Criminal

Escrito por Erikah Lima | Revisado por Flavinha

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CHAPTER ONE

  03 July, 2011 10:34 p.m.
  Las Vegas - Casino Hotel Gran Royalle Premiére

  Todos os convidados pareciam superexcitados, prontos para ganhar ou perder dinheiro pra banca, talvez mais a sengunda do que a primeira opção, mas quem se importa? Estamos em Vegas e aqui, meus caros, tudo é válido. A casa estava fervilhando, e todo aquelo movimento e calor, me fazia sorrir de satisfação. Confesso que quanto maior a platéia, melhor. Não me condene por ter um grande ego!
  Acomodei-me no balcão do bar do segundo piso, de onde eu podia ter uma vista privilegiada da maior parte do hall de jogos do cassino. Tudo que pedi foi um champagne bem gelado, e fogo pra acender meu cigarro. Direcionei minha piteiro ao barman, acompanhada por uma piscadela, afinal ele era gato e flerte nunca fez mal a ninguém.
  - Obrigada, querido - falei cheia de sorrisos, já com meu cigarro aceso.
  Depois dei uma longa primeira tragada, sentindo apenas o ar que já estava dentro de minha longa e dourada piteira me atingir a garganta, antes da fumaça finalmente chegar. Soltei a fumaça, pra cima, pela boca e segurando a base da minha recém-entregue taça, virei-me novamente para frente avistando , terminando de subir a luxuosa escada, que dá acesso ao andar onde eu estava. Eu deveria saber que a noite não seria tão tranquila... Uma pena, já estava achando que não teria motivos pra me preocupar.
  Ergui a taça em sua direção, ao passo que ele sorriu em resposta e começou a vir até mim.
  - Ora, ora mas veja o que temos aqui. - ele disse em tom cínico, sentando-se ao meu lado.
  Apenas continuei encarando-o com a sobrancelha erguida, e um semi-sorriso no rosto.
  - Eu quero um uísque - disse, se dirigindo não mais a mim, e sim ao barman - Não sou pretensioso o suficiente pra beber champagne, comemorando antecipadamente uma vitória ainda incerta.
  Esperei ele pegar sua bebida e me inclinei pra ela suavemente, sussurrando a resposta a provocação.
  - Minha vitória, querido, não é incerta. Aliás, é a única coisa de que eu tenho certeza absoluta esta noite. - meu sorriso alargou-se ao fim da frase. estreitou os olhos, fazendo um meneio de cabeça.
  - Você não mudou nadinha - ele fez um gesto negativamente - E esse é o seu maior defeito, você se acha a melhor.
  - E eu não sou, ? - gargalhei.
  - Você já foi. - ele disse com o mesmo ar divertido - Mas você é só uma, nós somos quatro.
  - Eu não estou sozinha nessa - sorri de canto - Lembra-se da ?
   franziu o cenho rapidamente e eu vi a preocupação passar rapidamente pelo seu rosto.
  - A ? - ele estava pasmo.
  - Ela mesma. - tomei mais um gole de champagne.
   ajeitou a gravata e também tomou um gole de sua bebida, meio que para se recuperar do choque.
  - Mesmo assim, nós somos quatro, vocês são duas, ainda estamos em vantagem.
  - Duas? - sorri - Somos em três na verdade. Acho que não mencionei a , mencionei?
  A boca de , meio que se abriu em choque involuntariamente e dessa vez não tinha uísque que trouxesse sua segurança de volta.
  - Foi exatamente essa a reação que eu esperei que você e os outros tivessem. - coloquei a taça em cima do balcão - Achavam mesmo que eu sairia da jogada, só porque um muleque tentou me derrubar?
  - Como eu disse, estamos em vantagem. - Ele parecia querer se agarrar a isso, de qualquer maneira.
  - Ah, claro - disse sarcástica - Acontece querido, que no nosso ramo qualidade sobrepõe quantidade. Você deveria saber disso, ! Estamos em menor número, a vantagem é nossa: mais eficência, mais discrição.
  Me levantei, começando a me afastar, mas insistiu em retrucar.
  - Se você chama de discrição usar um vestido tão decotado que me deixa ver até o seu útero... - ele deu de ombros.
  - Tomarei como um elogio, . - Sorri forçadamente. - E mande lembranças a e aos outros.
  E isso encerrou nossa conversa.
  Apesar de esbanjar segurança e certeza na frente do , eu estava tremendo nas bases. Se os meninos estavam no cenário, as coisas poderiam se complicar e tudo que não precisávamos era de mais complicações.
  Corri até o toillete feminino mais próximo e mandei SMS para as minhas meninas.

