A Star Girl

Gaby Mdrs | Revisada por Mary

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Capítulo 1

  O sol nascia quando acordou ainda cansada de seu show na noite anterior, já que não havia conseguido dormir quase nada desde que deixara a coletiva de imprensa, que a aguardava após sair do palco, e subira para seu quarto no hotel Sunshine. Talvez se ela conseguisse, admitiria para si mesma que estava com medo do que a aguardava nesse período de férias que seu empresário havia insistido que tivesse, alegando que se não descansasse por um tempo, em breve não aguentaria o ritmo de shows que vinham seguindo desde que iniciara sua carreira, dois anos atrás.
  Às vezes ao pensar sobre o fato de sua carreira ser tão recente mal conseguia acreditar em como já era famosa, até mais do que alguns artistas que já estavam na estrada há muitos anos, e o mesmo acontecia com sua fortuna, que só aumentava cada vez mais. mal sabia o que fazer com tanto dinheiro, além de comprar todas as roupas de grife que via pela frente, claro.
  Ao perceber que não conseguiria voltar a dormir, depois de ter passado um bom tempo revirando na cama, desistiu de ficar deitada e foi um tomar um banho quente para relaxar, quem sabe assim conseguiria fazer com que o sono retornasse.

  O som de uma batida na porta a despertou e verificando a hora em seu celular que estava na mesa de cabeceira da cama, viu que já passavam das dez horas, - o banho havia se mostrado um ótimo calmante, como sabia que seria e logo depois o sono a dominara – ela rolou na cama, a preguiça de quem acaba de acordar a dominando e com algum esforço conseguiu levantar-se.
  - O que quer aqui tão cedo? – Ela resmungou ao abrir a porta e ver Thomas Brown, seu empresário.
  - Vejo que a super estrela acordou com um ótimo humor, como sempre não é? – Thomas ironizou entrando no quarto e fechando a porta atrás de si.
  - Da para dizer logo o que quer de uma vez? Não estou muito a fim de aturar sua cara tão cedo da manhã – disse sentada na cama de braços cruzados.
   - Só vim acertar alguns detalhes do seu último show e dizer que cancelei seu voo para Londres...
   - O QUÊ? – Ela explodiu – Você não podia ter feito isso sem minha autorização!
   - Calma aí, pequena miss cantora. Fiz isso porque tenho planos melhores para você, se me permite explica-los.
   - É melhor mesmo que tenha uma boa explicação Brown, porque essa viagem estava programada há semanas e eu queria muito conhecer a cidade.
   - Você não irá para Londres, mas não estará tão longe de lá também. Resolvi manda-la para curtir suas férias em uma cidadezinha litorânea que não fica tão longe assim da capital do Reino Unido, sendo assim, quem sabe você não poderá passar alguns dias por lá antes de voltar para casa.
   - Será que posso saber o porquê dessa mudança súbita na minha viagem?
   - Muito simples , fui informado por um de meus contatos que há uma banda excelente iniciando sua carreira por lá, cantando em bares como você fazia antes que eu a descobrisse. Sua missão é descobrir se eles valem a pena para que eu possa investir neles.
   - Deixe-me ver se entendi direito – disse ela levantando-se da cama e caminhando na direção do empresário – Essa história de férias não passou de um pretexto para que eu tivesse tempo para fazer um trabalho que é seu?
   - De forma alguma querida, eu jamais usaria você. Só estou juntando o útil ao agradável, já que você realmente precisa de férias e eu de alguém para fazer essa análise. Como você queria passar algum tempo na Europa, eu não vi problema algum em mudar o destino da viagem e torna-la não apenas em um passeio, mas em algo proveitoso.
   - Oh senhor gênio da música, e como eu vou fazer para me aproximar deles? Já pensou nisso? As pessoas vão me reconhecer e eu não vou ter tempo para isso.
   - como você mesma disse, eu sou um gênio, é claro que pensei em tudo. Não se preocupe com a fama, tenho certeza de isso não vai ser um problema, ninguém vai reconhecê-la sem toda essa maquiagem pesada que usa nos shows...
   - O que está insinuando Thomas? Que eu fico tão feia sem a maquiagem que ninguém vai reparar em mim?!
   - Claro que não lindinha - Ele deu passo para trás com medo da súbita aproximação dela que parecia furiosa – A maquiagem escura te deixa diferente, sem ela você parece uma menininha, que é exatamente o que eu preciso.
   Ela o olhou desconfiada, porém não disse mais nada com relação a esse assunto, achou melhor saber quais eram seus planos para ela.
   - Certo, só que há algo que você ainda não me disse. Como vou fazer para me infiltrar lá?    - Isso é fácil, tudo o que tem que fazer é namorar um dos integrantes da banda. Com esse seu rostinho angelical vai fazer com que eles caiam aos seus pés.
   estava horrorizada, além de que o que seu empresário estava sugerindo ser um absurdo, essa era a mesma frase que ele havia dito quando ela assinara seu contrato.
   - Ficou maluco de vez?! – Esbravejou ela – Se você não se lembra, eu já tenho namorado.
   - Cuidei disso também. Amanhã mesmo há essa hora já deverá ter saído uma nota anunciando que seu compromisso com Henry foi rompido.
   - O QUÊ? – Gritou ela avançando com uma raiva felina – O QUE DEU EM VOCÊ? DEFINITIVAMENTE PASSOU DOS LIMITES!
   - Acalme-se . Acalme-se.
   - Como você quer que eu me acalme? Sabe muito bem como a imprensa é. Já deve ter vazado para todos os programas de fofoca a notícia do fim do meu namoro. Eu não posso acreditar que fez uma coisa dessas. Eu gosto do Henry e pretendia passar minhas férias com ele. O vou fazer agora?! – Falou lamuriosa.
   - Se você me deixar explicar, vou esclarecer que Henry está de acordo com esse “tempo” que vocês estão dando no namoro. É só um fim midiático , não há razão para você ficar assim.
   - Está me dizendo que Henry concordou com essa palhaçada? – Perguntou incrédula.
   - Não propriamente concordou, mas consegui convencê-lo de que isso seria bom para a carreira de vocês. Vai trazer maior visibilidade graças à mídia que vai expor a notícia incansavelmente. Além do fato de que os fãs ficam tristes e começam a torcer pela volta do casal, postando mensagens e fotos nas redes sociais. Uma ótima publicidade gratuita.
   - Vendo por esse lado... – Disse duvidosa.
   - Esse é o espírito da coisa – Thomas falou animado – Agora quanto ao show de hoje à noite...

*** *** *** *** ***

   Ela iria matar seu empresário assim que colocasse os olhos nele. Ao invés de estar fazendo compras na cidade dos seus sonhos, estava entediada olhando para o mar que rodeava tudo a sua volta. Tudo bem que a vista era bonita, mas depois de um tempo cansava e ela queria ter algo para fazer além de ficar na sacada de seu quarto na pousada em que estava hospedada.
   Depois do show da noite passada, ela havia ido direto para o hotel sem responder as milhares de perguntas feitas pelos repórteres sobre o fim de seu namoro, pois isso era algo que preferiria ignorar, pelo menos por enquanto. E após uma noite conturbada de sono, teve que enfrentar uma longa e cansativa viagem de avião, chegando inclusive a ter que se disfarçar para conseguir sair do país sem que a imprensa descobrisse para onde estava indo, e isso foi diferente de todas as viagens que já havia feito, já que não haviam fãs nem repórteres esperando sua chegada. Ali ela era somente mais uma passageira que chegava ao seu destino como qualquer outra pessoa.
   Já fazia três horas que estava naquele lugar e ainda não conhecia nada além de água. Era hora de reverter a situação e visitar o barzinho que havia visto quando chegara, e que parecia ser o único que existia ali.

*** *** **** **** *** ***

   estava na cozinha do bar que pertencia a sua família e onde trabalhava durante a semana – já que nos fins de semana fazia pequenas apresentações com sua banda em algumas cidades próximas, na esperança de que alguém se interessasse por sua música -, quando ouviu um grito estridente vindo de alguma das mesas do salão. Como sua mãe não havia chegado ainda resolveu sair e ir verificar o que estava acontecendo, pois durante sua ausência era o responsável pelo lugar.
   Ao localizar a mesa de onde viera o grito, caminhou até lá -, sendo seguido pelo olhar das várias pessoas curiosas que observavam a cena - e viu que a provável pessoa insatisfeita com serviço havia sido atendida por seu melhor amigo e irmão de banda , por isso não conseguiu entender por que não estaria satisfeita, já que era o melhor garçom que possuíam.
   Chegando a mesa, porém, o que viu o deixou paralisado por alguns segundos. Apesar do ar superior que exibia, a garota era uma das mais belas que ele já vira, com seus longos cabelos lisos cor de mel, olhos azuis e um rosto de anjo. Saindo se seu torpor inicial, ele perguntou: - Qual o problema senhorita?
   Ela o olhou por alguns instantes antes de responder: - Esse garçom acabou de me servir algo asqueroso para comer e eu tenho certeza de que não foi isso que pedi – apontando para o prato a sua frente com nojo, ela fez uma careta.
   olhou-a indignado e pronunciou-se: - Tenho certeza de que foi isso sim que a senhorita pediu. Este é o prato do dia: polvo grelhado regado ao molho alho. Não tenho culpa se não me perguntou qual era o prato do dia.
   - Desculpe-me se não me passou pela cabeça que vocês servissem coisas nojentas aqui – Disse ela levantando-se – Acho que prefiro comer onde estou hospedada.
   - Não – Disse rápido demais, chamando mais atenção para aquela mesa do que já tinham com o pequeno escândalo dado pela cliente – Quer dizer, o mínimo que podemos fazer é oferecer uma refeição grátis, para tentar nos redimir pelo inconveniente. Pode escolher o que quiser, é por conta da casa.
   - Acho que é melhor voltar, essa não parece ser uma noite propícia para sair. Quem sabe depois dou outra chance a esse lugar – Respondeu ela à proposta e saiu sem olhar para trás.
   - O que deu em você cara? – Perguntou assim que a sombra da garota havia desaparecido na noite – Essa menina só pode ser louca, esse é o nosso melhor prato e o que as pessoas mais gostam. Tá na cara que ela é uma dessas garotas cheias de frescuras da cidade grande.
   - Sinceramente eu só não quis passar uma má impressão para ela, foi isso que minha mãe ensinou. – respondeu se encaminhando para o balcão e voltando para a cozinha, sendo seguido de perto pelo amigo.
   - Pareceu mais que isso – Disse não totalmente convencido.
   - Ficou maluco ? – Disse incrédulo com a suposição.
   - Só constando o obvio , eu vi o modo como olhou para ela.
   - Não sei do que está falando , eu a olhei como olho para qualquer cliente, sem distinção.
   - Sim sei, vou fingir que acredito.
   - Melhor ir atender as mesas, tenho certeza de que tem alguma a sua espera.
   - Estou indo chefinho – e saiu rindo em direção ao salão.

*** *** **** **** *** ***

   Ao sair do bar, estava atordoada - em nenhum momento havia passado por sua cabeça enquanto se dirigia para aquele lugar que o melhor prato que havia ali era uma coisa gosmenta que eles chamavam de lula e ainda por cima com molho alho, um atentado ao bom hálito - e pensou se o inconveniente que ocorrera seria um mau pressagio do que a aguardava nessa viagem, que literalmente havia começado com pé esquerdo.
   Voltou para seu quarto na pousada, - a caminhada não durando nem dez minutos, tudo ali era muito perto, mas ela já estava decidida a alugar um carro no dia seguinte - e optou por não pedir nada para comer, havia perdido a fome.
   Assim que se deitou na cama, lembrou-se que ainda não havia lido o e-mail que Thomas havia enviado com as informações que precisava saber sobre a banda que iria avaliar. Pegou o laptop que ainda estava na mala e verificou o que ele tinha mandado, quase tendo um colapso ao ver a foto dos integrantes.
   Não pode ser – pensou ela – de maneira alguma isso está acontecendo. Mas era verdade, e a foto estava ali para confirmar. Os dois garçons do bar onde estivera faziam parte da banda que seu empresário estava interessado.

Capítulo 2

  O horário do café da manhã era um dos mais atarefados no bar - perdendo, talvez para o jantar -, já que os turistas pareciam todos quererem comer fora logo cedo. estava terminando de servir uma das mesas do salão, quando retornou da área externa parecendo ter visto um fantasma.
   - O que foi cara? – Perguntou ele preocupado com seu amigo, assim que o alcançou no balcão.
   - Você não vai acreditar em quem está aqui – Respondeu tomando fôlego, como se houvesse corrido em uma maratona.
   - Não tenho a menor ideia de quem seja para te deixar desse jeito.
   - A patricinha de ontem à noite.
   - Acho que não entendi direito - A resposta de momentaneamente não fez sentido para ele.
   - Cara, a maluca de ontem à noite voltou, aquela que gritou por causa da lula.
   - Sério? Pensei que ela nunca mais fosse pisar aqui.
   - Também pensei isso, mas aparentemente estávamos errados.
   - Você a atendeu? – Perguntou preocupado ao mesmo tempo com o serviço oferecido pelo estabelecimento e com seu amigo, por ter que atendê-la novamente.
   - Claro, o que mais poderia fazer? – Disse ele ressentido.
   - E o que ela pediu? – estava preocupado que causasse outro escândalo, e ele não estava preparado para isso, pelo menos não tão cedo da manhã.
   - Só uma xícara de café com leite, dessa vez ela certificou-se de trazer alguma coisa para comer.
   - Acho que vou lá fora verificar, só por precaução.
   - Faria muito bem em ir – disse se encaminhando para as portas duplas que davam acesso à cozinha.
   O sol estava alto no céu, e iluminava a praia com o habitual modo tropical, transparecendo mais do que nunca a estação do ano em que estavam. A garota do escândalo do dia anterior estava sentada sozinha na mesa mais afastada da varanda, bebericando seu café enquanto olhava alguma coisa em seu laptop.
   - Bom dia senhorita – a cumprimentou assim que se aproximou.
   Ela levantou os olhos da tela do computador e o encarou antes de responder bom dia de modo tímido, o que não se parecia em nada com seu comportamento da noite passada e isso o deixou intrigado, era quase como ela estivesse acanhada em sua presença.
   - Espero que esteja sendo bem atendida hoje. Qualquer reclamação pode me chamar, mas confesso que fiquei surpreso por ter voltado depois de ontem.
   - Ainda não me acostumei com a culinária local, então peço que me perdoe pelo escândalo de ontem – ela sorriu timidamente – E, aliás, eu disse que daria outra chance, não disse?
   - De fato sim, então espero que curta sua refeição, e como prometi ontem, será por conta da casa. – Ele se preparou para sair, mas ela o cortou.
   - De modo algum, eu irei pagar.
   - Por favor, aceite a cortesia. Senhorita...? – Naquele momento ele percebeu que ainda não sabia seu nome.
   - , e eu insisto em pagar a conta. Por favor, só assim me sentirei bem depois do que fiz ontem aqui.
   - Como quiser senhorita , e qualquer coisa, estou à disposição. – Disse ele e virou-se para sair.
   Antes que pudesse fazer isso, porém, ela o chamou de volta.
   - Só agora percebi que não sei seu nome. Como posso chamá-lo?
   - Meu nome é – Ele respondeu e se retirou.

*** *** **** **** *** ***

   Aquela foi a primeira de muitas vezes em que foi tomar café da manhã ali. Fora ideia de seu empresário tentar aproximar-se da banda indo fazer as refeições no bar, mas depois do escândalo inicial que havia dado ela não achara isso uma boa ideia.    Após ler o e-mail do empresário em seu primeiro dia de estadia ali, pensou muito a respeito das circunstâncias em que se encontrava e resolveu que o melhor era cancelar tudo, pois havia arruinado qualquer chance de aproximação.
   Com muita coragem ligou para ele para informa-lo de sua decisão e esperou pela fúria, que sabia que viria. Thomas, como presumira, quase perdera a paciência ao telefone quando ela lhe dissera que não poderia mais ajudá-lo como planejado e informou-lhe do episódio ocorrido. Discorrido algum tempo de silêncio, ele tornou a dar sinal de ainda estar na linha e propositadamente ignorou a gravidade da situação, dizendo-lhe para fingir que nada havia acontecido e voltar lá para fazer as refeições.
   Inicialmente não achou que isso fosse uma boa ideia, mas diante da recusa de seu empresário em ceder, resolveu tentar o novo plano.
   O garçom que a atendera da primeira vez pareceu chocado ao vê-la novamente no estabelecimento, mas tentou esconder e tratá-la com naturalidade. Isso não impediu que a tensão crescesse e se espalhasse entre eles. Naquele momento ficou claro para ela que ganhar sua confiança não seria nada fácil, mas ainda havia o outro rapaz e que parecia ser mais maleável. Era dele que devia se aproximar se quisesse que houvesse alguma chance do plano dar certo.
   Depois daquela primeira vez passou a frequentar o bar todos os dias, e fez o que pode para apagar a primeira impressão que havia deixado, sendo gentil e cortês com todos e a cada vez ela aproveitava para se aproximar mais de . Sempre que podia puxava assunto com ele, mesmo que fosse sobre coisas triviais como o tempo, que a propósito, parecia ser o mesmo ali. Sempre ensolarado.
   Com o pretexto de que ainda não havia se situado na cidade e precisava de ajuda, ela perguntou se poderia mostrar-lhe alguns lugares. Isso aos poucos conseguiu fazer com que se tornassem próximos, dando o pontapé inicial para a realização do plano.
   Apesar disso ainda não havia feito grandes avanços com relação à banda, mesmo já estando ali há duas semanas e Thomas já a estava infernizando pelo telefone cobrando resultados. por outro lado parecia estar caindo na teia tecida por ela, e apesar de ser isso o que seu empresário queria, se sentia mal em enganá-lo.

   Fora o café da manhã, todas as outras refeições eram feitas na pousada, onde ela conseguia comer o que apreciava, mas naquela noite decidira tentar jantar no bar novamente e fazer sua jogada, pois isso estava demorando mais do que ela esperava, e sua intenção era poder ir para Londres o mais rápido possível e aproveitar o restante de suas férias com Henry.
   Chegando ao estabelecimento, sentou-se em sua mesa costumeira, a mais afastada na varanda, onde podia apreciar a bela noite estrelada e obter a privacidade para conversar com .
   Após alguns minutos sentada, uma garçonete apareceu para anotar seu pedido. Ela achou estranho, pois era sempre ou que vinham lhe atender.
   - Boa noite senhorita, o que gostaria de pedir? – Disse a moça sorrindo.
   - Por enquanto só uma taça de vinho, por favor. – decidiu não pedir nada para comer enquanto não soubesse onde estava, sentia que era o certo a se fazer, não que ligasse muito para isso no momento, dada as circunstâncias em que se encontrava.
   - Claro, voltarei em instantes. – Ela disse e voltou para dentro do bar.
   Assim que tinha sido servida aproveitou a chance para interrogá-la.
   - Desde que cheguei hoje, notei algo estranho. Sempre quem me atende é um rapaz chamado , ou em algumas ocasiões seu amigo . Não os vi por aqui, você poderia me dizer por quê?
   A moça olhou-a por um instante antes de responder.
   - Eles têm uma banda, e no fim de semana tocam em alguns lugares.
   No entanto, era sexta-feira, ainda faltava um dia para que começasse o fim de semana. Onde eles poderiam estar?
   - Mas ainda é sexta. – disse como se isso explicasse alguma coisa.
   - Eles sempre aproveitam a sexta à noite para ensaiar. – Ela a olhou um pouco constrangida – Eu não deveria estar dizendo isso a você, não me diz respeito, finja que não falei nada. Já sabe o que vai pedir?
   Já não sentia mais fome, e além do mais a razão para estar ali não se encontrava no local. Tinha que sair dali e começar a procurá-lo para poder colocar seu plano em prática o mais rápido possível.
   - Acho que vou ficar só no vinho mesmo – Respondeu assim que havia terminado a taça – Se pudesse trazer-me a conta ficaria grata.
   - Claro, como quiser.

Capítulo 3

   Encontrar o lugar onde a banda fazia os ensaios não havia sido difícil, todos na cidade sabiam onde morava, e era em sua garagem que ela os encontrara.
   A porta estava fechada, mas o som a atravessava interpondo-se para o lado de fora. Pelo que podia ouvir, percebeu por que Thomas estava tão interessado em ser seu empresário. Eles pareciam ser muito bons, e ela mal podia esperar para vê-los tocando de perto. Já fazia muito tempo que não estava em contato com a música e realmente sentia muita falta.
   Tocou a campainha e esperou pacientemente na varanda para que um deles viesse atender, isso, claro, se tivessem ouvido por cima do barulho da música.
   Após alguns minutos esperando, se deu conta de seu erro. O que diria a ele para justificar sua presença ali? Ela sabia que não havia nenhuma razão plausível para estar em sua casa e por isso recuou. Teria que fazer parecer um encontro casual e não algo programado. Sorte dela que ninguém tinha ouvido a campainha.
   Caminhou para a praia e se distanciou da casa, aos poucos um novo plano se formava em sua mente, e este era muito mais fácil de executar.

*** *** **** **** *** ***

   O ensaio se mostrara mais proveitoso do que esperava, e suas esperanças com relação à banda aumentavam cada vez mais.
   Em alguns meses haveria um festival de música em Londres onde a melhor banda ganharia a chance de gravar com a Line Records, uma das melhores gravadoras do mundo. Claro que ganhar não seria nada fácil e ainda teria que se classificar na etapa regional, concorrendo com mais duas bandas, que não eram nada, senão mais preparadas do que a sua.
   Ao despedir-se de seus amigos na porta de casa, sentiu seu perfume antes mesmo de vê-la e ficou sem entender como havia conseguido fazer isso, já que ela estava um pouco longe, mas seria impossível confundir-se. O aroma de flores do campo de era único. Avistou-a caminhando entre as ondas que banhavam seus pés à uns 100 metros de onde sua casa se localizava.
   - Cara o que houve? – Perguntou , vocalista da banda, ao ver seu olhar absorto no horizonte – O que olha tanto na praia? – Estreitou seus olhos, mas não conseguiu distinguir a silhueta que cada vez mais se afastava de seu campo de visão.
   - Pela cara de bobalhão que está fazendo, só pode ter visto a , uma cliente do bar por quem ele está caidinho – Respondeu colocando-se entre eles e reconhecendo a figura que desaparecia no horizonte.
   Ao dar-se conta do papel ridículo que devia estar fazendo na frente dos amigos, recompôs-se e tentou focar sua atenção em outra coisa.
   - Pare de falar bobagens, – disse irritado – Não estou caidinho por ela coisa nenhuma. É apenas uma garota nova na cidade que estou ajudando a se situar.
   - Como se eu fosse acreditar numa historinha dessas! Você pode não querer admitir, mas sei o que estou dizendo. Posso ainda ter o pé atrás pelo mau começo que tivemos, mas reconheço um olhar apaixonado quando vejo um. Só não se esqueça de que aquela garota é um problema esperando para acontecer.
   - Não sei que garota é essa de quem vocês estão falando, mas só digo uma coisa , se ela for gatinha, mesmo que meio maluquinha, invista. Antes que eu o faça. – Disse e desatou a rir.
   Logo o acompanhou e permaneceram rindo da cara do amigo por vários segundos, até aparecer e questionar o que estava acontecendo.

*** *** *** *** ***

   sabia que seus amigos não o deixariam em paz com essa história e o importunariam até não poder mais. Sua sorte era ser sensato e ter acabado o show de risos levando seus outros irmãos de banda embora. Mas se fosse honesto consigo mesmo, admitiria que realmente o intrigava e atraía de uma maneira que não podia controlar e que nenhuma outra garota havia desencadeado com tanta intensidade.
   No pouco tempo em que se conheciam, ela já conseguira ocupar boa parte dos seus pensamentos que não eram dedicados ao futuro da banda, e isso o assustava, já que ela não parecia corresponder, esquivando-se sempre que estavam muito próximos.
   Assim que ficou sozinho andou rapidamente atrás dela antes que desaparecesse de vista. Conseguiu alcança-la próximo ao porto, onde havia se sentado de pernas cruzadas e admirava a imensidão do mar à sua frente.
   - Hey – disse ela virando-se, assim que sentiu sua presença. Esperava não soar muito nervosa, pois a verdade é que estava, e muito, e se não conseguisse controlar os nervos colocaria tudo a perder.
   - – respondeu ele sentando-se ao seu lado – Não sabia que também gostava de ficar no porto. É um dos meus lugares favoritos na cidade – Ao que parecia ela não era a única mentirosa ali. Sabia muito bem que ele não frequentava tanto o porto como fazia parecer e que a havia seguido, pois era justamente esse seu plano, só não tinha tanta certeza de que daria certo.
   - Para falar a verdade, é a primeira vez que venho aqui. Não tenho saído muito da pousada para aproveitar minha estadia na cidade.
   - Eu já lhe disse que sempre que precisasse, estaria à sua disposição para mostrar os melhores lugares daqui.
   Ela encarou seus olhos antes de responder, e praguejou mentalmente que suas profundezas a estivessem hipnotizando.
   - E eu disse que manteria isso em mente – sorriu dissimuladamente e voltou a contemplar o mar. Assim seria mais fácil para ela. – Mas mudando de assunto, fui jantar hoje no bar e fiquei sabendo que tinha uma banda com seus amigos. Por que não havia me contado?
   que também encarava o mar, não respondeu imediatamente.
   - A banda é só um projeto no momento, um hobbie para falar a verdade e não surgiu a oportunidade para mencioná-la em nossas conversas anteriores.
   xingou-se internamente por ter sido tão idiota a ponto de não ter aberto uma brecha para fazê-lo comentar sobre a banda, que era exatamente o motivo de estar ali.
   - Bem, agora que já sei sobre sua existência que tal me dizer qual o nome dela?
   - McFly – Isso não era um sobrenome?
   - McFly?
   riu.
   - Foi ideia do . Nós estávamos assistindo o filme favorito dele quando tivemos a ideia de formar a banda. Então ele resolveu homenagear o ator principal, usando seu sobrenome como o nome.
   - E ninguém discordou? – Perguntou genuinamente interessada. Isto não fazia precisamente parte do seu trabalho, mas estava curiosa.
   - Não, ninguém tinha um nome melhor que esse e, além disso, todos gostaram.
   Hora da primeira cartada.
   - Adoraria poder ver vocês tocando. Pelo que ouvi, disseram que eram muito bons, mas eu só acredito vendo. Você não tem cara de quem sabe cantar – disse rindo.
   - Tá brincando? No dia que quiser pode nos assistir ensaiando. E para sua informação, eu canto um pouco sim, apesar de ser baixista.
   - Sério? Eu posso mesmo ver um ensaio?
   - Claro e por que não?
   - E seus amigos não vão se opor?
   - De forma alguma. Pode vir nos ver amanhã mesmo se quiser.
   - Cuidado que eu posso aceitar.
   - E deveria mesmo, é um convite. O ensaio começa às três na minha casa, que não fica muito longe daqui. Só não acredito que se interesse por música.
   - E por que diz isso? – Ela fez cara de ofendida, porque realmente estava. Música era sua vida.
   - Nem todo mundo gosta – respondeu como se fosse óbvio, mas para não era, em seu mundo isso era tudo que conhecia e todos adoravam.
   - Música é algo com o qual podemos conectar nossa alma e expressar o que sentimos. Sério, quem pode não gostar?
   - Meus vizinhos – ele respondeu e ambos riram.
   - É compreensível, vocês devem fazer a maior barulheira.
   - Assim você me ofende. Amanhã poderá ver que nosso som é de qualidade.
   - Pode ter certeza de que vou averiguar se isso é verdade. – E começar a coletar as informações que seu empresário precisava. Sua missão agora estava oficialmente iniciada.

Capítulo 4

   Impressionante - Essa foi a palavra que veio à mente de ao término da apresentação da McFly. não exagerara ao dizer que eram muito bons, porque realmente eram. Thomas havia acertado em cheio na escolha da banda, eles eram extremamente talentosos e com certeza atingiriam o objetivo de seu empresário: produzir rios de dinheiro. Mas quando é que ele não acertava? Se dinheiro estivesse envolvido o homem tinha um faro inconfundível.
   foi o primeiro a desaparecer dentro de casa, indo em direção à cozinha. Logo e o seguiram deixando-a sozinha com na garagem.
   - Então o que achou? – Perguntou ele ao se aproximar.
   - Vocês são ótimos. Não acredito que ainda não estejam fazendo sucesso.
   - Obrigado, sua opinião é muito importante para nós. Por ser de fora você pode se expressar verdadeiramente. As pessoas sempre nos disseram que éramos bons, mas tínhamos medo delas estarem dizendo isso para não nos magoar, por sermos uma comunidade unida como uma família. Só que você não hesitaria em dizer-nos que tocamos mal.
   Ela riu.
   – Certamente não.
   - Isso é algo de que eu tenho certeza.
   - Está insinuando algo?
   - Não, de modo algum. – Ele deu-lhe um sorriso que não a convenceu de que dissera a verdade.
   arqueou uma sobrancelha.
   - Uhum. Sei...
   Virando-se em direção à porta que conduzia para dentro de casa, completou – Vamos seguir os outros, estou fome.

*** *** **** **** *** ***
   Não houve apresentações naquela noite, tampouco teria na próxima. Todas as cidades da região já os tinham visto tocar e por isso eles ficariam “parados” por um tempo. Mas nada que muitos ensaios não compensassem, pois eles tinham que pensar no resultado final que almejavam alcançar e foi isso que repetiu para seus irmãos de banda no ensaio do dia seguinte, ao qual também compareceu.
   Após terem comido no dia anterior ela havia lhe perguntado se poderia vir assistir aos ensaios da banda enquanto estivesse na cidade. Em nenhum momento passou pela cabeça dele negar tal pedido, até porque a presença dela ali fazia com que ele se esforçasse ainda mais para tocar melhor.
   Durante todo o tempo em que permaneceram tocando brincou com e até mesmo a convidou para cantar uma música com ele, convite esse que ela gentilmente recusou, mas que percebeu que gostaria de ter aceitado.
   Isso só contribuiu para deixá-lo ainda mais enciumado, já que o comentário do amigo sobre se aproximar dela antes que ele o fizesse ainda estava vívido em sua memória e sabia que apesar de ter dito aquilo de brincadeira não tirara os olhos dela desde que a vira. Só que ele estava prestes a fazer algo para mudar aquela situação e não deixaria passar daquele dia.
   E foi por isso que quando a namorada de apareceu e ele disse que era hora de encerrar o ensaio, prontamente anunciou:
   - Que tal nos reunirmos na varanda para tocar violão e conversar enquanto esperamos anoitecer? – rapidamente olhou em sua direção, sabendo muito bem o que o amigo estava querendo fazer. – Já tem algum tempo desde que tocamos só por diversão. O que acham?
   - Por mim tudo bem – disse Giovanna, a namorada de , que concordou com um aceno de cabeça.
   - Tô dentro – disse caminhando em direção à porta.
   - Eu também – falou seguindo o amigo.
   - E você ? Quer vir também? – perguntou assim que todos haviam saído e ela ainda não tinha dito nada.
   sorriu um tanto quanto apreensiva por ter sido deixada sozinha de novo com na garagem, parecia até algum tipo de armação para os dois ficarem sozinhos sempre que surgia a oportunidade.
   - Eu... não sei – ela disse insegura.
   - Vai ser divertido, eu prometo. Principalmente se a Gio começar a cantar – ele riu ao lembrar-se de como a namorada do amigo ficava engraçada tentando cantar algumas músicas da banda.
   - Ela canta tão mal assim?
   - Pode-se dizer que sim. Mas não diga nada ao , ele acha a namorada uma superestrela de musical. Você vem?
   Ambos riram.
   pensou em como Thomas ficaria bravo com ela por ignorar sua ligação, principalmente quando sabia que ele iria ligar, já que haviam combinado que após o final de cada ensaio ele telefonaria para se informar sobre o progresso que ela já havia feito.
   Mas naquele momento ela pouco se importou com isso. Lidaria com as consequências mais tarde quando retornasse à pousada e ligasse para ele, aproveitando também para perguntar por que Henry não atendia nenhuma de suas ligações e muito menos respondia aos seus e-mails. E isso era muito estranho, já que o suposto “fim” era apenas midiático e eles não se falavam há mais de duas semanas.
   - Sim – respondeu ela – Eu quero aproveitar o resto do dia com vocês.

