceitaria esse desafio, ela vai destruir o reinado da rainha do mal para ter seu anão de volta.
  - A Branca de Neve tem mais outros anões, por que um não pode ficar com a rainha do mal?
  - Porque talvez esse seja o anão mais importante para ela e sem esse anão, ela não seria a mesma coisa que antes.
  - A rainha má desafia a Branca de Neve a provar ao anão que ele é muito importante para ela até a festa de aniversario do anãozinho. Será que a Branca de Neve aceita?
  - Claro que sim, a Branca de Neve fecha o trato com a rainha má e ainda afirma que o anãozinho será somente dela até o final do trato.
  - Gente! - eu interrompi - Por que estão inventando a história da Branca de Neve?
  - A rainha do mal não desistirá tão cedo, a Branca de Neve vai sofrer muito ainda, só assistindo o seu tão amado anãozinho nos braços de outra, e essa outra fazendo-o se apaixonar por ela!
  - A Branca de Neve é mais bonita do que a rainha malvada e muito mais gostosa, ela vai arrasar com essa vadia até conseguir a porcaria do anão de volta. - disse e saiu da sala.
  - Que porra vocês estavam falando? - perguntei sem entender.
  - Pequeninha, você era o anão. Ele é branquelo, então era a branca de neve. E eu estava sobrando, aí eu virei a rainha.
  - Então eu virei o troféu?
  - Quer o menino ou não?
  - Ok, eu sou o troféu.