  Reunião de emergência, agora.
  xx

  O que se passava dentro de mim era um misto de adrenalina com excitação. Meu estômago vazio se revirava e eu sentia as gotas frias de suor formando-se em minha nuca. Eu não estava com medo, não era isso. Eu estava apreensiva e um pouco insegura, mas é como eu costumo dizer: let the game begin!

CHAPTER TWO

  11 April, 2010 04:19 a.m.
  Somewhere on Nevada desert - 's house

  Minha raiva era tanta, que eu nem tinha consiência direito do que estava fazendo. Estacionei o carro na porta da garagem e desci. Toquei a campanhia insadecida, mas não obtive resposta, talvez por culpa do som superalto que vinha da casa. Então bati o punho na porta que, por estar apenas encostada, abriu sozinha.
  - A é louca mesmo. - resmunguei sozinha, entrando na casa que por sinal, estava uma bagunça.
  Não muito diferente do solar onde eu morava, tudo que se via eram latas de cerveja, bitucas de cigarro e embalagens de fast food por toda a parte. Subi as escadas gritando por , mas ela realmente parecia não me ouvir. Corri até seu quarto e a encontrei aparentemente caída do lado da cama, o barulho do som era insuportável, então corri no estéreo do quarto e tirei da tomada.
  - ! - eu chamava - Você está bem? ?!
  - O quê? - ela resmungou meio dormindo, meio acordada.
  - A gente precisa conversar. - Eu tentava acordá-la e ela só se esquivava tentando voltar a dormir.
  - É sério, ! Eles armaram pra mim! Eu quase fui presa! - Isso pareceu despertá-la.
  - Como é? - ela levantou o rosto amassado do chão.
  - É isso aí! - desisti de tentar colocá-la sentada e deixei o peso do meu corpo cair no chão.
  - O que diabos você fez, ?
  - Eu não fiz nada! Foram aqueles infelizes dos meninos, eles armaram pra mim! Eu só escapei porque eu fugi no carro do .
  - Onde está o carro? - foi a pergunta de . Ela não perguntou se eu estava bem, não me explicou porque a casa dela estava a maior bagunça do mundo, nem falou sobre o motivo dela estar caída no meio do quarto.
  - 'Tá lá fora, por quê?
  - Vamos queimar.
  Pode parecer loucura, mas mesmo meio bêbada, meio sonâmbula, ainda se deu conta de que o carro podia ser rastreado, por isso nós o tiramos de perto da casa, jogamos gasolina e ateamos fogo. Primeiro os bancos começaram a queimar, e nós aproveitamos pra correr de volta pra casa, mas logo o fogo chegou ao tanque de gasolina do carro, que explodiu fazendo um barulho ensurdecedor.
  E lá estávamos nós duas, sentadas na varanda da casa: eu sem saber o que fazer e sem saber o que aconselhar.
  - Você sabe o que aconteceu depois que você saiu? - ela perguntou.
  Eu só balancei a cabeça fazendo que não.
  - Você precisa sair de Nevada, talvez passar um tempo na Califórnia com a ...
  - Eu não tenho medo deles! - respondi indignada.
  - Mas deveria! Eles são velhos no ramo, conhecem gente mais perigosa que eles, mais perigosa que nós! É melhor você ir... Eu fico e mando notícias. - deu um trago no cigarro e me ofereceu. Recusei.
  - Você vai ficar sozinha aqui?
  - Eu sei me cuidar. - Ela soltou a fumaça. - Agora você pega suas coisas e vai embora, eu tenho algum dinheiro guardado lá em cima e você pode usar o carro.
  - Eu não posso...
  - Pode sim. Pode e vai! Eu só me pergunto o que foi que você fez pra eles chegarem a esse ponto.
  - Aí é que está, eu não fiz nada. - respondi agora aceitando o cigarro. - Na verdade, eu fiz tudo o que me mandaram e até um pouco mais. Eu fiz tudo certo.
  - Talvez esse tenha sido o problema. - conclui apagando o cigarro com o pé. - Talvez eles tenham se sentido ameaçados pelo seu talento.
  - Mas isso não tem lógica! Eu trabalhava pra eles!
  - Só porque não sabiam o seu potencial, então eles tentaram te tirar de circulação antes que você descobrisse. Só que... - ela se interrompeu.
  - O quê? - insisti pra que continuasse.
  - Não entendo porque eles não... - se interrompeu de novo.
  - Fala de uma vez!
  - Eles podiam ter te mandado dessa pra uma melhor, você sabe disso. - ela finalmente disse.
  Engoli em seco, mas era verdade, eles podiam ter me matado se quisessem.
  - Eu não sei porque eles não me - passei o dedo no pecoço, simulando um corte - mas sei que estou satisfeita por ter conseguido fugir.
  - Eu também. - acendeu mais um cigarro - Mas isso é no mínimo intrigante.
  - Que seja. - levantei-me limpando o jeans. - Eu vou seguir seu conselho e vou pra Califórnia. Mas eu vou voltar, , então preste atenção nas notícias por aqui e me informe quando a poeira baixar. Cada um dos meninos vai pagar pelo que fizeram, ah se vão!
  E aquele foi o fim da conversa.
   me colocou em seu carro, com alguns milhares de dolares na bolsa e me enviou para os cuidados de , a mais velha de nós três e a mais experiente também. E foi aí que eu percebi que, se eu os ameaçava assim, como uma jóia bruta imagine só quando me lapidasse! Eu estaria pronta em algum momento e quando estivesse eu voltaria e acabaria com eles. Pode apostar que sim.