*** *** *** *** ***

   Ao chegarem do lado de fora todos já haviam se acomodado e estavam bebendo - e Giovanna ocupavam um dos balanços e o outro, enquanto estava na poltrona, deixando apenas a rede para e sentarem. A menos que ela quisesse ficar no chão, o que ele não permitiria que acontecesse.
   Ele sentou-se primeiro e quando ela se viu sem opções chegou a quase sentar-se no chão, porém, antes que pudesse fazer isso foi interrompida por um comentário do espirituoso .
   - Ah! Vamos , o não morde. Pode sentar perto dele.
   Todos gargalharam, inclusive a própria , que apesar de um pouco constrangida sentou-se ao seu lado, e agradeceu por ele estar concentrado no violão que segurava e não perceber como sua pele arrepiou só pelo simples fato de estar perto dele.
   - Eu sei disso , não estava preocupada. Agora se fosse perto de você, eu já teria minhas dúvidas quanto a isso.
   O riso aumentou ainda mais depois disso e quase não conseguia voltar a se conter.
   - Sério você tem uma língua afiada e tanto hein? – Ele disse ainda tentando conter o riso.
   - Mas é verdade o que ela disse – disse com um sorriso lascivo – Eu não sou tão inofensivo quanto o .
   - Tudo bem, já chega disso – reclamou Giovanna – Eu quero um pouco de música.
   - E você vai ter – disse abraçando-a pela lateral – Comece a tocar algo .
*** *** *** *** ***

   Enquanto se arrumava depois de ter tomado banho, pensou em como a noite havia sido divertida, na verdade, ela não se divertia assim há anos e foi uma ótima mudança de cenário. Ela pode finalmente voltar a cantar, depois de semanas sem fazer isso, mesmo que apenas no coro quando todos cantavam juntos, pois não podia correr o risco de que alguém reconhecesse sua voz – já era sorte demais que não a houvessem reconhecido ainda e ela pretendia manter desse jeito.
   Não pode deixar de rir ao recordar-se de Giovanna cantando, concordando que tinha razão quando lhe dissera que a namorada do amigo cantava mal. Ela desafinava nas notas altas, além de ter uma voz estridente o que, com efeito, fez com que todos rissem, até mesmo a própria Giovanna.
   Porém o que marcou a noite foi quando ela ficou sozinha com . Depois que os outros haviam ido embora ela aproveitou para mudar de lugar e sentou-se em um dos balanços. Ele tocou várias músicas enquanto aproveitavam a noite que tinha acabado de cair, inclusive uma que ainda nem havia terminado de escrever, mas que ela insistira que tocasse, pois Giovanna tinha comentado sobre ela deixando-a curiosa para ouvi-la.
   E foi enquanto ela o olhava se perdendo na intensidade música que resolveu filmar aquele momento, mas apenas para si, jamais enviaria aquele vídeo para Thomas junto com os outros que discretamente fizera durante os ensaios. Ela o guardaria como uma lembrança daquele belo dia.
   Sentando-se na cama fitou o celular em que havia três ligações perdidas do empresário. Ela já as tinha visto antes quando pegara o telefone para filmar , mas fez de conta que não as vira, e agora era hora de enfrentar a bronca que com certeza viria. Discou o número dele e esperou.
   - Por que não atendeu quando eu liguei – ele rosnou assim que atendeu, não dando a ela oportunidade para falar – E por que só está me ligando agora? Já se passaram duas horas desde a última vez que liguei. Você percebe o absurdo disso ? DUAS HORAS!
   Aquilo era o que não estava precisando: uma discussão com o tempestuoso Thomas Brown, mas por sorte ela sabia responder à altura.    - Olha aqui Brown, você pode até ser meu empresário, mas não é meu dono e não pode me controlar. Eu faço o que eu quiser e na hora que bem entender. Estamos entendidos?
   - Nossa, o humor da super estrela está com tudo hoje, não é mesmo?
   - Ha ha. Não banque o engraçadinho Thomas – disse ela secamente – Tudo o que você quer saber é como vai o andamento do relatório sobre a banda, e o que tenho para lhe dizer é que em breve estarei mandando o e-mail com as informações. Agora tenho que perguntar algo que está realmente me incomodando.
   - não era só para isso... – Thomas tentou dizer, mas ela o cortou.
   - Quaisquer que sejam as coisas que tenha para me dizer terão que esperar até que eu obtenha minhas respostas.
   - Tudo bem – ele falou após um breve momento de silêncio – Pergunte logo, só espero que isso seja mesmo importante.
   respirou fundo e se preparou mentalmente para a resposta que o empresário daria, pois ela poderia não gostar nem um pouco do que ouviria.
   - Quero saber por que Henry não está atendendo e muito menos retornando nenhuma das minhas ligações durante esse tempo em que estou aqui. Pensei que você tivesse me dito que era apenas um fim midiático.
   Ele ficou em silêncio por um tempo antes de finalmente responder:
   - querida eu pensei que você soubesse. Henry iniciou sua turnê, além de estar fazendo alguns trabalhos no pouco tempo livre que tem, sendo assim, eu fiquei responsável por atender seu telefone e depois repassar suas ligações. Desculpe-me, eu realmente esqueci de lhe repassar os recados dele. É claro que ele também está com saudades de você e foi por isso que resolvi antecipar sua turnê, para que parasse de me azucrinar por ter lhe mandado para tão longe.
   sorriu ao ouvir isso, visivelmente aliviada de que não havia nada de errado com seu namoro, pois era comum eles ficarem sem se comunicar quando estavam em turnê.
   - Fico feliz em ouvir isso. Diga-lhe que eu estou desejando ótimos shows.
   - Direi sim. Agora há algo que preciso seriamente discutir com você. Sei que havia dito inicialmente que passaria todo período de férias na Europa, mas , isso não será mais possível.
   Imediatamente ela ficou em alerta.
   - Será que posso saber por quê?
   - Não vá ficar exaltada comigo de novo, como da última vez que alterei seus planos, mas agora você só tem no máximo uma semana para terminar o relatório caso ainda queria visitar Londres.
   - O QUÊ? – Ela gritou.
   - Eu disse para manter a calma – ele recriminou – É tudo por uma boa causa lindinha, e tenho certeza que você vai adorar. Lembra que há tempos você vem querendo estrelar uma campanha publicitária do perfume Chanel? Pois bem eu consegui isso. Só que seu prazo de retorno para os Estados Unidos é de no máximo 15 dias para assinar o contrato, caso contrário perderá esse trabalho.
   agradeceu por já estar sentada na cama, pois sem esse apoio certamente teria caído no chão. Sempre sonhara em estrelar uma das campanhas desta marca de perfume, mas sabia que seria difícil por ser apenas uma simples garota do interior que cantava em bares à noite, até o dia em que se tornou famosa e soube que com um pouco de esforço seu sonho se realizaria.
   Estranhamente, apesar de essa ser a notícia que ansiou ouvir por muito tempo, isso não a animou como deveria, pois isso significava que teria ainda menos tempo ali do previra inicialmente e não estava preparada para deixar esse lugar ainda.
   Depois de mentir para o empresário dizendo que estava animada com isso e que falaria com ele no dia seguinte, ela desligou. Precisava seriamente dormir para abrandar a confusão de pensamentos em sua mente.

Capítulo 5

  (n/a: preparem a música All About You para quando for o momento)
   - Então , o que aconteceu ontem depois que nós saímos? – perguntou sugestivamente recostando-se no balcão.
   Apesar de ter considerado fazer-se de desentendido, sabia que não iria colar, pois seu amigo não aceitaria esse tipo de resposta, principalmente, quando ele entendia muito bem o que estava sendo perguntado.
   - Nada demais – ele respondeu enquanto terminava de aprontar o café que iria levar para , seguindo a rotina de todos os dias.
   - Ah conta outra! Não é possível que com todo aquele clima de música não tenha rolado nada.
   - Eu só cantei mais algumas músicas antes dela ir embora, essa é a verdade. Além do mais, não está interessada em mim.
   - Aha! Então você admite que esteja interessado por ela?
   olhou nervosamente ao redor do salão com medo de que alguém pudesse ter escutado aquilo, mas, para seu alívio, não havia muitas pessoas ainda e as que estavam no local se encontravam em mesas muito afastadas do lugar em que conversava com o amigo, para terem escutado alguma coisa.
   Ele poderia negar, só que não adiantava mais esconder o que sentia, porque a verdade é que a inquietação que a presença de lhe causava só podia indicar uma coisa: ele estava se apaixonando por ela. Uma garota que em breve iria embora e que não retribuiria seus sentimentos, e isso era doloroso – não que ele pretendesse compartilhar essa parte com , mesmo que ele fosse seu melhor amigo.
   - Tudo bem , você me venceu pelo cansaço. ficou sob minha pele, eu não consigo tirá-la da minha cabeça e isso está me deixando louco. Satisfeito agora?
   - Eu sabia! - sorriu - Agora o que você está esperando para acabar com essa coisa platônica que há entre vocês?
   - Que parte do “ela não está interessada em mim” você não entendeu? – perguntou com uma ponta de irritação na voz.
   - Mesmo que ainda mantenha um pé atrás com ela, por causa do modo como as coisas começaram, não vou ficar sem dizer o que vejo. Eletricidade faísca quando vocês estão juntos, e isso tem que significar alguma coisa, mesmo que apenas atração.
   não entendia que, o que ele estava sentindo já havia passado o nível básico da atração e evoluído para algo que não iria olhar agora, pois era muito cedo. Mas só de saber que existia alguma chance dele ficar com o fez ficar mais alegre.
   - Não quero me precipitar e assustá-la fazendo um movimento antes da hora certa, por isso vou continuar como estamos por enquanto.
   - Você é quem sabe, mas o que decidir, pode ter certeza de que irei apoiar. Agora, eu acho que seria melhor você levar o café da manhã da Srta. Impaciente ali, antes que ela resolva trazer a tona seu lado escandaloso novamente.
   virou-se e viu observando-os de pé junto às portas de vidro do salão, enquanto aguardava seu pedido, que só agora ele notou que havia demorado demais para levar.
   - Já estou indo, apesar de que eu não acho que ela faria outro escândalo como aquele.
   - Eu não confiaria muito nisso – disse rindo.
   - Ha ha, muito engraçado idiota!
   - Não precisa ficar bravo chefinho.
   Pegando a bandeja em cima do balcão, dirigiu-se à área externa, para onde já havia voltado.

*** *** **** **** *** ***

   O sol brilhava intensamente no céu, e não havia nada que ela quisesse mais do que aproveitá-lo sentada naquela areia branquinha, mas sabia que isso estava fora de cogitação, pois além de ter que editar os vídeos dos ensaios antes de enviá-los a Thomas, ainda tinha que encontrar uma forma de pegar o Demo da McFly, para copiar e devolver sem que ninguém percebesse. Só que isso não era fácil, pois nunca conseguia ficar sozinha na casa de .
   Enquanto isso não era resolvido, porém, aproveitou seu café da manhã, que havia entregado há pouco tempo. Desta vez, como ele havia demorado muito, ela resolveu averiguar o que poderia ter acontecido, com medo de que ele pudesse ter se esquecido. O que ela não esperava era encontra-lo conversando com enquanto a bandeja com sua comida jazia esquecida em cima do balcão.
   O que poderia ser tão importante para que interrompesse o que estava fazendo, ela não sabia, mas resolveu respeitar e voltar para seu lugar, principalmente depois que os dois olharam em sua direção e ela sentiu-se como se houvesse sido pega fazendo algo ilícito.
   Como o movimento no bar tornou-se mais intenso, ele não pode ficar conversando com ela, como faziam sempre que surgia a oportunidade. Por isso ela desfrutava de sua refeição sozinha, admirando a bela paisagem da cidade.
   - Bem, se não é a turista amiga da McFly – sobressaltou-se ao ouvir a voz de Giovanna próxima de si.
   - Hey Giovanna – cumprimentou-a simpaticamente.
   - Vim ver se quer sair para fazer compras comigo hoje. – ela disse enquanto sentava-se à sua frente – Eu estou entediada em casa, sem nada para fazer e o tem que trabalhar. Como a irmã do ainda não chegou, estava sem nenhuma companhia para sair, até que conheci você ontem. Então o que acha? Vamos às compras?
   Era até difícil de acompanhar o raciocínio, com a Giovanna falando tão rápido, mas captou uma parte muito importante e que a chocou por não saber ainda.
   - Você disse que o tem uma irmã? – perguntou ela tentando disfarçar seu espanto.
   - Sim, a Mariah. Ele não te disse?
   - Não, ele esqueceu de mencionar isso. E onde ela está?
   - Eu não sei se você sabe, mas os pais deles são separados, e a Mariah passa parte das férias com o pai e o restante aqui. Ela deve chegar ainda essa semana, voltando mais cedo do que o planejado para casa, já que o pai precisou viajar.
   - Nossa, eu nem imaginava...
   - Essa cidade é pequena, confie em mim, mais cedo ou mais tarde você ficaria sabendo. E quanto a sairmos para fazer compras, você topa?
   - É claro – ela estava mesmo precisando voltar a fazer algumas de suas antigas atividades, antes que começasse a não se reconhecer mais.

*** *** *** *** ***

   Depois que saíram do bar, elas se encaminharam para o carro alugado de , - um Peugeot 208 branco que Thomas havia mandado entregar no dia seguinte ao de sua chegada à cidade – e Giovanna indicou que deveriam seguir para o centro.
   Logo haviam parado em frente a uma loja simples, e que não se parecia em nada com os lugares aos quais ela estava acostumada a fazer compras.
   - Então, o que você planeja comprar? – perguntou assim que desceram do carro.
   - Ainda não sei – Gio sorriu – Provavelmente um vestido para usar amanhã.
   - O que haverá amanhã? – ela perguntou confusa.
   Giovanna olhou-a incredulamente, parando na calçada.
   - Vai me dizer que não sabe? Meu Deus! Os meninos não te atualizam de nada mesmo, não é? Ainda bem que agora me conheceu, andando comigo você não ficará desatualizada nunca. Melhor entrarmos logo antes que eu explique.
   Uma vendedora simpática se prontificou para atendê-las assim que entraram, mas Gio a dispensou dizendo que a chamaria tão logo precisasse de alguma coisa, e conduziu para o outro lado. A loja tinha uma aparência bem agradável, apesar de simples – paredes pintadas em um tom neutro e as roupas bem dispostas e organizadas nas araras.
   - Amanhã é a festa anual da fogueira na praia – Giovanna disse quando estavam sozinhas – É uma espécie de luau, com várias apresentações, inclusive os meninos também vão tocar.
   ficou calada por um tempo tentando absorver a informação. Por que eles esconderiam dela algo tão simples como uma festa na praia? Será que não havia sido convincente o bastante e eles desconfiavam de alguma coisa?
   Reunindo toda a sua força de vontade para não transparecer o que realmente estava pensando, ela disse:
   - Eu não acredito que ainda não sabia!
   - Não se preocupe, agora que você sabe, pode aproveitar e comprar um lindo vestido para usar amanhã – diante do silêncio dela, Giovanna se virou para encará-la – Você vai, não é? Esse é um evento inédito nessa cidade. Você não pode perder! – Ela praticamente berrou. Era engraçado como elas se conheciam havia menos de 24 horas e Giovanna a tratava como se fossem velhas amigas.
   - Não sei Gio. Parece até que os meninos não querem que eu vá. Ninguém mencionou nada todo esse tempo...
   - Ah não! Tire essa besteira da cabeça . É claro que eles querem você lá. Só devem ter esquecido de dizer sobre a festa porque são uns idiotas que só pensam em qual será a próxima música que irão tocar. Confie em mim, e veja se hoje mesmo o não vai lhe convidar.
   - E por que seria ele a me convidar?
   - Ah, por favor! É tão óbvio. Ele está gostando de você, só um cego não veria isso, e olha que eu só fiquei um curto espaço de tempo com vocês ontem. – Ela sorriu e arqueou as sobrancelhas – E você também está caidinha por ele.
   Beverly olhou-a atônita.
   - Ficou maluca? Nós somos amigos, e só.
   - Tudo bem, tudo bem. Esqueça isso e vamos procurar as roupas mais legais deste lugar!

   Para sua total surpresa, Beverly acabou comprando não apenas um, mas vários vestidos de estilo tropical, além de alguns pares de sandálias rasteiras com enfeites artesanais e uma faixa de cordão para o cabelo, que Giovanna insistira para que comprasse junto, alegando que combinaria com os vestidos novos e deveria usar na festa de amanhã. Isso era tão diferente do que ela costumava comprar pra si, que chegou a imaginar se não havia sofrido algum tipo de implante de personalidade naquela cidade.
   Para seu crédito, Giovanna estava certa ao dizer que os rapazes haviam esquecido de mencionar a festa. Naquela mesma noite, enquanto jantava no bar, Dougie abordou o assunto e disse que entre ensaios e o trabalho ninguém havia se tocado de que ela não sabia sobre a tal festa, e acabou convidando-a para ir com ele, assim como a namorada de Tom havia previsto. Apesar de impelida a recusar, Beverly se viu aceitando, o que trouxe um belo sorriso aos lábios dele.
   No dia seguinte, ela passou a manhã inteira na praia com Giovanna – era impossível recusar um convite daquela garota – e apesar de tentada a pegar um bronzeado, se manteve em embaixo do guarda-sol, pois se não tomasse cuidado com sua pele, extremamente branca, poderia ficar parecendo um camarão frito.

*** *** *** *** ***

   estava terminando a maquiagem quando escutou uma batida na porta do quarto. Ela correu para abri-la e sua respiração ficou suspensa quando viu .
   - Boa noite – ele sorriu.
   - Boa noite , entre – ela falou dando passagem na porta e tentando recuperar o fôlego.
   Foco - Ela precisava manter sua mente longe de apreciar a beleza dele, que estava vestindo uma camisa azul de botões aberta por cima de uma camisa branca, que delineava muito bem os seus músculos, e uma bermuda cargo preta.
   - Vou terminar de me arrumar e já volto. Fique à vontade.
   - Demore o quanto quiser. Aliás, esqueci-me de dizer, mas você está linda.
   Ela ruborizou – Obrigada.
   Voltando para o banheiro, ela tratou de soltar o cabelo que estava preso em um coque frouxo, e o que viu no espelho a fez gritar histericamente.

   - o que houve? – perguntou preocupado. Ele praticamente havia corrido para a porta trancada do banheiro assim que ouvira seu grito.
   - , eu não vou mais. Não posso sair assim – Ela falou lamuriosa.
   - Há menos de dois minutos atrás estava tudo bem, o que pode ter acontecido que a impediria de ir à festa?
   olhou novamente para seu reflexo e fez uma careta. Havia se distraído de seus cuidados básicos durante o tempo em que estava naquela cidade, já que não podia contar com hair stylist pessoal para cuidar de seu cabelo, e pelo que podia ver, os cremes que havia trazido consigo dos Estados Unidos de nada adiantaram para impedir que isso acontecesse. Seu belo cabelo liso, pelo qual havia gastado muito dinheiro para ficasse perfeito, agora voltara a ostentar ondulações, fazendo-a se lembrar da época antes da fama, em que possuía um cabelo cacheado e difícil de disciplinar.
   - Meu cabelo está horrível – ela reclamou – E assim eu não posso ir.
   - , deixe disso. Você sabe muito bem que seu cabelo é lindo e eu já lhe elogiei hoje. Saia daí e deixe-me lhe ver.
   Olhando da fechadura da porta para o espelho, ela secou as lágrimas de desgosto que haviam se formado em seus olhos e tentou, em vão, dar um jeito no cabelo.
   - Veja só o que a água do mar fez com meu cabelo, . Eu estou horrível! - disse ela assim que saiu.
   olhou atentamente e reparou que havia uma leve ondulação em seu cabelo, e que isso só contribuiu para deixá-la ainda mais linda, coisa que ele não imaginava ser possível.
   - Nada disso. Ficou ótimo. Agora parece até mais natural. Você não vai deixar de ir por causa disso, vai?
   suspirou e pensou que não fazia sentido deixar de ir quando já havia se arrumado toda – ela estava usando um vestido florido, sandálias rasteiras e o cordão ao redor da cabeça que havia comprado no dia anterior – e também não poderia deixar na mão, afinal era muito chato convidar alguém para sair e levar um bolo.
   - Pensando bem, isso não vai me impedir de curtir a noite.
   - É isso mesmo garota.

*** *** **** **** *** ***

   Quando chegaram à praia, várias pessoas já estavam no local e parou por um momento para analisar tudo a sua volta. ficou fascinado enquanto a observava tão deslumbrada com a grande fogueira acesa, a decoração simples e o clima que permeava o lugar.
   - Quer algo para beber? – ele sussurrou em seu ouvido e sorriu ao ver como sua pele havia arrepiado, talvez não estivesse errado no que dissera afinal. Ele havia decidido que já esperara tempo demais, era hora de fazer um movimento para que percebesse que ele queria mais do que amizade com ela, e seria naquela noite.
   - O mesmo que você for beber, para mim também está bom.
   - Tem certeza?
   - Uhum...
   Ele deixou-a sentada a uma das mesas mais próximas ao palco improvisado, que havia sido colocado no local e se dirigiu para um dos quiosques para pedir duas doses do seu drink favorito e que não era tão forte. Ao voltar para onde estava, ele lhe entregou um copo fazendo-a sorrir ao receber a bebida, deixando-o sem entender por quê.
   - O que é engraçado? – ele perguntou arqueando as sobrancelhas.
   - Nada, é só que esse é meu drink favorito. Como você sabia?
   - Não sabia – ele sorriu – Esse é o meu favorito também.
   Ela olhou para o outro lado antes de responder.
   - Nossa... que coincidência então.
   percebeu que alguma coisa estava errada com , e não tinha nada a ver com o episódio de mais cedo. Ela parecia... triste.
   - , o que foi?
   - Nada – ela voltou-se para ele e deu-lhe um sorriso amarelo.
   - Aconteceu algo, e eu não estou falando do seu cabelo – disse ele não convencido.
   tentou buscar uma desculpa plausível, porém, nada lhe vinha à mente. Ela não poderia dizer algo que, além dela mesma não entender, era embaraçoso. Como iria explicar que, o simples fato deles terem a mesma bebida em comum a havia abalado? Que a cada dia que passava seu tempo de permanência ali diminuía, e ela estava juntando forças para continuar com a farsa?    - Não ligue para isso, – disse ela após algum tempo pensando – é que eu me lembrei de casa ao ver o drink.
   - Você sente muitas saudades de lá?
   Ela suspirou – Às vezes, quando penso muito sobre isso, mas eu gosto muito daqui e são poucas vezes que fico triste – Aquilo não era de todo mentira, ultimamente uma tristeza vinha abatendo-se sobre ela, só que não era de saudades de casa, mas sim por estar enganando aquelas pessoas.
   ia dizer alguma coisa, mas foi interrompido por uma música que iniciou a tocar. Logo as pessoas se reuniram em frente ao palco e começaram a dançar.
   Ansiando por acabar com aquele clima estranho que havia se instalado entre eles, tomou a iniciativa de convidá-lo para dançar.
   Algumas músicas eram animadas, outras mais lentas, e aos poucos eles foram esquecendo onde estavam e concentrando-se apenas na presença um do outro. Porém, antes que pudesse se aproximar mais, foi interrompido por um muito animado dizendo que era hora deles começarem a tocar.
   agradeceu aos céus por aquela interrupção, caso contrário não teria se segurado e corresponderia sem hesitar se a beijasse. Fato que a inquietava, já que não sabia o que havia de errado com ela para agir assim. Jamais deveria ter permitido que as coisas chegassem a esse ponto. Ela sabia - ou pelo menos imaginava - o que ele sentia por ela, já que todos os meninos haviam insinuado isso, além dela mesma ter notado. Esse era o efeito que ela tinha sobre os homens e o qual Thomas havia lhe instruído para usar com a banda, só que a situação estava fugindo do seu controle.
   A McFly começou a tocar, e todos pararam para assistir, recomeçando a dançar ao som deles logo em seguida. Avistando Giovanna do outro lado do palco, resolveu que não queria ficar sozinha e foi juntar-se a ela. Ambas curtiram as músicas que eles tocavam, dançando animadamente, até o momento em que disse que a próxima música seria dedicada a sua namorada.

   (n/a: play na música)

   - Eu não acredito! – Giovanna gritou assim que os primeiros acordes puderam ser ouvidos – Ele vai me fazer chorar, mas é um fofo.

It's all about you (it's all about you)
[É tudo sobre você (é tudo sobre você)]
It's all about you baby (it's all about)

[É tudo sobre você baby (é tudo sobre você)]
It's all about you (it's all about you)

[É tudo sobre você (é tudo sobre você)]
It's all about you

[É tudo sobre você]

Yesterday you asked me

[Ontem você me perguntou]
Something I thought you knew

[Algo que pensei que você sabia]
So I told you with a smile

[Então te disse com um sorriso]
It's all about you

[É tudo sobre você]

Then you whispered in my ear

[Então você sussurrou em meu ouvido]
And you told me too

[E me disse também:]
Said you make my life worthwhile

[Você faz minha vida valer à pena]
It's all about you

[É tudo sobre você]

And I would answer all your wishes

[E eu atenderia todos seus desejos]
If you asked me too

[Se você me pedisse]
But if you deny me one of your kisses

[Mas se você me negar um dos seus beijos]
Don't know what I'd do

[Não sei o que eu faria]

So hold me close and

[Então me abrace forte]
Say three words like you used to do

[E diga três palavras como você costumava fazer]
Dancing on the kitchen tiles

[Dançando nos azulejos da cozinha]
It's all about you, yeah

[É tudo sobre você]

And I would answer all your wishes

[E eu atenderia todos seus desejos]
If you asked me too

[Se você me pedisse]
But if you deny me one of your kisses

[Mas se você me negar um dos seus beijos]
Don't know what I'd do

[Não sei o que eu faria]

So hold me close and

[Então me abrace forte]
Say three words like you used to do

[E diga três palavras como você costumava fazer]
Dancing on the kitchen tiles

[Dançando nos azulejos da cozinha]
Yes you made my life worthwhile

[Sim, você faz minha vida valer à pena]
So I told you with a smile

[Então eu te disse com um sorriso]

It's all about you

[É tudo sobre você]

It's all about you (it's all about you)

[É tudo sobre você (é tudo sobre você)]
It's all about you baby (it's all about)

[É tudo sobre você baby (é tudo sobre você)]
It's all about you (it's all about you)

[É tudo sobre você (é tudo sobre você)]
It's all about you

[É tudo sobre você]

   Assim que a música terminou, Giovanna correu em meio às lágrimas e subiu no palco, abraçando e beijando longamente o namorado. O público aplaudiu e com isso foi dada por encerrada a apresentação da McFly.

Capítulo 6

  (N/A: preparem a música Impossible)

   McFly foi a última apresentação no palco, e depois todos se reuniram sentados ao redor da fogueira, cada qual produzindo sua própria diversão – era isso que mais destacava aquela festa, o fato de todos poderem improvisar sua maneira de entretenimento depois da parte oficial.
   , Giovanna, , , e sentaram-se juntos em uma parte mais afastada -, mas não menos aquecida pela fogueira -, e enquanto os meninos bebiam cerveja e comiam alguns petiscos para repor as energias, as garotas conversavam sobre o quão animado estava aquele evento.
   Passaram mais algumas horas entre conversas, bebidas e músicas, até que aos poucos o pessoal foi indo embora, restando apenas e daquele lado da praia - ainda havia pessoas do outro lado da fogueira, mas esta impossibilitava a visão.
   Uma brisa suave balançava os cabelos de , que já sentia um pouco de frio com a chegada da madrugada. Ela sabia que já deveria ter ido embora, e que não era seguro ficar sozinha com , quando não conseguia controlar suas próprias ações, mas simplesmente não conseguia. Aquele climinha de frio aquecido pela fogueira, juntamente com a voz de cantando uma melodia baixa era ótimo.
   - Você está com frio? – ele perguntou ao ver como ela se encolhia discretamente.
   - Um pouco – admitiu.
   - Espera, aqui tem algo para te aquecer – disse ele colocando uma das mantas, em que seus amigos estavam sentados, ao redor dela.    Ela resfolegou ao sentir sua proximidade, ele emanava um calor no qual não importaria de se aquecer. Quando ele se afastou, ambos se perderam na intensidade do olhar um do outro. Uma onda magnética os envolveu e tudo o que mais queriam era estar o mais próximo possível.
   aproximou seu rosto do dela, e suas respirações confundiram-se em uma só. Ele estava tão perto agora que o beijo era inevitável.
   Ele aproximou seus lábios dos dela e quando estavam prestes a se beijar o celular de tocou, assustando-os e acabando com aquele clima mágico em que estavam envolvidos.
   Ela olhou-o constrangida, quando se deu conta do estavam prestes a fazer. Levantando-se rapidamente se perguntou quem poderia estar ligando àquela hora. Ultimamente só quem ligava era seu empresário, mas aquilo era tarde demais até para um chato e inconveniente como ele.
   Pegando seu celular na bolsa artesanal que usava – um presente que havia ganhado de Giovanna enquanto faziam compras – ela estranhou ao ver o número no visor. Fazia algum tempo desde que havia falado com sua mãe, com toda a rotina louca de shows e trabalhos publicitários, não tinha tido chances para comunicar-se com a família. Mas o que ela poderia querer para estar ligando de madrugada?    - Oi mãe – ela disse assim que atendeu.
   - Filha... Há quanto tempo não nos falamos? – disse pesarosa – E o pior é que você faz as coisas e nem me comunica. Por que eu tive que saber por uma revista que estava viajando de férias?!
   - Olha, mãe...
   - E nem pensou em passar em casa não é? Já faz quase um ano desde que nos vimos pessoalmente. Eu estou com saudades e sua irmã também.
   sentiu um aperto no coração ao ouvir aquelas palavras, ela havia se tornado uma filha ausente desde que iniciara sua carreira, e nem todo dinheiro que mandava e a linda mansão que comprara para sua mãe e irmã morarem compensava isso.
   - Também estou com saudades de vocês e prometo que assim que voltar irei passar uns dias em casa – Olhando na direção de , ela viu que ele havia recolhido os cobertores e os arrumado dentro da bolsa. Por sorte iria conseguir encerrar aquela noite sem fazer nada de que fosse se arrepender depois – Agora, você sabia que ligou para mim no meio da madrugada? Temos uma diferença de mais de 5 horas de fuso horário, mãe!
   - Desculpe filha, é que quando vi a matéria na revista nem pensei nisso, eu só queria falar com você.
   - Tudo bem, não se preocupe com isso. Te vejo em alguns dias. - E desligou antes que a mãe pudesse dizer qualquer outra coisa.
   Ao voltar para o lugar onde estava antes, a única coisa que disse foi:
   - Desculpe , mas é hora de irmos embora.