Capítulo 9

  Um mês se passou, nem se quer olhou para mim, eu mantive distância de , para não parecer que troquei o skatista um pelo skatista dois. Eu já estava no salão da minha festa de 16 anos, com a minha primeira troca de roupa, tirando foto com quem chegava. Depois de tirar fotos com cento e poucas pessoas, eu entrei para trocar de roupa e fui aproveitar a festa. Já eram 2 da manhã quando troquei a roupa para dançar com o meu pai e meus irmãos. Antes da valsa, algumas das minhas amigas leram uns discursos, eu chorei e do nada a luz se apagou. Um caminho entre as pessoas se formava e uma silhueta caminhava em minha direção. Eu não tinha reconhecido até ele começar a falar.
  - - reconheci o dono da silhueta pela voz e pelo apelido - Você precisa me ouvir, ok? Primeiro, alguém acende a luz, por favor - a luz acendeu - Tudo bem, vou começar. Eu gostava de você desde quando seu pai fez a melhor coisa da minha vida, me mudar de sala para me separar do , quando você tinha 6 anos de idade e usava mechas rosas. Foi aí que eu descobri que esses olhos verdes me hipnotizavam e eu era louco pela dona deles. Você cresceu e começou a me odiar sei lá o porquê, mas eu gostava até do seu ódio. Eu gostaria de deixar bem claro, para todos que estão aqui, que nosso namoro era de mentira, eu só inventei aquilo para o senhor não me dar uma suspenção e não chamar meus pais. Mas aí nós brigamos e tudo acabou. E aqui estou, para dizer que fingir que namorávamos mudou a minha vida e de certa forma, até eu mesmo. Eu parei de fumar, parei de me meter em encrenca, e por um mês, eu esqueci como era sair para pegar 3, 4 meninas e eu nunca me imaginaria preferindo uma garota só do que essas 3 ou 4. E posso dizer mais, acho que isso não seria possível nem se essa uma garota fosse a Megan Fox, mas você, minha pequeninha, você conseguiu o impossível! Eu preferia ficar com você vendo um filme como você sempre me obrigava a fazer ou ficar bancando seu motorista do que sair a noite. Até de te buscar no ballet dez horas da manhã eu gosto. Você me faz bem, tão bem que eu me esqueço de tudo e de todos, principalmente das coisas que me fazem mal. Eu quero estar ao seu lado até o meu último suspiro, quero poder olhar para esses olhinhos verdes e para esses cabelos pretos até que meu coração pare, eu quero ficar com você até eu morrer. Não sei o que seria minha vida sem você, não sei o que seria terminar o colegial sem ouvir a sua risada pouco escandalosa, você me mandando parar de mascar chiclete, seu sorriso, sem ouvir você me ameaçando, você reclamando de manhã e, claro, sem ouvir você cantar músicas que às vezes só você conhece. A cada momento ao seu lado é mágico, inesquecível, o tempo para, mas ao mesmo tempo ele passa rápido demais. Cada abraço, cada beijo, cada brincadeira que só a gente entende é de coração e com muito amor. Sei que se não tivéssemos virado tão próximos, eu não seria tão feliz. Todos os doces que você faz e não conta a receita para ninguém, todos os lanches que você já fez para mim e que em alguns casos eu achava que você tinha cuspido dentro dele ou posto veneno. Eu dependo de você, acredite, você é a minha droga e eu adoro que essa droga não me faça mal. Eu gosto de estar com você, não apenas pelo que você é, mas pelo que eu me torno ao seu lado, tudo muda. Nosso primeiro beijo, com 10 anos embaixo da arquibancada do colégio, durou muito pouco, porque você saiu correndo. Pode ter durado uma fração de segundos, mas se petrificou e ficou guardado para sempre na minha memória a minha ideia frustrante de fazer você parar de me xingar calando-a com um beijo. Isso foi culpa da minha mãe que me fazia assistir novelas com ela. Eu passei meu dia inteirinho planejando essas coisas que eu falei embora sejam as coisas mais gays que eu já disse em toda a minha vida, mas eu me sujeito a parecer viado por você, minha meio metro. Enfim, eu preparei tudo isso e falei bilhões de coisas e as pessoas devem estar me mandando para aquele lugar e me mandando calar a boca, mas foda-se, eu estou acabando, então vou resumir, tá? Eu te amo minha pequena, minha gorda, minha minúscula, minha cheirosinha, minha patricinha e você sempre será a primeira bailarina da minha vida.
  - Não faz isso comigo! Eu não sei o que dizer. Eu... Eu te amo, , meu skatista, meu idiota, meu bobo, meu burrinho, meu fedido, meu viadinho, meu coisa.
  Nos beijamos e todos bateram palma. Foi um dos melhores momentos da minha vida. Parecia cena de filme e para ficar mais perfeito ainda só faltava chover, porque a parte da música fofa o DJ já tinha cuidado por mim. A festa não poderia ter sido mais perfeita, quando o “último” convidado foi embora o sol já estava no brilhando, era cinco e pouco. As aspas porque não eram bem os últimos, eram a e o , ficou, pois ia convencer meu papai de deixar meu NAMORADO dormir em casa. O que surpreendentemente aconteceu, meu pai deixou.
  Saímos do salão já eram sete horas, aí eu tive a brilhante ideia de ir dar uma volta pelo condomínio com o Piqué e aproveitamos para conversar. Falamos sobre nossa situação, sobre tudo. Era estranho andar de mãos dadas com ele, abraça-lo e beijá-lo. Voltamos para casa oito da manhã. Coloquei meu pijama e fomos dormir. Acordei às 5 da tarde, ele já estava acordado dentro do banheiro falando com alguém no telefone. Deduzi pela conversa que era aquela Taylor.