CHAPTER THREE

  03 July, 2011 10:49 p.m.
  Las Vegas - Casino Hotel Gran Royalle Premiére

  A primeira coisa que fez, foi me estapear na cara. E eu tenho que admitir que eu mereci, de algum modo mesmo tendo planejado aquela noite mais de trezentas vezes, eu estava me sentindo uma iniciante.
  - Isso é idiotice, ! Se for pra continuar assim, é melhor deixar pra lá! - , que está encostada na pia, fala.
  - Nunca! - grito esfregando a bochecha.
  - Então se controle e faça direito! Todas nós sabíamos que os meninos se envolveriam nisso, nós planejamos isso, lembra-se? Lembra-se do plano, que você mesma arquitetou! Fala sério, , esse é o quê? Seu primeiro trabalho? - parece impaciente e anda de um lado para o outro enquanto fala.
  - , pega leve. Você sabe da e do ... - intercede, mas eu logo protesto.
  - Sabe o quê? O que tem eu e o ? A única coisa é que ele é um-
  - Filho da puta que não sabe com quem tá mexendo. - e me completaram juntas.
  É que eu falo muito essa frase.
  - Que se dane! - resmungo, indo até a pia lavar o rosto - Eu quero saber como as coisas estão...
  - Tudo bem no meu departamento. - responde.
  Ela ficou responsável pela parte técnica. No momento certo, ela vai cortar a força do cassino e eu e teremos três minutos, no máximo, pra dar o fora sem sermos pegas. Se tudo der certo, nós vamos nos safar, nos vingar dos meninos e ainda ficar milionárias.
  - Comigo tudo certo também. - responde - Eu dei um jeito de conseguir a chave eletrônica mestre. Não foi fácil e o chefe de segurança está preso na sala dele, acho que só vai ser descoberto daqui a uma hora e meia, mais ou menos.
  - Tempo suficiente? - questiona, sem inseguraça alguma.
  - Tempo suficiente. - afirmo enxugando o rosto. - As câmeras já estão sendo manipuladas?
  - As câmeras são as únicas coisas com que você não precisa se preocupar. - diz - Você devia estar pensando num jeito de entrar e sair do cofre principal, que é a quase 15 metros abaixo do solo e voltar pra o terraço, sem ser pega em três minutos.
  - Eu já disse que consigo. - respondo.
  - Eu acredito. - ela diz.
  - Agora é melhor dispersar, vocês não acham? - diz já indo a porta do banheiro.
  - Hora do rush!