*** *** *** *** ***

   O caminho de volta foi feito em silêncio, ambos estavam inseguros de dizer alguma coisa e esta ser mal interpretada. a levou até a entrada da pousada e foi embora com apenas um “Boa noite” de despedida. Ao entrar em seu quarto, fez um balanço de tudo o que estava sentindo.
   Primeiramente, ela tinha que admitir para si mesma que ficar perto de estava se tornando cada vez mais difícil, pois ele conseguia abalá-la de um modo para o qual ela não estava preparada. E mais, ela também não estava se reconhecendo. Onde estava , a cantora famosa e arrogante, que só se importava com o dinheiro? A garota que agora lhe encarava no espelho se parecia muito mais com a , a pessoa que ela era antes que a fama surgisse em sua vida e inflasse seu ego, a ponto se transformá-la radicalmente. E infelizmente, em breve ela perderia essa sensação, já que seu empresário havia lhe dado poucos dias para concluir o trabalho e voltar para casa.

  Casa.

   Por que de repente, não sentia mais os Estados Unidos como sua casa? Isso era estranho, pois havia nascido e se criado naquele país. Apesar de já ter andando por boa parte do mundo em turnês, e fazer algum tempo que não ficava em casa – a mansão em Los Angeles, lar de tantos outros artistas – ainda era lá que vivia.
   O pior de tudo é que ela não compreendia por que estava sentindo essa atração tão forte por . Claro que ele era lindo demais e quando fizesse sucesso iria enlouquecer as mulheres, do mesmo modo que seu namorado Henry – mas que era mundialmente conhecido como rapper Hal-T – fazia. E esse era exatamente o ponto; se ela já namorava com um dos caras mais desejados do mundo, como poderia estar atraída por outro?
   Henry podia muito bem estar tão ocupado nos Estados Unidos, que não tivesse tempo para retornar suas ligações, – isso era algo que podia entender, pois quando estava em turnê mal tinha tempo para respirar com tanta coisa para fazer – mas ainda era seu namorado, de quem gostava e respeitava e jamais iria traí-lo com ninguém, mesmo que seu corpo não quisesse escutar e continuasse ardendo por um toque de .    Isso era algo que não iria acontecer de modo algum, nem mesmo se ela fosse solteira, pois nada de bom poderia ser construído em cima de uma mentira e era isso o que ela era, uma mentirosa, que havia se fingido de amiga para coletar informações para o empresário. Mesmo que isso significasse muito para o futuro da banda, nada justificava sua atitude.

*** *** *** *** ***

   Os próximos dias se passaram como um raio e quando menos imaginou, já havia chegado o último. Durante esse período, voltou a trata-la do mesmo modo de antes – como se a noite da festa jamais houvesse acontecido – e, embora isso fosse o que aparentemente ela queria, ficou frustrada, pois parecia impossível apagar aquela noite de sua mente.
   Ao mesmo tempo, sua amizade com Giovanna havia aumentado bastante durante aquele tempo, e ela iria sentir muita falta das conversas que tinham sentadas no píer observando o mar, e das noites de música, quando todos se reuniam.
   balançou a cabeça e tentou colocar seus pensamentos no lugar. Apesar do fato de que aquele era seu último dia ali, suas malas não estavam prontas, e tampouco sua missão estava acabada. Ainda não havia conseguido pegar o Demo da banda, e aquele ensaio seria sua última oportunidade.

   Ela chegou à casa de mais cedo do que o combinado, para colocar o plano em prática, pois era muito mais fácil distraí-lo sozinho, do que uma sala cheia de pessoas.
   Depois que tocou a campainha, passaram-se alguns minutos até que a porta fosse aberta, e para sua surpresa quem estava parado do outro lado não era , mas sim uma garota loira de olhos azuis, que aparentava não ter mais que 14 anos.

   - Olá. – disse com um sorriso apertado.
   - Você que é a ? – a menina indagou olhando-a atentamente. Pelo olhar que viu em seu rosto, ela teve medo que houvesse sido reconhecida. Muitos de seus fãs eram da faixa etária dessa garota, e se ela a reconhecesse podia dar a adeus ao plano.
   - Sou eu mesma. Onde está o ?
   - Ele me pediu para avisá-la, caso chegasse antes dele voltar, que tinha ido buscar os outros idiotas da banda – ela riu, enquanto dava passagem para entrar – Sou a irmã dele, a Mariah, por falar nisso. E você pode espera-lo na garagem.
   ficou surpresa que a irmã de fosse uma adolescente, pois pelo que Giovanna havia descrito dela, pensou que fosse apenas um pouco mais jovem que o irmão.
   - Prazer em conhecê-la Mariah.
   A menina sorriu – Digo o mesmo. Agora se me dá licença, eu vou voltar para o meu quarto antes que meu irmão barulhento chegue.
   E com isso ela foi deixada sozinha na sala de estar, oportunidade perfeita para conseguir o que queria. mal podia acreditar em tamanha sorte.

   Encontrar o Demo não foi difícil e logo ela o havia guardado, em segurança, dentro da bolsa. Arrumaria depois um jeito de devolvê-lo mais tarde, o mais importante é que havia cumprido todas as partes da missão e poderia viajar para Londres amanhã. Era isso que mais queria, não era? Não havia tempo, nem razões para dúvidas.
   Olhando em torno do local, seu olhar ficou-se em um violão encostado à caixa de som. Seu coração acelerou só de pensar em tocar de novo, ela sentia tanta falta disso...
   Depois de ter verificado se os rapazes não estavam chegando, e se certificando de deixar a porta fechada, para que Mariah não a ouvisse, ela pegou o violão.
   Havia uma música que não cantava há muito tempo, mas que tinha vindo-lhe à mente naquele instante. Concentrando toda sua atenção no momento, ela começou a dedilhar...

*** *** **** **** *** ***

   Cansado de esperar por seus amigos para o ensaio, resolveu ir buscá-los, mas para sua infelicidade, a demora deles se devia à compra da nova bateria de – a qual haviam ido buscar na cidade vizinha. Animados, todos os rapazes foram, inclusive levaram Giovanna, mas claro, avisar ao ninguém fazia!
   Ele voltou para sua casa após passar no bar e verificar se estava tudo sob controle, pois às vezes o movimento do estabelecimento ficava muito intenso, e sua mãe não conseguia controlar.
   Ao invés de entrar pela porta dos fundos – a que ficava de frente para a praia -, ele resolveu dar a volta e entrar pela porta principal. Ainda tinha tempo até Bevelry chegar, por isso, começou a dirigir-se para o quarto de sua irmã – que havia chegado de viagem naquele dia, pela manhã -, a fim de colocar a conversa em dia, mas o som de algo o parou.
   (n/a: play na música)
I remember years ago
[Eu lembro de anos atrás]
Someone told me I should take
[Alguém me disse que eu deveria tomar]
Caution when it comes to love
[Cuidado quando se trata de amor]
I did, I did
[Eu tomei, eu tomei]

And you were strong and i was not
[E você era forte e eu não era]
My illusion, my mistake
[Minha ilusão, meu erro]
I was careless, i forgot
[Fui descuidada, eu esqueci]
I did
[Eu esqueci]

And now, when all is done
[E agora, quando tudo está acabando]
There is nothing to say
[Não há nada a dizer]
You have gone and so effortlessly
[Você se foi e tão sem esforço]
You have won
[Você ganhou]
You can go ahead tell them
[Você pode ir adiante dizer-lhes]

Tell them all I know now
[Diga-lhes tudo o que eu sei agora]
Shout it from the roof top
[Grite isto do topo do telhado]
Write it on the sky line
[Escreva isso no céu]
All we had is gone now
[Tudo que tivemos foi embora agora]

Tell them I was happy
[Diga a eles que eu era feliz]
And my heart is broken
[E meu coração está quebrado]
All my scars are open
[Todas as minhas cicatrizes estão abertas]
Tell them what I hoped would be
[Diga a eles o que eu esperava ser]

Impossible, impossible
[Impossível, impossível]
Impossible, impossible
[Impossível, impossível]

   Uma voz linda e melodiosa vinha da garagem, e ao mesmo tempo em que era conhecida, ele não conseguia associar a quem naquele momento.

Falling out of love is hard
[Deixar de amar é difícil]
Falling for betrayal is worse
[Deixar por traição é pior]
Broken trust and broken hearts
[Confiança quebrada e coração partido]
I know, I know
[Eu sei, eu sei]

Thinking all you need is there
[Pensando tudo que você precisa está lá]
Building faith on love is worse
[Construindo a fé no amor é pior]
Empty promises will wear
[Promessas vazias usarão]
I know (I know)
[Eu sei (eu sei)]

And now when all is gone
[E agora, quando tudo se foi]
There is nothing to say
[Não há nada a dizer]
And if you're done with embarrassing me
[E se você terminou de me embaraçar]
On your own you can go ahead tell them
[Nos seus próprios, você pode ir em frente dizer a eles]

Tell them all I know now
[Diga-lhes tudo o que eu sei agora]
Shout it from the roof top
[Grite isso do topo do telhado]
Write it on the sky line
[Escreva no céu]
All we had is gone now
[Tudo que nós tivemos foi embora agora]

Tell them I was happy
[Diga-lhes que eu era feliz]
And my heart is broken
[E meu coração está quebrado]
All my scars are open
[Todas as minhas cicatrizes estão abertas]
Tell them what I hoped would be
[Diga-lhes o que eu esperava ser]

Impossible, impossible
[Impossível, impossível]
Impossible, impossible
[Impossível, impossível]

   Será que Mariah cantava e ele não sabia? A irmã jamais mostrara interesse por música, mas não seria nenhuma surpresa se tivesse talento, pois era algo que estava no sangue.

I remember years ago
[Eu me lembro de anos atrás]
Someone told me I should take
[Alguém me disse que eu deveria tomar]
Caution when it comes to love
[Cuidado quando se trata de amor]
I did
[Eu tomei]

   Só que para seu espanto, ele deparou-se com tocando seu violão e cantando aquela música.

Tell them all I know now
[Diga-lhes tudo o que eu sei agora]
Shout it from the roof top
[Grite do topo do telhado]
Write it on the sky line
[Escreva no céu]
All we had is gone now
[Tudo que nós tivemos foi embora agora]

Tell them I was happy
[Diga-lhes que eu era feliz]
And my heart is broken
[E meu coração está quebrado]
All my scars are open
[Todas as minhas cicatrizes estão abertas]
Tell them what I hoped would be
[Diga-lhes o que eu esperava ser]

Impossible, impossible
[Impossível, impossível]
Impossible, impossible
[Impossível, impossível]
Impossible, impossible
[Impossível, impossível]
Impossible, impossible
[Impossível, impossível]

I remember years ago
[Eu me lembro de anos atrás]
Someone told me I should take
[Alguém me disse que eu deveria tomar]
Caution when it comes to love
[Cuidado quando se trata de amor]
I did
[Eu tomei]

   Ela estava de costas para ele, por isso não o viu, e assim que havia terminado de cantar e depositado o violão - onde ele colocara mais cedo -, perguntou:
   - Por que todo esse tempo você fingiu que não sabia cantar, ?

Capítulo 7

  (n/a: Preparem a música This is me)

   O corpo de congelou no lugar, ao ouvir a voz de . Como ele já poderia ter chegado, se há alguns minutos atrás ela havia verificado a porta? Isso não importava agora, pois ela tinha que pensar em um modo de sair dessa situação, e logo!

   Virando-se para encará-lo, ela resolveu se fazer de desentendida. Foi a única alternativa em que conseguiu pensar naquele momento.

   - Fingir o quê? – perguntou ela, com o melhor olhar confuso no rosto que conseguiu fazer.
   - Não pense que vou acreditar que não sabe do que estou falando! – disse ele irritado.

  Droga! Ele não ia cair na sua conversa. E agora?

   - Eu não fingi que não sabia cantar . Simplesmente fiquei com vergonha na frente de vocês – mentiu ela, referindo-se às noites de música em que se recusou a cantar alguma música sozinha, alegando que não sabia – Vocês têm uma banda, que em breve vai fazer sucesso, e eu... bem, eu sou só uma armadora. Tive medo de dar uma de Giovanna.

   aproximou-se dela e tomou suas mãos nas dele, olhando-a atentamente.

   - Você jamais faria papel de ridícula, . Sua voz é linda e não parece em nada como uma armadora.

   Ela engoliu em seco, fazendo de tudo para não deixar suas lágrimas caírem. Realmente estava se saindo melhor do que o esperado como atriz, mas caramba, aquilo estava acabando com ela por dentro. A cada mentira que tinha que dizer, mais se machucava. Só que não havia outro jeito. Ninguém poderia nem ao menos desconfiar de sua verdadeira identidade.

   - Desculpe por ter pegado seu violão sem permissão – disse soltando suas mãos das dele – Fazia muito tempo que não tocava, e não resisti – deu-lhe um sorriso amarelo.
   - Nada disso. Você pode pegar meu violão sempre que quiser. E na próxima noite de música nem pense em escapar de cantar, ouviu?

   O coração dela apertou ainda mais, pois da próxima vez em que eles se reunissem, ela não estaria na cidade. Há essa altura ela já estaria em Londres.

   - Vou tentar, prometo. Falando nisso, onde estão os outros?

   - Foram buscar a nova bateria do na cidade vizinha. Então, talvez nem tenha ensaio hoje.
   - Ah... entendo – ela falou desanimada. pensou que teria a chance de pelo menos se despedir daqueles que passou a considerar seus amigos. Pelo visto a volta ia ser mais difícil que a chegada. - Nesse caso, vou voltar para a pousada.
   - Mas já? – perguntou decepcionado – Por que não canta uma música comigo antes?

   Ela o olhou sem saber o que responder. Isso era arriscado.

   - Não sei...
   - Só uma .

   Ao pensar que aquela era a última vez o que veria, ela reconsiderou sua resposta e suspirando cansada, disse – Tudo bem.

   - Ótimo! – Ele sorriu – O que você gostaria de cantar?
   - O que você quiser. Contanto que eu saiba a letra.
   - Que tal This is me? Eu adoro essa. – disse uma voz juvenil da porta da garagem, que dava acesso a casa.

   Ambos olharam imediatamente naquela direção.

   - O que está fazendo aí, Mariah? – perguntou contrariado.
   - Não precisa ficar bravo comigo, irmaozão. Só vim checar por que tudo estava tão silencioso. Onde estão os outros idiotas?
   - Na cidade vizinha. Agora volte para o seu quarto.
   - Poxa, eu queria ver vocês cantarem.

   apressadamente olhou na direção de , em busca de aprovação. Ele não via problema algum em sua irmã ficar ali, mas ela poderia não gostar.

   - Por mim tudo bem – disse .
   - Então senta aí no sofá pirralha, e vê se não atrapalha.
   - Vou me comportar, capitão! – a menina riu, enquanto se jogava no sofá, que ficava no lado oposto ao de onde estavam os instrumentos da banda.

   - Pode ser essa música que minha irmã sugeriu? – perguntou a .
   - Claro, só que eu não sei tocá-la no violão. Você faz isso. – Ela iria adorar fazer uma homenagem a sua amiga Demi Lovato. Quando voltasse aos EUA iria visita-la, pois já tinha algum tempo que não a via pessoalmente.
   -Tudo bem – ele sorriu.

   Pegando o violão, ele começou a dedilhar e ela se preparou para cantar.

   (n/a: play na música)

I've always been the kind of girl
[Eu sempre fui o tipo de garota]
That hid my face
[Que escondia meu rosto]
So afraid to tell the world
[Com medo de contar ao mundo]
What I've got to say
[O que eu tenho pra dizer]

But I have this dream
[Mas eu tenho esse sonho]
Bright inside of me
[Brilhando dentro de mim]
I'm gonna let it show, it's time
[Eu vou mostrá-lo, é hora]
To let you know, to let you know
[De deixar você saber, deixar você saber]

This is real, this is me
[Isso é real, essa sou eu]
I'm exactly where I'm supposed to be, now
[Eu estou exatamente onde eu deveria estar, agora]
Gonna let the light shine on me
[Vou deixar a luz brilhar em mim]

Now I've found who I am
[Agora eu encontrei quem eu sou]
There's no way to hold it in
[Não há jeito de segurar isso]
No more hiding who I want to be
[Sem mais esconder quem eu quero ser]
This is me
[Essa sou eu]

Do you know what it's like
[Você sabe como é]
To feel so in the dark?
[Se sentir na escuridão?]
To dream about a life
[Sonhar com uma vida]
Where you're the shining star
[Onde você é a estrela brilhando]

Even though it seems
[Mesmo que pareça]
Like is too far away
[Que está muito longe]
I have to believe in myself
[Eu tenho que acreditar em mim mesma]
It's the only way
[É o único jeito]

This is real, this is me
[Isso é real, essa sou eu]
I'm exactly where I'm supposed to be, now
[Eu estou exatamente onde eu deveria estar, agora]
Gonna let the light shine on me
[Vou deixar a luz brilhar em mim]

Now I've found who I am
[Agora eu encontrei quem eu sou]
There's no way to hold it in
[Não há jeito de segurar isso]
No more hiding who I want to be
[Sem mais esconder quem eu quero ser]
This is me
[Essa sou eu]

   começou a cantar a próxima parte da música, e não pôde deixar de ficar impressionada com sua voz. Era assim todas as vezes em que ela o via cantar.

You're the voice I hear inside my head
[Você é a voz que eu ouço dentro da minha cabeça]
The reason that I'm singing
[A razão de eu estar cantando]
I need to find you, I gotta find you
[Eu preciso te achar, eu vou te achar]

You're the missing piece
[Você é a peça perdida que eu preciso]
I need the song inside on me
[A canção dentro de mim]
I need to find you, I gotta find you
[Eu preciso te achar, eu vou te achar]

   Olhando nos olhos um do outro, eles começaram a cantar o refrão juntos.

This is real, this is me
[Isso é real, essa sou eu]
I'm exactly where I'm supposed to be, now
[Eu estou exatamente onde eu deveria estar, agora]
Gonna let the light shine on me
[Vou deixar a luz brilhar em mim]

Now I've found who I am
[Agora eu encontrei quem eu sou]
There's no way to hold it in
[Não há jeito de segurar isso]
No more hiding who I want to be
[Sem mais esconder quem eu quero ser]

You're the missing piece I need (This is me)
[Você é a peça perdida que eu preciso(Essa sou eu)]
The song inside on me
[A canção dentro de mim]
You're the voice I hear inside my head (This is me)
[Você é a voz que eu ouço dentro da minha cabeça (Essa sou eu)]
The reason that I'm singing
[A razão de eu estar cantando]

Now I've found who I am
[Agora eu encontrei quem eu sou]
There's no way to hold it in
[Não há jeito de segurar isso]
No more hiding who I want to be
[Sem mais esconder quem eu quero ser]
This is me
[Essa sou eu]

   Eles terminaram a canção olhando intensamente um para o outro. Naquele momento, sentiu como se só existissem apenas e ela no mundo, nada mais importava, a não ser continuar mantendo o magnetismo causado pelo encontro de seus olhares – era como a noite na praia, e igualmente como naquele dia, algo tinha que os interromper.

   - AINNN! EU ADOREI. VOCÊS SÃO TÃO FOFOS! – Mariah gritou pulando de cima do sofá e acabando com o clima deles. – Sério, gente, eu senti como se estivesse assistindo ao meu próprio Camp Rock ao vivo. E para que conste, eu te acho mais bonito que o Joe Jonas, irmaozão!

   Rapidamente eles se afastaram; um pouco irritado por novamente ter tido um momento com interrompido; e chateada consigo mesma por mais uma vez ter se deixado levar. Sua sorte era que não havia mais chance disto acontecer, já que iria embora no dia seguinte.

   - Não me diga irmãzinha! – disse revirando os olhos.
   - Ah, é sim. Mas tenho que dizer que a canta melhor que você. Sinto muito. – Mariah piscou um olho – Falando nisso, sabia que sua voz é muito parecida com a da minha cantora favorita?

   estacou no lugar. Era isso, o momento em que sua máscara cairia, ela havia sido reconhecida. Como pudera ser tão burra a ponto de não se controlar e cantar a maldita música? Ela não deveria ter testado sua sorte tanto assim, ela sabia que era arriscado, mas mesmo assim, seguiu em frente e fez o que seu coração mandava. Ela tinha que fazer o que sua mente comandava e não o coração!

   Ela tinha que dar um jeito de sair dessa enrascada, afinal de contas, Mariah apenas dissera que sua voz era parecida, mas não tardaria para que alguém a reconhecesse desse modo. Mas o que ela estava pensando! Ninguém a descobriria, tudo isso acabaria amanhã, bastava agir normalmente.

   Ou pelo menos tentar.

   - É mesmo? Que legal – Ela tentou fingir um sorriso amigável – As pessoas geralmente dizem que acham minha voz parecida com a de alguma famosa.

   olhou-a no mesmo momento.

   - Se é assim, então por que você estava com medo de cantar na noite de música? – ele perguntou.

   Oh droga, parecia que aquele não estava sendo o seu dia. Era uma atrás da outra. Como faria para sustentar a mentira agora?

   - Porque isso já tem algum tempo, e eu estou enferrujada – ela deu um sorrisinho – Pensei que poderia ter perdido a prática, já que eu me acho desafinada quando estou cantando no banho.
   - Eu estou tão feliz que vou ter minha própria popstar particular!!! – Mariah disse empolgada – É muito melhor do que ter um irmão metido a superstar, porque ele é um chato que não gosta de cantar para mim – Virando-se para , ela deu-lhe a língua – Você vai cantar para mim, não é?

   Embaraçada demais com tudo aquilo, mas sem ter como escapar, acabou concordando.

   - Claro que sim.
   - Oba! Eu vou ter a minha própria versão da ! – Ela gritou enquanto saía correndo da garagem em direção ao seu quarto.
   - Você não sabe no que acaba de se meter. – disse balançando a cabeça.
   - Não tem problema. Eu adorei a sua irmã, vai ser um prazer cantar para ela, se é o que ela quer. – Isso era verdade, havia adorado Mariah, e se não tivesse que ir embora, sua situação estava sob controle para que não percebessem quem realmente era, e ela talvez pudesse se arriscar a cantar de novo.

   E ela estava ouvindo o coração novamente.

   Mas que droga!

   Ela tinha sair dali imediatamente.

   - É melhor eu voltar para a pousada agora. Tchau .

   Apesar disso não ser o que ele queria, despediu-se dela e a acompanhou até a porta dos fundos, observando-a caminhar até seu carro e sair pela noite afora.

*** *** **** **** *** ***

   Diante da tela de seu laptop, terminava dar os ajustes finais no e-mail que enviaria para o empresário. Após ter saído da casa de , ela havia reunido todos os arquivos e começara a relê-los, o que era uma forma de evitar que quaisquer erros que pudesse ter cometido passassem despercebidos; e também era um modo de focar sua mente em outra coisa que não fosse os últimos acontecimentos.

   A verdade é que ela não queria ir embora, pelo menos não ainda, precisava de mais tempo naquele lugar, mas infelizmente isto não seria possível. iria sentir saudades de todos, só que sua vida não era ali; ela tinha toda uma vida a esperando de volta nos EUA.
   Digitando as últimas palavras do seu e-mail, ela concluía aquele trabalho. Finalmente tudo estava acabado. Só o que precisava fazer agora era clicar em enviar e poderia seguir em frente.

   Ou não.

   A decisão estava nas mãos dela, tudo o que tinha que fazer era decidir-se entre a razão e a emoção.

Capítulo 8

  Com a mão pairando sobre o mouse, hesitou, e quando estava prestes a prosseguir com aquilo, no último segundo, desistiu. Ela não poderia fazer isso, pelo menos ainda não, havia tanto para viver naquela cidade, mesmo que fosse um risco.
   Pela primeira vez na vida ela não queria ser uma cantora de sucesso. Nunca em um milhão de anos, poderia imaginar que tal pensamento fosse lhe ocorrer, mas era a verdade. Isso era o que a estava impedindo de viver tudo o que aquela cidade poderia proporcionar. A quem ela estava querendo enganar? Isso era o que a estava impedindo de tentar ter algo com . E claro, o fato de que ela já tinha um namorado.
   Ela estava tão confusa. Nada do que estava acontecendo havia sido planejado, e não saber o que iria ocorrer a deixava com mais medo ainda. Medo de ser descoberta, medo da volta para casa, medo do que aparentemente sentia por . Por que tudo tinha que ser tão complicado? Entre as mentiras que contava para os outros, parecia que ela tinha acabado mentindo para si mesma.
   era muito imprevisível, tanto que preferiria mil vezes ser clichê, pois pelo menos saberia o que aconteceria a seguir. O que não era sua situação, uma vez que pensava em uma coisa e acabava fazendo outra; isso quando seus próprios pensamentos não estavam embaralhados. Essa indecisão acabaria destruindo o mínimo de nervos que ainda possuía.
   E para completar, ainda havia aquela música que não saia de seus pensamentos, desde que chegara a seu quarto. A maldita música que cantara com , e que só tinha servido para deixa-la mais confusa do que já estava. A letra de alguma forma havia conseguido infiltrar-se em seu coração, coisa que há muito tempo não acontecia. Era como se estivesse refletindo sua situação. Estaria ela no lugar onde sempre deveria ter estado? sentia-se pior do que a música Dividida daquela cantora mexicana que sua amiga Sheron vivia escutando.
   Fechando seus olhos ela desejou que o sono chegasse e a levasse para um lugar onde tudo fosse mais fácil, e não existissem empresários manipuladores, cantoras mentirosas e situações complicadas envolvendo rapazes bonitos que possuíam uma banda...

***

  Ela passou a ignorar as ligações de Thomas, não tinha coragem ou disposição para conversar com ele, que devia estar furioso – tanto por não ter suas ligações atendidas, quanto por não ter recebido o relatório –, mas isso não era algo importante no momento. havia tirado alguns dias para assimilar melhor as coisas antes que tomasse qualquer atitude.
   Ela também se distanciou um pouco de , ou pelo menos estava tentando nesses dois dias que passaram, no entanto, para uma atraçãozinha, como inicialmente havia classificado, isso estava dominando uma parte muito grande de seus pensamentos.
   E foi justamente por não conseguir ficar muito tempo longe dele, que ela estava tocando a campainha da sua casa naquela manhã de sábado, esperando vê-lo, pois não o havia visto nos dias anteriores, já que tinha permanecido na pousada.    A porta foi aberta por uma muito animada Mariah, dançando com uma vassoura na mão uma música que conhecia muito bem, pois ela mesma a havia escrito.
   Não pode ser!
   - Hey ! – a menina falou animada. – Achei que não fosse mais aparecer por aqui, entre!
   Tentando sair de seu entorpecimento, ela caminhou até a sala de estar onde um Mp3 reproduzia Want U Back, e foi muito estranho escutar sua própria voz saindo daqueles autofalantes e fingir que era de alguma cantora que não conhecia.
   - Estive resolvendo algumas coisas, mas eu disse que viria vê-la, não disse?
   - Sim você disse – ela sorriu amplamente – Só que eu não acho que tenha vindo visitar somente a mim.
   - Oh bem, não vejo seu irmão há alguns dias também, por isso vim visitar vocês dois. Já que ambos são meus amigos – Fez questão de frisar a última palavra, tanto para Mariah quanto para ela mesma, quem sabe assim colocaria na cabeça que aquilo era tudo que poderiam ser.
   Tentando mudar de assunto, ela passou para outro que poderia ser pior, mas que no momento era sua única opção. – Quem é que está cantando essa música?
   Mariah a olhou, horrorizada, como se ela fosse algum tipo de alienígena.
   - Vai me dizer que você não sabe?
   - Err...
   - Ai eu não acredito nisso! Ainda bem que minha diva não está aqui para ouvir isso, pois o mundo inteiro a conhece. Vai me dizer que nunca escutou falar de ?
   - É claro que já ouvi falar, só que não associei a música à cantora.
   - Pois bem, trate de se informar, já que foi com a voz dela que eu disse que a sua parecia – Olhando-a pensativa, acrescentou – Pensando bem... Você me lembra um pouco ela, mas só um pouco mesmo. Sem ofensa tá , mas ela é mais bonita que você.
   E cantando a letra de sua música, ela voltou a varrer, movendo a vassoura de um lado para o outro, enquanto seu quadril seguia o mesmo caminho.
   Aquilo era bem pior do que pensava, pois não só estava mentindo para pessoas que considerava amigas, como também estava enganando alguém que não era uma simples fã sua, mas que a tinha como ídolo.

***

   tinha acabado de sair do quarto quando ouviu vozes no andar de baixo e em meio à música que tocava ele reconheceu a voz de , o que foi uma surpresa agradável, já que faziam dois dias que não a via. Ele não sabia o motivo de seu sumiço, mas tentou não pensar que fosse por sua causa, pois as coisas haviam ficado um pouco estranhas após clima que tinha rolado entre eles.
   Na noite da praia, o medo tinha obtido o melhor dele, deixando-o travado depois do quase beijo deles, não sendo capaz de dizer nada, receando que pudesse ser mal interpretado. E durante toda a semana, ele fez de tudo para que as coisas voltassem ao normal, entretanto, apesar de sua tentativa de ignorar o que quase havia acontecido entre eles, sua mente era traiçoeira e não o permitia esquecer nem por um minuto.
   Descendo as escadas, ele viu que Mariah conversava com enquanto terminava de varrer a sala.
   - Bom dia meninas – disse ele assim que chegou ao térreo.
   - Bom dia maninho – Mariah deu-lhe um grande sorriso. Ela havia confessado na noite anterior, que resolvera lhe ajudar a conquistar , e por isso tinha entrado na garagem e sugerido aquela música para cantarem. Isso deixou confuso, uma vez que não havia como ela saber o que estava acontecendo, e por isso ele lhe fez esta indagação, o que fez com que sua irmã risse, quase histericamente, dizendo: “Só pelo olhar que ela deu ao perguntar por você, eu deduzi. Agora eu só espero que não tenha estragado nada, já que ela simplesmente desapareceu...”
   - Bom dia disse, o tirando de seus pensamentos.
   - Que surpresa agradável , você estava sumida!
   Ela sorriu timidamente.
   - Estava resolvendo algumas coisas, para poder adiar meu voo.
   Isso o fez gelar completamente por dentro. havia esquecido totalmente de que um dia iria embora, e já não lembrava mais nem há quanto tempo ela estava na cidade. Poderia estar em torno de um mês, aproximadamente, e isso era muito tempo para alguém ficar visitando apenas um lugar só, principalmente, quando existiam cidades muito mais bonitas, e com mais entretenimento do que essa.
   Era egoísta pensar assim, mas ele não queria que ela fosse embora.
   - Você já vai voltar para casa? – perguntou, tentando esconder a nota de tristeza em sua voz.
   - Ainda não - ela deu um sorriso maior. – Quero ficar mais uns dias por aqui.
   Dias.
   só ficaria ali mais alguns dias, e iria embora. Ele tinha pouco tempo para mostrar-lhe como se sentia, mas poderia trabalhar com isso. não iria desistir dela, não sem ao menos tentar.
   Antes que pudesse dizer alguma coisa, sua irmã resolveu se pronunciar:
   - E então , você ainda vai me levar para comprar minhas revistas na cidade vizinha?
   Ele olhou para a irmã, finalmente se lembrando de que havia prometido que a levaria, no entanto, sua mãe havia ligado dizendo que precisava dele no bar.
   - Bem... Mariah, infelizmente mamãe ligou pedindo minha ajuda no bar, podemos deixar para outro dia?
   O olhar dela entristeceu instantaneamente, e pela cara que estava fazendo, sabia que iria chorar, não na frente dele, mas em algum momento quando estivesse a sós, ela iria. Ele odiava não poder resolver isso.
   - Você gostaria que eu te levasse Mariah? – perguntou, deixando os dois irmãos surpresos.
   - Sério? – Mariah estava com os olhos brilhando.
   - Claro – sorriu apaziguadoramente.
   - ... Você não tem que... – tentou dizer, mas ela o cortou.
   - Eu quero levá-la . Além do mais, eu não saio muito daqui, será bom conhecer um lugar novo.
   - Se você tem certeza...
   - Tenho.
   - Então, divirtam-se! Não serei eu, a acabar com a alegria de vocês.
   - Oba! – Mariah gritou. – Só espera eu trocar de roupa um minuto?
   - Fique à vontade. Estou esperando.
   A menina subiu correndo às escadas, deixando sozinha com , mas aquele não era um momento possível para algum romance, pois ele tinha que trabalhar!
   Pedindo desculpas por não poder ficar mais tempo, saiu, deixando-a sozinha. Aquela era a oportunidade perfeita para devolver o Demo, antes que percebessem seu desaparecimento, se é que já não haviam percebido.