  - Eu não vou fazer esse teste de DNA quando essa criança nascer – dizia - Não vou. Esse filho não é meu e eu tenho certeza que é tudo mentira sua para tirar dinheiro da minha família, do jeito que você é. Eu me recuso a acreditar que achou que eu cairia nesta! Você é muito baixa mesmo, muito! Não fala dela, a é o que você jamais será. Ela é uma garota boa, nunca teria essa dúvida de quem é o pai desse bebe. Quer saber? Vê se some da minha vida, me deixa em paz, esquece que eu existo. Eu NUNCA deixaria você fazer algo de ruim para ela, nunca tocaria nela Taylor, nunca! Se você fizer algo que a prejudique, não vai ter gangue nenhuma que me segure, muito menos suas gangues de quinta! Não importa. Acho que você não me conhece bem, não sabe do que eu sou capaz para proteger quem eu amo! Se eu a amo ou se eu estou fingindo não é da sua conta. Por que não volta para a sua esquina e vai dar pro primeiro que passar? Vê se me esquece. - ele destrancou a porta e saiu do banheiro.
  - O que ela vai fazer comigo? O que ela disse? Por favor, fala comigo! - eu dizia desesperada.
  - Bom dia pra você também, Bela Adormecida!
  - Bom dia, Branca de Neve. Agora me responde!
  - Ela não vai tocar em você, tá? Eu prometo.
  Promessa mal cumprida. Duas semanas depois, eu estava em um quarto escuro, sem ver nem minha própria pele. Eu gritava, mas ninguém me ajudava. Um fio de luz iluminou o cantinho do quarto e uma pessoa acendeu a luz. Taylor. Ela caminhou até mim e ficou me olhando. Eu estremecia, suava frio, não sabia o que estava por vir.
  Taylor ajoelhou na minha frente e me deu um tapa no rosto. Não revidei e muito menos me mexi, continuei a olhando e segurando minhas lágrimas. Em vão. Lágrimas escorriam de meus olhos até pingarem nos meus joelhos.
  - Baixinha idiota. Não pense que você me manterá longe dele, viu? Nem ouse pensar nisso, ok?
  - O que você quer, Taylor?
  - Por que ele gosta de você? Feinha, magrelinha, baixinha, metidinha, biscatinha. É por que tem olhos claros e cabelinhos bonitos? Sabe, se for pelo cabelo bonito e comprido, vou resolver isso agorinha mesmo, princesinha. Vamos brincar de cabelereiro?
  Dito isso, ela retirou uma tesoura enorme de uma gaveta e cortou meu cabelo, que era um pouco mais para baixo do meio das costas, deixando-o até o ombro em um corte mal feito.
  - Agora sim! Um corte decente!
  - Sua vaca! Por que não pega seu filho, se é que ele existe, e vai para longe de mim?
  - Você quer ficar com , quer? Então vai ter que ficar com o filho dele também, ou pensa que meu filho vai crescer sem pai? Nunca. Você faz o que quiser com essa merda de criança, manda ele se prostituir, usa de saco de pancadas, usa de empregado, sei lá, mas se quer ficar com o pai, vai ter que ficar com o filho também. Ou achou que eu o entregaria assim tão fácil?
  - Tudo isso por um skatista? Qual é?! Parte para outra.
  - Vagabunda. - me deu um soco na cara - Para você é fácil, tem todos os homens que quer em um estralar de dedos, não é assim comigo. Vadia. Os meninos te querem porque você é fácil, só por isso eles babam por você. Ridícula, sem sal. - me bateu mais uma vez.
  - Quando eu me soltar daqui, eu te arrebento está ouvindo, cosplay de mendigo?
  - Quero só ver, projeto de gente. Você não rela um dedo em mim.
  - Acho bom não se meter comigo, porca prenha, não gostaria nadinha disso, muito menos aceitaria um filho de alguém como você.
  - O filho nem dele é. Moleque fraco. Uma garrafinha de vodca e já perde a consciência... Ingênuo seu namorado não, puta kids? Acredita em tudo que falam. Ele nem chegou a tocar em mim, virgem bobão, só fica nos beijinhos... Como você consegue namorar esse bebe chorão?
  - Me solta se tiver coragem de me enfrentar...
  - Não sabe o que eu sou capaz pelo que eu quero... Capaz de machucar um cachorrinho idiota, um irmãozinho...
  - Por favor. Você quer a porcaria do skatista? Ok, eu te dou ele. Não faça nada com minha família.
  Ela me deixou ir, em troca queria o skatista. Desculpa, mas colocou a família na jogada, covardia. Saí de lá correndo, fiquei com medo de contar para a polícia porque eu não sabia com quantas pessoas eu estava lidando. Minha mãe perguntou sobre o novo corte de cabelo e respondi que quis dar uma variada. Ela viu que meu nariz estava sangrando, mas achou que era pelo clima. Agi como se nada estivesse acontecendo e terminei meu namoro que durou milésimos de segundos. Chorei por uns dias, me tranquei no quarto, ouvi músicas depressivas, faltei na escola, assisti filmes dramáticos... Talvez essa tenha sido a causa da pneumonia que peguei uma semana depois.
  Estava no meu quarto, tranquila, comendo minha sopinha, vendo TV e mexendo no computador simultaneamente, quando entra Thomas e senta na minha cama de cabeça baixa. Perguntei o que ele tinha, mas não tive resposta. Levantei o tronco da cama e sentei ao lado dele. O abracei pela lateral, acho que passei segurança e fiz ele dizer o que tinha.
  - Não acredito que fez isso por mim. - disse ainda de cabeça abaixada - Achei que não gostasse de mim, que não quisesse ser minha irmã ou algo assim.
  - Do que está falando? - perguntei sem entender. - Eu te amo, seu trouxa!
  - Trocou um namoro pelo meu bem estar. Não achei que pudesse fazer algo assim por mim.
  - Primeiro, eu faria qualquer coisa por você, derrubaria tudo e todos para te proteger, palerminha, sabe que eu amo você. Segundo, como sabe disso?
  - Seu namo... Ex-namorado me contou. Ele já sabe , não sei como. Deviam voltar, ele pareceu entender o porquê que você terminou do nada. Sabe, mesmo de cabelos um pouco mais curtos e com uns roxos no rosto, você continua a menina mais bonita, talentosa e prefeita da escola inteirinha. Eu não tenho muita experiência para conversar sobre isso, mas acho que vocês se gostam, então... Sei lá... Deviam voltar. Se quiser, eu vou embora do seu quarto e chamo alguém melhor para dar conselhos. Quer que eu chame a mamãe ou a ?
  - Não, obrigada. Eu vou dar uma descansada. Tom, pede para a mamãe algum remédio para gripe ou para dor de cabeça. Aliás, não fale nada, eu vou dar uma volta, passar no colégio para pegar algumas coisas.
  - Não sei se eu devo deixar. Você está pálida, não parece bem.
  - Você não tem que deixar nada, pequeno. Eu já volto, ok?

