All You Ever Wanted

Escrita por Paula Sousa | Revisada por Lelen

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Música: Over Again, por One Direction

   andava de um lado para o outro da enorme sala de estar do novo apartamento de seu melhor amigo. Ele havia ligado mais cedo, lhe pedindo ajuda para organizar o lugar, que tinha dezenas de caixas espalhadas por todos os lados. A garota não fazia ideia de como ele tinha tanta coisa, quer dizer... Ele era um garoto. Eles não deveriam ser os práticos?

  — Fala sério... De onde é que veio tudo isso? Digo, onde foi que você arrumou tempo pra sair por aí comprando desesperadamente? Eu pensei que você trabalhasse. — zombou, enquanto esvaziava mais uma caixa dos souvenirs do amigo.

   — em seus cabelos , olhos , carne e osso, o objeto de fantasias sexuais de milhões de garotas mundo afora — passou por ela, beliscando sua barriga de leve, com um sorriso brincalhão no rosto. Quando ele sorria daquele jeito, vestido com uma camiseta branca simples e jeans, um suor fraco brilhando em sua testa, ela podia entender exatamente o motivo pelo qual tantas garotas dariam a vida para estar em seu lugar. Em alguns momentos, era tão bonito que chegava a doer.

  — Assim você me ofende. — ele retrucou, também em tom de zombaria.
   — Bom, me desculpe. — rolou os olhos, não conseguindo evitar o sorriso que surgiu em seu rosto. — É só que isso vai demorar uma eternidade e eu marquei de me encontrar com o Justin quando saísse daqui. Ele disse que precisava falar comigo sobre algo, mas eu pensei que fossemos terminar de arrumar isso nesse século.
   — Você sabe que pode ir embora se quiser, . — se aproximou de onde a garota estava, pegando uma lembrança que tinha ganhado de uma fã em sua ida ao Japão. Ele posicionou o objeto com cuidado em uma das prateleiras e se virou para a melhor amiga, a garota por quem era completamente apaixonado e também a única que parecia imune a qualquer sentimento romântico em relação a ele. — Longe de mim, prender você aqui.

  O sorriso de aumentou, junto com os batimentos cardíacos de . Ela entrelaçou os dedos nos dele por um momento antes de abraçá-lo fortemente. O rapaz passou os braços pela cintura dela e deixou-se fechar os olhos por um momento para apenas sentir o perfume doce da amiga. Como ela não conseguia notar o modo como os corpos deles eram moldados um para o outro? Ninguém se encaixava tão bem em como , ele sabia disso. Já tinha abraçado garotas o suficiente para chegar a essa conclusão e estava cansado de pensar tanto no que poderia fazer para que ela enxergasse. A garota, no entanto, era cega.
  Quando pensou que o abraço fosse terminar, inclinou um pouco o rosto e plantou um beijo demorado em seu pescoço. inspirou fundo, o que não adiantou muito, visto que o cheiro dela o atingiu em cheio. Sentindo-se tonto, ele se afastou e fingiu um sorriso.

  — Pode ir, . Seu namorado está esperando você.

  Ela não percebeu a nota de frustração que ele colocara naquela expressão. Não percebeu a mágoa nos olhos dele por ela estar o deixando, de novo, por outro. E também não ouviu as três palavras sussurradas por ele assim que ela fechou a porta do apartamento.
  Ele começava a pensar que talvez ela nunca percebesse... E o simples pensamento parecia uma maldição que ele carregaria por um bom tempo.

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   não sabia mais o que fazer. Já tinha tentado de tudo o que viera a sua cabeça: piadas, vídeos engraçados na internet, chocolate, sorvete, xingamentos ao infeliz... Mas nada adiantava. estava em pedaços e não parecia que iria se recompor tão cedo. Ela não tinha tido condições nem de lhe contar o que acontecera quando bateu na sua porta uma semana antes. Tinha murmurado “acabou, , acabou” antes se jogar nos braços dele e começar a chorar.
  Desde então, ela tinha intervalos mais tranquilos, onde apenas ficava calada, sofrendo em silêncio com a cabeça no colo dele ou momentos de crise, nos quais chorava compulsivamente e não queria sequer tocá-lo. Era mais difícil quando ele tinha que sair para fazer um show ou dar uma entrevista. Ela ficava descontrolada.
  Estava em um daqueles momentos agora. Ele não ia trabalhar, mas tinha marcado de se encontrar com e para um lanche. Amava , mas precisava de uma pausa ou ele mesmo iria surtar.