***

  Mariah não demorou muito, e logo já estavam no carro dirigindo para fora da cidade. Durante todo o trajeto, tentou ao máximo manter a calma para seu medo crescente de que a reconheceriam lá. Ela não sabia por que, mas estava com a sensação de que algo iria acontecer, e não seria uma coisa boa.
   Quando chegaram à cidade, Mariah deu as instruções para onde deveriam seguir e em pouco tempo pararam em frente a uma banca de revistas.
   - Você pretende comprar revistas sobre o quê? – perguntou, em uma tentativa de dissipar a percepção estranha que sentia.
   - Principalmente as de famosos, e que falem da minha diva – ela deu um sorriso sonhador – Ela está viajando de férias, e ninguém sabe para onde. Quero ver se já descobriram!
   Qual seria a reação de Mariah se soubesse que ela estava ali, ao seu lado? Provavelmente ficaria decepcionada por ela ser uma mentirosa.
   Mariah entrou na frente e ficou maravilhada em meio a tudo aquilo, só que ela precisava manter o foco e procurar as revistas sobre . Deixando seu olhar percorrer as prateleiras, ela finalmente encontrou o que queria, mas não gostou nada do que viu, e fez questão de expressar isso em alto e bom som:
   - Eu não acredito nisso!
   - O que aconteceu? – perguntou preocupada, assim chegou onde ela estava.
   A menina tinha um olhar de ódio no rosto quando o direcionou para ela, e teve quase certeza de que havia sido descoberta.
   - O idiota do Hal-T está com a Amber Miller!
   - Como?! – ela perguntou atordoada por um momento. Mariah não poderia estar falando do seu namorado, poderia?
   - Eu tinha certeza de que ele ia voltar com a , eles fazem um casal tão lindo, mas aqui está dizendo que ele foi visto aos beijos com a Amber!
   Pegando a revista das mãos da menina, teve que se controlar para não amassá-la ali mesmo, pois estampando a capa principal, estava o SEU NAMORADO aos beijos com a atriz de um filme lançado há pouco tempo.

   “Hal-T apareceu aos beijos com a estrela do filme Five Nights, Amber Miller. O rapper parece já ter superado o fim de seu namoro com a cantora .”

   estava sendo traída. Ela não podia acreditar nisso!

Capítulo 9

  Controlar-se para que ninguém percebesse como estava se sentindo por dentro foi muito difícil, mas por algum milagre, havia conseguido esse feito, e quem a visse não desconfiaria nunca que ela acabara de descobrir a traição do seu namorado.
   Após Mariah ter visto aquilo, pegou apenas duas revistas sobre famosos aleatoriamente e as levou até o balcão para pagar, e durante todo o caminho de volta para casa permaneceu em silêncio. Era incrível como sua situação havia mexido com a menina, parecia até que aquilo estava acontecendo na vida dela, e não na de uma famosa.
   Foi nesse momento que percebeu como os jovens são influenciados pela vida dos artistas e por suas decisões, e em como ela nunca havia levado isso em consideração antes. Aquela viagem estava lhe trazendo mais aprendizados do que ela imaginara que pudesse ter em toda sua existência. Mas nem estes pensamentos eram capazes de silenciar a raiva que lhe corroía por dentro.
   O resto da viagem durou apenas mais alguns minutos, e a irmã de desceu cabisbaixa do carro, agradecendo timidamente e dizendo que não se preocupasse, que ela logo ficaria bem.
   Sua primeira reação ao chegar à pousada, foi ligar para Henry e tirar satisfações, mas como Thomas estava em posse de seu celular, resolveu ligar diretamente para ele.
   Para a sorte de seu empresário, o telefone deu na caixa postal – o que indicava que ele estava em alguma reunião importante – e por isso não enfrentaria a fúria que vinha dela, não que isso a impedisse de deixar um recado explicitando bem sua opinião sobre o assunto.
   - Quanto tempo você achou que eu ficaria sem saber? – esbravejou ela, assim que o sinal sonoro soou – Eu aqui feito uma idiota fazendo um trabalho que é seu, enquanto o infeliz do Henry me traía na maior cara de pau. Mas não pense que isso ficará assim! Pode avisar ao seu precioso rapper que se prepare para quando eu chegar de viagem. Porque ele não perde por esperar! – desligando o telefone, ela o jogou com força em cima da cama.
   Parecia até mentira que o namorado dos seus sonhos e com quem estava há quase um ano, não tivesse lhe respeitado e na primeira oportunidade a traído.    Mas por que justo agora? Ou será que isso não era recente e ele vinha lhe traindo antes mesmo dela estar fora do país?
   Repentinamente tudo fez sentido em sua cabeça, como as peças de um quebra-cabeça se encaixando. Five Nights havia sido lançado há pouco mais de um mês, e a protagonista estava fazendo sucesso; Henry certamente se aproximou para pegar uma carona em sua fama e Thomas como mau caráter que era, havia arranjado uma desculpa para tirá-la de cena.
   Como pudera ter sido tão burra?
   Ela deveria ter desconfiado que a história dessa análise de banda fosse uma mentira. Desde quando Thomas Brown precisava de longas análises e relatórios para saber quando algo faria sucesso? Se algum contato o informava de que a banda era boa, ele só precisava ver com seus próprios olhos antes de investir nela. Não era o que havia acontecido com ela?
   Thomas que se preparasse, pois quando o furacão chegasse aos EUA não ficaria pedra sobre pedra.
   Depois de pensar por algum tempo, ela percebeu que andava muito desinformada sobre o que acontecia no mundo. As notícias que via, eram apenas as que seu empresário julgava serem importantes, mantendo-a em uma bolha de vidro, e até aquele momento ela nunca havia percebido que ele filtrava só aquilo que achava que era conveniente ela saber.
   Pegando seu laptop, e sentando-se na cama, decidiu que estava mais do que na hora de ver as notícias do mundo, a começar pelas da própria carreira, sobre a qual não sabia mais nada no momento.
   Após abrir o site de buscas, ela digitou e esperou para ver o que as pessoas falavam a seu respeito. Depois de algum tempo, apareceram vários fã sites, e notícias relacionadas a sua carreira, só que uma em especial lhe chamou atenção, e falava justamente sobre sua viagem. Ela clicou no link e começou a lê-la.

As férias misteriosas da princesa do pop

  Após finalizar sua mais recente turnê – intitulada Stars Dance – a cantora resolveu tirar um período de férias em sua agitada carreira. Só que a sua viagem não poderia ter sido mais misteriosa. Ninguém sabe a que horas ela saiu do hotel onde estava hospedada, nem qual companhia aérea a levou para seu destino.
   Em um plano muito bem arquitetado por seu empresário, que deu informações falsas à imprensa, a cantora saiu do país, e até agora – quase um mês depois – ninguém sabe seu verdadeiro paradeiro. No entanto, isto não é algo espantoso, se considerarmos a fama que Thomas Brown, seu empresário, tem em fazer artistas passarem despercebidos da mídia, quando é de seu interesse.
   E para conseguir tal feito ele recorre aos seus influentes contatos espalhados pelo mundo, e a muito, mas muito dinheiro para manter seu sigilo; o que não é difícil para um homem que conta com os mais bem pagos artistas do momento sendo assessorados por ele, como o ex-casal de namorados e Hal-T.
   Aliás, especula-se que o término desse namoro seja uma das razões para essa viagem, que está sendo intitulada por alguns, não como um descanso para a cantora, mas sim um modo de fugir de um mundo abalado pelo fim de seu relacionamento, de mais de um ano. Segundo fontes próximas ao ex-casal, estaria evitando falar com a imprensa desde seu último show, em Nova York, quando o término fora anunciado em um programa de televisão.
   Não temos notícias da princesa do pop desde que saíra de viagem; suas redes sociais estão abandonadas, sua assessoria, muda. E com isso não temos como saber onde ela está.

  Com o coração batendo acelerado pela fúria que a consumia por dentro, afastou o computador de sua visão e deitou-se de costas na cama, encarando o teto e esperando sua respiração acalmar.
   Fuga? As pessoas estavam mesmo pensando que ela havia fugido para não ter que enfrentar a imprensa e falar sobre o fim de seu namoro?    Naquele momento, se possível, o ódio que sentia por Thomas aumentou. Ele estava destruindo a imagem de garota perfeita, que ela com tanto cuidado criara para si. Mas quais seriam seus verdadeiros planos? Brown não fazia nada sem que recebesse algo como retorno, e muito menos perdia dinheiro desnecessariamente.
   Ao virar-se de lado, seu olhar captou uma parte da revista que estava à mostra dentro de sua bolsa - sem conseguir resistir, ela havia comprado a revista que mostrava a traição de Henry para o mundo inteiro ver – e tomada de coragem ela a folheou até achar a página que pretendia ler.

Após o término repentino com a cantora , todos pensávamos que o rapper Hal-T estaria tentando resolver as coisas com sua amada, mesmo ela estando fora do país – afinal de contas, nunca foi devidamente esclarecido por que o casal sensação se separou -, no entanto, contrariando as expectativas dos fãs, tudo indica que ele já a esqueceu.
Flagrado aos beijos, na última sexta-feira, com a atriz Amber Miller, protagonista do filme Five Nights, Hal-T mostrou que a princesa do pop é coisa do passado, e que ele já seguiu em frente. Contudo, nada foi confirmado por sua assessoria de imprensa, e o silêncio impera, enquanto esperamos por respostas sobre o mais novo casal do mundo dos famosos.

  Com os olhos embaçados pelas lágrimas, tanto de mágoa quanto de raiva, amassou a revista em suas mãos e a jogou do outro lado do quarto com toda a força que ainda possuía. Ela lutou com todas as suas forças para não chorar, pois homem nenhum merecia as lágrimas de uma mulher, principalmente um descarado como Henry, mas esta parecia ser uma missão impossível, já que elas não paravam de escorrer por seu rosto.
   O toque de seu celular a assustou, fazendo com que sufocasse um soluço que estava prestes a escapar de seus lábios. Ela cogitou atender, mesmo estando um pouco abalada faria de tudo para não deixar transparecer isso, mas ao ver que o nome na tela não era o de seu empresário ela congelou no lugar.
   Uma fúria descomunal a dominou quando viu o nome de Henry, e só não atirou o telefone contra a parede, para que estilhaçasse e cessasse seu toque sem fim, porque no último minuto percebeu que isso não valia à pena. Levantando-se da cama, foi até o banheiro recompor-se e logo em seguida pegou sua bolsa. Ela precisava sair e ficar bem longe daquele lugar.
   Assim que fechou a porta, o celular parou de tocar e ela sabia que haveria uma mensagem de voz a esperando assim que voltasse.

***

   estava na varanda de sua casa, relaxando na rede após ter passado o dia trabalhando, quando viu um vulto passar em direção ao píer. De onde ele estava, não poderia dizer quem era, já que estava escuro e a pessoa andava muito rápido, mas era perceptível que não estava bem.
   Mariah apareceu na porta e deu-lhe o mesmo olhar, de quando ele havia chegado do bar, carregado de uma tristeza sem precedentes. Ela ainda não havia comentado nada sobre isso, mas ele não iria ficar sem saber o que havia acontecido.
   - Vem sentar aqui comigo, Mariah – ele a chamou e apontou para o lugar ao seu lado na rede.
   Caminhando desanimadamente, ela sentou-se e encostou a cabeça em seu ombro, murmurando um fraco “oi”.
   - O que aconteceu, hein? Hoje de manhã você estava tão animada... – perguntou enquanto fazia carinho nos cabelos da irmã.
   - Ah ! – ela lamentou – Eu estou tão triste... O ex da está com uma atriz agora, e não vai mais voltar com ela!
   olhou espantado para a irmã.
   - Quer dizer que você está triste assim por causa disso? – perguntou ele revoltado – E eu aqui pensando que podia ter acontecido alguma coisa, como você ter se desentendido com a . Quantas vezes eu já não lhe disse para não se influenciar pela vida dos famosos? Que não vale à pena esse sofrimento, e que essa tal cantora de quem você é tão fã, nem sabe da sua existência?
   Mariah fungou e fez um gesto de concordância com a cabeça.    - Só que é mais fácil falar do que conseguir colocar em prática, – e dizendo isto, ela se levantou e voltou para dentro de casa.
   queria encontrar uma forma de animar sua irmã, só que naquele momento nenhuma ideia boa o bastante estava lhe ocorrendo. Mas ainda assim ele prometeu a si mesmo que faria Mariah esquecer o que a havia deixado triste e voltar a ser a mesma garota sapeca de sempre.

***

   A noite havia caído há algum tempo, e o céu estrelado acima do píer era a única companhia que tinha e queria naquele momento.
   Após sair sem rumo da pousada, ela dera várias voltas pela praia para espairecer a mente, mas nem isso havia sido capaz de acalmar seus pensamentos, e quando menos percebera já estava a caminho da casa de . Era estranho como tudo sempre acabava a levando de encontro a ele.
   Mas ela jamais imporia sua presença, principalmente quando não estava em seu melhor humor, e por isso resolveu passar direto por sua casa – especialmente depois que avistou uma figura na varanda, que só poderia ser ele – e seguiu em direção ao seu lugar favorito naquela cidade – o píer.
   havia perdido a noção da hora, e já não sabia há quanto tempo estava ali, a única coisa de que tinha certeza era que estava mais calma e aos poucos conseguia colocar seus pensamentos em ordem.
   - ! – ela quase caiu na água como susto que levou ao ouvir a voz de Giovanna.
   - Ai que susto Gio, quase me mata do coração agora!
   - Desculpa – pediu, rindo. – Mas não consegui resistir, você estava tão concentrada...
   - Tudo bem vou deixar passar essa – revirou os olhos. A companhia de Giovanna era bem-vinda e até já a estava fazendo voltar ao seu “normal”.
   - Então... O que aconteceu para você estar toda pensativa assim?
   deu um longo suspiro. Seria bom desabafar com alguém, isso tiraria um grande peso de suas costas, e quem melhor para isso do que sua mais nova amiga? Mesmo que não pudesse dizer toda a verdade, a parte significativa da história ela poderia contar, e era justamente o que a estava incomodando.
   - Descobri algo horrível hoje. Meu namorado estava todo esse tempo me traindo!
   Giovanna olhou-a incredulamente por um momento, enquanto tentava assimilar o que havia ouvido.
   - Você disse NAMORADO? Eu não sabia que tinha um... Quer dizer, você nunca mencionou, então...
   Era compreensível que aquilo a tivesse pego de surpresa. Não estava nos planos que aquela informação viesse à tona, aliás, não estava no combinado que ela se envolvesse com aquelas pessoas, mas também não estava no acordo que Henry saísse beijando qualquer uma e ainda publicamente!
   - Tecnicamente, ele é meu ex agora, porque não quero vê-lo nem pintado de ouro na minha frente. E se eu nunca mencionei sobre ele... foi por puro esquecimento.    - Você quer mesmo que eu acredite que você esqueceu de dizer que tinha um namorado? Never!
   - Eu só nunca achei importante, tá legal? Nós já estávamos juntos há tanto tempo que eu nem me lembrei de falar sobre isso. Além do mais qualquer um esquece alguma coisa estando nessa cidade, era tanta coisa para explorar...
   Giovanna a olhou, desconfiada, mas não insistiu.
   - Mas vem cá, por que você o deixou do outro lado do mundo e veio curtir suas férias aqui? Isso é um pouco difícil de entender.
   Essa era a parte que não podia revelar, por isso teria que inventar outra mentira.
   - Ah Gio, para falar a verdade, acho que meu namoro já estava um pouco abalado, e eu precisava de um tempo só para mim. Foi meu “tio” quem sugeriu que eu viesse para cá para ordenar meus pensamentos, só que o que eu não estava esperando é que... – ela suspirou pesadamente tentando se controlar, em algum lugar as palavras verdadeiras haviam se chocado com as mentirosas - ele não fosse nem esperar que eu chegasse de viagem, antes de terminarmos nosso relacionamento, mas o pior é que tenho quase certeza de que ele já estava com ela antes mesmo que eu viajasse...
   - Ah ! – Giovanna apiedou-se dela e a abraçou. – Não chore, que ele não merece.
   - O pior é que eu sei disso... – ela fungou. detestava demonstrar fraqueza, mas não conseguia evitar, naquele momento estava muito fragilizada.
   - Mas como foi que você descobriu?
   - Vi fotos deles na internet...
   - Nossa... eu não sei nem o que te dizer, mas se o me fizesse uma coisa dessas... nunca mais olharia nem na sua direção. Entendo agora porque você não mencionou seu namoro, você estava tentando esquecer um pouco e colocar a mente no lugar.
   apenas concordou com a cabeça, não confiava em sua voz, que poderia falhar a qualquer momento.
   - Mas e como fica o nessa história?
   - O quê? – Ela perguntou assustada.
   - Eu sei que ele gosta de você, isso é bem óbvio, qualquer um pode ver. Antes eu não sabia por que você não dava uma chance a ele e agora eu sei o motivo. Mas como você já não tem mais namorado, por que não dá uma chance ao ?
   suspirou.
   - Eu ainda estou confusa com tudo que aconteceu – Isso era a coisa mais verdadeira que ela já tinha dito naquela cidade – E mesmo se não fosse assim, não teria sentido iniciar algo com ele quando irei embora em breve. Seria injusto com os dois.
   Naquele momento, tudo o que queria era ser uma garota normal, para poder se entregar ao que sentia, mas como infelizmente ela não era, teria que se contentar apenas com a ilusão do que aquilo poderia ter sido.

Capítulo 10

(N/A: preparem a música Too Close)

  O sol iluminando a cidade marcava o início de mais um dia, só que aquele não era um dia qualquer, pois finalmente havia decidido falar o que sentia para .
   Nos últimos dias ela se mostrara distante, preferindo a companhia de Giovanna à dele, e isso estava deixando-o louco, pois sabia que havia alguma coisa errada com ela. Não que sua proximidade com Gio fosse sinal disso, já que há algum tempo elas eram amigas, mas ele notara a tristeza em seu semblante, e o que mais o frustrava era o fato dela ter se afastado dele. Independentemente de qualquer coisa, eles eram amigos.
   E em meio a tudo isso, ainda havia Mariah, que apesar de estar um pouco mais animada, continuava triste, e ele já não sabia mais o que fazer para que ela voltasse a ser como era antes.
   Enquanto descia as escadas, ele repassou mentalmente o que teria que fazer. Havia demorado mais do que pretendia, mas se isso significasse que tudo daria certo no final, então valeria a pena à espera.
   Seguindo em direção à garagem, se preparou para a chegada de , e torceu para que seu plano desse certo.

***

  Se não adorasse ver os rapazes tocando, teria recusado aquele convite para assistir o ensaio da banda, pois estava se sentindo péssima, mas não poderia deixar de ir, já que aquele poderia muito bem ser o último ensaio que veria.    Alguns dias já tinham se passado desde que descobrira a traição de Henry, mas não havia tido coragem de falar com ele ou Thomas. Ambos deixaram mensagens de voz para ela naquele dia, e se sua curiosidade não tivesse falado mais alto, ela com certeza as teria ignorado, entretanto, não havia conseguido.
   Henry mentira descaradamente, dizendo que aquilo era um mal entendido, e que ela não deveria acreditar em tudo que essas revistas de fofocas publicavam, principalmente quando sabia que ele a amava e jamais faria uma coisa dessas com ela. Como se ela fosse burra o bastante para cair em uma conversa fiada daquelas!    Thomas por outro lado, dissera que era melhor ela retornar o quanto antes para os EUA, para pudesse ouvir a verdade e assim esclareceriam com a imprensa que aquela história era uma calúnia. Ele até mesmo chegou a falar que já havia comprada sua passagem de volta para o dia seguinte. Logicamente ela preferira fingir que não ouvira aquilo, e desde então vinha ignorando todas as ligações e e-mails que recebia deles.
   estava confusa, não só quanto àquela história, mas também quanto aos seus sentimentos. Ela sabia que sentia alguma coisa por e não podia ignorar isso, mas ao mesmo tempo, sua mentira a impedia de ter qualquer coisa com ele. Quanto a voltar para casa, isso era uma questão que precisava ser muito bem pensada, pois não estava pronta para enfrentar o caos que sua vida e carreira haviam se tornado. Também não podia permanecer naquela cidade, já havia passado tempo demais ali, e mesmo que seu coração gritasse com ela por querer tomar essa atitude, tinha que ir embora dali, para qualquer lugar, não importava onde, contanto que não fosse para os Estados Unidos.
   Subindo as escadas que levavam à varanda da casa de , ela tentou colocar os pensamentos em ordem. Tinha que disfarçar o que estava sentindo, pois não queria preocupar seus amigos, já bastava que Giovanna soubesse, ao menos em parte, sobre sua situação.
   E era justamente com o apoio dela que estava contando durante esses últimos dias, o que fez com que até se afastasse um pouco de , pois não sabia como agir na sua frente sem denunciar o drama que estava vivendo.    Não demorou muito para que a porta fosse aberta, após ela ter tocado a campainha, e a convidar para entrar. Enquanto o acompanhava até a garagem, porém, ela notou algo de diferente em sua expressão, era como se estivesse ao mesmo tempo feliz e apreensivo, o que era uma junção um tanto quanto singular.
   E não foi só até chegar à garagem e perceber que a mesma estava vazia, que ela notou que não havia ninguém além deles dois em casa, pois se Mariah estivesse ali certamente já teria descido para vê-la, como sempre fazia.
   Virando-se para encará-lo, perguntou:
   - Onde estão os outros, ?
   - Eles não virão hoje. – ele respondeu simplesmente.
   - Oh, então o ensaio foi cancelado?
   - Na verdade... Não iria haver ensaio algum hoje.
   - Como? – Por essa não estava esperando.
   Ele caminhou até o outro lado e pegou o violão que estava apoiado no braço do sofá.
   - Eu busquei milhares de formas de dizer isto a você, mas percebi que sou péssimo com as palavras, então resolvi demonstrar da única forma que sei.
   Ela o olhou estupefata por um momento, e logo depois a melodia suave de uma música começou.

Well I met this girl, just the other day
[Bem eu conheci essa garota, ainda outro dia]
I hope i don't regret, the things that i said now
[Espero que eu não me arrependa agora das coisas que eu disse]
And when we're laughing, joking with each other now
[Quando nós estávamos rindo e brincando um com o outro]
I'm glad I met this girl
[Eu estou feliz que eu conheci essa garota]
She didn't walk away
[Ela não fugiu]
I think she was impressed and was having a good time
[Eu acho que ela se impressionou e estava se divertindo]
And when we're laughing, joking with each other
[E quando nós estávamos rindo e brincando um com o outro]
Spending all our time together
[Passando todo o nosso tempo juntos...]

  Ela conhecia aquela música, uma vez que já tinha sido tocada em um dos ensaios, mas havia mudado a melodia mais animada, para algo suave no violão. E por um momento pensou que estava sonhando, pois se aquilo fosse verdade, e ele estivesse prestes a se declarar para ela, isso só contribuiria para deixar tudo mais turbulento do que já estava.

She's got a pretty face, such a lovely name
[Ela tem um rosto bonito, um nome tão amável]
I don't want my friends to see
[Eu não quero que meus amigos vejam]
They might take her away from me
[Eles podem tirá-la de mim]
She's one I won't forget, in a long long long time
[Ela é alguém que eu não vou esquecer, por um longo, longo, longo tempo]
Now i really want the world to see
[Agora eu realmente quero que o mundo veja,]
That she is the one for me
[Que ela é a garota certa para mim]

  Quando ele começou a próxima estrofe, ela percebeu que aquela não era simplesmente a música Met this girl, mas que havia feito uma junção dela com Love is Easy, a tornando a música mais linda que poderia ouvir. Aquilo tudo estava errado, mas seu coração fazia parecer tão certo...

Do you feel the way that I do?
[Você se sente da maneira que eu me sinto?]
Do I turn your grey skies blue
[Eu torno seu céu preto em azul]
And make dirty streets look new?
[E faço ruas sujas parecerem limpas?]
And the birds sing
[E os pássaros cantam]
Tweedily tweet dee dee dee
Tweedily dee dee dee
And now I know exactly what they mean

[E eu sei exatamente o que eles querem dizer]

Oh I can’t believe that it's so simple
[Oh eu não acredito que isso é tão simples]
It feels so natural to me
[Parece tão natural para mim]

If this is love then love is easy
[Se isso amar, então amar é fácil]
It's the easiest thing to do
[É a coisa mais fácil de fazer]
If this is love then love completes me
[Se isso é amar, então o amor me completa]
Cause it feels like I’ve been missing you
[Porque parece que eu estive sentindo sua falta]
A simple equation
[Uma simples equação]
With no complications to leave you confused
[Sem complicações para te deixarem confusa]
If this is love, love, love
[Se isso é amar, amar, amar]
Oh it’s the easiest thing to do
[Oh que é a coisa mais fácil de fazer]

  Assim que a música terminou, ambos ficaram se encarando, sem saber o que dizer. havia perdido a voz em algum momento, enquanto tentava controlar as lágrimas que haviam se formado em seus olhos; repentinamente estava inseguro, justamente pelo fato dela não ter esboçado uma reação concreta.
   - Então... Isto quer dizer... – pronunciou após algum tempo.
   - Isto quer dizer que eu estou apaixonado por você, . – ele disse olhando diretamente em seus olhos.
   Mesmo que não estivessem muito próximos um do outro, ela sentiu o impacto de suas palavras, e conseguiu ser prendida pelo seu olhar. No entanto, logo saiu do entorpecimento em que se encontrava, pois ainda esperava que ela dissesse algo. Mas o que ela poderia dizer?
   Naquele momento a única coisa que veio à sua mente foi uma música que resumia, de certo modo, o que sentia, e foi por isso que aproximou-se dele e pediu o violão.
   - Devo confessar que me deixou sem palavras, – começou ela – E preciso dizer que também sou péssima com palavras... – E com isso iniciou a canção que diria tudo o que ela não tinha coragem para falar.

  (n/a: play na música)

You know I'm not one to break promises
[Você sabe que eu não sou de quebrar promessas]
I don't wanna hurt you but I need to breath
[Eu não quero te machucar, mas eu preciso para respirar]
At the end of it all, you're still my best friend
[No final de tudo, você ainda é o meu melhor amigo]
But there's something inside that I need to release
[Mas há algo dentro que eu preciso liberar]
Which way is right
[Qual é o caminho certo]
Which way is wrong
[Qual é o caminho errado]
How can I say I need to move on?
[Como posso dizer que preciso seguir em frente?]
You know we're heading separate ways
[Você sabe que nós estamos indo por caminhos separados]

And it feels like I am just too close to love you
[E parece que estou perto demais para amar você]
There's nothing I can really say
[Não há nada que eu possa realmente dizer]
I can't lie no more
[Eu não posso mentir mais]
I can't hide no more
[Eu não posso esconder mais]
Gotta be true to myself
[Tenho que ser verdadeiro comigo mesmo]
And it feels like I am just too close to love you
[E parece que estou perto demais para amar você]
So I'll be on my way
[Então vou tomar o meu caminho]

You're giving me more that I can return
[Você está me dando mais que eu possa retornar]
Yet there's so much that you desserve
[No entanto, há muito que você merece]
Nothing to say
[Nada a dizer]
Nothing to do
[Nada a fazer]
Nothing to give
[Nada para dar]
Must leave without you
[Devo partir sem você]
You know we're heading separate ways
[Você sabe que nós estamos indo por caminhos separados]

And it feels like I am just too close to love you
[E parece que estou perto demais para amar você]
There's nothing I can really say
[Não há nada que eu possa realmente dizer]
I can't lie no more
[Eu não posso mentir mais]
I can't hide no more
[Eu não posso esconder mais]
Gotta be true to myself
[Tenho que ser verdadeira comigo mesmo]
And it feels like I am just too close to love you
[E parece que estou perto demais para amar você]
So I'll be on my way
[Então vou tomar o meu caminho]

I'll be on my way
Então vou tomar o meu caminho]

And it feels like I am just too close to love you
[E parece que estou perto demais para amar você]
There's nothing I can really say
[Não há nada que eu possa realmente dizer]

  Ela respirou fundo após terminar a última nota, mal podendo acreditar que havia dito realmente aquilo, mesmo que em forma de canção. a observava com uma expressão indecifrável e isto estava deixando nervosa. Ele havia dito que estava apaixonado por ela, e sua resposta tinha sido dizer que deveria partir e deixá-lo em seu lugar, pois seguiriam caminhos separados.
   gostaria de saber o que ele estava pensando naquele momento. Gostaria que esboçasse alguma reação, qualquer uma, aquela espera era uma tortura.
   - O que isto exatamente quer dizer, ? – finalmente ele perguntou, após um tempo que pareceu uma eternidade.
   Liberando o ar que não havia percebido que estava segurando, o encarou enquanto respondia:
   - Quer dizer... Quer dizer que apesar de gostar de você – gaguejou ela – Nós não podemos ficar juntos.
   Por um momento ambos ficaram em silêncio, e tentou assimilar o que ela havia dito.
   - Então você gosta mesmo de mim? – ele perguntou esperançoso. De tudo o que ela tinha dito, a única parte em que ele havia prestado atenção era essa?
   - Sim , eu gosto de você – até aquele momento não havia percebido como era libertador finalmente admitir o que sentia. – Mas não podemos ficar juntos.
   Ele por fim pareceu entender o que ela desde o início estava dizendo, pois seu sorriso morreu e seus olhos adquiriram um semblante triste.
   - E por que isso?
   Ela fechou os olhos com força e tentou se controlar. Não iria fraquejar, não agora.
   - Você percebe que irei embora em breve? Que sentido teria iniciarmos algo? – e isso era apenas uma das razões do por que eles não poderiam ter nada. Havia também sua mentira em meio a tudo isso.
   - Você já ouviu falar que tempo não diz nada, se não houver um significado por trás dele? – disse segurando seu rosto e o virando para que ela pudesse encará-lo. – Se há sentimento, então significa alguma coisa. Eu não me importo com o tempo que vamos ficar juntos , contanto que eu esteja com você.
   Ela tentou lutar contra, mas não podia mais evitar. Não quando seu coração batia loucamente no peito e implorava para que esquecesse todos os motivos do por que aquilo não devia acontecer. Naquele momento não haveria mentira, tempo breve ou carreira que a impedisse de fazer o que queria. E o que queria era ficar com .
   E foi por esta razão que ela puxou seu rosto em direção ao dela, e o beijou.