Capítulo 10

   POV (mode off)

  Ela se levantou, trocou de roupa e saiu de casa. Andando tranquilamente pela rua, ouvindo as músicas da sua playlist do dia a dia. Atravessou a rua sem olhar para os lados, aumentando o ritmo dos passos. Mais ou menos dois metros para chegar à calçada, um carro veio em alta velocidade e a atingiu. Nem se quer parou para ajudar a garota, mas todos que estavam na rua foram ajudá-la. Sua testa estava sangrando, mas não parecia nada de mais. Se levantou e encostou em um carro parado. Com um pano que algum da rua lhe deu, cobriu o sangue e seguiu para a escola sem dizer nada, apenas agradeceu a todos um pouco atordoada.
  Já próxima à escola, mesmo com os fones de ouvidos pôde ouvir dois meninos gritando e discutindo. Retirou o fone e correu até a esquina para ver quem estava discutindo. e . Os dois gritavam, mas não parecia um briga, só um desentendimento.
  - Eu não vou atrás de ninguém, ouviu? - gritava - Estou pouco ligando para ela.
  - Mentiroso! Por que você não para de mentir por um segundo? Só estamos eu e você, não minta para mim.
  - Não estou mentindo. Ela se quer me ligou. Ligou para você?
  - Me mandou uma mensagem.
  - Viu? Nem isso eu recebi. Por que VOCÊ não vai atrás dela?
  - Ei - a menina se intrometeu - Estão falando de quem?
  - Não se intrometa onde não foi chamada.
  - Eu só estava... - Nem terminou de falar e desmaiou.
  - Merda! Tanto lugar para desmaiar ela vem e desmaia aqui!
  - Vai chamar o diretor. - mandou ajoelhado no chão.
  - Não! Ele vai achar que foi eu que...
  - Ela está com a pulsação lenta. Rápido! Faz alguma coisa!
  - Vamos para o hospital, ela deve ter a documentação nessa bolsa.
  - Vai chamar a mãe dela então! A professora estava no portão, acho que esperava por...
  - O celular dela está tocando, espera aí. - atendeu sentado ao lado do amigo - ? Olha, eu não quero lhe assustar, mas estou com a aqui e ela desmaiou. Eu não sou médico, mas a pulsação dela está muito lenta. Será que podia nos levar para o hospital? Ok, eu vou levar ela até aí, obrigado.
  - Pega ela no colo, então. - ordenou, levantando.
  - Ela deve ser pesada. - abaixou e pegou a menina nos braços - Até que ela é levinha. Vamos logo.
  Chegaram ao hospital, o médico mandou esperarem na sala de espera. Depois de meia hora o doutor volta secando o suor da careca com um guardanapo de pano. Ele os informou que a menina estava há muito tempo sem comer e por isso estava tomando soro, mas ficaria bem. A mãe foi a primeira a entrar na sala que a filha estava. lhe contou que fora atropelada e que não comia a um bom tempo.
  Um tempo depois, o médico volta com alguns papéis na mão e informa à mãe que o caso da menina havia ficado um pouco mais sério. No acidente, ela batera a cabeça no asfalto e sofrera um traumatismo craniano.
  - O traumatismo foi se desenvolvendo depois da batida, o que ocasionou a perca da consciência e a falta de líquido e alimento ajudou a fazê-la desmaiar. Ela vai ficar internada por um tempo, é melhor ficar em observação, pois isso pode gerar uma amnésia.
  Uma semana se passou. A menina tinha entrado em coma no segundo dia internada. Era uma sexta-feira a tarde, e Thomas estavam no quarto do hospital há uns cinco minutos olhando a garota deitada. Tom não entendia o que tinha acontecido com a irmã, mesmo assim estava preocupado.
  - , minha irmã vai morrer?
  - Não, Tom, claro que não. Ela só está dormindo, descansando.
  - Por cinco dias? Ela nunca dormiu tanto.
  - Ela estava muito cansada.
  - Isso é culpa sua.
  - Eu sei.
  - Meu irmão vai te matar. Minha irmã gosta de você e você não gosta dela.
  - Eu gosto sim.
  - Mãe... - resmungou.
  - Ela acordou! Tom, chama algum médico ou enfermeira. E aí? Melhorou?
  - Eu te odeio.
  - Eu sei. Eu te amo, coisinha.
  - Não quero passar até o fim da minha vida aqui. Eu quero ir para casa.
  - É só mais um pouquinho.
  - Eu me sinto o Frank Stein com esses cabos na cabeça e no meu braço.
  - É, você está meio verde e parecida com ele mesmo.
  - Idiota. Eu amo você, coisa. Não esquece disso, tá? - terminou de falar e o aparelho que marcava seus batimentos fez aquele “piii” que ninguém quer ouvir.
  - Não. Não. Não. Pelo amor de Deus! ! volta por favor. Doutor, me ajuda!
  - Saiam do quarto! - o médico gritava - ENFERMEIRAS! REANIMEM A GAROTA! REANIMEM ELA A QUALQUER CUSTO.
   e Thomas saíram do quarto chorando. Nick foi para lá assim que o irmãozinho o informou pelo telefone. O pai e a mãe deles também. chegou no hospital chorando. Só ouvia gritos do médico responsável mandando reanima-la. Do lugar que a família e os amigos da menina estavam, dava para ver certinho a correria e o entra e sai na sala onde estava internada. Nick tentou bater em , que nem se defendeu, pois se sentia culpado, mas o diretor o impediu.
  Acabou. Todos já tinham essa palavra em mente. Cansado de esperar, pegou sua blusa de frio que estava lá, e saiu de pressa do hospital. Como fizera isso com uma menina tão especial para ele? Tudo por sua culpa. Se não tivesse se deixado levar por Taylor, nada disso aconteceria. Foi como se ela soubesse que morreria, como se tivesse acordado para se despedir. Como pode acontecer uma coisa dessas com uma menina tão perfeitinha assim? Então essa era a sensação de matar alguém? A única coisa que ele não entendia era o porquê as pessoas matavam outras se depois se sentiam assim. Era horrível, como se uma parte dele tivesse ido embora com a menina, e foi.
  Tudo que queria era ficar sozinho. Foi para o seu quarto, apagou a luz e ficou na cama, lembrando de tudo que passaram juntos. E pensar que há dois meses atrás, ela estava nessa mesma cama. E que há uma hora atrás estavam conversando normalmente, até ela morrer de baixo de seus olhos. Um número desconhecido o ligou e, mau humorado ele atendeu.
  - Alô?!
  - Ei, otário, é o Nick, volta para este hospital agora.
  - E por que eu faria isso?
  - Vem logo se for homem, sua bixa!
  - Nick - ouviu a mãe chamar-lhe a atenção - Fala direito, filho.
  - Quero ver se você vem mesmo, viado.
  Desligou o telefone, se levantou e voltou para o hotel. Durante todo o caminho, ele pensava porque Nick e a não estavam com a voz aparentemente triste. A filha e irmã deles acabou de ir desta para a melhor e eles nem um pouco abalados. Entrou no hospital e todos o encararam. “Ferrou, vão me matar também” pensou andando lentamente.