  — , por favor. Você vai ficar bem, eu não vou demorar. — argumentava, inutilmente. A garota estava agarrada ao seu pescoço como um vício, recusando-se a soltá-lo. — , você sabe que eu vou sair mais cedo ou mais tarde. — o corpo dele se retraiu quando ela soltou um soluço alto perante a essa frase.
  — Não, ... Não vai, não me deixa, você não pode me deixar... — ela sussurrou, entre soluços. O rapaz se surpreendeu com aquilo. Eram as primeiras palavras que dizia em mais de quarenta horas. Ele separou o corpo do dela apenas para que pudesse segurar em seu queixo e fazê-la olhar em seus olhos.
  — Lembra quando fizemos um ano de amizade? — quando ela afirmou com a cabeça, ele continuou: — Lembra quando eu disse que nunca deixaria você? — mais lágrimas caíram dos olhos dela e ele sentiu o buraco em seu peito aumentar. Aquela garota acabaria com ele. — Nunca vou deixar você, . Nunca. Você vai conseguir começar de novo, está entendendo? A dor vai passar e vai dar tudo certo, ok?

  Ela afirmou com a cabeça mais uma vez, antes de fungar e voltar a agarrar o pescoço de .
  Infelizmente para e , ele não teve condições de deixá-la sozinha daquela vez.

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   já estava há quase quatro semanas no apartamento dele e já estava começando a perder a paciência. Tivera que sair por alguns dias para resolver questões da banda, já que sua vida não funcionava como a dela. Ele não podia contar com o privilégio de fazer seus horários.
  Mas, mesmo depois de alguns dias estressantes, não conseguiu evitar sentir seu cérebro fritar quando entrou em seu apartamento e ela estava jogada no mesmo lugar onde ele a tinha deixado, vestindo as mesmas roupas, como se sequer tivesse se levantado dali durante aquele período de tempo. Suspirou silenciosamente, antes de bater de leve sua cabeça na parede e largar a mochila que continha algumas peças de roupa usadas. reagiu ao barulho instantaneamente.

  — ? — ela ergueu a cabeça de onde estava encostada, no braço do sofá.

  Assim que ele entrou em seu campo de visão, surpreendeu-se quando ela se levantou em um impulso só e jogou seus braços ao redor do pescoço dele. O rapaz inspirou para detectar algum sinal de higiene e notou a fragrância acentuada de perfume. Não o cheiro natural de , e sim perfume artificial. Sem parar para pensar muito, afastou-se dela sem se permitir um sentimentalismo acentuado.
  Não era hora de bancar o garoto apaixonado.

  — Senti saudades... — ela olhou com mágoa para ele por ter colocado certa distância entre os dois.
  — Não vem com essa de saudades pra cima de mim, . — a voz dele era dura, inflexível. Ela logo percebeu que ele não estava brincando, mas tentou manter uma expressão inocente. — Você acha que eu sou idiota? Você acha que eu já não vi essa cena antes?
  — ... — a garota tentou, inutilmente, interrompê-lo.
  — Você gosta de se machucar? É isso? Porque só pode... — ele parecia revoltado, andando de um lado para o outro, os dedos correndo pelos cabelos em sinal de frustração. Então, ele parou e olhou diretamente nos olhos dela. — Até quando você vai continuar com isso? Quantos Justins, Jordans e Ryans vão ter que passar pela sua vida pra você aprender que não adianta nada ficar se desgastando dessa maneira?
  — Para de falar assim! — mais uma vez, a tentativa dela foi infrutífera.
  — Não, para você! — a voz de aumentou e ele tentou se controlar. Gritar não adiantava nada. — Para de ficar se rebaixando e pensa por um minuto no que você faz toda vez que você acaba um relacionamento! Você precisa parar com isso, ! Parar de ficar pulando de galho em galho, achando que você nunca vai ser feliz se não estiver com alguém... Não vê que isso só te faz mal? Toda vez é a mesma coisa! Você conhece um cara, está perdidamente apaixonada por ele no dia seguinte e, quando ele te dá um chute, você fica desse jeito, sem comer, sem tomar banho, jogada no sofá achando que precisa de mim para sobreviver. — a essa altura, lágrimas já rolavam pelo rosto dela. Porém, ele sabia que aquilo era necessário. Ela precisava acordar. — Só que eu cansei, entendeu?! Cansei de você acabando com a sua vida por causa de relações sem futuro, estragando sua rotina por causa de caras que não valem a pena e prejudicando seu trabalho por idiotice! Eu não vou mais passar a mão na sua cabeça e dizer que está tudo bem, só pra no fim ouvir você dizer que me ama e desaparecer pela porta pra aparecer de novo, semanas depois, com outro imbecil nos braços.
  — Eu não me lembro de ter perdido a sua opinião sobre os meus relacionamentos, . — ela grunhiu, entre as lágrimas. Não podia acreditar que ele estava falando tudo aquilo para ela. Não podia acreditar que ele estava sendo tão cruel. Ele deveria ser o seu melhor amigo.
  — Bom, supostamente eu sou o seu melhor amigo, não é mesmo, ? — um arrepio percorreu a garota quando o ouviu verbalizando seus pensamentos. — Não vou ficar olhando você fazer tudo errado e ficar calado. Sinto muito se isso te ofende.