Capítulo 11

(n/a: play na música secrets para entrar no clima)

  A princípio foi um beijo calmo, onde ambos exploravam a boca do outro, como forma de reconhecimento, e parecia que eles haviam esperado a vida toda por aquele momento, pois suas bocas encaixavam-se perfeitamente, e as línguas dançavam em uma sincronia que poderia ter sido descrita por uma canção. No entanto, depois que colocou os braços ao redor de seu pescoço e aproximou-se mais dele, as coisas tomaram outras proporções.
   Ela podia sentir o coração dele batendo descompassado no peito, em um ritmo similar ao que seu próprio coração fazia. Passando as mãos por seus cabelos e agarrando-os na nuca, ) intensificou o beijo, e logo tiveram que se separar em busca de ar.
   desceu beijos por seu pescoço e ombro, e em seguida fez o caminho inverso, deixando a pele de totalmente arrepiada no processo. Colando seus lábios novamente, eles iniciaram mais um beijo frenético.
   Ela sabia que deveriam parar, que estavam indo rápido demais, mas não se importava. Já havia esperado muito tempo para fazer o que realmente sentia vontade, portanto, já estava mais do que na hora de seguir as instruções de seu coração.
   Mas ao que parecia estava escutando a voz da razão, pois apartou o beijo, tentando recuperar o fôlego e a afastando um pouco de si.
   - Acho que aceleramos um pouco as coisas. Melhor irmos com calma - olhou-o indignada.
   - Não estávamos indo rápido demais, . Se quisermos ficar juntos nesse breve tempo, eu quero que seja intenso, por isso acho que já esperamos tempo demais. - e dizendo isto o puxou para mais um beijo.
   Ela só parou para raciocinar um pouco, quando haviam se deslocado para a sala e estavam em frente às escadas que conduziam ao andar de cima.
   - Não havia pensado nisso... Mas sua mãe e irmã... - disse ela, assim que pisaram no primeiro degrau.
   - Elas irão dormir no bar hoje, já que amanhã ele será aberto mais cedo - ele sorriu - Não se preocupe, estamos sozinhos...
   Isso foi o suficiente para fazê-la ficar mais calma, e em silêncio subiram às escadas de mãos dadas.
   não prestou atenção na decoração, ou qualquer outra coisa, quando chegaram ao quarto dele, pois assim que a porta foi fechada, ela se viu muito ocupada para reparar em alguma coisa.
   pegou-a pela cintura e a puxou para si, beijando-a como se seu coração fosse parar se ele não fizesse isso, e mantendo seus braços ao redor dela, levou-a para o outro lado do quarto. Eles separaram suas bocas apenas o tempo suficiente para que a camisa dele fosse retirada pela cabeça, e ao mesmo tempo a blusa de foi parar em algum lugar do quarto.
   Quando chegaram à cama, ela virou-se, de modo que ele se deitasse primeiro e a arrastasse para cima dele. E enquanto as mãos de passeavam por suas costas, e seus corpos se pressionavam juntos, sentia sua pele queimar com o desejo que corria por suas veias. Ela o queria desesperadamente naquele momento.
   Em um movimento fluido, inverteu suas posições e aproveitou para apreciar cada parte dela que podia, beijando-lhe o corpo em cada parte exposta. Quando ele desabotoou sua calça jeans, e a despiu, ela já estava à beira da loucura.
   - Você tem certeza disso, ? - perguntou olhando profundamente em seus olhos. Se ele quisesse uma resposta sincera poderia encontrá-la em seu olhar facilmente, pois ele certamente espelhava o misto de emoções que sentia e que gritavam para que aquilo acontecesse.
   - Como nunca antes, em toda a minha vida - ela respondeu enquanto o puxava para baixo, iniciando mais um beijo.

*** *** *** *** ***

  A claridade no quarto despertou de seu sono, e por um momento ela ficou desorientada sobre onde estava. Em seguida flashbacks da noite anterior vieram-lhe à mente e ela soube exatamente onde estava e com quem. E apesar de saber que aquilo havia sido errado, não se arrependia de nada, pois a única coisa importante naquele momento era a sua felicidade; por mais absurdo e louco que pudesse parecer, estar ao lado de a fazia feliz, e ela pretendia lutar por isso.
   Virando-se para o outro lado da cama, viu que ainda dormia, e pegou-se observando uma parte do corpo dele que estava descoberta pelo lençol. Seu peito subia e descia com a respiração constante, e ela notou uma tatuagem em sua caixa torácica, que tinha passado despercebida ontem à noite. Era um tipo de desenho intricado no lado direito, no entanto, ela não perdeu muito tempo olhando-a para saber o que era, pois seus olhos caíram para os músculos definidos de seu abdômen.
   sabia que possuía um corpo escultural, só não imaginava que seria tanto! Como ela pudera ter deixado de notar isso ontem? Ah sim, ela estivera muito ocupada para prestar atenção em alguma coisa.
   Com a ponta dos dedos, fez o contorno das ondas do abdômen de , tentando gravar em sua mente cada parte daquele homem. Após algum tempo seguindo esse caminho, ela o sentiu se retrair, e olhando para cima, constatou que ele havia acordado.
   - Desculpe, eu acordei você - disse encarando seus hipnotizantes olhos .
   - Acordei por mim mesmo. Acredite quando digo que tenho o sono pesado - deu um sorriso torto - E você, está acordada há muito tempo?
   - Não muito - ela sorriu, travessa - Só o suficiente para apreciar você – disse provocando. Era incrível como o sexo conseguia mudar a atitude das pessoas. Antes da noite passada, jamais faria um comentário como esse, ou se sentiria à vontade, como estava se sentindo naquele momento. Muitos poderiam discordar desse conceito, mas para certas coisas, o sexo era a solução.
   - Ah, é mesmo? - disse ele entrando no jogo e aproximando-se mais dela.
   - É sim, eu poderia ficar aqui o dia todo admirando você - sorriu e colou seus lábios aos de , iniciando um beijo calmo.
   - Digo o mesmo sobre você - esse comentário a fez corar e cobrir-se novamente com o lençol que havia escorregado de seu corpo.
   - Odeio ser estraga-prazeres, mas não podemos ficar o dia todo aqui -olhando para o relógio na mesinha de cabeceira, ela viu que o horário já havia avançado bastante. - Já é tarde , e você não tem que trabalhar?
   cobriu os olhos com o braço e suspirou - Eu não quero sair daqui, e não preciso trabalhar hoje, pois é meu dia de folga. Além do mais, quem me garante que depois que sairmos daqui, ainda será a mesma coisa? Eu não quero acabar com esse momento mágico entre nós.
   Naquele instante, percebeu que apesar do haviam compartilhado, continuava inseguro, enquanto ela cada vez mais ficava confiante com a situação.
   Inclinando-se, ela sussurrou contra sua boca: - Não há nada a temer, ; o que aconteceu entre nós não vai acabar quando sairmos desse quarto!
   - Jura?
   - Juro sim, seu bobo - deu-lhe um selinho estalado. - Agora eu só preciso saber, onde foram parar minhas roupas!
   - Aqui, vista isso - lhe entregou a camisa que estava vestindo na noite passada.
   - Sério? - olhou-o com receio.
   - Quem está sendo boba agora? - disse rindo - Você vai ficar linda nela.
   - Tudo bem! - ela falou rindo e vestiu a peça de roupa, por baixo do lençol, tomando todo o cuidado para não mostrar nada; o que o fez rir ainda mais. O comprimento da camisa ficou no meio da coxa, fazendo parecer mais um microvestido, só que bem folgado.
   Enquanto isso, havia vestido a calça do pijama, deixando seu belo tronco à mostra.
   - Vamos comer! Estou morrendo de fome.
   - Exagerado! - riu e aconchegou-se em seus braços, enquanto desciam às escadas juntos - Se quiser pode tomar um banho, e eu preparo o café-da-manhã - ela disse assim que chegaram à cozinha.
   - Tem certeza disso? - ele perguntou desconfiado.
   postou as mãos na cintura, em uma atitude indignada.
   - Está duvidando da minha capacidade?
   - De modo algum. Mas, se não se incomoda, eu prefiro assistir os noticiários, enquanto você prepara a comida. Um banho acompanhado é melhor que sozinho!
   - !
   - O que foi? – ele riu – Só falei a verdade.
   - Eu deveria deixar você sem comida, só por esse comentário – ela disse em tom de brincadeira.
   - Você não faria isso, até porque, eu mesmo posso preparar se você desistir – piscou.
   - Ok, ok. Você não sabe brincar – fingiu ficar emburrada e virou-se para procurar no armário os ingredientes para a comida que iria preparar. Enquanto abria porta por porta e selecionava algumas coisas, não pôde deixar de notar como aquilo tudo era novo para ela. Mesmo que não quisesse, Henry veio-lhe à mente e uma comparação foi inevitável. Com ele, jamais se sentira assim, ou agira como agora. Analisando bem, nunca parecera haver um elo emocional entre os dois, era apenas uma atração física e não passava disso.
   Como nunca percebera isso antes? Como se deixara levar pela maré? Ela havia sido uma estúpida por ter se deixado manipular tão facilmente pelo empresário. Essa era uma lição para nunca mais esquecer-se.
   A que o mundo aclamava não era a mesma que estava ali, extrovertida, de bem com a vida. Apesar de ambas serem a mesma pessoa, ao mesmo tempo não eram. Confuso? Imagine o que não estaria se passando na pobre mente dela.
   Ela balançou a cabeça para clarear os pensamentos. E, com a busca dada por encerrada, era hora de prender o cabelo em um nó frouxo no alto da cabeça para iniciar o preparo da comida. Enquanto mexia na panela deu-se conta de não tinha lhe dito como nomeara a junção de músicas que havia cantado para ela.
   - ? – ela o chamou, tirando sua atenção da televisão.
   - Sim...?
   - Você não me disse que nome deu à música que cantou ontem.
   - Ah, isso – ele sorriu - Eu uni os nomes e a chamei de Met the Love.
   aproveitou que ele não estava vendo seu rosto para sorrir como uma adolescente apaixonada, pois era assim que estava se sentindo; como se tivesse 15 anos outra vez. Essa era uma sensação da qual não abdicaria nunca.
   - Gostei do nome. Agora posso perguntar outra coisa?
   - Claro, pode me perguntar o que quiser.
   - Por que sua mãe e Mariah dormiram no bar?
   - Mamãe queria abrir mais cedo, e como seria mais fácil dormir no quarto que existe na parte de trás do bar, elas dormiram por lá. - Há muito tempo ele não prestava atenção no que estava passando na televisão, conversar com era muito mais importante. – Mas por que a pergunta?
   - Só curiosidade mesmo, já que isso nunca aconteceu antes, pelo menos enquanto eu estive na cidade.
   ia dizer mais alguma coisa, no entanto, o toque da campainha os interrompeu.
   - Vou atender a porta e já volto – disse ele levantando-se do sofá – E ah, por favor, não saia da cozinha.
   - Por que não? - perguntou sem entender. - Está com medo de que eu deixe a comida queimar?
   - Além de eu não querer que isso aconteça, não quero que ninguém lhe veja assim. Somente eu.
   Após olhar para o que estava usando deu uma risadinha cúmplice. - Tem razão.

*** *** **** **** *** ***

  Do outro lado da cidade, refletia sobre algo que havia descoberto e que lhe tirara o sono durante a noite anterior; aquilo era grave e mudaria tudo. Ele mal podia acreditar naquilo, entretanto, o que lera na internet associado aos últimos acontecimentos não deixava nenhuma dúvida de que era verdade. só pensava no que aconteceria quando contasse a , porque com toda certeza do mundo ele lhe diria, pois não poderia deixar seu amigo no escuro, principalmente quando ele podia ajudar.
   Assim que chegou ao bar para trabalhar procurou por ele para dizer-lhe, mas para seu desespero aquele era justamente o seu dia de folga, o que significava que o amigo só apareceria ali se fosse estritamente necessário. Isso o frustrou mais que qualquer coisa, e não permitiu que se concentrasse no serviço que deveria realizar.
   Vendo que não existia outra saída, ele esperou que o movimento do bar abrandasse um pouco antes de pedir para sair, alegando que não estava se sentindo muito bem – o que não de todo uma mentira, pois desde que a noite anterior uma sensação estranha havia se apoderado dele e que estava impelindo-o a falar o quanto antes com .
   Após sair praticamente correndo do trabalho, andou apressadamente até a casa do amigo e esperou que a porta fosse aberta, depois de ter tocado a campainha. A cena que se seguiu foi algo que ele não estava realmente esperando. abrira a porta vestindo apenas a calça de um pijama velho que ele usava desde eles se entendiam por gente, seu cabelo estava todo bagunçado e sua expressão era de quem tinha acordado há pouco tempo. Isso era totalmente atípico dele, uma vez que o amigo gostava de estar sempre impecável.
   - ? – falou surpreso assim que o viu – O que aconteceu para você estar aqui essa hora? - Ele ficou um pouco aturdido ao ser tirado de seus pensamentos e não respondeu. - Estão precisando de mim no bar?
   - Na verdade, não. Mas há algo que preciso falar urgentemente com você. Posso entrar?
   - Claro. – disse ele dando-lhe passagem para entrar na casa – O que é tão importante, que você precisou vir até aqui agora?
   - É sobre a... – ele começou a dizer, e então seus olhos focalizaram remexendo em alguma coisa no fogão, vestindo apenas a camiseta do amigo.
   havia chegado tarde demais.

Capítulo 12

(n/a: Atenção! Preparem esta música e coloquem pra tocar quando eu avisar)

   ficara tão surpreso a princípio, com a visita do amigo, que não se lembrou de que estava seminua na cozinha. Isso só ocorreu-lhe depois que fechara a porta e vira encarando-a fixamente. Não que ele pudesse culpá-lo por admirá-la; era linda, e a visão dela com as pernas à mostra era uma beleza à parte.
   - Que tal se fossemos conversar na garagem? – disse como um meio de afastá-lo. – ?! – falou ele, aborrecido, quando o amigo não respondeu. Naquele momento não haveria como ele saber que não ficara encarando-a por causa de sua beleza, mas sim por outro motivo.
   - O que? – disse, após um momento de confusão.
   - Vamos conversar na garagem. Quando terminar de cozinhar voltaremos.
   Ele anuiu e seguiu o amigo para o outro cômodo.
   - O que era tão urgente, ? – perguntou assim que chegaram à garagem.
   O que eu vou dizer agora? pensou apreensivo – Pense , pense!
   - Na verdade, , o problema é com a sua irmã. – mentiu ele – Estou preocupado com o estado em que a Mariah está.
   olhou-o, incrédulo, por um momento.
   - Está me dizendo que veio até aqui só para me dizer algo que eu já sei?!
   - Não, . O que estou dizendo que hoje ela estava mais triste que antes, e isso me preocupou.
   suspirou pesadamente – Ela está influenciada por essa tal de , de quem é tão fã. Sinceramente, eu não vejo graça nessas músicas que ela canta.
   encobriu uma risada, fazendo-a parecer uma tosse, mas não teve certeza se havia convencido o amigo.
   - Ela comentou algo sobre isso.
   - Não sei mais o que fazer com ela. Obrigado pela preocupação. É bom saber que você também cuida dela. Creio que já deva ter aprontado a comida. Que tal um café antes de retornar ao bar?
   - Eu gostaria muito. Quero ver se a turista sabe cozinhar. – não percebeu a ironia na voz do amigo.
   - Só não deixe que ela ouça você dizendo isso.

*** *** **** **** *** ***

  Um café puro simples, ovos mexidos e torradas, eram o máximo que iriam obter de uma refeição preparada por , e ela esperava que estivesse boa, pois já fazia algum tempo desde a última que fizera algo na cozinha.
   Ela fingira não ter ouvido quando entrara na casa e fixara sua atenção em terminar de preparar a comida. Fora um alívio quando o levara para a garagem, e aproveitara para subir silenciosamente para o quarto e procurar por suas roupas.
   De volta à cozinha, arrumou a mesa e esperou pelo retorno dos rapazes, que apareceram logo depois. parecia um pouco intrigado, e o olhar de não a agradou nenhum um pouco. Medo começou a correr por suas veias, até que se deu conta de como aquela situação deveria ser estranha para ele, por isso tratou de acalmar seus nervos.
   - Espero que gostem da comida, rapazes!
   - Se você não deixou queimar, para mim já está bom. – disse em tom de brincadeira.
   - Muito engraçado, . – resmungou ela, enquanto sentava-se à mesa.
   Durante toda a refeição não disse mais que duas palavras, e assim que terminou saiu o mais rápido que pôde, deixando tudo ainda mais esquisito. Talvez ele não aprovasse o fato de ela estar com , afinal só queria o melhor para seu amigo, o que, com certeza não era ela, já que teria que ir embora em breve.
   - O que está se passando nesta linda cabecinha? – perguntou , abraçando-a e distribuindo beijos por seu pescoço.
   - Nada... – ela suspirou quando ele beijou seu ponto sensível, por trás da orelha. Em apenas uma noite ele descobrira os lugares que mais a abalavam – Só achei o um pouco estranho hoje.
   se afastou dela e balançou a cabeça. – Também achei isso. Ele veio com uma conversa intrigante sobre estar preocupado com a Mariah, mas acredito que não era isso que iria me dizer, quando chegou aqui.
   - Ele ficou surpreso por estarmos juntos – afirmou convicta.
   - Até eu estou surpreso por finalmente estarmos juntos. – Colocando as mãos em sua cintura, ele a virou, de modo que pudessem se encarar – Você me deu muito trabalho, Srta. – sussurrou ele contra seus lábios.
   - Acredito que não, Sr. – ela disse reprimindo um sorriso, para logo em seguida colar seus lábios aos dele, iniciando mais um beijo. – Sinto muito, mas eu tenho que ir agora – pronunciou assim que se separaram.
   - Mas, já? Fique mais um pouco.
   - É sério , não posso ficar o dia todo aqui, e ainda mais usando as roupas de ontem.
   - Tudo bem – suspirou – Pelo menos volte para o almoço, prometo preparar algo decente para comer.
   - Está insinuando algo sobre minha comida?!
   - De modo algum. Apesar de simples, estava boa. Então, o que me diz? Vai voltar para almoçar?
   - Vou pensar no seu caso – disse brincando. – Talvez se eu tiver algum incentivo para voltar... – Ela não chegou a concluir a frase, pois os lábios de estavam novamente sobre os seus, dessa vez de forma mais intensa e abrasadora.

*** *** *** *** ***

  Após o horário do almoço Mariah voltou para casa com a mente fervilhando. Ela não aguentava mais essa tristeza, tinha que tentar animar-se um pouco.
   Subindo às escadas, ficou surpresa ao ouvir a voz de .
   - Não vale, ! Você roubou!
   - Nada disso, . Não tenho culpa se você não sabe jogar.
   Aproximando-se do quarto do irmão, ela abriu lentamente a porta, deparando-se com uma cena improvável: e sentados no chão do quarto jogando videogame.
   - Eu não acredito no que estou vendo! – comentou ela, dominada por uma súbita alegria.
   - Mariah! – saltou para longe de seu irmão, fazendo a menina rir.
   - Como é que eu não estava sabendo disso? – ela indagou, balançando a cabeça – Há quanto tempo vocês estão namorando?
   abraçou , enquanto ela escondia o rosto em seu pescoço.
   - Irmãzinha, não a deixe envergonhada. E pare de ser tão xereta!
   - Ah, , não vá ficar com vergonha de mim, você é minha cunhadinha agora. Quando se cansar do chato do meu irmão pode vir me procurar. Estarei no meu quarto te esperando – Dizendo isto, Mariah saiu do quarto do irmão e dirigiu-se para o seu.
   Assim que entrou, correu para a mesinha do computador, e o ligou, esperando que tivesse notícias que a animassem ainda mais. Ela não se decepcionou. Parecia que o dia estava fluindo para que tudo desse certo.
   Duas batidas na porta interromperam seus pensamentos – Já se cansou do meu irmão? – perguntou ela, rindo, assim que entrou.
   - Engraçadinha, sabe que não – respondeu – E o que foi que finalmente te alegrou? – ela perguntou animada, até que esquadrinhou o quarto com olhar e teve que engolir em seco. O lugar mais parecia um santuário em sua homenagem, cheio de pôsteres e fotos suas com Henry. Oh, Deus! Ela iria desmaiar. Isso era tudo tão errado.
   A mentira pesou mais que tudo em seus ombros naquele momento. Aquela menina a idolatrava e ela estava enganando-a descaradamente, fora o fato de que, agora, também estava dormindo com o irmão dela. Céus! Que tipo de pessoa ela era?
   - Como não ficar animada depois de ver meu irmão tão feliz? Mas confesso que isso é só uma parte do que melhorou meu humor.
   - E o que mais te animou? – se forçou a perguntar, tentando não deixar transparecer seu desconforto em estar ali.
   - Vem aqui para você ver – Mariah a chamou, apontando para a cadeira ao seu lado, no entanto, nem chegou a sentar, pois quando seus olhos captaram o que estava na tela do computador, não conseguiu fazer qualquer outra coisa.

  Fanpage e Hal-T forever
   Atenção fãs de plantão, finalmente o empresário da diva pop divulgou onde ela está! Não precisamente assim, mas nos deu uma dica enorme.
   Clique no link e confira.

   sentiu como se houvesse levado um soco no estômago, ficando sem ar. Não podia ser!
   - Espere, não é só isso – Mariah disse alheia à batalha interna que acontecia em seu interior. Ela clicou no link que redirecionou para um site onde havia uma entrevista de Thomas dizendo que estava curtindo as férias na Europa e que quando retornasse, começaria a trabalhar em seu novo álbum.
   Maldito cretino manipulador!
   Logo em seguida, a irmã de passou para outra matéria, dizendo que aquela sim, tinha lhe trazido a alegria que estava sentindo.

  S.O.S do amor musical
   Após um mês do término de seu relacionamento com a artista pop, , Hal-T pronunciou-se sobre os últimos acontecimentos, e esclareceu que a “suposta” foto beijando a atriz Amber Miller, não passou de um truque de ângulo do fotógrafo que fez “um simples beijo no rosto tornar-se quase uma traição” para que os tabloides e os programas de fofocas tivessem o que comentar ao seu respeito.
   Decidido a recuperar a ex-namorada, o rapper, juntamente com sua equipe de produção, organizou um concurso para que os fãs do casal possam ajudá-lo a escrever a letra de uma música que fará com que consiga recuperar o amor de .
   Serão três ganhadores, os quais terão alguns versos e estrofes utilizados para formar a “mais linda canção de amor que o mundo já viu”.
   O prêmio para os vencedores será assistir ao primeiro show de sua próxima turnê – que será iniciada em outubro – em um camarote especial, onde ganharão vários brindes autografados e terão a chance de conversar pessoalmente com o cantor – e se tudo der certo, com também.
   Se você é fã do casal, inscreva-se já, e ajude neste S.O.S do amor.

   ferveu por dentro. Muita coisa podia ser manipulada pela mídia, ela sabia, só que aquele não era o caso e ela tinha plena convicção disso. Henry não era do tipo de homem a dar beijinhos no rosto como cumprimento, se ele não tivesse qualquer tipo de relação com a pessoa; um simples aperto de mão serviria. Por isso ela não cairia naquela mentira. Henry estava saindo com aquela atriz, sim, e provavelmente com muitas outras mulheres. Cretino!
   - Isso não é legal?! – Mariah perguntou sorrindo genuinamente.
   - É... Sim – conseguiu pronunciar com certo esforço. Puxando uma respiração profunda, ela tentou se acalmar, o que não estava se provando ser uma coisa fácil. Sentando-se na cadeira, ela encarou a menina – Então... Você vai participar do concurso?
  - É claro que sim! – O sorriso dela aumentou, se é que isso era possível – Posso não saber nada sobre música, mas tenho meu irmão e seus amigos para me ajudar.
  Isso era realmente muito, mas muito ruim mesmo. pensou em ajudando a compor uma música que Henry supostamente usaria para reconquistá-la, e isto lhe causou um mal-estar.
  Droga, droga! Isso só poderia ser uma manobra infeliz de seu empresário para fazê-la retornar.
  Não ia acontecer!
  - Escuta, Mariah – pegou suas mãos e olhou diretamente em seus olhos – Não quero tirar o brilho disso, ou diminuir sua felicidade, mas você já pensou na possibilidade da ter encontrado outra pessoa nesse lugar onde ela está?
  - Não! – a menina gritou imediatamente – não faria isso, ela ama o Hal-T. Ele errou, mas eles vão voltar a ficar juntos.
   engoliu em seco.
  - Veja bem, Mariah, você sabe que a mídia manipula muitas coisas, não é? – Ela esperou que a menina assentisse para continuar – Muitas vezes pensamos que tal casal famoso é muito apaixonado, quando na verdade não é. No mundo dos famosos, a aparência é tudo o que vale, então não importa que aquilo não seja verdade, o que eles querem é que as pessoas acreditem. Quantos casais desse meio não vemos estar juntos um dia e no outro trocando farpas? Espero que esse casal não seja assim, mas só não quero que você se iluda e acabe desapontada depois.
  Como tinha conseguido dizer tudo aquilo sem titubear, não sabia, mas estava orgulhosa de si mesma, por estar lidando com a situação de forma conciliadora.
  Mariah piscou algumas vezes antes que conseguisse dizer alguma coisa.
  - Nossa! Como você entende tanto sobre isso? Parece até que já viveu essa situação.
   riu amargamente.
  - Não, eu não. Mas vi o suficiente para entender sobre o assunto.
  - Obrigada pela preocupação, cunhadinha, mas não é assim. Pode ficar tranquila.
   balançou a cabeça tentando encobrir seu desgosto. Ninguém poderia dizer que ela, pelo menos, não havia tentado dissuadi-la da ideia, não é mesmo?
  A situação estava um pouco fora de controle, entretanto, enquanto ninguém descobrisse sua verdadeira identidade, ela poderia administrar isso.

*** *** *** *** ***

   resolvera que era hora de terem outra noite de música e convidou os amigos para virem até sua casa. nada opinou, pois ainda estava abalada pela conversa com Mariah, e pelas notícias que lera na internet, muito embora não estivesse demonstrando. Isso era uma das coisas boas que podia se valer ali, resultantes do tempo em que tinha que fingir contentamento durante entrevistas com a imprensa, quando gostaria de dizer-lhes poucas e boas.
  Depois de sair do quarto de Mariah, ela havia se despedido brevemente de com um beijo, dizendo que o veria no dia seguinte, quando ele surgiu com a ideia de reunirem-se mais tarde, e ela não pôde recusar.
  Uma brisa suave, acompanhada do som das ondas do mar ao longe, envolvia a noite, que havia sido destinada a mais um momento de descontração entre os amigos. Todos encararam o mais novo casal da cidade ao vê-los juntos, sentados e abraçados na mesma rede, que há tantas outras noites tinha estado com receio de sentar-se ao lado de .
  Parecia que uma eternidade havia se passado desde aquele dia, pois tantas coisas já tinham acontecido. Agora que estava ali, sabia que não havia como voltar atrás, ela estava muito envolvida. Por isso já tinha se decidido que cantaria sem medo, e aproveitaria aquela noite como todo mundo.
   - O que vocês querem que eu toque? – perguntou quando todos já estavam sentados em seus lugares.
   - Eu prefiro que a cante algo – Mariah disse sorrindo.
   - Você se importaria? – perguntou ele, olhando-a do mesmo modo apaixonado que vinha usando desde o início do dia.
   - De modo algum – respondeu, retribuindo seu olhar – Vocês têm alguma preferência?
   - EU! EU! – Giovanna gritou empolgada – Canta Wake me up. Adoro essa música!
   - Seu pedido é uma ordem – disse ela sorrindo – Posso tocar, ?
   - Fique à vontade – disse ele, repassando-lhe o violão.
   iniciou a canção, mas não pôde deixar de notar o olhar de em sua direção. Ele estava esquisito desde a manhã, e isso não a agradava em nada.
  (n/a: play na música)

Feeling my way through the darkness
Sentindo o meu caminho em meio à escuridão
Guided by a beating heart
Guiado pela batida de um coração
I can't tell where the journey will end
Não sei dizer onde a jornada vai acabar
But I know where to start
Mas sei onde começar

They tell me I'm too young to understand
Dizem-me que sou muito jovem para entender
They say I'm caught up in a dream
Dizem que estou preso em um sonho
Well life will pass me by if I don't open up my eyes
Bem, a vida vai passar por mim se eu não abrir meus olhos
Well, that's fine by me
Bem, tudo bem por mim

So wake me up when it's all over
Então, acorde-me quando tudo estiver acabado
When I'm wiser and I'm older
Quando eu for mais sábio e mais velho
All this time I was finding myself
Todo este tempo eu estava procurando por mim mesmo
And I didn't know I was lost
E não sabia que eu estava perdido

So wake me up when it's all over
Então, acorde-me quando tudo estiver acabado
When I'm wiser and I'm older
Quando eu for mais sábio e mais velho
All this time I was finding myself
Todo este tempo eu estava procurando por mim mesmo
And I didn't know I was lost
E não sabia que eu estava perdido

  Ninguém, além dela, parecia perceber isso, o que a deixava frustrada, pois parecia intencional, para que apenas ela notasse. Uma espécie de aviso implícito. Mesmo assim ignorou e tentou cantar como se nada estivesse acontecendo.

I tried carrying the weight of the world
Tentei carregar o peso do mundo
But I only have two hands
Mas só tenho duas mãos
I hope I get the chance to travel the world
Espero ter a chance de viajar o mundo
But I don't have any plans
Mas não tenho nenhum plano
I wish that I could stay forever this young
Gostaria de poder permanecer jovem assim para sempre
Not afraid to close my eyes
Sem medo de fechar os meus olhos
Life's a game made for everyone
A vida é um jogo feito para todos
And love is the prize
E o amor é o prêmio

So wake me up when it's all over
Então, acorde-me quando tudo estiver acabado
When I'm wiser and I'm older
Quando eu for mais sábio e mais velho
All this time I was finding myself
Todo este tempo eu estava procurando por mim mesmo
And I didn't know I was lost
E não sabia que eu estava perdido

So wake me up when it's all over
Então, acorde-me quando tudo estiver acabado
When I'm wiser and I'm older
Quando eu for mais sábio e mais velho
All this time I was finding myself
Todo este tempo eu estava procurando por mim mesmo
And I didn't know I was lost
E não sabia que eu estava perdido

And I didn't know I was lost
E não sabia que eu estava perdido
Wake me up, wake me up, wake me up
Acorde-me, acorde-me, acorde-me

  - Aqui, entregou-lhe o violão assim que terminou de cantar – A próxima é sua. Vou pegar um lanchinho agora.
   - Com todo prazer, gatinha – ele respondeu e piscou, ganhando um olhar irritado de – Então, o que vai ser? – ela o ouviu perguntar, enquanto dirigia-se para dentro da casa.
   entrou na cozinha e começou a pegar os petiscos; talvez fosse precisar realizar duas viagens por causa das cervejas, mas tudo bem. Melhor do que ficar sentada lá fora encarando aquele olhar estranho de .
   Ao virar-se para depositar algumas coisas na mesa, teve que conter um grito de susto ao deparar-se justamente com ele.
   - Que susto, ! – ela disse em uma tentativa de amenizar aquela tensão.
   - Não tive a intenção de assustá-la, desculpe – mesmo ao pronunciar isso, sua voz não era amigável – Achei melhor encontrá-la aqui para conversarmos.
   - Conversar sobre o quê? – perguntou, confusa.
   - Eu sei quem você é – ele disparou.
   - Não sei se entendi o quis dizer. – ela disse, ao mesmo tempo em que torcia para que não fosse o que estava pensando.
   - Estou dizendo que sei quem você é de verdade, . Ou será que devo chamá-la de , a princesa do pop?