Capítulo 11

  - E aí? Por que eu tinha que voltar tão rápido?
  - Ela... - começou.
  - Morreu. Eu sei. Vão me culpar?
  - Ih, olha aqui seu gay, abaixa a bola aí falou? - Nick falou um pouco bravo.
  - Eles conseguiram reanimar a . - o diretor contou.
  - Eles o quê? Não brinca comigo não. Então aquele bagulhinho que fez “piiiii” estava errado?
  - Não. Na verdade foi pura oração. Ela voltou para nós.
  - Eu... Tenho que ir lá.
  Saiu correndo e entrou no quarto 274, onde estava. Ela estava deitada dormindo novamente. Ele sorriu ao lembrar que não havia perdido ela.
  - Ei, Bela Adormecida, quer me matar do coração, é? Sabe o quanto eu chorei achando que tinha te perdido, princesinha? Você não faz ideia! Me desculpa, meu amor, se eu não tivesse deixado a Taylor me levar para aquele lugar... Posso falar? Você ficou linda de corte de cabelo novo, ficaria linda até careca! Foi minha culpa você quase ter morrido, se eu não fosse tão idiota, tão moleque, você estaria por aí me xingando de coisas incrivelmente criativas como sempre faz quando brigamos. E pensar que você poderia estar indo para o ballet, dançando pela minha casa, brincando com aquela miniatura de cachorro que tem o nome mais criativo e único. Acorda minha bela adormecida, acorda minha princesa, acorda meu amor. Abre esses olhinhos verdes e da um sorriso para mim, como sempre faz quando dorme em casa. Sinto falta de dormir de conchinha com você, pequeninha, volta pra mim logo vai. Não sabe o quanto é bom ouvir essa merda de negocio que marca seus batimentos cardíacos, ao invés do “piiiii”. Alias, seria bom ouvir sua voz também, ou sua risada super silenciosa. Volta logo desse seu sono, a Lindsay sente sua falta, meus pais sentem sua falta, o Piqué sente sua falta, seus irmãos, seu pai, a ... Eu sinto sua falta, , sinto muito, muito, muito sua falta.
  - Otário - ouviu um sussurro.
  - Nick, quer dar licença? Estou tendo uma conversa particular.
  - Te amo, coisa. - alguém sussurrou de novo, uma mulher.
  - ? Olha, desculpa, mas eu não te amo, você é legal e pá, mas...
  - Seu gay. - o sussurro ficou mais alto.
  - ? Você acordou? Aliás, você ouviu tudo?
  - Ouvi, agora dá um jeito de me tirar daqui. - ela falava como se não tivesse dormido por semanas seguidas - Vamos fugir, não sei. Me tira daqui, por favor, eu te imploro.
  - Eu nunca te tiraria daqui numa hora dessas. Você sabe que foi a beira da morte e por Deus, graças a Deus e só por ele, você voltou para nós? Você teve uma parada cardíaca, podia ter morrido, , morrido! É só mais um pouquinho, tá? Eu prometo. Só mais alguns dias, aí você volta para casa, volta para a sua vida. Eu vou vir até aqui todos os dias, venho te ver e conversar para se sentir em casa, tá? Aguenta firme só mais um pouco.
  - Não me abandona, tá? Não me abandona agora que eu não te abandono nunca mais.
  - Trato feito! Nosso relacionamento se baseia em tratos... Bom, eu vou chamar sua família, querem muito te ver acordada.
  - Chama o médico primeiro, retardado!
  - E voltou a ser a de sempre... Vou chamar o cara lá.
  - Manda ele trazer alguma coisa para eu beber. Um Frappuccino de baunilha, um chocolate quente branco, ah que delícia.
  - Vou trazer uma aguinha direto do filtro pra você e é só isso que vai conseguir aqui.
  - Manda o idiota do médico me tirar dessa merda de hospital! Eu já estou ótima, maravilhosa, novinha em folha! Eu já estou até xingando!
  - Se você se comportar, sai daqui rapidinho. Então se comporta menina! Eu vou chamar o médico e ir para minha casa. Tenho bilhões de coisas pra fazer.
  Quatro dias depois, pode finalmente sair do hospital. No dia seguinte já quis ir para a escola, depois de um tempão longe ela sentia saudades. Todos os olhos do colégio estavam voltados a ela. Todos com fofocas inventadas. Uns diziam que ela teve uma parada cardíaca porque usava drogas ou bebia demais. Outros falavam que ela estava com bulimia. Tinha aqueles maldosos que juravam que ela estava com câncer e que estava usando peruca.
  Mesmo assim, ela não abaixou a cabeça, continuou a sua vida como ela era antes do hospital. Estava sentada na mesa que costumava sentar na hora do intervalo, quando o grupo de garotas que ela mais odiava se aproximou. , Helena, Maria Luiza e Anna. Elas se sentaram na mesa junto com , e .
  - Oi - , a “chefa” disse - Eu fiquei sabendo de tudo que passou, as drogas, a bebida, já me contaram tudinho. Isso tudo é influencia do seu namoradinho, se quiser independência dessas substancias, você tem que dizer adeus ao seu skatista, amiga.
  - Olha, colega, eu não gosto de você e nem tenho paciência para fingir o contrário, então, por favor, saia de perto de mim antes que eu faça você engolir essas suas mentiras com as minhas próprias mãos. - respondeu.
  - Vai pro inferno, vai, biscatinha mirim!
  - Eu nunca estive lá, só ouvi falar. Sabe, o diabo parece até um pouquinho com você, vermelho, chifrudo, do mal...
  - A única chifruda aqui é você, drogadinha. Depois, pergunta para o seu namoradinho o que fizemos enquanto estava praticamente morta. Pergunta pra ele, ele está vindo aí.
  - Você tem que comer alguma coisa, . - se sentou na mesa e se assustou com o grupo de na mesa. - O que é que elas tão fazendo aqui?
  - Então você não contou para a dependente de drogas o que você fez enquanto ela estava no hospital, querido?
  - Não. Não achei necessário.
  - Se ela se recusa a acreditar amanhã eu trago nossa filmagem para ela ver. Garanto que vai amar, aliás, pergunta para sua sogrinha, , ela vai te contar quem esteve na casa dela por esse tempo que você estava quase morrendo de overdose.
  - - disse calma -, se você não quiser voltar para o inferno, vulgo seu local de origem, eu sugiro que se afaste da minha mesa e nunca mais dirija a palavra a mim, fui clara, loira de farmácia?
  - Não quer acreditar, tudo bem, amanhã trago provas concretas para você. Se cuida, Polly Pocket.
  - Ui, que medo de você Barbie falsificada. - as meninas foram embora. se virou para e o encarou brava - O que você fez?
  - Nada - ela não parou de olhar para ele - O que é? Não acredita mesmo, né? Eu estou falando sério caramba, eu não sei mentir!
  - Você é o melhor mentiroso de todos! Fala logo antes que eu me estresse.
  - Ah, então você não está estressada? Nossa!
  - Eu estava calma até agora - elevou sua voz. - Quer desembuchar logo o que aconteceu enquanto eu estava no hospital?!
  - Não aconteceu nada, cassete! Que saco, eu estou falando a verdade.
  - Tudo bem, me desculpe. Me empresta seu celular? Eu esqueci o meu em casa.
  - Toma aqui. - ele lhe deu o aparelho.
  - Não aconteceu nada, né? Mensagem de para doutor mentiroso: “Estou chegando na sua casa, está no seu quarto?” outra mensagem “Nunca mais vai me comer! Por sua culpa meu shorts está com uma macha branca, rsrs o que eu falo pra minha mãe agora?!” mais uma “Ei coisa, esqueceu de mim? Rsrs brincadeirinha, você nunca se esqueceria, curti nossa noite, amo você meu coisa”. Essa eu faço questão de ler a sua resposta. “Não esqueci não loirinha, também curti, amo você loira.”
  - Mas que coisa, não? A pessoa empresta o celular e a outra fica bisbilhotado!
  - Eu te chamo de coisa. - disse um pouco aborrecida - Você é o MEU coisa. Desde quando éramos crianças e você me irritava eu te chamava de coisa.
  - Eu vou explicar. Na verdade é uma historia bem engraçada. É que quando você não estava aqui, ela virou minha dupla de química, aí ela tinha que ir em casa fazer trabalho. Eu derrubei maionese no shorts dela. E saímos uma vez, mas nessa noite ela ficou com um amigo do seu irmão eu juro.
  - Duas partes, que julguei serem as piores, não foram esclarecidas. A do não vai mais me comer e a do amor. DE ONDE SURGIU ESSE AMOR REPENTINO?
  - Comer? Ah, não. É que eu falei que ela era uma cachorra, aí ela falou que era hot dog, então quando comemos cachorro quente aconteceu o lance da maionese. E a parte do amor, ela é minha amiga, só isso, uma amiga.
  - Não acreditei em uma misera palavra, só da parte que ela é uma cachorra, porque ela realmente é isso, mas do resto... Não quero ninguém te chamando de coisa, ouviu coisa?
  - Comprou os direitos autorais do apelido agora? Só deixo você comprar com um beijo.
  - Então os direitos autorais vão continuar em suas mãos até você parar de mentir.
  - O Aladdin mentia, aliás, ele mentiu que era um príncipe, e mesmo assim ele ficou com a princesa!
  - Você chama Aladdin? Não! Então vai aprender a não mentir para mim, mentiroso compulsivo.
  - Mas eu... Ah! Que saco! Eu não estou mentindo, não dessa vez, eu juro.
  - Quer saber, o intervalo já acabou para mim, vou para a sala.