CHAPTER FOUR

  10 April, 2010 05:33 p.m.
  Las Vegas - 's House

  - , eu trouxe comida! - eu falava colocando as sacolas em cima da mesinha da sala.
  Estava tudo uma bagunça, como sempre, mas não seria eu a arrumar, bastava o fornecimento de comida pra mim.
  - Ótimo, eu tô morto de fome! - apareceu na sala, enrolado numa toalha e todo molhado. Os cabelos pingavam sem parar, assim como o resto de seu corpo. E que corpo! Confesso que fiquei por alguns instantes admirando, sem perceber.
  - ! - berrou com ar de brincalhão, ao passo que eu desvieu os olhos de seu peito e encarei seu rosto - Quer parar de me secar, faz favor?
  Era aquele jeitinho "nem te quero" que ele tinha de ser, aquele sorrisinho de que não tá nem aí se você tá afim dele ou não, mas que deixa claro que se te pegar, pode dar adeus ao seu sossego: típico garoto "problema seu se você me quiser, problema seu se eu te quiser". Em todo caso: PROBLEMA.
  - Eu não estava te secando, - respondi com pressa e meio sem graça, colocando o cabelo atrás da orelha, me afundando no sofá da sala.
  - Jura? - ele sentou do meu lado no sofá, por pura provocação.
  - Vai se ferrar. - respondi, mas continuava sempre olhando pra frente.
  - Eu posso te ferrar, com muito prazer. - ele sussurrou no meu ouvido e não achando que tinha me abalado o suficiente, mordeu o lóbulo da minha orelha e devagar, virou meu rosto para o dele.
   ia me beijar, eu sabia que sim. E teria beijado se o não tivesse chegado com a maior cara de pau, perguntando:
  - Tô atrapalhando alguma coisa?
  - Claro que não! - responde, como se fosse até verdade. - Entra aí, a trouxe comida.
  Depois saiu andando de volta pro quarto.
  Enquanto o se vestia, o e o chegaram rapidinho, porque sabe como é né? É só falar em comida que todos aparecem, já que moram todos no mesmo andar do mesmo prédio.
  Mas eu lembro que naquele fim de tarde, foi uma frase do , que até então era meu melhor amigo.
  - Eu vou sentir sua falta. - ele disse depois de um abraço longo e caloroso.
  No momento, eu achava que ele tinha dito aquilo, porque eu supostamente iria passar um tempo com a , quanta ingenuidade minha.
  Um dia depois, ele e os outros estariam me apunhalando pelas costas e armando uma emboscada pra mim. Logo os caras com quem eu passei os melhores seis meses da minha vida.
  Ok, seis meses não é garantia de lealdade, mas mesmo assim! Nós passamos por tanta coisa juntos... Eu já era parte da família-quadrilha como costumávamos brincar, mas no fim das contas era como tinha me avisado.
  Aqueles quatro se conheciam desde a infância, uma infância não muito legal, por sinal. Eles batiam carteira juntos e quando cresceram passaram a roubar coisas mais importantes. Nunca foram pegos por nada.
  Os caras eram tão bons que chegavam a ser famosos, entre os "profissionais da área" e eu como a idiotinha iniciante com talento, só queria fazer parte do inner circle ao qual eles pertenciam. Sem contar que eu, saindo da adolescência, era "apaixonada" pelo ...
  Eu era mesmo uma imbecil. Eu amei o , confiei nele e tudo que recebi em troca foi uma armadilha pra ser presa. E o motivo?
  Isso, eu nunca soube.

  11 April, 2010 04:00 a.m.
  Somewhere on Nevada desert

  Eu tinha escapado por pouquíssimo, mas me safei. Eu estava confusa, com raiva e querendo chorar. Mas eu não me daria a esse luxo.
  Estava muito perto da casa da e eu conversaria um pouco com ela, mas mesmo sem muita coisa definida, eu sabia o que queria: vingança.