  Os dois se olharam por alguns segundos, antes de deixar o cômodo e ir em direção ao quarto de hóspedes. suspirou, tentando acalmar as batidas frenéticas de seu coração nervoso e se sentou no sofá onde ela estava antes, já sabendo o que aconteceria a seguir.
  Quando a garota saiu do quarto, ela tinha sua mochila nas costas e não olhou para ele ao andar em direção à saída do apartamento. Porém, assim que a mão dela encostou-se à maçaneta, sentiu-se compelido a dizer:

  — Boa sorte na caçada ao próximo amor da sua vida, . Só espero que não perceba tarde demais que não é isso que você ou o seu coração precisam.

  No entanto, ela fingiu que não ouviu e saiu batendo a porta, levando o coração dele junto.

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   se distraía com um copo de café enquanto esperava chegar. Tinha ficado relativamente surpreso com o telefonema dela naquela manhã, mas não possuía ilusão alguma de que a garota o estaria convidando para uma conversa amigável, depois de ter desaparecido da vida dele nos últimos dois meses. Ao telefone, tinha sido fria, muito diferente do que era normal para ela. Mencionara o café onde eles se conheceram e perguntara se ele tinha alguns minutos.
   sabia muito bem que não tinha conversas de “minutos”.
  O rapaz havia acabado de consumir sua bebida quando ela chegou e sentou-se à sua frente sem sequer cumprimentá-lo. Encarou-o por algum tempo, até que ele resolveu quebrar o silêncio.

  — Suponho que você tenha algo para falar comigo. — ele começou, vendo o semblante de mudar de neutro para insatisfeito. O que ela queria que ele dissesse, afinal?
  — Sim. — respondeu, mas não falou nada além disso. Acomodou-se melhor na cadeira, deixando a bolsa em cima da mesa. Não parecia ter pressa e ele previu que seriam longos minutos. Após um silêncio desconfortável, voltou a falar.
  — Então, qual é o assunto? — ele quis saber. A garota desviou o olhar, passando a encarar a rua. — ? Seja lá o que for, pode falar.
  — Contei a sobre a conversa que tivemos no outro dia. — ele prendeu o riso ao ouvi-la falar. No outro dia? Dois meses haviam se passado, por Deus. — Ela achou que eu devia conversar com você sobre as acusações que me fez, já que é por isso que não estamos nos falando. Ela acha que ficar sem falar com você não me faz bem.

   quase se sensibilizou com aquilo. Quase. Ele sabia perfeitamente do que aquilo se tratava e duvidava muito que tivesse dito alguma daquelas coisas. O máximo que a amiga teria dito a seria para ela engolir o orgulho e telefonar para ele. Tentou dar um desconto à garota... Aquela era a melhor forma que ela achara de dizer que não gostava de ficar sem ele.
  Não podia ignorar o tempo que ficara sem vê-la. Ela era simplesmente linda e seu coração doía pela distância que estava mantendo.