Capítulo 13

  Aquilo não poderia estar acontecendo, não é? Mais de um mês já havia se passado sem que ninguém suspeitasse de nada, então por que justamente agora sua mentira fora descoberta?
   - Não se dê nem ao trabalho de negar, . Isso está mais claro que água cristalina. – não gostou nada do escárnio na voz de .
   - Tudo bem – ela suspirou. – Não vou negar. Mas será que posso saber como você descobriu?
   - Você achou mesmo que conseguiria passar despercebida para sempre? Não sei como fomos tão idiotas a ponto de não ter percebido isso antes, afinal de contas, estávamos com a princesa do pop todo esse tempo!
   - Por favor, será que você poderia deixar de me chamar assim? Eu ainda sou a mesma que todos aqui conheceram – ela estava exasperada, e não sabia mais o que fazer. a descobrira e agora tudo estava acabado. Se ele contasse a antes que ela pudesse se explicar, certamente ele nunca mais olharia em sua cara.
   - Eu não sei, parece-me mais interessante chamá-la assim – sua voz era fria, algo que ela nunca tinha visto nele antes. – Não é esse o título que a imprensa te deu?
   - , por favor, eu te peço: ouça minha versão da história antes de tomar qualquer atitude. – suplicou, o que era uma novidade para ela, que sempre tinha seus desejos atendidos ao menor de seus chamados.
   - E por que eu deveria fazer isso?
   - Você veio me procurar para conversarmos, não é? Agora pode não ser o melhor lugar e momento, pois todos irão estranhar se demorarmos. Mas se puder me dar uma oportunidade de explicar, estarei te esperando na pousada onde estou hospedada quando sairmos daqui. Então, o que me diz?

*** *** **** **** *** ***

   estava demorando demais, notou , assim que iniciou a terceira música desde que ela entrara em casa. E o mais estranho era que havia entrado logo em seguida para ajudá-la com as bebidas. Ele tentou não pensar muito sobre isso, entretanto, no momento em que a música tinha acabado e eles ainda não haviam retornado, ele resolveu que iria averiguar o que estava acontecendo.
   - Que tal uma pausa? – sugeriu – A próxima é a Giovanna e ela não pode começar sem o .
   - Por mim tudo bem. – disse dando de ombros e colocando o violão no chão ao seu lado. – Quero ver se me supera, boneca! – ele piscou para Gio, que deu-lhe a língua em resposta.
   Mariah ria animadamente vendo tudo aquilo, e estava feliz que seu humor finalmente havia voltado ao normal. Resolvendo que daria mais alguns minutos antes de ir atrás da namorada, ele fez um sinal para se retirar e sentou-se ao lado da irmã no balanço.
   - Você está mais animada, o que mudou? – ele perguntou.
   Mariah inclinou a cabeça contra o balanço, e sorriu.
   - Os fãs da e do Hal-T vão ajudá-lo a reconquistá-la. Eu estou tão feliz que vou poder participar disso!
   balançou a cabeça negativamente – Já te disse para não se influenciar por estes artistas, Mariah. Você nem mesmo sabe se eles, de fato, estão separados ou não. A mídia inventa muita coisa!
   - Engraçado você viver repetindo isso, , quando seu maior sonho é ser famoso. Pare de tanta hipocrisia!
   - Ei, lindinha, não se estresse com seu irmão. – Giovanna falou, entrando na conversa. – Ele só quer seu bem.
   - Até você, Gio?! – Mariah disse, magoada. – Pare de tentar dar uma de Freud, você nem mesmo se formou ainda!
   - Mariah! – repreendeu-a.
   - Onde está a quando se precisa dela? Ela é a única que me entende por aqui.
   - Alguém falou meu nome? – voltou à varanda com os petiscos e salgadinhos, sendo seguida por , carregado com uma grade de cervejas e outra de refrigerantes – Desculpem a demora, mas eu me atrasei preparando uma sobremesa. estava me ajudando a limpar a bagunça – ela riu nervosamente.
   - Você é uma cozinheira muito desorganizada, essa é a verdade. – falou enquanto colocava as bebidas no chão. – Melhor mantê-la longe das panelas, .
   - Sobre o que vocês estavam falando? – perguntou, enquanto sentava-se novamente na rede.
   - Eles só estavam sendo chatos como sempre. – Mariah respondeu carrancuda, e sabia que eles estavam falando sobre a adoração de menina pelos famosos. Bem, sobre isso ela não iria comentar.
   - Ok, ok. Agora é a minha vez de cantar – Gio disse amenizando o clima.
   - Oh, não! – exclamou, com desgosto. – Pelo menos escolha uma música com menos agudos desta vez!
   Foi impossível não rir depois disso.

*** *** **** **** *** ***

  O nervosismo tomou conta de , enquanto aguardava chegar para conversarem, e esta não era uma sensação que ela gostasse de sentir. estava acostumada a ter confiança em tudo o que realizava, em ser aclamada por um grande público, não a se deixar vulnerável sob o olhar de alguém que detinha o poder de colocar tudo o que ela vinha batalhando a perder.
   já havia se mostrado uma pessoa de opinião forte, que quando tinha uma ideia sobre algo, dificilmente alguém conseguiria alterá-la. Ele havia mostrado o quão difícil isso iria ser, só pelo trabalho que fora convencê-lo a deixar a conversa para outra hora, mas acabou convencendo-o de que isso era o melhor, e ela estava se valendo de seu poder de persuasão para conseguir que ele mantivesse segredo sobre sua verdadeira identidade.
   A batida na porta do quarto tirou-a de seus pensamentos e, com grande receio, ela abriu a porta para entrar.
   O início da conversa não foi o mais amigável, contudo, depois de alguns minutos conseguiu acalmá-lo o suficiente para que ouvisse sem interrompê-la.
   Ela contou basicamente tudo, desde o plano inicial de seu empresário de mandá-la para avaliar a banda e como ele queria que se infiltrasse no círculo de amizades dos integrantes. Pediu desculpas pelo ocorrido em sua primeira noite na cidade, quando fez um escândalo no bar. Falou sobre como resolveu mudar de tática de aproximação; mencionou o Demo, os vídeos que fizera dos ensaios deles, os relatórios da avaliação e como no último minuto desistira de enviar tudo. Por fim, falou de seu relacionamento com , e como lutara contra seus sentimentos por ele, por saber como era complicada sua situação ali, naquela cidade.
   , por outro lado, não se mostrou compreensivo e estava irritado por estar namorando o amigo, quando este não sabia nada sobre ela. E tornou-se ainda mais furioso pelo “fenômeno” e Hal-T forever, e pela proporção que isso estava tomando. tentou argumentar, dizendo que não tinha culpa das manipulações do empresário, mas não lhe deu ouvidos e continuou falando o quanto o amigo sofreria quando soubesse a verdade, até que ela perdeu a paciência.
   - Você ouviu alguma coisa do que eu disse? – indignou-se. – Tente me ver apenas como um ser humano comum, assim como fazia antes. , eu te peço, por favor, que não conte nada ao . Você arruinaria qualquer chance que teríamos de ter um relacionamento.
   olhou-a ceticamente.
   - E como eu vou saber que você não quer apenas brincar com os sentimentos do meu amigo? – Eles estavam andando em círculos, ela sabia disso. já havia pontuado aquilo mais de uma vez. já estava ficando farta desta repetição.
   - Eu já disse que o amo, o que mais você quer que eu diga? – Até para seus ouvidos ela soou desesperada. – Pelo sou capaz de tudo, inclusive de deixar minha carreira para viver aqui com ele.
   - Você faria isso?! – ele perguntou, atônito. Até a própria estava chocada pelas próprias palavras, ela ainda estava considerando seu significado, e concluiu que sim, era isso que tinha que fazer.
   - Não só faria, como farei. – Ela estava totalmente convencida agora. – Pretendo ligar para meu advogado o quanto antes para desfazer o contrato que assinei. É por isso que te peço, , para manter isso em segredo.
   - Você sabe que, eventualmente, terá que dizer-lhe, não é? Meu Deus! A Mariah é sua maior fã. Já pensou no que vai acontecer quando a verdade vier à tona?
   - Prefiro não pensar sobre isso, não quero sofrer por antecipação. O melhor é viver um dia de cada vez, mas saiba que irei contar tudo a ele, só que no momento certo. Eu preciso ter certeza de que nosso amor é forte o suficiente para passar por isso, antes de revelar minha verdadeira identidade, e o motivo que me trouxe até aqui.
   - Falando nisso, você não deixou muito claro por que desistiu de enviar o relatório com a avaliação da banda. Nós já poderíamos estar gravando o primeiro álbum a esta altura!
   - , suspirou. – Você não tem ideia do inferno que é a vida de um famoso. Você pode querer a fama, mas não quer o que vem com ela. – Ela balançou a cabeça. – Desisti de enviar os relatórios porque vocês não merecem ter um empresário como Thomas Brown. Ele iria fazer da vida de vocês um inferno, assim como tornou a minha. Brown é um manipulador, que não tem escrúpulos e faz o que for preciso para atingir seus objetivos. Conheço o trabalho de vocês, e tenho certeza de que conseguirão o que querem sem precisar recorrer a alguém como ele. mencionou outro dia o concurso que pretendem participar, e vocês têm grandes chances de ganhar.
   - Nossa! Esse é um lado seu que eu não conhecia. Desde quando você passou a refletir tanto sobre as coisas?
   - Desde que conheci todos vocês eu mudei, reavaliei meu comportamento, meus interesses, e agora sei o que, de fato, é importante na vida. E não se preocupe, , mesmo que não ganhem esse concurso, tenho influência suficiente para ajudar vocês lá fora.
   - Quanta gentileza da sua parte! – ele ironizou. – Mas, isto, supondo que o te perdoe pelas mentiras, não é?
   - Caramba, ! Você sabe mesmo como acabar com um bom momento. – disse, irritada. – Não estou esperando que nos tornemos melhores amigos, agora que sabe de tudo. O problema é que você é a única pessoa com quem posso falar abertamente e revelar meus planos.
   - E os seus planos incluem a McFly entrando, de vez, no mundo da música?
   - Mas é claro. Eu já disse, de uma forma ou de outra, vocês serão reconhecidos. Não é porque romperei os laços com Thomas Brown que deixarei de ter influência nesse meio.
   - Posso ser indiscreto agora?
   - Mais do que já foi? – Ela não deixou a oportunidade passar, e falou com escárnio.
   , por incrível que pudesse parecer, ficou um pouco desconcertado.
   - Eu só gostaria de saber quando pretende falar com seu empresário.
   - Querendo averiguar a veracidade dos meus planos, não é? – perguntou, ofendida. Ela sabia que não tinha a confiança dele, só não imaginava que ele fosse fazer marcação cerrada quanto ao que havia planejado.
   - Não, . Só perguntei por que, se você não se importar, gostaria de estar aqui com você. Sabe, para prestar... Apoio moral. Não deve ser fácil fazer isso e você não tem mais ninguém aqui com quem possa falar sobre isso, você mesma disse.
   Certo, possuía um excelente ponto, entretanto, sabia que aquela não era sua motivação, apesar de que, ela tinha de admitir que ele possuía um ótimo papo de vendedor. Como não conseguira se controlar, acabara dizendo isto a ele, que, pego de surpresa por ela ter emitido sua verdadeira opinião, ficou calado, encarando-a.
   - Sei que pode parecer que estou pretendendo vigiá-la, , e não posso negar que uma parte de mim ainda não acredita que você tenha coragem de desistir de tudo. O fato é que, depois que Giovanna começou o curso de Psicologia, vem me dizendo muitas coisas, aconselhando-me, tal como se fosse seu paciente, o que me leva a crer que talvez eu seja sua cobaia. Você me pediu para vê-la como apenas uma pessoa comum, como eu costumava fazer, e é isto que estou tentando fazer.
   Tudo bem – pensou ela – Não vou discutir isso. Seja qual for a motivação dele, irei precisar de alguém quando terminar de falar com Thomas, porque tenho certeza de que não será nada fácil.
   suspirou – Pretendo telefonar amanhã, quanto antes isto for resolvido, melhor.
   - Ótimo! A que horas devo estar aqui?
   - Sinceramente, eu ainda não sei. Mas você não tem que trabalhar amanhã? Como poderá estar aqui? – Ela perguntava isso, porque não poderia telefonar à noite. iria ficar desconfiado se ela não fosse vê-lo, e, principalmente, se também não aparecesse.
   - Amanhã, por sorte, é o meu dia de folga. Agora se decida logo por um horário, por que não posso ficar aqui a noite toda!

*** *** **** **** *** ***

  O telefone tocou uma, duas, três vezes. pegou sua mão como forma de tranquilizá-la, de mostrar que ela não estava sozinha, o que surpreendeu , que não esperava um gesto como aquele vindo dele. Desde que chegara ao seu quarto na pousada naquela manhã, permanecera quieto e aguardou pacientemente enquanto ela criava coragem para ligar para o empresário.
   - Finalmente resolveu dar sinal de vida! – Thomas disse, assim que atendeu. soltou sua mão da de e levantou-se da cadeira em que estava sentada anteriormente, começando a andar pela sala de estar da suíte. Agora ele veria com seus próprios olhos como ela agia em seu mundo, era hora de trazer a velha à tona.
   - Não estou muito a fim de suas ironias, Brown. Não teria ligado se não fosse importante, pois acredite, você era a última pessoa com quem eu gostaria de falar.
   Thomas deve ter percebido a seriedade dela, pois não refutou com algum comentário sarcástico como era de costume.
   - Sobre o que estão falando com relação ao Hal-T... – começou ele, mas não o deixou continuar.
   - Não quero ouvir uma palavra – disse ela, enfurecida – nenhuma palavrinha que seja referente àquele ordinário. Estou cansada das mentiras de vocês. Liguei porque tenho assuntos importantes para tratar com você. – Chegara o momento crítico daquele telefonema, e achou melhor estar sentada para isso. apenas a observava de onde estava sentado.
   - Estou ouvindo, , fale logo.
   Mesmo relutante em admitir, ela sabia que não conseguiria passar por aquilo sozinha, e por isto, estendeu sua mão por cima da mesa que os separava, para que pudesse pegá-la. estava precisando de força naquele momento.
   - Não voltarei mais para os Estados Unidos, Thomas, conheci alguém que me ama pela pessoa que sou, não por minha fama. Por isso, pretendo cancelar o contrato que assinei com você.
   Ele riu, na verdade, foi uma grande gargalhada. – Você só pode estar brincando!
   - Nunca falei tão sério na vida – disse ela, convicta de suas palavras. Mesmo que aquilo fosse uma loucura, como sua amiga Sharon havia dito na noite passada quando ela ligara, depois da saída de , para que a amiga desse sua opinião sobre o assunto.
   - , querida, não sei se está ciente disso, mas uma quebra de contrato lhe causará uma multa enorme, tem certeza de que é isto mesmo que quer?
   - Estou ciente disso, não se preocupe. Tenho dinheiro suficiente para arcar com as consequências da minha escolha, e viver confortavelmente bem por muitos anos.
   - Só se esta sua definição se aplicar a uma vidinha bem abaixo do que está acostumada agora. Porque, meu bem, quando tudo isto acabar, sua fortuna terá ido embora.
   - Não preciso mais de luxo para viver, não que você entenda esta definição. Tenho tudo o que preciso aqui com o .
   - ? Realmente, ? – de alguma forma Thomas se lembrava do nome dele e fez a associação – Você está jogando tudo para o ar por causa de um dos integrantes da banda que mandei você avaliar?! Você é mais inteligente que isso.
   já estava ficando agitada com a conversa e começou a caminhar de novo de um lado para outro da sala enquanto falava.
   - Sei que pode ser difícil para alguém como você entender, mas existem coisas que não podemos controlar, e o amor é uma delas.
   - Pense bem no que está querendo fazer, . Você é uma artista promissora que mal iniciou sua carreira, apesar de já ter faturado muitos milhões. Vai mesmo abandonar tudo em nome de algo que nem tem certeza de que vai dar certo? Porque ele não sabe sua verdadeira identidade, imagino, e tenho certeza de que não reagirá nada bem quando souber que foi enganado.
   Aparentemente seu empresário e tinham pensavam do mesmo modo. Ela não se deixaria abalar por isso. entenderia sua situação, ou pelo menos esperava que sim.
   - Você não sabe do que está falando! – ela gritou. – Não o conhece como eu, então pare de tentar me persuadir a voltar para algo que eu não quero! NÃO QUERO! Entendeu bem? – Ela respirou profundamente, tomando fôlego. - E não estou abandonando nada. Apenas irei dar um tempo na minha carreira. Quantos artistas não fazem isso?
   - Os fracassados, você quer dizer? – Thomas debochou.
   - É preferível isso a um sucesso a base de mentiras. Entrarei em contato com meu advogado e ele deve resolver tudo com você sobre a dissolução do contrato. Adeus, Brown.
   Ela sabia que seu empresário não desistiria facilmente com essa simples conversa. tinha certeza de que Thomas Brown ainda lhe daria muita dor de cabeça.

Capítulo 14

  - Bem, posso dizer que esta foi uma conversa, no mínimo, interessante. – disse, assim que terminou a chamada e colocou o celular na mesa. Em resposta ela lhe deu um sorriso cansado.
   - Isto é só uma amostra do que a banda enfrentaria se ele fosse o empresário. Foi desse desgaste que eu quis salvar vocês.
   - Acho que agora entendo um pouco mais você. Não deve ser fácil ter que viver aturando isso.
   - Você não faz ideia, .
   - , você tem certeza de que não vai se arrepender desta decisão depois? – perguntou, preocupado. – Sei que você disse que gosta do , mas e se isso não for o suficiente?
   tocou suas mãos.
   - Não vou, , quanto a isto não tenha dúvidas – e sorriu amplamente para confirmar que não estava mentindo, pois era um sorriso verdadeiro.
   - Então, estou feliz por vocês dois. Não vou fazer nada que prejudique o relacionamento que estão construindo.
   - Obrigada, . É muito bom ouvir isso. – Levantando-se da cadeira em que estava sentada, ela virou-se novamente para encará-lo, enquanto perguntava: - Você acha que ele gostaria de uma visita minha agora?
   - Bobo como ele é? – brincou . – Como certeza vai adorar.
   Ambos riram.
   jamais imaginara que um dia estaria em um momento descontraído assim com depois do início nada agradável que tiveram, e, principalmente, após ele descobrir sua verdadeira identidade. Mas era revigorante, tinha de admitir.

*** *** **** **** *** ***

  Os próximos dias se passaram sem que recebesse qualquer notícia de seu empresário. Ele estava muito silencioso para alguém prestes a perder sua maior estrela em ascensão, e mais, especialmente quando Herbert, seu advogado, já havia entrado em contato com ele para a dissolução do contrato.
   Os momentos que passava com eram mágicos e especiais, ajudando a abrandar sua mente dos problemas que enfrentava, contudo, eles eram poucos, e isto a frustrava. Toda noite era a mesma coisa: se estivessem em sua suíte, ele tinha que sair quase que imediatamente após ser perderem por horas nos braços um do outro; e se estivessem na casa dele, ela tinha que sair na ponta dos pés para não acordar a mãe e a irmã dele.
   estava se cansando disso, não que ela se arrependesse de estar com ele, só que gostaria de poder dormir e acordar abraçada a ele, assim como na primeira vez. Entretanto, estava sendo privada disso, e a situação não a agradava nem um pouco.
   - Você está muito pensativa, o que foi amor? – perguntou sentando-se ao seu lado no sofá. Era sábado, e a banda iria tocar em algum lugar próximo, só que não iria assistir, para desgosto de . Ele não poderia saber por que, e nem ela revelaria, por isso fora visitá-lo para aproveitar o máximo de tempo juntos antes que ele tivesse que ir.
   Com relação à pergunta que ele havia feito, pensou que seria melhor dizer a verdade, pois já estava mentindo sobre muitos aspectos importantes de sua vida.
   - Você quer mesmo saber, , então vou te dizer. – Ela virou-se, de modo que pudesse encará-lo. – Estou ficando cansada dessa situação.
   Choque abateu-se em sua expressão.
   - O quê?! – ele perguntou, alarmado.
   - Isso mesmo. Estou cansada das noites que tenho que escapar daqui, ou que você tem que sair apressado do meu quarto para não chegar muito tarde em casa.
   ficou calado por um momento, enquanto as palavras afundavam em sua mente, quando por fim conseguiu pronunciar alguma coisa, sua voz soava desesperada.
   - Não, ... Eu... Você... Nós - Ela sentiu uma pontada de culpa por ter deixado parecer que queria terminar com ele. Longe disso. Depois de muito refletir, tivera uma ideia que resolveria o problema dos dois, bastava que ele concordasse.
   - Ei, se acalme. Não estou terminando com você, se foi isso o que pensou.
   - Não? – O alívio era evidente em sua voz.
   - Não – repetiu ela e deu-lhe um breve beijo nos lábios. – Mas isto não muda meu incômodo com a situação.
   - Sei que não é fácil, , mas...
   Ela o interrompeu antes que pudesse continuar: - Tenho a solução perfeita, não se preocupe. – falou animadamente.
   - E qual seria? – perguntou, intrigado.
   - Venha morar comigo – ela disse sem rodeios.
   - O quê?!
   - Lembra quando te disse que não iria mais embora? – ele simplesmente assentiu. – Pois bem, não faz sentido morar em um quarto de pousada, não é mesmo? Eu estive pensando, e, por que não? Nós poderíamos alugar uma casa juntos e o problema estaria resolvido.
   - Não é tão simples assim, . – falou, de repente, sério. – Acho que você não deve ter noção de quanto custo o aluguel de uma casa nessa região. Esta é uma cidade turística, o que realmente não torna mais barato, fora os custos para mantê-la.
   Ela havia esquecido que não fazia ideia de sua riqueza. Ele pensava que estava sendo custeada por um tio, um presente de aniversário - como ela havia lhe dito, quando perguntara por que escolhera passar as férias ali. Esta havia sido a história que Thomas lhe instruíra a contar antes de enviá-la para a Europa. Pelo menos uma coisa ele havia feito de útil.
   - , eu entendo sua preocupação. – começou. – Só que isto será mais cômodo para mim. Você por acaso acha que ficar naquela pousada é barato? – Ele abriu a boca para responder, mas ela fez um gesto com a mão, impedindo-o de continuar. – Sei que meu tio esteve me ajudando, mas eu tenho algumas economias guardadas. – “Economias” era um eufemismo para o dinheiro dela, entretanto, disto ele não poderia saber. – E posso me dar o luxo de alugar um lugar para morar. Pode ser bem pequeninho, com um quarto, mas será nosso. Além do mais vou começar a trabalhar também. Por favor, diz que sim. Eu tenho certeza de que vai dar certo!
   - Eu... Eu não sei, .
   - Chegamos! Então podem parar com essa pegação toda! – gritou, entrando na casa, sendo seguido pelo restante da banda, além de Giovanna e Mariah.
   - O que vocês estavam aprontando? – Mariah perguntou, jogando-se no sofá em frente ao que eles estavam sentados.
   ficou calado, mas viu aquela como uma oportunidade de ouro para conseguir atingir seu objetivo.
   - Ah, o de sempre. – deu de ombros. – Seu irmão sendo um chato. Convidei-o para morar comigo, mas ele não quis.
   - O QUÊ?! – gritaram todos em uníssono.
   - VOCÊ PEDIU MEU IRMÃO EM CASAMENTO?! – Mariah gritou pulando do sofá. – EU NÃO ACREDITO NISSO!
   - Baixinha, creio que ela o convidou para morar com ela. Não foi um pedido de casamento - tentou esclarecer a situação.
   - Para mim dá no mesmo. É CASAMENTO! - Ela gritou empolgada. – Espere, por que você não aceitou? – Mariah virou-se para olhar para seu irmão, lhe lançando um olhar inquiridor.
   fuzilou com os olhos, mas ela simplesmente sorriu. Agora é com você, baby – ela pensou.
   - Mariah, as coisas não são tão simples como a acha. – se defendeu.
   - E por que não? – ela fez beicinho, porque sabia muito bem que seu irmão não resistia quando fazia isso. Se quisesse alguma coisa era só apelar para esta tática que conseguia. – Você não gosta da ? – perguntou com voz chorosa.
   Oh, por Deus! – pensou ele, exasperado. Lançou um olhar suplicante para . Ele não queria uma plateia nesta conversa, ao contrário de sua namorada. Ela estava lhe desafiando. não conhecia este seu lado.
   - , ? Vocês poderiam me ajudar com alguns equipamentos que faltam ser levados para o carro? – estava fazendo o que ele pedira. sabia que podia contar com sua ajuda.
   - Eu pensei que já tivéssemos levado tudo? – perguntou sem entender que aquela era uma deixa para deixar seu amigo sozinho com a namorada e a irmã.
   - Se o está dizendo que falta, é porque falta. Agora vamos logo, idiota! – o empurrou para a porta. e Giovanna seguiram atrás.
   - Bem, você não respondeu minha pergunta. – Mariah continuou, assim que estavam sozinhos.
   suspirou. – É claro que eu gosto da , não se trata disto!
   - Então, o que é?
   - Seu irmão pensa que não conseguiremos arcar sozinhos com as despesas de uma casa – entrou na discussão, afinal de contas, fora ela quem a iniciara.
   - E não podemos! - ele disse.
   - Eu digo que podemos, e se você não quer morar comigo, é porque não gosta de mim. – Pronto, ela havia adicionado mais lenha na fogueira. Agora se tratava de um ultimato. sempre conseguia o que queria, e naquele momento não seria diferente. Ela não se importava se sua atitude era infantil, ou não.
   Mariah havia se calado e observava os dois, surpresa.
   - Assim não é justo, . Eu gosto de você, mas isto que está sugerindo é uma loucura.
   - Esta é sua palavra final?
   - O que você quer dizer?
   - Quero dizer que chegamos a um impasse. E se esta for sua decisão final, estou indo embora.
   tomou uma ingestão aguda de ar. não podia ir embora, não depois que ela finalmente havia decidido ficar ali com ele, e não retornar para os Estados Unidos. Ele estava apaixonado por ela, droga! Não podia deixar tudo ser jogado para ar por um medo idiota. Era hora de arriscar. Se desse certo, ótimo, mas se não saísse como ela estava planejando, eles poderiam recomeçar de novo. O importante era ficarem juntos.
   - Tudo bem, então vamos morar juntos – ele falou baixo, sufocado.
   - Não ouvi o que você disse. – falou com alegria na voz.
   - Eu disse que vamos morar juntos – ele repetiu mais alto.
   - AINNN QUE FOFO! – Mariah gritou, enquanto pulava nos braços de e lhe dava um beijo casto – Eu tenho que contar isso para todo mundo! – e saiu correndo gritando “Vai ter casamento”
.    - Bom, agora eu só tenho que procurar nossa casa. – disse aninhada no namorado, distribuindo pequenos beijos em seu pescoço.
   - Você não luta justo, sabe disso, não é?
   - Nunca disse o contrário! – ela disse, divertida.

*** *** **** **** *** ***

  Duas semanas já haviam se passado desde que fizera a proposta a , e ela encontrara a casa ideal para eles. Não ficava muito longe da pousada onde estivera hospedada, e tinha um lindo design, apesar de simples. Além do mais, o fato de já estar mobiliada ajudou muito à questão da mudança, pois ela queria estar em sua própria casa o mais rápido possível. Só havia algo com o qual não concordaria, o preço do aluguel.
   Ele havia concordado com tudo, mas estava insistindo que todas as despesas seriam dividas ao meio. Pensando nisto, mentira sobre o valor total, mostrando um recibo falso onde constava um número que era apenas um quarto do que pagaria realmente. No entanto, nem isto fez com que ele acreditasse, pois sabia que a casa valia pelo menos o dobro. Para comprovar o que estava dizendo, ligou para seu advogado e pediu que fingisse ser o corretor de imóveis com o qual fechara negócio, para que pudesse falar com ele.
   Essas eram apenas mais mentiras para acrescentar à lista que parecia interminável para . Ao que parecia, para ser feliz ali, ela teria que mentir sobre muitas coisas, se não quisesse revelar sua verdadeira identidade. Quem não estava gostando nada desta situação, era . Ele tornara-se o único com quem podia contar realmente, já que sabia de tudo, apesar de não achar correta a forma com a qual vinha agindo. Se dependesse dele, já saberia de tudo, mas ela sentia que ainda era cedo demais. Precisava de mais tempo. Muito mais tempo.
   E durante as semanas que se passaram, todos tentaram dissuadir Mariah da ideia fixa que ela tivera de que seu irmão precisava de uma cerimônia de casamento, no entanto, ninguém conseguiu. Quando a menina colocava alguma coisa na cabeça, dificilmente alguém conseguia fazê-la mudar de ideia. Por isso, eles acabaram aceitando e iniciaram os preparativos.
   Após muitas divergências sobre como deveria a cerimônia de e , o dia que haviam escolhido para realizá-la, enfim chegara. A noite que caíra há algum tempo estava fria, fazendo par com o mar calmo.
   olhou pela janela de seu quarto, observando o lindo céu estrelado de agosto, enquanto tentava controlar sua respiração. Ela estava nervosa, apesar de saber de que não havia motivos para isto, pelo menos não naquele momento. Era como se estivesse em seu primeiro show outra vez, sentindo aquele frio na barriga, e a respiração acelerada. Giovanna estava divertindo-se, e muito, com aquela situação. Mariah e ela eram as encarregadas de ajudar a se arrumar, e não escondiam seu divertimento com a reação atípica da “noiva”.
   - Está pronta. – Gio cantarolou, inspecionando seu trabalho.
   - Você está tão linda! – Mariah gritou, empolgada. – Meu irmão vai ter um ataque do coração quando te vir!
   - Espero que não seja para tanto. Não quero ficar viúva. – riu.
   - Okay, deixe a noivinha se olhar no espelho. – Giovanna falou enquanto virava , para que esta pudesse ver seu reflexo.
   Suspirando novamente, mudou seu foco da janela, e fixou seu olhar no espelho da penteadeira. Instantaneamente, seus olhos encheram-se de lágrimas. Ela estava linda, mas diferente, de um modo bom, o que a deixou feliz. O vestido que comprara naquela manhã com as meninas era um modelo tomara que caia branco com uma faixa de predarias simples na cintura, e ficava um pouco acima dos joelhos. Seu cabelo fora preso em um coque frouxo com um lírio branco, e a maquiagem dava-lhe um ar angelical. Era impossível não ficar emotiva ao ver-se tão diferente do que estava acostumada. Sua maquiagem para os shows sempre foi muito pesada, e dava-lhe um aspecto mais velho.
   - Ah, não. Não, não! Nada de chorar – disse Giovanna abanando seu rosto, para secar as lágrimas. – Vai borrar a maquiagem desse jeito!
   - Desculpe, eu só... Só fiquei emocionada. Não imaginei que vocês fossem me transformar em uma noiva de verdade.
   - Irmãzinha. – Mariah sorriu. – Posso te chamar assim? – assentiu. – Você é uma noiva de verdade. Vocês só optaram por uma forma diferente de matrimônio.
   - Mariah tem razão, . E por sinal, você está ficando muito uma pirralha muito inteligente, hein? – Gio disse, voltando-se para a menina.
   - São os genes da família – disse a garota, rindo, sendo acompanhada pelas outras.
   - Tudo bem, já é hora de irmos. Os rapazes estão nos esperando. – Giovanna voltou-se para . – Pronta?
   O que ela poderia dizer? Aquilo era o que mais desejava, então, sim, sua resposta seria sempre afirmativa. Entretanto, preferiu apenas responder com um gesto de cabeça, por medo de sua voz falhar.
   Elas seguiram para o lado de fora de sua nova casa, onde a varanda havia sido decorada com várias flores brancas, e mais à frente, na praia, um arco branco em formato de coração fora montado. a esperava lá, juntamente com os outros membros da banda. Giovanna e Mariah desceram às escadas e juntaram-se a eles, deixando-a sozinha lá em cima.
   Os rapazes começaram a tocar a melodia suave da música que ela escolhera com quando decidiram realizar esta espécie de ritual matrimonial, e que traduzia literalmente como ambos se sentiam com relação um ao outro. Cada palavra da canção refletia o relacionamento deles, como se houvesse sido escrita especialmente para eles.
   , vestido em uma calça jeans e uma blusa social branca com as mangas dobradas, começou a caminhar em direção a ela, e a cada passo dele, sentia seu coração bater mais forte no peito. Quando ele chegou à base da escada, cantou olhando profundamente em seus olhos:
(n/a: play na música)

Once in a lifetime
[Uma vez em sua vida]
Means there's no second chance
[Quer dizer que não há segunda chance]
So I believe that you and me
[Então eu acredito que eu e você]
Should grab it while we can
[Devemos agarra-la enquanto podemos]

Make it last forever
[Fazer tudo durar para sempre]
And never give it back
[E nunca desistir]

It's our turn
[É a nossa chance]
and I'm loving' where we're at
[E eu estou amando o modo como estamos]
Because this moment's really all we have
[Porque este momento é realmente o que temos]

Everyday
[Todos os dias]
Of our lives
[Das nossas vidas]

Wanna find you there, wanna hold on tight
[Quero te ter lá, quero te segurar firme]

Gonna run
[Vamos correr]

While we're young
[Enquanto somos jovens]
And keep the faith
[E manter a fé]

Everyday
[Todos os dias]

From right now
[A partir de agora]
Gonna use our voices and scream out loud!
[Vamos usar as nossas vozes e gritar bem alto!]