CHAPTER FIVE

  03 June, 2011 11:12 a.m.
  Las Vegas - Girls's Hotel

  - O que acham? - foi minha primeira pergunta depois de toda a explicação do plano.
  - Que você é louca! - disse.
  - Com certeza. - completou.
  - Gente, por favor. - peço largando o corpo na cama.
  Estávamos todas no chão, diante de milhares de papéis de plantas dos esquemas elétricos, hidráulicos e da estrutura inteira do Casino Hotel Gran Royalle. Além das anotações dos contatos que precisaríamos, pra conseguir todo o equipamento necessário para uma ação grande como essa.
  - Eu só acho arriscado demais... - comentou levantando-se - Mas se você tá mesmo assim, dá pra fazer.
   continuou calada, até eu chamar.
  - Que dá pra fazer, dá - ela disse - Mas não sei se vale o risco. Além do mais, como você tem certeza de que o vai cair na armadilha?
  - Bem simples. - respondo - Eu liguei pra ele.
  - COMO É QUE É? - minhas amigas falaram juntas.
  - Calma, tá legal? Não me matem, nem fiquem com essas caras. Mas eu liguei para os caras e o atendeu. ELe sabe que eu estou de volta a Vegas e planejando uma ação. Óbvio que ele não vai perder a oportunidade de tentar me pegar de novo. O quer me ver presa.
  Só não tenho certeza do porquê.
  - Ok, ele vai querer te prender, mas o que garante a presença física dele, na inauguração do cassino? - perguntou.
  Aí é que está, disso eu não tinha certeza.
  - A gente vai ter que improvisar na hora. - respondo mordendo as unhas.
  - Você é louca, completamente louca! - diz.
  - Mas você tá comigo? - pergunto-a primeiro, mas depois abro a pergunta pra também - Vocês estão comigo?
  - Eu tô! - responde sem pestenejar. , mais uma vez, fica em silêncio.
  - ? - Chamo, tentando obter resposta.
  Ela me olha séria.
  - Você vai ter que me dar tudo que eu pedir sem questionar. Eu vou precisar de pelo menos duas semanas pra invadir o sistema de segurança do cassino, conseguir os horários em que o cofre eletrônico abre. Também precisaremos de uma rota de fuga, que você ainda não planejou...
  - A gente pode sair pelo terraço. - sugere.
  - Não dá - digo - O cofre fica quase 15 metros abaixo do solo, a gente teria que subir os 15 metros, fora os outros 17 andares do prédio, até o terraço.
  - Sem contar que a melhor forma de fugir, seria causando uma pane no sistema, que automaticamente cortaria a energia por aproximadamente 3 mininutos logo depois, o sistema trancaria todas as saídas por no mínimo uma hora e meia, a gente não teria como sair. - explica.
  - A única opção é sair pelo terraço. - insiste.
  - Eu já disse que não dá, ainda mais sem energia. Como a gente vai subir sem os elevadores? - falo.
   remexe nos papéis no chão e traz a planta da ventilação.
  - O cofre possui um sistema próprio de ventilação, que vai dar num hall isolado. Quando a gente chegar no hall, podemos subir pelo fosso do elevador, até o ultimo andar e chegar ao terraço. - apontava o trajeto na planta enquanto falava.
  - Mas vocês vão pegar o quê no cofre? - Se pegarem muitas sacolas, vai ser meio inviável subir pela ventilação do cofre. - fala.
  - Mas por quê a gente não sobe pelo fosso do elevador do próprio cofre? - aponto na planta.
  - Por que quando a força é cortado, o sistema de segurança ativa câmeras e sensores de movimento no fosso do elevador do cofre, acredite, a segurança fica mais rígida quando a força acaba. - responde.
  - A gente não precisa pegar muito. - fala coçando o queixo.
  - Eu soube que um duque escocês vai vir pra inauguração do cassino e ele vai ficar hospedado durante todo o feriado de independência. - falo.
  - E o que tem? - questiona, enrolando o cabelo.
  - Ele vai vir com a esposa e parece que eles vem pra comemorar o aniversário de casamento. Aparentemente, ele vai trazer um conjunto de brincos e pingente, que fazem parte das jóias da coroa escocesa, valem alguns milhões no mercado negro. O que dizem? - falo.
  - É perfeito. - responde - É uma caixa pequena, dá pra levar numa boa.
  - Tudo bem, mas como vamos incriminar os meninos por isso? Eu não entendi ainda. - diz.
  - Essa parte é comigo. - respondo. Meu tom é tão sério e seguro, que minhas amigas nem perguntam mais nada.
  Mas a verdade é que eu ainda não tinha a menor ideia de como faria isso. Precisaria pensar.
  - Okay, então assim que virar do dia 03 para o o 04 de julho e os fogos começarem, a gente começa a agir. - diz.
  - Vai ser o melhor dia da independencia de todos. - completa.