Capítulo 12

  As aulas passaram rápido. Todos saiam conversando para o refeitório, era dia de educação física a tarde, então a maioria almoçava na escola. andava contra o fluxo de pessoas, que abriam um corredor para ela passar. Às vezes pensava que todos achavam que ela estava com uma doença contagiosa ou algo do gênero.
  Parou no armário para pegar alguns cadernos, estava com uns quatro deles nos braços. Quando foi fechar o armário, todos eles caíram. Uma menina ajoelhou, recolheu-os e entregou para . Sem que pudesse ter sido agradecida, saiu correndo, apenas virou os olhos e continuou a andar para o portão.
  - Ei! - ouviu um menino gritar mas continuou andando - , espera um minuto!
  - O que foi, ? - se virou um pouco nervosa. - Se não percebe, estou tentando ir embora.
  - Não vai almoçar aqui? Tem educação física.
  - E daí? Eu não vou fazer aula a tarde, vou ensaiar para o 3 stars, quero muito vencer.
  - Tudo bem, espero que vença. Nos falamos depois, ? - se aproximou para beija-la, mas foi interrompido.
  - Dá um tempo, tá? Tchau. - saiu em passos firmes.
  - Espera mesmo que ela vença? - apareceu e perguntou. - Mesmo?
  - Mesmo. Por que não esperaria?- questionou.
  - O primeiro lugar ganha um curso de 3 anos em Londres, totalmente pago. O segundo lugar ganha um curso, também em Londres, mas com a duração de 1 ano. O terceiro lugar ganha 5 meses de curso. Reze para ela perder.
  - Londres? Europa? Tem certeza do que está falando?
  - Absoluta, pergunte para a ou para o Nicolas. Até seu amigo sabe. Todos nós sabemos que ela tem chance de ganhar, convenhamos que ela é extremamente boa, ela vai vencer essa tal concurso e se mudar para Londres.
  - E conhecer outro cara, esquecer de mim. Ela não pode ganhar isso, não pode! Mas não tem com impedir, ela é ótima.
  - Claro que tem como impedir! Conhece aquela expressão usada no ballet: “Quebre a perna”? Pois é, quebre a perna, , quebre a perna dela. A casa dela da Polly Pocket tem uma escada enorme, da um jeito dela cair acidentalmente de lá.
  - Não posso fazer isso com ela. - virou-se e foi em direção ao refeitório.
  - ENTÃO PERCA ELA PARA SEMPRE - a menina gritou e foi almoçar também.
  Quebre a perna, quebre a perna, quebre a perna. Isso não saia de sua cabeça, não queria perdê-la, mas não queria machuca-la. Passou o dia pensando nisso. Quebre a pena, Londres, quebre a perna, Europa, quebre a perna, ballet, quebre a perna, 3 stars, quebre a perna, esquecê-la, quebre a perna!
  “Se eu machucar ela, Nick me machuca. Mas se deixa-la ir para Londres, me machuco de qualquer forma. Prefiro a dor que Nicolas me causará do que a dor que sentirei quando em vê-la partir...” pensava enquanto tomava banho.
  Jamais se perdoaria se a empurrasse da escada, mas também não se perdoaria em perdê-la para um britânico qualquer. Vestiu uma roupa qualquer e foi para a casa do diretor. Thom abriu a porta sorrindo, os dois se davam muito bem. Subiu as escadas lentamente, a cada degrau que subia a frase maldita vinha em sua cabeça quebre a perna. Bateu na porta duas vezes seguidas e esperou a permissão para entrar. Depois de ouvir gritar “entra”, girou a maçaneta devagar e entrou no quarto.
  A menina estava com a mesma cara emburrada que cedo, no colégio. Ele sentou na cama e ficou olhando ela sentada na cadeira mexendo no computador.
  - A que devo a honra? - perguntou sem humor.
  - Londres? - sua voz saiu quase como um sussurro. Ela o encarou - Quando ia me contar sobre o premio do 3 stars?
  - Não vi importância nisso.
  - Você vai para Londres, , vai me deixar.
  - Eu não ganhei. Ninguém sabe se eu vou ganhar.
  - Claro que vai, não se faça de desentendida. Quer ir para ficar longe de mim, não é mesmo?
  - Não, é que...
  - Me culpa por tudo que aconteceu, né? Me culpa pelo coma, pela parada cardíaca, por aquele episodio com a Taylor, por todos estarem te tratando e olhando como se estivesse contaminada por radioatividade ou algum tipo de doença. Sei que não suporta ouvir os rumores que andam falando de você e de sua passada pelo hospital. E a culpa é minha mesmo, eu que contei que estava em coma, mas não contei que eu era a razão. Eu disse para a classe inteira que você estava no hospital, sem ouvir, sem falar, sem respirar sem a ajuda de um aparelho. Eu disse em alto e bom som isso, no meio da aula de física.
  - Quer saber? Estou indo para ficar longe de você mesmo. A culpa é toda sua por tudo que aconteceu esses dois meses. Desde que me envolvi com você, só aconteceu coisas ruins para mim. Me envolver com você foi a pior coisa que aconteceu comigo. - disse em lágrimas - Você é um idiota. Percebe o que você fez comigo e com a minha vida? Você cagou na minha vida! Você a destruiu. Eu só quero ir para outro continente, com um oceano nos separando. Fica longe de mim. Você estragou tudo.
  - Eu sei. Me desculpa, eu só te fiz mal, mas você só me fez bem. Você não tem noção disso. Eu não fumo mais, não bebo, não brigo... Enfim. Boa sorte no 3 stars, espero que vá para Londres. Quebre a perna.
  - SAI DA AQUI! - gritou.
  O menino saiu do quarto quase voando para não encontrar Nick. Ao invés disso, encontrou Thom com os olhos arregalados e uma cara triste. O menininho andou até ele de cabeça baixa e a ergueu lentamente.
  - Não vai voltar mais? - Thomas perguntou com os olhinhos cheios de lágrima.
  - Tudo indica que não. - sorriu de lado. Os olhos do garotinho eram do mesmo verde que os da irmã.
  - Vou sentir sua falta. Com quem eu vou brincar? Meus irmãos não gostam de mim. Me leva junto com você, por favor.
  - Thomas, claro que eles gostam de você, eles te amam!
  - Preferia que você foce meu irmão, não o Nick. - isso fez sorrir por dentro.
  - A gente combina um dia para você ir a minha casa para eu te mostrar minha coleção de jogos de vídeo game, que tal?
  - Promete?
  - Prometo. Cuida da sua irmã, ein? Não deixe nada ruim acontecer com ela.
  - Essa é sua especialidade. - apareceu no topo da escada. - Fazer com que TUDO de ruim aconteça comigo. Aliás, por que não foi embora? Thom, não fale com ele.
  - Você não manda em mim! - respondeu o irmãozinho - Eu gosto mais dele do que de você. Tomara que ganhe esse 3 stars aí e vá para Londres, longe da gente.
  - Eu vou. Diga ao seu amiguinho para sair de casa agora, antes que eu resolva acordar o Nick para ele resolver tudo.
  - Tchau, garoto!- se despediu - Nossa promessa está de pé, tá? Se cuida. Vou sentir sua falta, pestinha!
  - Eu também vou sentir a sua. Tchau. - o rapaz saiu pela porta.
  - Thomas, que história é essa de promessas?
  - Vê se não enche, ! Volta pro seu quarto que você está deixando o ar pesado. O hospital mudou você, está fria, egoísta. Não é mais a mesma. Eu queria que nada tivesse acontecido.
  A menina rolou os olhos e voltou para o quarto. pensava “Esse tal de quebre a perna vai precisar ser utilizado, desculpa.” No dia seguinte, foi para a escola normalmente. No intervalo, e não queriam sentar em mesas separadas, eles estavam tendo um romancinho. Teve que sentar segurando vela, voltou a sentar com os skatistas. Ela o seguiu com o olhar e viu ele e mais dois amigos saindo para a quadra, os três com a mão no bolso. Isso significava que iam fumar. percebeu e rolou os olhos. Por um minuto, passou pela cabeça de correr para a sala do pai e o arrastar até a quadra para pegar os três no flagra. Mas aí achou chato até mesmo para ela.
  O sino tocou e nenhum sinal dos três. pediu ao professor para ir ao banheiro e ele deixou. Ela foi até a quadra, só os amigos estavam lá, nenhum sinal de . Ela se aproximou dos meninos, que nunca tinha falado antes, eles tentaram esconder os cigarros, mas viram que era inútil.
  - Cadê o amiguinho idiota de vocês? - a menina perguntou, mas logo se arrependeu.
  - Depende de qual amiguinho você está falando. Não precisa fingir, sei que veio arrumar alguns cigarros, sabemos da sua passagem no hospital. Overdose... Que tipo de droga usava?
  - Vão se foder, imbecis! - disse indo para cima deles. Os dois se levantaram e seguraram o braço dela.
  - Deixa ela em paz. - uma voz da entrada da quadra disse - Não sujem as mãos.
  - Tudo bem! - os dois disseram e a soltaram.
  Ela perdeu o equilíbrio e caiu arquibancada a baixo. Os três meninos ficaram paralisados apenas olhando para a menina se contorcendo de dor no chão.
  - Se livrem de todo o cigarro e chamem alguém, tenho que dar um jeito de sair daqui. - ordenou.
  - Ela vai contar! Vai abrir a boca para o pai dela! - um dos meninos disse.
  - Não vai não, se eu fosse ela, não faria isso...
  - O 3 stars! - a menina gritou - Você planejou isso né, ? Planejou tudo, né coisa idiota!?
  - Ah, claro, sabia que ia sair da sala para me procurar. Claro que não! – mentiu - Para que eu planejaria isso?
  - Para eu não ir para Londres!
  - E ficar perto de mim? Sinceramente, eu até pago para você ir. - mentiu mais uma vez.
  - Chama logo a enfermeira, tá doendo muito.
  Os três saíram da quadra, na frente e os dois meninos levando . sorria por pensar que ela não ia nem participar do campeonato. Não era a melhor sensação que ele já tinha sentido, porque misturava o remorso com a alegria por mantê-la perto.

Capítulo 13

   POV (mode On)