  — E você decidiu ouvir o que fala para você pelo menos uma vez na vida. Ela deve estar se sentindo muito orgulhosa de si mesma. — não conseguiu evitar o sorrisinho de lado que se abriu em seu rosto. — O que você quer me dizer sobre as acusações que eu te fiz? — ele fez questão de enfatizar a palavra, como se quisesse deixar claro que não concordava com aquela denominação. Na cabeça dele, “verdade” se encaixava muito melhor.
  — Eu acho que você não pensou no que falou. Voltou do trabalho irritado e eu estava ali e você descontou tudo em mim sem pensar duas vezes. Foi cruel e não se importou nenhum pouco com a dor que me causou, já que desapareceu todo esse tempo. Mas eu estou disposta a ignorar tudo isso e te perdoar pelo que disse. Você é o meu melhor amigo e eu não quero te perder por causa de um pequeno estresse.

   quase não acreditou no que estava ouvindo. Ou tinha passado todo aquele tempo se drogando ou era cega demais, ao ponto de ter se convencido de que ele não queria dizer nada do que tinha dito. O rapaz esperava que ela o conhecesse melhor do que aquilo, mas, pelo visto, estava enganado. Será que tinha só perdido o seu tempo e seu amor com aquela garota?

  — Pelo modo como você falou comigo mais cedo no telefone, eu achei que você tinha planejado essa conversa, pensado no que eu disse e pensado no que ia dizer também. Jamais imaginei que você ia chegar aqui e falar a primeira merda que aparecesse na sua cabeça. — ela arregalou os olhos ao ouvir aquilo. , em geral, não era muito chegado a palavras chulas. — Eu achei que você fosse mais esperta do que isso, .
  — Eu não estou entendendo onde você está querendo chegar...
  — Pois eu explico. — ele se inclinou para frente, os cotovelos apoiados na mesa, os olhos sérios. — Eu estava um pouco cansado e estressado do trabalho? Você pode ter certeza que sim. Eu trabalho duro, mas isso nunca foi um problema para mim, porque amo o que faço. Agora, o que me irritou de verdade foi chegar em casa e ver você jogada no sofá da mesmíssima maneira na qual eu te deixei, . Com a mesma roupa, o mesmo cabelo bagunçado, a mesma cara de quem não dorme há dias... Você acha mesmo que eu não me importo com o fato de ter te causado dor com o que falei? Ou que eu não me importo com qualquer dor que você venha a sentir? Você estava um verdadeiro lixo quando entrei no apartamento, , admita isso!

  Ela afastara um pouco a cadeira, assustada pela ferocidade nas palavras dele. Assim como da última vez que se falaram, parecia revoltado, algo que era extremamente incomum para ele, mas que parecia estar se tornando frequente quando estava na companhia dela.

  — Fui cruel? Talvez tenha sido, mas não foi porque eu “descontei em você” minha irritação. — as mãos dele bateram com força na mesa depois que ele sinalizou as aspas com os dedos. — Fui cruel com você porque você precisava acordar e ver o que estava fazendo com a sua vida. Obviamente, não funcionou. — ele soltou o ar com força e voltou a se recostar na cadeira. — E, antes que eu esqueça, não, eu não “desapareci durante todo esse tempo”. Você saiu do apartamento sem dizer uma palavra e eu te dei o espaço que você precisava para assimilar a realidade. O que não resultou em absolutamente nada, visto que ter espaço próprio só te fez chegar as conclusões erradas.

  Os olhos de estavam marejados e uma das lágrimas correu solta por seu rosto antes que ela pudesse impedi-la. bufou, frustrado.

  — Que ótimo. — ele ironizou. — Agora eu posso dizer que já te fiz chorar duas vezes. Logo, logo estarei empatado com Justin e Jordan.

  A garota deixou escapar mais algumas lágrimas e apoiou os cotovelos na mesa, descansando a cabeça abaixada nas mãos. Após refletir, ela ergueu os olhos e viu mágoa nos de . Instantaneamente, mais lágrimas caíram dos seus. Detestava ver que o tinha magoado, mesmo que ele tivesse feito a mesma coisa com ela.

  — Você se arrepende? — ele olhou para ela, confuso com a pergunta. — De ter ficado do meu lado esse tempo todo, aguentando todas as besteiras que tenho feito desde que nos conhecemos?
  — Talvez eu me arrependa.

  Arrependia-se, sim... De não ter se declarado para ela no instante em que se percebera apaixonado.