CHAPTER SIX

  03 - 04 July, 2011 00:00
  Las Vegas - Casino Hotel Gran Royalle Premiére

  Depois do encontro com no bar, eu não tinha visto nenhum dos outros três meninos. Isso estava me deixando nervosa. Será que eles realmente estava todos presentes? Será que eles realmente fariam algo? Ou tinha mandado , só pra me assustar?
  Dispersei esses pensamentos da cabeça, assim que os fogos começaram. Dentro do cassino, os jogadores festejavam tomando seus drinks, pouco preocupados com o que quer que fosse, e eu passei rapidamente por toda aquela gente, até chegar ao elevador de serviço. Desci dois andares e cheguei a uma área restrita para funcionários, onde me esperava com a chave eletrônica que tinha conseguido. Passamos por duas portas, e descemos algumas escadas, chegando ao hall isolado que mencionou.
  - Chegamos a primeira metade. - avisou a pelo fone.
   estava carregando algumas sacolas, com roupas mais apropriadas para a escalada que logo mais faríamos. Tiramos nossos vestidos de festa, e prendemos nossos cabelos, lodo depois chamamos o elevador.
  - confirmou que as câmeras estão estáticas. - avisou, antes de entrarmos.
  O show pirotécnico estava programado pra durar sete minutos e aquela altura meu relódio já marcava 00:03h. Comecei a suar levemente, mesmo sabendo que até então tudo estava correndo bem.
  - A senha do cofre é criptografada, e mesmo assim a porta só abre depois de uma leitura de retina. - disse olhando pra cima.
  - E você me diz isso agora? - Pergunto sentindo uma pontada de desespero. - O que vamos fazer? Explosivos? É barulhento demais!
  - Calma, eu andei fazendo umas coisas. - diz.
  - Que coisas?
  - Sendo oftalmologista. - me diz com uma piscadela.
  A porta do elevador se abre e eu mal tinha me recuperado de um susto, já tomei outro na sequência.
  Senhoras e senhores, , em carne e osso e toda sua gangue.
  - Demoraram, meninas. - disse.
  Engoli em seco e saltei pra fora do elevador, junto com .
  - Me surpreende, que vocês não tenham se programdo pra isso. - diz.
  - E quem disse que não? - falo em minha maior atuação de "mulher segura".
  - Vocês nos subestimam demais, garotos. - fala entrando na minha. - Não é, ?
  - Imagine só... É claro que não. - ele responde.
  Só permanece em silêncio, sem dizer uma palavra sequer, apenas me encarando de cima a baixo.
  Por alguns instantes eu ainda tremo em sua frente. Foi incontrolável, mais forte que eu. Mas logo me reestabeleço, tentando pensar num modo de sair dali.
  - E os outros? - pergunto em tom cordial, passando a mão pelo cinto de utilidades de meu macacão. Precisaria de uma arma, ou algo do tipo se desse tudo errado.
  Eu achei que quem responderia tudo, seria , já que estava quase numa greve de silêncio, mas pra minha surpresa, quem respondeu foi ele.
  - Estão cuidando de tudo. - Resposta breve e objetiva. - E nós também cuidaremos de algumas coisas.
  Depois dessa frase eu me vi num confronto físico com . Num momento as mãos dele estavam em sua cintura, no outro estavam lutando para chegar ao meu rosto. A situação de e não era muito diferente, a diferença é que a altura de em relação a chega a ser vergonhosa, por isso ela estava em mais problemas, mas aparentemente ela conseguiu se recuperar quando o derrubou no chão.
  Eu não pude continuar observando a luta de minha amiga, porque a minha própria estava apertando. Eu consegui acertar o estômago de duas vezes, mas não foi o suficiente. Ele balançou, mas não caiu, e quando se reergueu, veio com toda força pra cima de mim.
  Nas breves vezes que eu conseguia avistar seus olhos, tudo que eu via era ódio, uma raiva louca e mortal, como se eu tivesse atentado contra a vida dele, ou algo do tipo! Ele me empurrou e eu dei com as costas na parede de titânio. Fiquei presa ente seus braços e a parede. Eu estava indefesa, então... poderia me bater até quebrar meus ossos, que eu não tinha pra onde correr. Olhei pra em busca de ajuda, mas ela ainda estava atracada a , e os dois estavam se pegando no chão, embolados e misturados. A única coisa que fiz, foi fechar os olhos e esperar os murros.
  Que não vieram.
   passou as duas mãos pelo meu pescoço e apertou sufocando. Devagar, ele me empurrou pela parede para cima e meu pescoço lajetava de dor, enquanto minha gargamta involuntariamente sendo fechada, ardia.
  - Por quê você fez isso, ? Por quê? - perguntava aos berros, enquanto eu tentava com todas as forças tocar meus pés no chão novamente e me livrar das mãos dele em volta do meu pescoço.
  Eu olhei pro lado e vi sendo segurada por . Ela parecia tentar correr em minha direção, para me ajudar, mas a segurava com os braços pra trás e ela se esforçava, mas não conseguia soltar.
  - Me solta. - eu falei em tom quase inaudível. Minha voz não era capaz de sair de minha garganta fechada. Meu pulmão começou a arder também pela falta de ar, e eu já sentia meus sentindos indo-se aos poucos. A qualquer momento eu desmaiaria.
  Me preparei pra morrer sufocada, mas de repente, me soltou.
  - Você é uma filha da puta. - ele disse me soltando de vez e eu caí no chão.
  Fiquei lá por um tempo, totalmente confusa. Ele agia como se eu fosse a culpada e não a vítma. Ele armou pra mim! Ele! E agora ia pagar, ia ter de pagar!
  - VOCÊ É LOUCO! - falei as poucas energias que consegui reunir novamente.
  Eu segurava o meu pescoço, onde tinha apertado.
  - Você não tem o direito de tentar me matar! Eu fiz tudo por você e pelos outros! Eu deixei minhas amigas e fui viver com vocÊs e fiz tudo que me pediram, tudo! E porra, ! Eu gostava de você!
  - Não se atreva a dizer que gostava de mim! - ele berrou de volta - Você armou pra mim! E ainda fugiu com meu carro!
  - Como é que é? Eu armei? EU ARMEI? Não vem com essa não, ! Você fez aquela emboscada pra mim, eu ia ser presa por sua causa!
  - O QUÊ? - ele parecia mais incrédulo que eu - O Finch disse que você tinha arrumado um trabalho extra com ele! Ele me disse que você precisava me ver naquele beco e quando eu cheguei lá, só tinha polícia por todo lado!
  - Você é mais hipócrita do que eu imaginei, porque o Finch me contou essa mesma história! Só que eu fui esperta o bastante pra vazar antes da polícia chegar!
  - O Finch te disse isso? MENTIROSA!
  - VOCÊ QUE É MENTIROSO!
  - Vocês são uns idiotas. - falou cuspindo um dente. tinha feito isso?
  - Tá na cara que esse tal de Finch que enrolou os dois. - ela disse se ajeitando.
  - Ele não tinha por quê fazer isso. - digo, cruzando os braços.
  - Jura que não, ? - fala - A gente tava crescendo ainda mais depois que você entrou na nossa, o Finch era da facção rival e de repente quis se aliar... Depois vocês dois, acabam achando que um armou pro outro e agora estamos todos aqui querendo matar uns aos outros, enquanto o Finch está pegando todas as ações de Vegas.
  Meu olhar saiu de e tropeçou no olhar de .
  Era entendimento e depois remorso, que tinha lá. Eu vi seu pomo, subir e descer, ele engoliu, mas não disse nada.
  - A gente tem que sair daqui. - falei por fim, puxando .
   continuou observando, enquanto começava a digitar no teclado do lado de fora do cofre.
  - , eu preciso da senha. - ela diz.
  Mas não responde de imediato, de algum modo o sistema do computador dela não conseguia ler os códigos para decifrar a senha.
  - E agora? - me pergunta com desespero nos olhos.
  - A gente dá um jeito. - falo empurrado-a da frente do teclado.
  Com um muxoxo alto, vem na minha direção e assim como fiz com me empurra pra fora do caminho.
  - , a senha. - ele diz.
  E no segundo seguinte, está digitando.
  SENHA CORRETA - aparece em letras verdes, no pequeno visor, mas assim como me alertou, não é o suficiente pra abrir a porta.
  - Por quê não abriu? - se pergunta, confusa.
  - Eu não sei, era pra abrir agora - responde.
  Imitando-o, eu solto um muxoxo alto, enquanto retira um case com lentes de contato de dentro de um de seus bolsos. Assim que ela passa pelo leitor de retina, a porta finalmente se abre.
  - Voialá, ela diz.