Take my hand
[Pegue minha mão]
Together we
[Juntos]
Will celebrate
[Vamos celebrar]

Celebrate
[Celebrar]

Oh, ev'ryday
[Oh, todos os dias]


   não sabia como conseguira iniciar sua parte na canção, mas estava feliz que tudo estava dando certo. De mãos dadas com , ela caminhou até onde seus amigos estavam.
They say that you should follow
[Eles dizem que você devia seguir]

And chase down what you dream,
[E correr atrás dos teus sonhos]

But if you get lost and lose yourself
[Mas e se você se perder e perder a você mesmo]

What does is really mean?
[O que isso realmente significa?]

No matter where we're going
[Não importa para onde vamos]

It starts from where we are
[Começa de onde estamos]

There's more to life when we listen to our hearts
[Há mais a viver quando ouvimos o nosso coração]
And because of you, I've got the strength to start
[E por causa de você tenho forças para começar]

Yeah, yeah, yeah!
[Sim, sim, sim!]

Everyday
[Todos os dias]
Of our lives
[De nossas vidas]

Wanna find you there
[Quero te ter lá]
wanna hold on tight
[Quero te segurar firme]

Gonna run
[Vamos correr]
While we're young
[Enquanto somos jovens]
And keep the faith
[E manter a fé]
Everyday
[Todos os dias]

From right now
[A partir de agora]
Gonna use our voices and scream out loud!
[Vamos usar as nossas vozes e gritar bem alto!]
Take my hand
[Pegue minha mão]
Together we
[Juntos]
Will celebrate
[Vamos celebrar]

Oh, ev'ryday
[Oh, todos os dias]


We're taking it back
[Nós vamos trazer de volta]
We're doing it here
[Nós vamos fazer isso aqui]
Together!
[Juntos!]

It's better like that
[É melhor desta maneira]
And stronger now
[E mais forte agora]
Than ever!
[do que nunca!]

We're not gonna lose
[Nós não vamos perder]
'Cause we get to choose
[Porque nós temos que escolher]
That's how it's gonna be!
[É assim que vai ser!]

Everyday
[Todos os dias]
Of our lives
[De nossas vidas]

Wanna find you there, wanna hold on tight
[Quero te ter lá, quero te segurar firme]

Gonna run
[Vamos correr]
While we're young
[Enquanto somos jovens]
And keep the faith
[E manter a fé]
Keep the faith
[Manter a fé]

Everyday
[Todos os dias]
Of our lives
[De nossas vidas]
Wanna find you there, wanna hold on tight
[Quero te ter lá, quero te segurar firme]
Gonna run
[Vamos correr]
While we're young
[Enquanto somos jovens]
And keep the faith
[E manter a fé]

Everyday
[Todos os dias]
From right now
[A partir de agora]
Gonna use our voices and scream out loud!
[Vamos usar as nossas vozes e gritar bem alto!]
Take my hand
[Pegue minha mão]
Together we
[Juntos]
Will celebrate
[Vamos celebrar]

Ev'ryday!
[Todos os dias!]
Live ev'ry day!
[Viver todos os dias!]
Love ev'ryday!
[Amar todos os dias!]
Live ev'ry day!
[Viver todos os dias!]
Love ev'ryday!
[Amar todos os dias!]
Ev'ryday!
[Todos os dias!]
Ev'ryday!
[Todos os dias!]
Ev'ryday!
[Todos os dias!]
Ev'ryday!
[Todos os dias!]


   Eles terminaram de cantar, envoltos em seu magnetismo, e puxou pela cintura, beijando-a fortemente, sob aplausos de seus amigos.
   - Eu te amo – disse ele, após separarem seus lábios, com a testa encostada a dela, enquanto tentavam recuperar suas respirações.
   - Eu também te amo. – disse inclinando-se e dando-lhe um beijo casto.
   - FOFOS! TÃO FOFOS! – Mariah gritou com os olhos marejados. e riram de modo cúmplice e se separaram, prontos para aproveitar o resto da noite com seus amigos.
   As horas passaram voando, enquanto eles comemoravam rindo, comendo e bebendo ao redor da fogueira acesa alguns metros após o arco, e logo os “noivos” estavam sozinhos.
   - Acho que já é hora de entrarmos. – disse recostada em , depois de algum tempo em silêncio, apreciando a brisa suave.
   - Eu queria fazer uma coisa antes – disse ele erguendo-se do chão e oferecendo uma mão para ajudar .
   - E o que seria? – perguntou ela, confusa.
   - Isso – respondeu e a lançou por cima do ombro.
   - Não se atreva, ! – gritou quando compreendeu o que ele iria fazer.
   - Tarde demais! – disse ele, rindo, enquanto atirava-se no mar, encontrando a água extremamente gelada, e soltando no mesmo instante.
   - EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO! – ela chiou. – !
   - Ah, , deixe de frescura! Eu só queria me divertir um pouco.
   - Argh, belo tipo de diversão. Eu estou congelando!
   - Sei um modo de te aquecer – ele disse aproximando-se de seu rosto, e capturando os lábios em um beijo apaixonado. – Melhor?
   - Não.
   - Tudo bem, vamos sair daqui antes de pegarmos um resfriado. – Tomando sua mão na dele, conduziu-os de volta para a praia, onde sentaram-se abraçados próximos à fogueira, para se aquecerem.
   - Sabe, eu tive uma ideia – ele murmurou contra seu pescoço, causando-lhe doces arrepios na pele.
   - Não quero saber. – disse, emburrada.
   - Tem certeza? – a deitou em cima da manta na qual estavam sentados, e começou a distribuir beijos na sua clavícula.
   - ... – arfou – Aqui não.
   - Por que não? – ele perguntou, sem parar os beijos que estava distribuindo.
   - Porque qualquer um pode passar e ver – ela conseguiu responder e, com algum esforço, ergueu-se do chão e iniciou uma corrida em direção à casa. – Venha me pegar!
   - Agora você não me escapa. – falou, rindo, enquanto corria em sua direção.

*** *** *** *** ***

  - Não, senhora . Não é incômodo algum – respondeu, enquanto fechava a porta da geladeira. – Na verdade, eu acabei de preparar a salada que me pediu para o jantar, então levá-la mais cedo não alterará em nada meus planos.
   - Ah, que bom, querida – a mãe de falou do outro lado da linha. – Ficaria me sentindo mal se atrapalhasse ainda mais seus afazeres. estará aí para buscar em meia hora.
   - Claro, não se preocupe. Mas se quiser posso ir entregar pessoalmente.
   - Não, minha linda. Não será necessário.
   - Tudo bem. Então, até depois. – ela disse suavemente, enquanto desligava.
   Doreen era uma sogra muito agradável, tinha que dizer. Ela não se opusera em momento algum à mudança do filho, e ficou muito feliz que eles estivessem dando esse passo no relacionamento. e ela já se davam bem desde seus primeiros dias na cidade, e a mãe de fazia muito gosto em tê-la perto do filho. Agora que fazia parte da família, ajudava como podia no bar, de preferência cozinhando em sua própria casa, para não correr o risco de algum turista, que estivesse por lá, reconhecê-la. parecia contente com o arranjo, pois só assim tinha uma desculpa para sair do trabalho e aproveitar alguns minutos com ela. Não era o suficiente para matar a saudade que sentia de estar com ele, mas pelo menos era alguma coisa.
   Vários dias já haviam se passado desde a cerimônia na praia, e cada vez mais se acostumava com a nova vida, apesar de muitas vezes sentir falta da emoção de estar em um palco cantando para milhares de pessoas. Infelizmente, como tudo na vida, havia um preço a se pagar para viver seu amor. Um preço que ela estava disposta a pagar, pois nada no mundo podia se comparar ao que estava sentindo ali, amando e sendo amada. Ela encontrara a felicidade nas coisas simples, apreciando os pequenos gestos. E era justamente por causa de suas novas sensações que um novo álbum estava praticamente pronto, já que a cada oportunidade que tinha escrevia um pouco mais sobre seus momentos com . Compor ajudava a aplacar a saudade que sentia dos palcos, e a se sentir mais completa, pois sentia-se vazia sem música.
   Saindo da cozinha, ela seguiu para a garagem, onde pretendia dar os últimos ajustes da última canção que escrevera: Nothing lasts forever, inspirada na desilusão que vivera com Henry. Seu antigo relacionamento merecia um encerramento digno, pelo menos por parte dela, e nada melhor do que uma música, afinal fora através da parceria em uma música que o namoro deles começara. Ela estava tão perdida no momento, dedilhando o violão, que não notou uma pessoa entrando no cômodo, aproveitando que havia uma fresta aberta no portão.
   - Quem diria – pronunciou uma voz que ela não ouvia há meses, e que, definitivamente, não esperava ouvir ali. – reduzida a uma bandinha de garagem!
   - Henry?! – ela falou, sem conseguir esconder sua surpresa.

Capítulo 15

(n/a: Preparem esta música)

  Hal-T estava do mesmo jeito que se lembrava. Cabelo escuro cortado rente a cabeça, olhos verdes maliciosos e um corpo musculoso vestido em roupas de marca. Ele podia ainda ser o mesmo, mas ela não. Usando um simples vestido florido e sandálias de dedo, não mudara apenas na aparência. Ela havia reencontrado sua verdadeira essência.
   - O que você está fazendo aqui, Henry? – inquiriu com raiva. Ela não conseguia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo.
   - Isto são modos de receber seu namorado? – ele debochou. – Achei que ficaria feliz com a visita, já que não nos vemos há mais de dois meses.
   - Não seja cínico! – esbravejou ela. - Você sabe muito bem do que estou falando! E não me venha com essa de namorado, porque isso você não é meu há muito tempo, seu traíra! – Embora tentasse se controlar, isto se mostrava cada vez mais difícil, principalmente porque ela havia guardado toda aquela mágoa e indignação por muito tempo. Naquele momento as comportas de abriram e deixou que tudo o que havia acumulado saísse. – O que Thomas pretendia, mandando você aqui? Me obrigar a voltar? Não vai funcionar, Henry.
   - Seu lugar não é aqui, . Você também sabe disso. Esqueça esse cara e volte para casa comigo. Thomas está disposto a perdoar todos os disparates que cometeu e aceitá-la como se nada tivesse acontecido.
   riu. Foi involuntário, uma reação automática àquela proposta. Agora ela sabia por que seu empresário vinha ignorando as tentativas de seu advogado para chegarem a um acordo. Ele pensava mesmo que conseguiria fazê-la mudar de ideia quanto a ficar ali. Só que havia escolhido uma péssima forma de tentar convencê-la, visto que ela agora detestava o ex-namorado.
   - Meu lugar é onde estiver – ela pronunciou, séria, quando seu ataque de risos havia passado. – Quero que saia daqui agora, antes que alguém te veja. Volte para o lugar de onde veio, pois não vou colocar tudo que construí a perder por sua causa. Ah, e não se esqueça de dizer ao queridíssimo Thomas que esta foi, de longe, sua pior jogada. Ele já teve ideias melhores.
   Henry pareceu surpreso com suas palavras.
   - Nossa, você mudou. Jamais imaginei te escutar dizendo algo assim. Onde está a que eu conheço?
   - Ela amadureceu, Henry. Aprendeu que há coisas mais importantes na vida do que dinheiro e status social. Agora vá embora. – apontou para a porta e esperou que seu ex-namorado se retirasse, no entanto, ele apenas se moveu para perto da caixa de som.
   - Essa vida não é para você, . Não importa o que diga. E eu vou provar que sente falta do que deixou nos Estados Unidos – Hal-T conectou um pen drive na caixa de som, e logo o playback de uma música que ela conhecia muito bem encheu a garagem.
   - Isso é golpe baixo! – disse ela, assim que reconheceu o som de Dark Horse.
   - Nunca disse que jogaria limpo. Canta , eu sei que você quer isso. É inútil fingir que não, quando você não consegue se controlar.
   Ela tentou se segurar, mas não conseguiu. Seu corpo já começava a se movimentar com a batida sensual da canção, e logo sua voz também acompanhava o ritmo. Henry tinha razão, quando se tratava de música não conseguia se controlar.

*** *** **** **** *** ***

  A vida não poderia estar mais perfeita, pensou, satisfeito, enquanto caminhava para sua casa. Sua própria casa, com suas próprias obrigações e contas para pagar. Quem diria que a ideia louca da daria mesmo certo?! E ele não poderia estar mais feliz, afinal de contas havia encontrado a mulher da sua vida.
   era o sonho de qualquer homem. Linda, sexy, gentil e amorosa. Cozinhava seus pratos preferidos, e ajudava no bar sem reclamar, além se dar bem tanto com sua família, como com seus amigos. não poderia imaginar a vida melhor do que já estava. Quer dizer, até podia, já que o sonho de ver sua banda tornar-se famosa ainda permanecia em seu coração. Com o dinheiro que ganharia nessas circunstâncias, ele poderia dar a vida de rainha que e sua mãe e irmã mereciam. Tudo dependia do concurso que participaria em dois meses.
   Nesse ínterim, só o que poderia fazer era ensaiar, torcer para tudo dar certo, e claro, aproveitar a companhia da bela mulher que tinha em casa. Coisa que, aliás, ele estava indo fazer naquele momento.
   Ele tinha que agradecer muito a mãe, por permitir que saísse do trabalho no horário do expediente apenas para pegar as encomendas, quando ela poderia muito bem mandar Mariah fazer isso, já que a menina ficava mais em casa do que no bar. No entanto, Doreen entendia que o filho sentia saudades da amada, e que essas saídas eram uma oportunidade para se curtirem um pouco.
   estava tão ansioso para rever , que saiu 15 minutos antes do previsto, para que pudessem estar juntos logo. Era incrível a intensidade do que sentiam, e como um não conseguia obter o suficiente do outro, não importando quanto tempo passassem juntos. Ele sorriu, feliz, ao avistar sua casa, e logo estava na varanda, pronto para entrar, quando ouviu uma música tocando alto. Seu sorriso morreu instantaneamente.

(n/a: Play na música)

Era mais uma música daquela tal de de quem sua irmã era fã. Isso só podia significar que Mariah estava lá. Ela era a única que escutava as músicas desta cantorazinha, e permitia que ligasse o som no volume máximo, coisa que sua mãe jamais permitiria em casa. E pensando que e ele estariam sozinhos. Doce ilusão!

I knew you were
[Eu sabia que você]
You were gonna come to me
[Que você viria para mim]
And here you are
[E aqui está você]
But you better choose carefully
[Mas é melhor você escolher cuidadosamente]
'Cause I, I'm capable of anything
[Porque eu, eu sou capaz de tudo]
Of anything and everything
[De tudo e de qualquer coisa]

Make me your Aphrodite
[Me faça ser sua Afrodite]
Make me your one and only
[Me faça ser sua primeira e única]
But don't make me your enemy, your enemy, your enemy
[Mas não me faça ser sua inimiga, sua inimiga, sua inimiga]

So you wanna play with magic
[Então, você quer brincar com magia]
Boy, you should know whatcha falling for
[Garoto, você deveria saber com o que está lidando]
Baby do you dare to do this?
[Amor, você se atreve a fazer isso?]
Cause I'm coming atcha like a dark horse
[Porque estou indo até você como um cavalo negro]
Are you ready for, ready for
[Você está pronto, está pronto]
A perfect storm, perfect storm
[Para uma tempestade perfeita, uma tempestade perfeita]
Cause once you're mine, once you're mine
[Porque uma vez que você é meu, uma vez que você é meu]
There's no going back
[Não tem volta]


   Ao entrar em casa ele percebeu que a música não vinha da sala de estar, como pensara inicialmente, mas sim da garagem. decidiu, então, ir para lá e mandar a irmã desligar aquela barulheira. Ele podia aproveitar a companhia das duas em paz, pelo menos.

Mark my words
[Grave minhas palavras]
This love will make you levitate
[Esse amor vai te fazer levitar]
Like a BIRD
[Como um pássaro]
Like a bird without a cage
[Como um pássaro fora da gaiola]
But down to earth
[Mas seja realista]
If you choose to walk away, don't walk away
[Se você optar por ir embora, não vá embora]


   No entanto, quando chegou à porta de acesso pela casa, ele estacou no lugar. Não era um simples CD que estava tocando, era quem cantava, movendo-se pela garagem como se estivesse em um palco. E ela não estava sozinha. Um homem também cantava, e movia o corpo próximo ao dela conforme o ritmo da música.

So you wanna play with magic
[Então, você quer brincar com magia]
Boy, you should know whatcha falling for
[Garoto, você deveria saber com o que está lidando]
Baby do you dare to do this?
[Amor, você se atreve a fazer isso?]
Cause I'm coming atcha like a dark horse
[Porque estou indo até você como um cavalo negro]
Are you ready for, ready for
[Você está pronto, está pronto]
A perfect storm, perfect storm
[Para uma tempestade perfeita, uma tempestade perfeita]
Cause once you're mine, once you're mine
There's no going back
[Não tem volta]

(Hal-T)
She's a beast

[Ela é uma fera]
I call her Karma
[Eu a chamo de carma]
She eat your heart out
[Ela devora o seu coração]
Like Jeffrey Dahmer
[Como Jeffrey Dahmer]
Be careful
[Tome cuidado]
Try not to lead her on
[Não tente controlá-la]
Shawty's heart was on steroids
[O coração da gata estava nos esteroides]
Cause her love is so strong
[Porque seu amor é muito forte]
You may fall in Love
[Você pode se apaixonar]
When you meet her
[Quando você conhecê-la]
If you get the chance you better keep her
[Se você tiver uma chance, é melhor você aproveitá-la]
She's sweet as pie but if you break her heart
[Ela é um doce, mas se você partir seu coração]
She turn cold as a freezer
[Ela se torna fria como um freezer]
That fairy tale ending
[Esse final de conto de fadas]
With a knight in shining armor
[Com um cavaleiro em armaduras brilhantes]
She can be my Sleeping Beauty
[Ela pode ser a minha Bela Adormecida]
I'm gon' put her in a coma
[Vou colocá-la no coma]
Woo!
[Woo]
Damn I think I love her
[Caramba, acho que eu a amo]
Shawty so bad
[Ela é muito gata]
I'm sprung and I don't care
[Estou obcecado e não me importo]
She got me like a roller coaster
[Ela me tem como uma montanha-russa]
Turn the bedroom into a fair
[Transformo o quarto em uma feira]
Her love is like a drug
[Seu amor é como uma droga]
I was tryna hit it and quit it
[Eu estava tentando só curtir e cair fora]
But lil'mama so dope
[Mas essa garota é tão viciante]
I messed around and got addicted
[Eu fiquei de bobeira e estou viciado]


   Só que não era qualquer homem, o reconheceu dos pôsteres que cobriam o quarto da irmã. Aquele era Hal-T, o tal rapper que namorava a...
   - Não pode ser. - sussurrou.
   Entretanto, tudo fazia sentido agora. A semelhança física, a voz, o dinheiro para manter padrões elevados, as músicas que estava compondo escondida, e que ele descobrira por acaso. Como pôde ter sido tão idiota a ponto de não reconhecê-la? Como? Mas não fora só ele, uma cidade inteira havia sido enganada. Por Deus, sua irmã se dizia fã desta cobra e não a reconheceu.
   sentiu seu sangue ferver nas veias, estava furioso.
   - Mas que diabos está acontecendo aqui?! - ele rugiu, com raiva, assustando os dois cantores.
   - ?! - disse, atordoada. A cor havia sumido de seu rosto.
   Não, não, não. Aquilo não podia estar acontecendo. Nem em seus piores pesadelos ela pensou que pudesse descobrir sua verdadeira identidade desta forma. Porque estava claro que ele havia juntado as peças e completado o quebra-cabeça. A presença de Henry ali não se explicaria de outra forma. Mas que droga!
   - Opa! - Hal-T riu. - O novo namoradinho dela chegou. Ferrou, gata.
   - Saia daqui agora - ela sibilou entredentes. - Agora! - repetiu, quando ele não se moveu.
   Quando Henry havia saído, se aproximou de , que estava estático, perto da porta.
   - ... eu... - começou ela, mas foi interrompida.
   - Não diga nada! - vociferou. - Eu não quero ouvir mais nada de você. Cansei das suas mentiras! - dizendo isto, ele entrou em casa e seguiu para o andar de cima. estava com medo do que iria acontecer, e seus olhos lacrimejavam. Isso tinha que ser um pesadelo cruel!
   Subindo às escadas, ela entrou no quarto deles e o viu jogando as roupas furiosamente em uma mala, que estava em cima da cama.
   - , por favor, vamos conversar - ela implorou. - Eu posso explicar tudo.
   - O que você poderia me dizer, ? - perguntou, virando-se para encará-la. O uso de seu nome artístico foi como um tapa na cara. - Gostaria de inventar alguma desculpa, para ver se ainda caio em seu papo furado? Posso ser um otário, mas nem tanto!
   - Não, . Não é assim. Essa situação toda foi errada, eu sei, mas... - ela tocou em seu braço, no entanto ele se afastou rápido de seu toque, como se ela tivesse uma doença contagiosa.
   - Não toque em mim! Não toque em mim nunca mais, entendeu?! - fechando a bolsa abarrotada de roupas, ele se virou para olhá-la uma última vez antes de sair - Mas você tem razão em uma coisa. Isso tudo foi errado, muito além de errado. Jamais deveria ter me envolvido com você!
   - Não diga isso, - ela suplicou, enquanto o seguia para o andar de baixo. - Não vá embora assim. Eu tenho algumas coisas para explicar. Sei que menti, mas não podemos deixar o que construímos acabar desse jeito!
   - O que construímos - ele riu. - Pare com todo esse fingimento! Sei muito bem que não passei de um divertimento para você. Alguém para esquentar sua cama enquanto estava longe do namorado. Eu tenho nojo de você, . Não quero te ver nunca mais na minha vida!
   - Por favor, . - pediu, enquanto as lágrimas desciam por seu rosto, entretanto, a ignorou. Ou fingiu ignorar. Por trás de sua dura fachada, ele estava tão ferido quanto ela.

*** *** *** *** ***

  - Estúpida! - gritou, o som de sua voz ecoando na casa vazia. Sim, vazia. Pois sem era como se não houvesse nada lá. - Você é uma estúpida, !
   Ela chorava copiosamente, encostada à porta de sua casa, onde havia caído sentada após a saída de . Ninguém havia lhe avisado que um coração poderia doer tanto. A dor era quase insuportável e lhe sufocava a alma. Tudo ainda estaria bem entre e ela, se não houvesse caído na armadilha de Hal-T. Como pudera ter sido tão burra?! Jamais deveria ter cantado aquela música!
   Tentando acalmar a respiração, e ainda soluçando, levantou-se do chão e seguiu para o quarto de hóspedes - onde Mariah ficava quando vinha visitá-los -, pois não conseguiria entrar em seu quarto. Ela só conseguia associar aquele lugar agora ao seu rompimento, e pretendia ficar longe de tudo que a fizesse lembrar do que havia acontecido.
   Encolhendo-se na cama de solteiro, ela deixou que as lágrimas ressurgissem em seus olhos, enquanto voltava a chorar, só que desta vez, silenciosamente. não tinha noção de que horas eram, ou de quanto tempo havia se passado desde a saída de , mas algo dentro de si lhe dizia que aquela dor seria para sempre uma parte dela; algo que nunca esqueceria.
   Depois de um incontável tempo lamentando o fim de seu relacionamento, saiu da cama e foi até a escrivaninha, onde pegou uma caneta e uma folha de papel em branco.
   Embora não fosse medir esforços para tentar conversar com quando ele estivesse mais calmo, havia a possibilidade, e neste caso era grande, de que ele não quisesse ouvi-la. Como queria deixar a situação esclarecida, de uma forma ou de outra, estava garantindo que tivesse acesso a verdade, sua versão do que aconteceu. Ela só esperava que um dia ele realmente lesse aquilo que estava escrevendo.
   Assim que terminou, sentiu-se um pouco mais leve, como se ao colocar em palavras tudo que estava sentindo, e o que realmente aconteceu, o peso que a sufocava houvesse sido removido. Depois de dobrar a carta, colocou-a em um envelope que encontrara em uma das gavetas da escrivaninha, e escreveu simplesmente o nome de em um dos lados.
   - Pronto, agora só preciso reunir coragem para ir até a casa dele - ela murmurou enquanto saía do quarto, evitando olhar para o outro lado do corredor.
   Já no andar de baixo, analisou o inchaço em seus olhos no espelho de moldura dourada que havia na sala de estar. Era uma peça antiga que comprara em um antiquário da cidade vizinha enquanto ainda estava decorando a casa com Giovanna e Mariah, e que, agora, refletia a tristeza em seu olhar. Ela respirou fundo, tentando se recompor, e pegou sua bolsa, que jogara em cima do sofá horas antes. Guardou a carta, e pegou seus óculos escuros, saindo de casa logo em seguida. Era hora de começar a enfrentar as consequências de seus erros.

*** *** *** *** ***

   jamais estivera tão nervosa como naquele momento, enquanto aguardava que a porta fosse aberta depois de tocado a campainha. Nem mesmo em seu primeiro show ela estivera tão apreensiva assim.
   Acalme-se, . Tudo ocorrerá bem - pensou ela - A quem estou querendo enganar? Se, ou quando, abrir esta porta a discussão será bem pior!    - Irmãzinha, o que faz aqui? - Mariah perguntou, tirando-a de seus devaneios.
   não pôde deixar de notar que a menina não a tratou de forma diferente da que fazia, o que teria acontecido com certeza se já soubesse quem ela era de verdade. Por que não contara? Estaria tão magoado que não conseguira compartilhar com a própria irmã?
   - Er... o está? - ela perguntou, nervosa.
   A expressão de Mariah tornou-se confusa: - Não, ele não está. O não mora mais aqui, esqueceu? , o que houve?
   - Pensei que estivesse aqui. Ele saiu tão furioso de casa, onde mais poderia estar? - divagava.
   - , você está me deixando nervosa. O que foi que aconteceu? - a menina perguntou, preocupada.
   - Bem, nós brigamos. E o saiu de casa.
   - Como assim, saiu?!
   - Posso entrar? Na verdade, há algo que eu queria fazer antes de conversar com ele.
   - É claro - Mariah deu passagem para que ela entrasse - Mas, , você tem que me dizer o que está acontecendo. Eu estou totalmente confusa aqui.
   Já subindo às escadas, se virou e disse: - Aconteça o que acontecer, Mariah, saiba que eu gosto muito de você. Nunca menti sobre meus sentimentos, pode ter certeza disso.
   Mariah ficou lá, sem entender nada, enquanto desaparecia no andar de cima.

Capítulo 16

  Mariah bem que tentou obter alguma resposta que não soasse estranha de , mas a cunhada conseguiu sair de cena antes que se desse conta.
   À caminho de casa, a diva pop tentava organizar seus pensamentos tumultuados quando o celular começou a tocar. Por um tolo instante, ela pensou que pudesse ser retornando uma das muitas ligações que havia feito, mas que tinham ido parar direto na caixa postal. Entretanto, não foi seu nome que viu na tela, e o desgosto de ver quem era estampou-se em sua expressão.
   cogitou desligar, porém achou melhor atender. Ele já havia causado problemas demais por um dia, e ela não queria que causasse ainda mais.
   - O que você quer?! - falou, ríspida.
   - Nossa, , como você é carinhosa. Pelo jeito, vejo que não conseguiu se entender com seu amorzinho. - Hal-T desdenhou, fazendo com que fúria a dominasse.
   - Escute aqui, Henry, não estou com paciência para as suas palhaçadas. Então, se não me ligou para dizer que já está no aeroporto se preparando para ir embora, vou desligar agora mesmo!
   - Calma, baby. Eu sei que dificultei as coisas para você...
   - Dificultou - ela riu, já entrando em casa e trancando a porta. -Não, Henry, você não dificultou, você estragou totalmente as coisas, seu imbecil!
   - Eu só fiz o que Thomas mandou, . Mas não quero discutir por telefone. Será que você poderia vir até a pousada onde estou hospedado? Nós precisamos conversar civilizadamente, e eu sei que você tem perguntas que posso responder.
   ponderou por um instante antes de responder. Se ela fosse, e descobrisse, poderia perder qualquer chance que ainda tinha de conversarem. No entanto, sua vida artística continuava um caos que ela tinha que resolver. Além do mais, Hal-T estava certo, ela tinha perguntas que ele podia responder. O ponto final que faltava no relacionamento que tiveram.
   - Sua presença aqui ainda não foi descoberta? - perguntou, dando-se conta de que a presença dele era mais difícil de ocultar do que a dela.
   - Só saí de boné e óculos escuros. A imprensa também não sabe meu paradeiro, então, creio que seja seguro. Você vem?
   - Tudo bem - ela suspirou - eu vou, mas só porque quero que responda às minhas perguntas.
   - Estarei esperando ansiosamente por sua visita - disse ele, antes de desligar. Um sorriso satisfeito tomando conta de seu rosto. Estava dando tudo certo, exatamente como Brown previra.