  No dia seguinte, vê-la com a perna engessada, andando de muleta pela escola, me fez muito mal. Eu não imaginava que me sentiria desse jeito. Ela ficaria com o gesso por um mês, o que mostra que calculei tudo errado, já que o 3 stars era dali a 3 meses. Ok, menos um mês de ensaio deveria me ajudar. Mas não, a era perfeitamente perfeita no ballet. Mesmo ensaiando uma vez ela venceria.
  - Quebrou a perna! - disse bem próxima a mim. - Parabéns!
  - Não me enche. Não estou bem. - respondi me afastando.
  - Você é bonzinho de mais... Se alegre um pouquinho com o mal!
  - Que merda! Ela deve estar me odiando!
  Claro que ela estava me odiando, quem não me odiaria? Nick me matava com os olhos, tinha até medo de cruzar seu caminho e ele atirar em mim. Agora era só rezar para ela perder esse 3 stars, milagres acontecem, mas nunca comigo.
  Três meses depois, fiz questão de pegar um ônibus até Nova York, onde aconteceria o 3 stars. Tinha muita gente, 3 dias de apresentação. Por um segundo pensei que era possível que ela não ganhasse, mas aí eu lembrei de quem se tratava. Sentei bem lá atrás, estava difícil de ver, conseguia assistir pelo Telão. Quando ouvi o rapaz anunciando “ , 16 anos, San Diego, variação repertório Bela Adormecida em sua festa de 16 anos”, me arrepiei, cruzei os dedos implorando para ela perder. Ela foi perfeita, maravilhosa, sem nenhum erro. Como ela tinha se apresentado no último dia, o resultado sairia no dia mesmo. Depois de todo o discurso de um dos juízes, ele foi anunciar a colocação.
  - Em primeiro lugar... - não, não - Paisly Lancaster, 18 anos, Nova York, com o repertório Paquita. Parabéns, senhorita Lancaster.
  - ISSO! - gritei pulando e sorrindo.
  - É sua namorada? - uma senhora ao meu lado perguntou.
  - Nunca vi na frente!
  - Em segundo lugar... - não, por favor! - Natalie Ann George, 18 anos, repertório Don Quixote.
  - Isso! - gritei de novo e a senhora ao meu lado riu.
  - Em terceiro lugar. - foda-se, a não vai mais ganhar. - , 16 anos, Repertório Bela Adormecida.
  - NÃO! NÃO! NÃO! - gritei. A senhora me olhou assustada - Essa é minha namorada.
  - Parabéns a todas, aplausos para as nossas colocadas na categoria solo feminino. Espero vocês mês que vem garotas, nossas 3 stars dessa edição! Parabéns.
  Todo mundo aplaudia, as outras solistas choravam. Saí correndo de lá, não queria nem saber, só queria voltar para minha casa.

   POV (mode On)

  Venci? Eu ganhei! 5 meses em Londres, aí vou eu! Eu passava pelas pessoas e elas me parabenizavam. No meio do meu repertorio tive a impressão de ter visto na plateia, bem no fundo. Corri até onde pensei que estava, mas não o vi.
  - Está procurando seu namorado? - uma senhora me perguntou e eu me assustei - Um menino de cabelos loiros, pele bem branca, estilo skatista, bonito. Ele me disse que era seu namorado.
  - É ele mesmo. Onde está? - então ele estava aqui mesmo.
  - Ele foi embora correndo quando anunciaram sua vitória, aliás, parabéns. Mas então, ele estava muito triste, muito mesmo. Se correr, acho que pega ele lá fora. Boa sorte, menina.
  Saí correndo para fora, tinha muita gente lá. Ônibus, pessoas, carros... E um menino encostado na parede, sentado no chão com a cabeça enterrada entre os joelhos. Era ele. Não me importei com os trajes que eu estava, sentei ao seu lado, coloquei a mão em suas costas e ele se assustou. Sorri para ele, mas não recebi seu sorriso em troca. Ele estava chorando. Nunca tinha visto ele chorar. Continuamos em silêncio por um bom tempo, até ele resolver falar, ou melhor, resmungar.
  - Lembra quando estava no hospital e prometemos que nunca um deixaria o outro? Você vai me deixar.
  - Não para sempre, são só 5 meses.
  - Não quero ficar longe de você.
  - Nem eu, mas isso será tão bom para mim... Se o mesmo acontecesse com você, eu iria te apoiar ao extremo, me apoie.
  - Te apoiar a ir para outro continente, conhecer outro cara, um britânico de calças justas e cabelinho bem penteado, que esteja montando uma boyband, britânicos gostam disso.
  - Britânicos gostam de boybands e eu gosto de você. Eu ir para Londres ou não, não depende de você, eu vou e pronto.
  - Eu vou para casa, parabéns pela vitória, Bela Adormecida.
  - Obrigada Branco de Neve. Boa viagem de volta, obrigada por vir.
  - Eu iria até a puta que pariu para te ver.
  - Espero que Londres não esteja incluída nesse puta que pariu.
  - Na verdade ela está, mas eu não vou para lá. Tchau.
  - Tchau.
  - Desculpa pela perna.
  - Não se preocupe, desculpe por não ter te contado sobre Londres.
  - Não se preocupe. Até mais.
  - Até.
  - .... Eu não queria que você fosse, mas se não tem jeito eu te desejo boa viagem. Eu te amo, baixinha.
  - Obrigada. Adeus.
  O mês se passou muito rápido. Os dois ficavam juntos, mas não se falavam direito. Já era o dia de viajar. Estavam todos no aeroporto, esperando o voo para Londres.
  - Vou sentir saudades, filha. Se cuida - o pai se despedia.
  - Vai com Deus, meu anjo, aproveita muito. - a mãe disse chorando.
  - Tchau, . - os dois irmãos disseram.
  - Vou entrar na área de embarque, já deu o tempo. Até daqui a 5 meses. Amo vocês.
  - Espera, filha. Eu liberei o senhor , era para ele estar aqui. - o diretor comentou.
  - É pai, mas... - viu se aproximando. Toda a família saiu de perto e foram ao café.
  - Então você vai mesmo? - ele perguntou.
  - Vou. É rapidinho, em 5 meses eu volto. Vamos conversar por Skype.
  - Não vai ser rápido, não mesmo. Pensa melhor, . Por mim.
  - , não torne isso mais difícil, ok? Eu vou, mas prometo que eu volto.
  - Por favor... - tentava não chorar, mas não conseguiu. - Não.
  - Tchau.
  - ! - viu ela entrar na fila da área de embarque - Eu amo você. Não esquece.
  - Sempre.
  - Sempre.
   foi para o curso. fumava e bebia mais do que nunca. Sentou na cadeira da classe executiva e ficou olhando a cidade pela janela. Os outros passageiros entravam felizes, muitos turistas. Ela apenas pegou o fone de ouvido que estava em sua bolsa e o colocou no ouvido. Escolheu uma playlist no seu iPod e fechou os olhos, prestando atenção apenas na música. O som estava tão alto que nem seus pensamentos conseguia ouvir, era isso o que ela queria.