CHAPTER SEVEN

  04 July, 2011 00:15
  Las Vegas - Casino Hotel Gran Royalle Premiére

  Tudo estava sendo mais difícil. Depois de subirmos os quatro pelo estreito tubo de ventilação, com a caixa com as jóias, encontramos com no fosso do elevador, já devidamente pronta pra escalar os 17 andares, cortando a força antes disso. a dificuldade estava em que, depois que descobrimos que nem o tinha armado pra mim, nem eu armado pra ele, estava em uma situação estranha, em que não sabíamos se nos odiávamos como antes ou não. Três pessoas num fosse de elevador, subindo: okay. Mas sete?
  A força havia sido cortada e tínhamos três minutos pra subrir os 17 andares. Por incrível que pareça, estávamos indo muito bem. e lideravam, dentre todos elas duas eram as mais experientes em escalada. , e iam logo atrás delas, e eu e éramos os últimos. Trabalhavamos em silêncio, e o mais rápido possível, já estávamos na metade do caminho, quando minha roldana fez um barulho estranho.
  - Você checou meu equipamento, ? - perguntei preocupada.
  - Eu não, você que devia ter feito isso! - ela responde um pouco acima de mim.
  Senti meus músculos gelarem. Eu não tinha checado nada, porque achei que tinha feito isso.
  - Tudo bem, nada vai acontecer. - respondi. Mas não estava tão certa disso.
  Continuamos subindo, e a roldana continuou fazendo barulhos esquisitos, mesmo assim, chegamos ao andar final.
   afastou as portas do elevador com um pé de cabra, depois jogou fora, ela foi a primeira a subir. Foi quando estava se preparando pra subir que eu percebi que a roldana estava durante todo o caminho comendo minha corda, que agora estava por um fio de pocar de vez. Minhas mãos começaram a suar, e eu olhei pra baixo. Meu nervosismo só piorou.
  - O que houve? - perguntou soando perocupado.
  Sem falar nada, eu apontei o queixo pra corda e ele já entendeu.
  - Fica calma, vai dar tempo. - ele disse, mas mal fechou a boca, e minha corda cedeu um pouco, me fazendo descer alguns centíetros. Com o susto, eu gritei, fazendo que já estava subindo, olhar pra trás.
  - O que houve? - ele pergunta parando.
  - Cala a boca e sobe! - manda, impaciente.
  - Eu vou cair, meu Deus! Eu vou cair! - começo a gritar, e se apressa a subir mais rápido.
  - Eu não vou te deixara cair. - segurou minhas duas mãos - Confie em mim.
   subiu e minha corda não se moveu mais. Eu já estava ficando mais calma, só que aí foi a vez de subir. Ele não queria me soltar, mas ao mesmo tempo, ele tinha que subir na frente pra eu poder passar, então ele segurou a borda da porta e com a outra continuou me segurando. Ele estava quase em cima, quando minha corda soltou de vez.
  Uma hora eu estava presa, na outra, eu estava meio que em queda livre, mas não foi por mais que frações de segundo. Assim que minha corda soltou, soltou sua mão da borda e me segurou com as duas mão novamente, me deixando pendurada.
  A corda dele, não era pra suportar o peso de duas pessoas e logo começou a arriar, mas e nos puxaram pra cima antes disso.
  - Eu ia morrer, eu ia morrer... - eu repetia completamente chocada, e encolhida do lado de cima.
  - A gente precisa ir, , o helicoptéro chegou. - falou tentando me fazer mover, mas eu só ficava lá assustada demais por ter quase morrido uns segundos antes.
  Os meninos estavam todos indo pra beirada do teraço e eu não entendia isso, mas também eu estava tão chocada que quase não entendia nada.
   me chamou, me chamou, mas eu nãos saía do lugar.
  Eu conseguia ouvir o barulho da hélice e o barulho de sirenes. Espere, sirenes? Era a polícia?
  Minha ficha pareceu cair, mas quando eu me dei conta, e estavam subindo no helicóptero, eu sabia que precisava correr, mas minha pernas não me obedeciam. Eu via minhas amigas me chamando com veemencia, mas mesmo quando eu corri, não deu tempo de apanhar o helicótero.
  Olhei ao meu redor e todos os meninos estavam saltando do prédio!
  - Você vão se matar! - eu gritei meio que em desespero, até perceber que eles abriam pára-quedas.
  - Vem comigo! - chamou. E como eu não tinha nenhuma outra rota de fuga, eu fui.
  Ele me atou ao pára-quedas dele e nós saltamos. Quase batemos nos prédios por duas vezes, mas no fim das contas, conseguimos voar por cima das viaturas e pousar numa rua sem saída, onde o carro estava estacionado.
  - Pra onde vamos, agora? - perguntei afobada, no banco do carona.
  - México. - foi a resposta de .