*** *** **** **** *** ***

  - Dá para acreditar nisso, ? - perguntou, exasperado. - Era a estrelinha pop este tempo todo! Eu estava dormindo com a droga da ! , !
   O rapaz chegara transtornado à casa do amigo, que, por sorte, estava em seu dia de folga, e depois que se acalmara, começara a contar o que havia descoberto, sem ter noção de que já sabia de tudo aquilo.
   - Eu não sei nem o que dizer, ...
   - Ah, mas eu sei. Aquela ordinária, metida a cantora famosa achou que poderia brincar comigo? Pois bem, ela estava enganada!
   não sabia o que fazer, o que dizer. Ele alertara de que o amigo não reagiria bem quando soubesse a verdade, e que era melhor ela mesma contar logo, antes que ele descobrisse, mas ela não lhe dera ouvidos. Decidira esperar e veja o que aconteceu! Seu telefone tocou, enquanto pegava mais uma garrafa de cerveja na geladeira.
   - - falou, abalada -, o descobriu tudo!
   - Calma - disse ele, indo para a sala, onde o amigo não pudesse ouvir a conversa - Ficar nervosa não vai resolver nada, você sabe disso.
   - Eu sei, . Eu sei. Só liguei para dizer que se você o vir, não mencione nada sobre já saber meu segredo. Ele ficaria furioso com você. Eu estou pedindo, , por favor, não diga nada. Finja estar surpreso. Agora tenho que desligar, vou resolver alguns problemas pendentes - e a linha ficou muda antes que pudesse pronunciar alguma coisa.
   Como ele poderia omitir aquilo? tinha razão ao dizer que ficaria furioso com ele, no entanto, o que poderia fazer? Ele não queria mentir, mas também não queria que saísse de sua casa no estado em que se encontrava - o que certamente aconteceria se ele admitisse ter encoberto a mentira de .
   Mas que droga! Maldita hora em que ele descobrira tudo! Deveria ter deixado suas desconfianças de lado, ao invés de investigar e associar os acontecimentos da vida de . Se tivesse ficado quieto, não estaria naquela encruzilhada. Por outro lado, se não tivesse descoberto antes e conversado com ela, não saberia exatamente como as coisas aconteceram e que seus sentimentos por eram verdadeiros.
   - ? - entrou na sala, bebendo a terceira garrafa de cerveja daquele dia. Quem dera houvesse algo mais forte ali! Ele queria ser anestesiado pelo álcool para poder esquecer o pesadelo que sua vida se tornara.
   Ainda parecia inacreditável que o amor de sua vida fosse uma cobra mentirosa. Alguém tão sem escrúpulos, que era capaz de enganar uma jovem menina, que ainda não conhecia as maldades da vida e que era sua maior fã. estava furioso com , por seu teatrinho bem feito de turista boa moça, quando na verdade estava apenas a procura de uma rápida diversão, sem se importar se alguém sairia magoado; e com ele mesmo, por ter caído em sua armadilha.
   - Sim? - respondeu, guardando o celular no bolso.
   - Era a Giovanna no telefone? – perguntou, depositando a garrafa vazia no aparador, atrás de um porta-retrato.
   - Era - ele mentiu sem hesitar. Havia decidido aceitar o pedido de e não revelar nada, pelo menos não enquanto o amigo continuasse de cabeça quente. - Ela está estressada com a volta para a faculdade em duas semanas.
   - É mesmo, eu havia me esquecido que a Gio vai voltar para Londres. Pena ela não poder me ouvir agora - suspirou.
   - , eu tô aqui, e vou continuar te escutando - caminhou até onde ele estava.
   - Obrigado, cara. Mas acho melhor eu ir para casa agora. Depois pego a mala, tudo bem?
   - Claro, , não se preocupe. Só toma cuidado com o que vai falar para a Mariah quando a vir. Lembre-se que ela é fã e idolatra a...
   - Por favor, não mencione esse nome. Meu sangue ferve e meu estômago embrulha, só de ouvi-lo. E não se preocupe com a minha irmã, acho que já passou da hora de ela ter um choque de realidade - após dizer isso, ele abriu a porta e começou a caminhar para casa. Sua verdadeira casa, onde sua família morava.

*** *** **** **** *** ***

   respirou profundamente antes de bater na porta do quarto que Henry estava ocupando - que, ironicamente, era o mesmo em que ela havia ficado antes de se mudar. Ela estava com uma sensação ruim, igual a que sentira antes de entrar naquela loja com Mariah, e descobrir que estava sendo traída. Talvez fosse melhor esquecer dessa ideia idiota e sair dali antes que fosse tarde demais.
   - ? - Hal-T perguntou ao abrir a porta, justo no momento em que decidira ir embora - O que você estava fazendo aí parada? Por que não bateu?
   - Só estava pensando antes de entrar. Talvez seja melhor eu voltar para casa.
   - Não, nada disso. Agora que está aqui, nós vamos conversar. Entre.
   Você consegue, . Você consegue!
   Hal-T a conduziu até a sala e indicou que se sentasse à mesa para duas pessoas que lá havia. não pôde deixar de lembrar do dia em que ligara para o empresário daquele mesmo lugar, com ao seu lado, lhe apoiando. Parecia que uma eternidade havia se passado desde aquele momento, mas foram apenas algumas semanas.
   Sentindo-se vulnerável, ela achou melhor usar a arrogância de como uma armadura, preparando-a para a batalha emocional que seria iniciada. Um duelo de emoções que estavam à flor d'pele, de dois ex-amantes que tinham muito a dizer um ao outro, mas pouco tempo para fazê-lo. Ela não deixaria que ele percebesse o quanto estava fragilizada, por isso seria direta, atacando sem dó nem piedade, de modo a deixá-lo sem escapatória, a não ser dizer-lhe a verdade. Nada mais que isso importava. Talvez fosse uma estupidez estar ali, entretanto, havia uma parte de que ansiava por respostas há muito tempo, e que não suportaria ficar mais nem um segundo sem obtê-las. Ela precisava saber se fora enganada desde o começo, se tudo não passara de uma forma de continuarem no topo; no auge da fama. Algo dentro de si a fazia imaginar que sim, e seu estômago revirava com esta perspectiva, embora ainda tivesse um resquício de esperança - muito pequeno, admitia - de que estivesse enganada.
   - Vou ser direta, Henry. Cansei de mentiras, de meias-palavras. Cansei de ser enganada, então, responda-me com sinceridade: há quanto tempo saía com outras mulheres enquanto mantínhamos um relacionamento? Será que desde o começo?
   - , eu...
   - Diga logo de uma vez, aja como homem ao menos uma vez na vida! Admita seus atos!
   - Você quer a verdade, ? Quer mesmo que eu admita? Então vou te dizer. Eu nunca fui fiel a você! Satisfeita?!
   Ela levantou-se da cadeira, agitada. Seu sangue bombeando com mais força nas veias, a bile querendo subir por sua garganta. Ela estava certa, afinal de contas. Tudo o que tiveram não passara de uma ilusão. Fora usada da pior maneira possível, manipulada sem que percebesse por aqueles dois homens que só tinham um interesse: a fama.
   - Seu HIPÓCRITA! - ela esbravejou. - Usou-me todo este tempo para se promover, não é? O relacionamento entre dois cantores de sucesso, aposto que foi ideia daquele ordinário do Thomas Brown, o homem mais sem escrúpulos que já conheci!
   - , por favor, melhor conversarmos civiliza...
   - Cale a boca! - bradou ela, interrompendo-o - Eu não disse que você podia dizer alguma coisa. Você só dirá algo quando eu mandar, entendeu, seu cachorro, salafrário, enganador de cantoras pop inocentes?
   - Não, , eu não vou ficar calado. - Hal-T falou, levantando-se da cadeira também, e chegando perto dela - Não te chamei aqui somente para você fazer um interrogatório e me xingar. Obviamente, eu tinha meus próprios interesses com sua visita.
   - O QUÊ?! - perguntou ela, indignada - O que você ainda poderia querer, seu patife?
   - , você sabe que juntos somos melhores que separados. - ele se aproximou e estendeu a mão para seu rosto, fazendo com que instintivamente se afastasse, dando alguns passos para trás. Henry abaixou a mão e deu de ombros - Tudo bem, não vou forçar a barra. Mas pelo menos isso tenho que te dizer.
   - Dizer o quê?
   - Brown quer mais uma parceria musical entre nós. Eu lancei uma música há pouco tempo, e ele acha que uma segunda versão fará mais sucesso que a primeira. A sua parte já foi escrita, só o que precisamos fazer é gravar.
   Impressionante como ele poderia ser tão frio. Mal havia acabado de admitir a natureza do relacionamento que tiveram, - e como a traíra desde o começo - e já estava falando em gravarem uma música juntos; no sucesso que a canção iria fazer. Cretino!
   - Como você ousa me fazer uma proposta como esta, depois de tudo o que descobri? Será que sua cara de pau não tem limites?!
   - , será que podemos esquecer, por um segundo, todo este drama pessoal? - Henry perguntou, irritando-a ainda mais. - Isto é muito maior do que um relacionamento que deu certo ou não, trata-se da nossa carreira.
   - Eu não tenho pretensão nenhuma de ainda fazer uma parceria musical com você. Por mim, se você e sua preciosa carreira forem para o inferno, é até melhor!
   - Vou fingir que não ouvi isso. Eu tenho mais amor à minha carreira, do que você parece ter à sua. - ele balançou a cabeça, em um sinal de desgosto. - Sucesso é algo que pode se perder tão fácil quanto o conseguiu. Precisamos estar sempre fazendo alguma coisa para ficar no auge, para que as pessoas não nos esqueçam. Desculpe se usei nosso relacionamento como forma de me promover, mas sou apenas um artista querendo continuar a ser reconhecido.
   - Esta foi a coisa mais mesquinha que já ouvi! - esbravejou ela. - Você me usou este tempo todo por causa da sua carreira, e quer que eu releve, ignore o quanto isso me magoou para fazer uma parceria com você, como se nada tivesse acontecido.
   - Não é assim, . Só estou sendo prático aqui. Nosso namoro pode não ter sido tão real como você pensou, mas fez com que atingíssemos o topo. E eu não quero perder isso, e sei, que no fundo, você também não. Só está um pouco abalada no momento, isto eu entendo.
   - Ah, você entende? - ela riu, debochadamente. - Como sou sortuda, então! - disse com desdém. - Cansei de escutar seu papinho, estou indo embora.
   virou-se para ir embora, entretanto, não deu mais que alguns passos e Hal-T a deteve, segurando seu braço.
   - Não, . Você não pode ir assim. Não sem ter dado pelo menos uma olhada na letra da música antes.
   Ela se soltou dele, furiosa.
   - Pare de falar sobre esta maldita música! Já disse que não cantarei com você, portanto, arranje outra pessoa.
   - , por favor, só dê uma olhadinha, e então deixarei você ir embora sem mais interrupções.
   A indecisão pairou sobre por um momento, enquanto avaliava os prós e os contras daquela situação. Se ela fosse esperta, não teria ido ali, para começo de conversa, mas agora que já estava debaixo da chuva, que mal faria se molhasse um pouco mais? Afinal de contas, se fosse sincera consigo mesma, teria que admitir que ficara curiosa com a música. Droga!
   - Tudo bem - suspirou. - Dê-me a letra.
   Henry sorriu: - Eu vou pegá-la na mala. Por que não se senta de novo?
   sentou-se novamente, quase se arrependendo da decisão que tomara, contudo, antes que pudesse refletir mais sobre o assunto, Hal-T retornou com uma partitura na mão.
   - Aqui - disse ele, quando lhe entregou - Eu gostaria da sua opinião sobre ela.
   Assim que colocou os olhos no título da canção e leu a parte seria sua na música, sentiu o sangue fervendo nas veias. Aquilo era um ultraje!
   - Mas que diabos, Henry! Você queria mesmo que eu cantasse isso com você? O que pensa que sou? Por acaso está escrito na minha testa que sou uma idiota?
   - ...
   - Não, Henry. Isso já é demais! Cantar uma música dizendo que amo quando você mente, é o mesmo que dizer que sou uma estúpida ao quadrado!
   - Calma, também não é para tanto, . É apenas mais uma música.
   - Não é apenas mais uma música para mim! - disse ela, erguendo-se da cadeira. - Tudo o que eu canto tem algum significado, e isto - apontou para a partitura, que havia deixado cair em cima da mesa - me ofende.
   - Ok, ok. Não vou mais insistir nisto, tudo bem? Irei avisar a Thomas que não consegui chegar a um acordo com você quanto a isto. Sinto muito por tê-la ofendido.
   - Será que sente mesmo, Henry?
   - Sim, eu sinto. - disse, enfático. - Eu sou um ser humano também, não se esqueça disso, e tenho sentimentos assim como você. Por isso, sei reconhecer e admitir quando erro, principalmente se machuco alguém com isso.
   gostaria de poder acreditar nele, mas Henry poderia ser um bom mentiroso quando queria e poderia manipular uma situação de maneira que lhe favorecesse, para que não saísse perdendo.
   - Não consigo acreditar mais nas coisas que você diz, depois de tudo o que descobri - ela balançou a cabeça e tentou segurar as lágrimas. Não era hora de fraquejar. Tinha de se manter firme e forte. - É impossível dar crédito a qualquer coisa que saia da sua boca. Você não passa de um mentiroso, para mim. Alguém sem escrúpulo algum, capaz de fazer qualquer coisa para atingir seus objetivos. Estou indo embora agora, e você não irá me impedir. Não serei mais marionete de ninguém. Adeus.
   Antes que ela conseguisse alcançar a maçaneta da porta, entretanto, gritos foram ouvidos, vindos do lado de fora. Não pode ser! - pensou ela, angustiada. - Isto não pode estar acontecendo comigo.
   Mas estava.
   As vozes estavam cada vez mais audíveis, e os gritos de "Hal-T cadê você? Eu vim aqui só para te ver!" e "Hal-T, eu te amo" eram claros, de maneira cristalina. Ela não poderia mais sair daquele quarto, como planejara.

*** *** **** **** *** ***

  Quando chegou em casa, dez minutos após ter saído da casa de , surpreendeu-se ao encontrar e na sala de estar. O que eles poderiam estar fazendo ali, na sua ausência?
   - O que vocês estão fazendo aqui? - indagou, assim que fechou a porta atrás de si.
   - Hey, , é bom te ver também. - disse. - Que bicho te mordeu? - perguntou quando percebeu a expressão carrancuda que o outro ostentava.
   olhou de cara feia para o amigo brincalhão, que não sabia perceber quando havia alguma coisa de errado, fazendo-o se calar.
   - Oi, . Espero que não seja um problema estarmos aqui - disse . - Mariah pediu que ajudássemos a compor uma música para o concurso que vai participar.
   O maldito concurso! Ele se esquecera completamente. Mais uma jogada de marketing daquela farsante com o namorado. Se fosse possível, o sangue dele estaria em um estado de ebulição, tamanha a fúria que estava sentindo no momento.
   - ! - Mariah gritou enquanto descia às escadas, trazendo papeis e canetas. - Maninho, o que está acontecendo? - ela perguntou assim que estava próxima à ele. - veio aqui hoje e disse que vocês brigaram, mas não entendi nada. Ela estava agindo de um modo estranho.
   Como aquela cobra era audaciosa! Tivera mesmo coragem de vir à casa dele, certamente para procurá-lo. Por sorte ele não estava, pois não responderia por suas ações se tivesse que encará-la novamente.
   - Rapazes, - pronunciou - vocês se importariam de me deixar a sós com a minha irmã?
   - Claro que não - respondeu, já se levantando do sofá e puxando um desnorteado pelo braço.
   - , não! - Mariah gritou, com angústia, ao ver os amigos indo embora. - Os meninos vão me ajudar a compor a música do concur...
   - Não vai haver porcaria de concurso nenhum, entendeu?! - vociferou ele, interrompendo-a. - Faz tudo parte da mídia; é tudo mentira! Aquele casalzinho está enganando todo mundo!
   - , não diz isso! - disse ela, chorando. - O que deu em você? Ficou maluco de vez? Foi por isso que brigou com a ?
   - Não, eu não fiquei maluco. E não pronuncie nunca mais o nome daquela cretina na minha frente!
   - ! - a menina estava horrorizada com o comportamento do irmão, para não mencionar com medo, também. Ele jamais agira daquele modo. não tinha explosões de raiva, era sempre o mais calmo; o conciliador. Aquela atitude não combinava com ele. Alguma coisa havia acontecido, mas ela não conseguia entender o que poderia tê-lo deixado daquela maneira.
   - Ela mentiu para todos, Mariah. Enganou todo mundo!
   - Do que está falando? Eu não estou entendendo nada!
   Nesse momento a campainha tocou, e Mariah agradeceu mentalmente aquela interrupção. Discutir com o irmão naquele estado não estava levando a lugar nenhum, e ela estava cansada de andar em círculos. Limpando as lágrimas que haviam descido por seu rosto, caminhou até a entrada da casa e abriu a porta. Era Giovanna.
   - Ah, baixinha, que bom que te encontrei em casa - Gio disse, entrando. - Você não vai acreditar em quem está na cidade!
   - Quem? - ela perguntou, a curiosidade iluminando seu olhar outrora triste.
   - Hal-T!
   - Não brinca! - a menina gritou. - Tem certeza disso? É ele mesmo? O lindo rapper Hal-T, eterno amado da minha diva ? Quem te disse?
   - É o rumor que anda correndo na cidade. Um monte de gente foi para a pousada em que ele está. E se o Hal-t está aqui, quem sabe a também não esteja?
   - Aimeudeus! Aimeudeus! - Mariah começou a gritar e a pular na sala. - Eu tenho que ir para lá também.
   Ah, que ótimo! - pensou , com ironia. - Agora as coisas iam ficar interessantes.

*** *** **** **** *** ***

  É um pesadelo - repetiu mentalmente, enquanto os gritos ficavam mais altos. - Tem de ser um pesadelo.
   Henry caminhou em direção à varanda e quando ele abriu a porta de correr e começou a ir para a área externa, saiu de seu estupor.
   - Henry, não! - ela suplicou. - Não deixe eles te verem, por favor.
   - Não adianta mais, . Eles já sabem que estou aqui - ela sentiu seu coração afundar quando o viu começar a acenar para a multidão já se reunia lá em baixo.
   Por quê? Por que as coisas tinham que acontecer desse modo? Ela não queria nada daquilo, preferia mil vezes estar nos braços de , aproveitando um curto espaço de tempo namorando, antes que ele tivesse que voltar para o trabalho. Mas nem sempre se conseguia o que queria, e estava experimentando isso em primeira mão.
   Perdida em seus próprios pensamentos, ela não percebeu Henry dizer à multidão que alguém que eles adoravam também estava ali. só voltou à realidade quando ouviu que seu nome também estava sendo entoado. E, então, em um clique, tudo fez sentido. Ela caíra em uma armadilha. Aquela era a forma de Brown obrigá-la a retornar.
   Desgraçado!
   - , amor, o público quer ver você também. Não seja envergonhada e venha para cá - Hal-T sorriu, triunfante, feliz pelo plano ter dado certo.
   Lágrimas turvaram a visão de que, muito abalada por ter sido enganada novamente, não conseguiu segurá-las.
   ", cadê você? Nós queremos te ver!"
   Seu coração parecia ter sido esmagado, tamanha a dor que sentia naquele momento. Ela sufocava os soluços, enquanto a multidão gritava para que aparecesse.
   O que ela iria fazer agora? O quê?
   Secando as lágrimas com um lenço que pegara em sua bolsa, havia decidido que enfrentaria essa situação de frente. Não havia como fugir; ela não tinha outra opção a não ser aparecer.
   Suspirando profundamente, ela colocou seus óculos escuros novamente e prendeu o cabelo em um coque frouxo no alto da cabeça. Para completar seu visual " " só faltava o batom escuro, que ela tratou logo de passar. Após dar uma conferida em seu visual no espelho, caminhou para a varanda e ficou ao lado de Henry.
   Agora era oficial: estava na cidade.
   - Sorria e acene, - Henry sussurrou em seu ouvido, e ela sentiu vontade de estapeá-lo. Era tudo culpa dele. Dele e de Thomas, claro, mas fora ele quem fizera o trabalho sujo. o odiava.
   - Oh, meu Deus! - Mariah gritou extasiada, enquanto abria caminho pelo mar de corpos que reuniam em frente a pousada mais luxuosa que a cidade possuía. - São eles mesmo!
   Ao seu lado, encarava a cena, carrancudo. Ver até onde era capaz de chegar estava deixando-o nauseado. aproximou-se do amigo, e colocou uma mão em seu ombro, em um gesto confortador. Entretanto, o rapaz estava com um humor muito arredio para aceitar tal gesto, por isso afastou-se, e continuou fuzilando com os olhos.
   deu um passo para trás ao notar quem também estava lá embaixo.
   Não, não, não. Eles não. Mariah não podia vê-la assim. também não.
   Ela tentou se afastar, voltar para dentro do quarto, porém Henry a impediu, apertando ainda mais sua cintura. Fingir um sorriso depois disso foi ainda mais difícil.
   Estreitando os olhos contra o sol, Mariah percebeu uma coisa que não fez sentido. A roupa da ... Não, não podia ser. Mas era muito parecida com que sua bela cunhadinha estava usando quando fora a sua casa. Ah, meu Deus, será que Hal-T havia pago para se passar por ? Com o cabelo preso e de óculos, as pessoas não notariam as diferenças entre elas. Principalmente de longe.
   Mas por que concordaria com algo assim? Isso não combinava com ela. Ou pelo menos não combinava com a imagem que Mariah tinha dela.
   De repente, ela sentiu que seu corpo estava sendo puxado para trás, e olhando por sobre o ombro, viu que seu irmão estava tentando tirá-la do meio da multidão.
   - Já é suficiente, Mariah. Espero que você já tenha conseguido enxergar quem é a verdadeira .
   - O que você está querendo dizer? - ela perguntou, quando já estavam mais afastados.
   colocou as mãos em seus ombros e a encarou seriamente. A ingenuidade da irmã às vezes o espantava. Como ela podia não ter percebido ainda? Ou teria ela simplesmente inventado alguma desculpa para o que vira?
   - Mariah, eu sei que você pode estar querendo negar a verdade, mas é impossível que você não tenha percebido que a e a são a mesma pessoa.
   - Não! - a menina negou, balançando a cabeça. Ela se recusava a crer nisso. Não podia ser. Simplesmente não podia. Não era verdade. Seu irmão estava com raiva por ter aceitado dinheiro para se passar pela sua diva pop. Nada mais que isso.
   Ao notar que e Mariah havia sumido de sua linha de visão, se desesperou. Usando toda sua força, conseguiu se libertar do aperto de Hal-T e saiu correndo, sem se importar com que os outros iam pensar. Ela tinha que conversar com eles, explicar a situação. Mariah certamente a entenderia. A cunhada era uma pessoa compreensiva. Já o mesmo não podia ser dito de .
   Com o coração trovejando no peito, ela abriu a porta do quarto, apenas para dar de cara com duas montanhas de músculos uniformizados, impedindo sua passagem. Os seguranças de Henry, droga! Bem que ela deveria ter desconfiado ao não encontrar nenhum guarda-costas quando chegou.
   - Deixem-me passar! - ela esbravejou, quando eles a detiveram.
   - Desculpe, senhorita , mas não podemos. - disse um deles. Certamente o chefe da segurança. - Temos ordens expressas para não deixá-la sair do quarto, a menos que esteja acompanhada do senhor Thompson.
   - , querida, acalme-se - Mandando toda a civilidade pela janela, virou e deu um tapa na cara de Henry, assim que ele terminou de falar.
   - Cale a maldita boca, seu cretino! - ela gritou, enquanto era contida pelos seguranças - que a seguravam, um em cada braço. - Soltem-me! Vocês não deveriam encostar um dedo em mim! - esperneava, como se fosse uma criança.
   - Tudo bem, podem soltá-la - Hal-T ordenou. - Não acredito que ela seja capaz de me causar algum dano físico maior do que uma marca de dedos no rosto.
   - Você que pensa - ela desdenhou, quando se viu livre novamente. - Agora, deixe-me ir embora. Ou eu juro por Deus, que vou até lá na varanda fazer um escândalo!
   - , - ele falou com desgosto - sempre tão passional. ar decisões racionais nunca foi o seu forte, não é mesmo? Se fosse, você não estaria nessa situação.
   - Eu não estou com vontade de discutir como tomo decisões! Só quero sair daqui. Agora mesmo!
   - E você vai, - olhando para o relógio de ouro em seu pulso, ele sorriu. - Nosso carro já deve estar lá fora nos esperando.
   - Nos esperando? - ela riu do absurdo da situação. - Eu não vou a lugar algum com você. Pode dizer logo para seus brutamontes me deixarem passar, porque eu estou saindo deste quarto imediatamente!
   Se ela queria fazer as coisas do modo difícil, tudo bem, afinal de contas Henry sabia como aquilo iria terminar. Uns minutinhos de atraso não iam influenciar.
   - Tudo bem - ele deu de ombros e abriu a porta. - A srta. está de saída, por favor não a impeçam.
   Os seguranças olharam de um para o outro, sem entender nada, mas abriram espaço para que pudesse passar.
   - Adeus, Henry.
   - Até logo, .
   tentou ignorar o sentido que as palavras dele tinham, e desceu às escadas. Mas o que ela não havia previsto, é que já haveriam repórteres no local. Bombardeada por perguntas dos mais variados tipos, e tendo sua visão ofuscada por causa dos flashes das câmeras que não paravam de capturar imagens suas, ela, com muito esforço, conseguiu chegar do lado de fora.
   As pessoas logo tentaram se aproximar, mas os seguranças - que ela não tinha visto ali - as detiveram, formando um cerco ao redor dela, enquanto ela caminhava. havia esquecido como podia ser cansativo sair de casa quando se era famosa. Ela tentou, em vão, avistar em algum lugar, mas era uma missão praticamente impossível com tantas pessoas ao seu redor.
   Do outro lado da rua, longe da aglomeração de pessoas, consolava a irmã, que estava arrasada após finalmente ter compreendido que o que ele falara era verdade. Doía ver sua irmãzinha tão triste, mas era melhor que ela soubesse de uma vez como o mundo podia ser cruel. Mantê-la acreditando em uma ilusão além de injusto, era errado. Ela já tinha idade mais do que suficiente para entender como o mundo funcionava. E, principalmente, era hora de ela parar de ser obcecada com a vida dos famosos.
   Ao erguer o rosto para fitar mais uma vez a multidão, ele a viu. A ferida ainda estava muito recente, não havia parado de sangrar, e vê-la ali, em seu elemento, só fez com que aprofundasse mais. caminhava com dificuldade, cercada de seguranças, enquanto seus fãs tentavam se aproximar dela. Logo atrás vinha Hal-T, também cercado de seguranças, só que mais à vontade, sorrindo e acenando.
   Em um pensamento impulsivo, decidiu que merecia uma última palavra antes de deixar a cidade. Era um tipo de encerramento para ele. Acenando para e Giovanna - que estavam um pouco mais afastados deles - se aproximarem, ele soltou Mariah e, gentilmente, a colocou na direção dos amigos. Ela ergueu os olhos molhados pelas lágrimas e o encarou, confusa.
   - Aonde você vai? - indagou, quando ele começou a se afastar.
   - Só resolver uma última pendência.
   - ... - ela ergueu a mão para detê-lo.
   - Volto logo, prometo - e com isso ele se virou, indo na direção contrária a que as pessoas estavam seguindo para se aproximar de . sabia que desse a volta na rua, sairia exatamente onde a limusine estava estacionada, e não precisaria enfrentar uma multidão para encarar uma última vez.
   Quando viu a limusine do outro lado, esperando-a, teve vontade de chorar. Ela não queria ir embora assim. Não era para as coisas terem terminado daquela maneira! Sua última esperança era esperar a poeira baixar, e voltar quando as coisas tivessem se acalmado. Quando isso acontecesse, ela tentaria conversar com calma com , e tentaria fazê-lo entender como tudo aconteceu; que não era o que ele estava pensando. Ele jamais fora alguém para esquentar sua cama; ele era o amor de sua vida.
   Um dos seguranças abriu a porta para que ela pudesse entrar, no entanto, antes que ela pudesse fazer isso, ouviu alguém chamá-la. E não era qualquer pessoa. Era aquele que ela pensou que demoraria um bom tempo para ouvir novamente. .
   Ela se virou, e lá estava ele, um pouco mais próximo dela do que o restante da multidão, mas impedido de chegar mais perto por causa dos seguranças. tentou dar um passo em sua direção, mas uma mão em seu braço a deteve. Sem nem olhar ela sabia quem era.
   - Solte-me, Henry - ela sibilou entredentes.
   - Entre no maldito carro, .
   - Não.
   - ? - a chamou novamente, de alguma maneira se fazendo ouvir acima da multidão.
   Henry tentou puxá-la pelo braço, mas ela conseguiu se soltar, e concentrou toda sua atenção no homem que amava.
   - Sim? - respondeu, temerosa.
   - Você estava certa - seu coração começou a bater loucamente no peito, esperança inundando-a. - Nada dura para sempre - aquilo foi como um golpe fatal em seu, já destruído, coração. Ele estava se referindo à sua música, a que ela estava escrevendo às escondidas. Só que enquanto ela pensava em seu outro relacionamento que acabara, estava decretando o fim deles.
   Henry a puxou novamente, desta vez com sucesso, já que ela não ofereceu resistência. Seu corpo estava enfraquecido; suas forças haviam evaporado. Ele fez com que ela entrasse no carro, e enquanto eles avançavam devagar pelas pessoas que batiam no vidro e gritavam seus nomes com entusiasmo, só conseguia olhar para trás, para o lugar em que estivera antes, e onde ficariam os últimos pedaços que restavam de seu coração.

Fim?



Comentários da autora


Nota da autora: Por favor, por favor, não queiram me matar depois desse final. Eu posso explicar, juro. E, antes de mais nada, isso foi necessário para que eu pudesse fazer a parte dois. Estou perdoada agora, certo?
Não sei nem o que escrever nesta última nota, porque estou muito emocionada. Star Girl foi minha primeira fanfic, e com ela eu aprendi muito. Acho que não importa quantas histórias eu escreva depois desta, SG sempre será meu xodozinho, pois quando a comecei não sabia praticamente nada sobre o universo das fanfics. Ela reflete meu espírito ingênuo. E isto é tão legal, pois mostra o quanto já amadureci.
Tenho que fazer um grande e especial agradecimento a vocês, minhas queridas leitoras, sem as quais não existiria motivo para eu criar uma história. Cada comentário de vocês iluminou os meus dias, fez-me ter vontade de escrever mesmo quando a preguiça batia, e eu olhava para o computador sem ter ideia do que colocar no capítulo.
Quero agradecer também às betas que já tomaram conta do meu bebê e a trataram com tanto carinho para que vocês pudessem ler a história. Carol, Bella e Mary, muito obrigada por terem me aturado!
Quero agradecer também a Samara Dias, a responsável por me introduzir no mundo das fanfictions, mesmo que não saiba disso rsrsrs. Não sei se um dia ela ainda lerá alguma história minha, mas não podia deixá-la de fora. Se eu nunca tivesse lido a sinopse do livro Nosso Filho no skoob, jamais teria ficado curiosa para saber o que acontecia, e não teria conhecido a fanfic Our Son, já que naquela época o livro ainda não havia ficado pronto, e eu precisava desesperadamente ler.
É melhor eu parar de escrever esta nota, antes que o texto fique maior que o capítulo.
Um beijão e um abraço para todas vocês que tiraram um tempinho de seus dias para acompanhar Star Girl. Espero que continuem comigo nesta jornada, pois vem aí a parte dois. E eu prometo que será bem mais agitada do que esta. Mundo da fama, aí vamos nós!
E não se esqueçam de deixar um comentário, afinal de contas este é o último capítulo, então eu mereço. ;D <3

Nota da Beta: Bom, eu ainda quero socar a Gaby, e muito, mas eu sei que ela vai mandar a parte dois logo – porque eu estou mandando, então acho que minha vontade passará em breve.
Eu nunca tinha lido “A Star Girl” – momento sinceridade – até pegar da Bella, mas assim que comecei a ler, comecei a me apaixonar pelos personagens, cada vez mais. Por isso, eu estou DESTRUÍDA que eles não irão ficar juntos desde já. QUE TIPO DE AUTORA VOCÊ É, GABY???? ISSO NÃO SE FAZ COM A POBRE BETA SHIPPADORA DE DOUVERLY!!!! Acho que já manifestei-me demais, melhor parar e ir para o whatsapp dela, ler mais spoilers da parte 2 hahahahaha :*