Capítulo 14

  - Pai? Eu estou com saudades, nem parece, mas já se passou quatro meses. Mais um mês e eu volto!
  - Pois é, querida, eu estou morrendo de saudades de você, meu anjo.
  - Como estão as coisas por aí? O senhor está no colégio agora?
  - Está tudo ótimo aqui, seus irmãos estão sentindo sua falta, campeã! E sim, estou no colégio, quer que eu chame o Nick para te dizer oi?
  - Não, chama o , por favor. Eu estou sem falar com ele faz dois meses.
  - Ele não vem para a aula faz... 15 dias. Ele quase nunca vem, só vem em dia de prova e para fazer futebol às vezes, só isso.
  - Ele pergunta de mim?
  - Lamento, mas não muito. O senhor anda muito reservado.
  - Quando ele for para a aula, você pode me ligar para eu falar com ele?
  - Ele não vem nesses próximos 5 dias, com certeza.
  - Por que não?
  - Suspensão. Peguei ele fumando.
  - FUMANDO? Pai, diga que isso é brincadeira sua.
  - Não é. Te ligo mais tarde, sua sogra acabou de chegar para nossa reunião quinzenal.
  - Não! Deixa eu falar com ela, por favor.
  - Só um momento. Senhora , a quer falar um minuto com a senhora.
  - Oi tia ! Onde tá o cretino do seu filho?
  - Trancado no quarto dele. Querida, me ajuda! Ele está fumando tanto que disparou o alarme de incêndio da vizinha! Ele sente a sua falta, ele está adoecendo. Se ele morrer eu...
  - Ele não vai morrer! Nem brinca com isso. Você... Consegue vê-lo pelo menos?
  - Eu sempre o vejo. Uma vez a cada 3 horas eu vou ver se ele ainda não morreu de overdose. , você não consegue imaginar como está o quarto dele. Deve ter uns 200 cigarros, um monte de garrafa de bebidas, eu nem sei como ele conseguiu tantos assim. Ele está mal, , ele sente sua falta, ele está doente.
  - Eu sinto muito a falta dele. Muito. Mas e o ? Eles não ficariam quatro meses sem se falar nem a pau!
  O ? Coitado, está tão preocupado. Ele vem aqui um dia sim, um dia não. Quando o vai ao colégio, é o quem o obriga a ir. Se o morrer, ele...
  - ELE NÃO VAI MORRER! Eu vou pegar um avião a noite e amanhã eu chego aí. Não conta para o ainda.
  ! Se você desistir do curso da sua vida, eu... - o pai foi ameaçar a filha, mas ela foi mais rápido e desligou antes. - Ele não veio hoje mesmo, né Samantha?
  - Não. Eu não sei mais o que fazer com aquele imbecil! Eu quero arrebentar ele, mas no fundo eu tenho dó e o entendo perfeitamente. Ele a ama.
  - São duas crianças, o que sabem sobre amar?
  - Não são mais crianças, eles já são bem grandinhos, sabem se cuidar. E o senhor pode não acreditar, mas ele ama a sua filha e ela o corresponde. Mas não estou aqui para discutir sobre o amor que nossos filhos sentem um para o outro. Vamos ao assunto.
   socou tudo nas duas malas enormes, colocou uma roupa que tinha deixado separada, correu na secretaria da escola para explicar o porque estava desistindo e eles entenderam bem, ainda disseram que ela poderia voltar para fazer um curso quando quisesse. Ligou numa agência aérea qualquer e viu o primeiro voo para San Diego. Por sorte/azar, sairia ao meio dia, eram 10 da manhã.
  Pegou um táxi correndo para o aeroporto, fez tudo correndo e embarcou a tempo. Havia desligado o telefone, para ninguém irrita-la. Trocou suas milhas por uma passagem para San Diego e chegou lá duas horas da tarde, devido ao fuso horário. Nem foi para sua casa, foi direto para a casa do namorado.
  Deixou as malas na sala e desceu para o quarto que tanto frequentava. Abriu a porta e ficou parada, encostada o olhando. Ele estava deitado na cama de costas para ela, pela fumaça e pelo movimento que fazia, ele estava fumando. Ela rolou os olhos e uma lágrima escapou. Doía vê-lo daquele jeito por sua causa. Vários cigarros no chão e alguns restos de comida que ele havia deixado. Ela escorregou pela parede e sentou no chão, chorando um pouco mais. Na verdade, não chegava a ser um choro, eram só lágrimas, sem barulho sem nada.
  - Ok mãe, já viu que eu estou bem. Agora vaza daqui. - o menino disse e ela não se mexeu - MÃE, MANDEI SAIR, EU ESTOU ÓTIMO, MELHOR DO QUE NUNCA! - elevou a voz.
  - Sendo assim, acho que posso voltar para Londres, né? - disse se levantando.
  - ? Eu estou sonhando?
  - Não. Tá mais para pesadelo. Olha o que você fez com você mesmo! LARGA ESSE CIGARRO, APAGA ESSA MERDA AGORA E LEVANTA DA CAMA. ANDA LOGO!
  - Eu não acredito! - ele apagou o cigarro e se levantou. - Voltou por minha causa?
  - Não encare isso como uma coisa boa, porque não é. Eu perdi a chance da minha vida para socorrer menininho mimado que se droga por não conseguir o que quer. Você é ridículo, sabia? Parou para pensar, só por um segundo, o quão egoísta você foi? O quão mesquinho está sendo? Já se olhou no espelho, ? Você está horrível! Seu quarto virou um chiqueiro. Você pode criar alguma doença grave por causa desses cigarros idiotas! Quer saber? Eu devia ter deixado você morrer aqui, de overdose, só para largar a mão de criancice. Mas sabe por que eu não fiz isso?
  - Porque seria crueldade demais?!
  - Porque eu amo você, seu imbecil. Eu morri de saudades, você não me atendia, não me ligava, não me respondia, eu quase enfartei de preocupação. Se queria me matar de susto, conseguiu. Quando eu conversei com sua mãe ontem, ela me disse como estava, então peguei o primeiro voo e vim correndo para San Diego. Sua mãe, seu pai, sua irmã, seu melhor amigo. Tem noção do quanto eles estão preocupados com você e sua saúde? LEVANTA, TOMA UM BANHO, ESCOVA OS DENTES E VAMOS SAIR PARA TOMAR UM AR.
  - Tá! - ele abriu um sorriso de orelha a orelha e correu para o banheiro.
  - E depois vamos dar um fim nesse chiqueiro.
  - Não acredito que está aqui! - foi para beijá-la mas ela o impediu. - Quatro meses sem te beijar.
  - Não estamos namorando, não namoro fumantes alcóolatras. Quer me namorar? Promete que nunca mais vai encostar em um cigarro e vai parar de beber tanto. Temos um trato?
  - Temos um trato! Eu vou me arrumar para sair com você. - ele saiu correndo feliz para o banheiro.
  - Obrigada, querida. - apareceu na porta. - Muito obrigada mesmo. Vou ficar te devendo para sempre você ter salvado a vida do meu filho. Você é muito especial, .
  - Não me agradeça, tia . Eu o amo, quero vê-lo bem. Não suportaria perdê-lo por nada. Mas eu ainda vou brigar com ele por ser uma criança mimada!

Fim?!



Comentários da autora


Olá! Eu particularmente amei escrever DD e espero que tenham amado ler. Se gostarem e quiserem um Done Deal 2, posso pensar em fazer... Quero agradecer a linda da minha prima por ter feito a capa divina e por me ajudar a escrever. Eu escrevi a fic sendo ela a principal, porque eu não sei, mas não gosto de escrever fics com o meu nome. Enfim, eu achei uma história fofa, me diverti muito fazendo e confesso que tem partes baseadas em fatos reais. A parte do discurso no aniversário, foi a diva da minha prima quem fez e na minha opinião é uma das melhores partes da fic inteira. Eu tenho mais um bilhão de fics no meu computador, mas ainda não acabei nenhuma. Tenho que pegar um dia para acabar todas e mandar tudo para o site. Prometo que farei isso assim que possível. Bom, me chamem no twitter qualquer coisa, sigam o Tumblr da minha prima e façam propaganda de DD para suas amigas.
Beijos, até mais.