CHAPTER EIGHT

  15 November, 2011 11: 30 a.m.
  Somewhere in Mexico

  Era um dia muito ensolarado e eu encarava o mar de Cancún pela janela de vidro da mansão.
  Tomei um gole do meu suco, depois coloquei o copo em cima do móvel pra me espreguiçar com vontade. Quando estava com os braços levantados e totalmente esticados, saiu da cama e ficou de pé atrás de mim, abraçando a minha cintura. Com uma das mãos ele afastou meu cabelo, cheirou e beijou meu pescoço, o quanto quis.
  - Bom dia... - ele disse - O que passa por sua cabeça, agora?
  - No tempo que a gente perdeu... - respondo.
  - Não pense nisso agora - ele diz - Nós conseguimos roubar jóias da coroa, estamos ricos e felizes vivendo em Cancún, o que mais você pode querer?
  - Vingança do Finch. - respondo sem pestanejar.
   me vira para frente dele e diz:
  - Esquece essa história de vingança, ... Quantas vezes eu vou ter que te dizer, faça amor, não faça a guerra.
  - Amor? - pergunto brincalhona.
  - Sim, faça muito amor e de preferência comigo, por favor.
  - Ok, então vamos fazer muito amor, mas me promete que a gente vai voltar pra Las Vegas um dia?
  - Você é louca! - responde rindo e balançando a cabeça negativamente. - Mas depois de tudo que a gente passou, qualquer desejo seu pra mim, é uma ordem.
  Depois disso nos beijamos. Aliás, beijar e amar , foi o que eu mais fiz nesses últimos meses...
  Depois que conseguimos roubar e vender o artefato da coroa escocesa, precisamos sair dos EUA pra não sermos pegos... Eu e ficamos pelo México, mas , e se mudaram pra Inglaterra. e , viajaram juntas pra Austrália, e aparentemente, montaram um negócio dentro da lei por lá, que está dando muito certo.
  Nós sete nos entendemos, mas nos dispersamos pelo mundo, só que sabe como é aquela história né.... Uma vez ladrão, sempre ladrão... Parece que está no sangue, no DNA, sendo assim, qualquer dia nós voltaremos pra essa vida e quando voltarmos, acho bom o Finch estar preparado.

THE END!



Comentários da autora


Ufa! Quase que não sai essa fic, em cima do prazo, mas cá está ela. Sei que a história tá meio embolada ainda, parece que se encaixaria melhor se fosse uma fic mais longas, mas enfim, num tinha como deixar o especial #006 passar em branco, então pronto. Digam o que acharam, e se gostarem votem! HAHA Beijos, fui.