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   vestia uma camiseta velha de que batia em seus joelhos. Era uma peça que ele esquecera ali em uma das muitas vezes que dormira no apartamento da garota. A camiseta nunca perdia o cheiro dele, que ficava grudado na pele dela. Assim que percebera isso, passara a usá-la muito mais.
  Estava sentada no sofá, trabalhando em alguns de seus projetos de decoração — ou, pelo menos, tentando trabalhar — quando a campainha tocou. Confusa, ela deixou o notebook de lado e olhou pelo olho mágico, só para quase tropeçar em seus próprios pés e cair de cara no chão. Mais surpresa do que julgava ser possível, ela abriu a porta para .

  — Olá. — ele abriu um sorriso gigante assim que viu o que ela usava. Instintivamente, ela sorriu de volta.
  — Oi, . Eu não estava esperando ninguém... — deu espaço para ele entrar e o rapaz o fez, logo percebendo o notebook e a bagunça de tecidos e materiais de decorações na mesa de centro.
  — Estou interrompendo você? disse que você vem se isolando e pediu pra que eu viesse ver se está tudo bem.
  — se preocupa demais. — rolou os olhos, ainda sorrindo. — Eu estou tentando voltar à rotina.
  — Isso é maravilhoso, ! Fico muito feliz por você. — o sorriso dele aumentou e a garota pareceu se sobressaltar, correndo para tentar liberar o sofá dos milhões de exemplos de papel de parede que tinha. — Não precisa se incomodar, , eu não vim com a intenção de interromper ou de demorar... Só vim ver como você estava e agora já vou te deixar em paz. — ela congelou no lugar e olhou para ele, tristeza tomando conta de seu semblante. O coração de se apertou. Onde estava a felicidade de segundos atrás?
  — Não, . Não vai... Eu já estava terminando mesmo...

  Ele percebeu a hesitação na voz e nos movimentos dela. Sem pensar muito em seus atos, abriu os braços e correu para se grudar a ele, apertando-o com todas as forças de seu corpo pequeno.
  Aquele gesto, comum para alguns, para ele representava muito mais. Era admitindo que sentia saudades do tempo que passavam juntos, que o queria por perto e que precisava dele, depois de todo aquele tempo que eles tinham passado debatendo a amizade dos dois.
  Apesar da vida amorosa conturbada e do estado que ficava após um relacionamento ruim, não era uma pessoa fraca e, em outras situações, jamais se permitia demonstrar fraqueza. sabia que ela nunca fraquejaria na frente de qualquer pessoa que não fosse ele. Como que para confirmar aquilo, ela murmurou, o ar que expirava tocando o pescoço dele:

  — Eu não quero ficar sozinha, . Você vai ficar aqui comigo?

  Mais uma vez, ele não precisou pensar muito.

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   estava mais do que confortável jogado no sofá de seu apartamento, com em seus braços. Eles estavam em um silêncio agradável há algum tempo: ela, brincando com os dedos da mão direita dele; e ele, com o nariz encostado nos cabelos dela.

  — ? — decidiu finalmente falar o que já estava em sua cabeça desde que assistira a um show dele na última semana. Refletira muito sobre o assunto e achava que havia chegado à decisão certa.
  — Hm? — ele não se incomodou nem em pronunciar uma palavra inteira. Ela sorriu.
  — Eu já te falei que o show de semana passada foi muito bom? — abriu um sorriso que ela não viu, mas sabia que estava ali. Ele sempre ficava com um sorriso idiota quando ela elogiava sua banda.
  — Já. Umas cinco vezes.
  — Foi muito bom mesmo.
  — Agora são seis. — ele soltou uma risadinha, inclinando mais o rosto na direção dos cabelos da garota.
  — Sabe antes de a gente ir pra after party, quando você estava conversando com o no camarim? — ficou mais atento. Onde ela estava querendo chegar?
  — Do que você está falando, ?
  — Os meninos disseram que você estava conversando algo importante com ele, mas eu queria muito falar com você. Então, assim que eles caíram fora, eu fui até seu camarim. — a cabeça de rodou e ele a apoiou no sofá. Jesus. Aquilo não podia estar acontecendo. — Eu meio que ouvi uma parte da conversa de vocês. — ela sentiu o corpo inteiro de se retesar e se obrigou a se afastar dele. O rapaz estava pálido e parecia à beira de um ataque de nervos. — ? Você está bem?
  — O que você ouviu, ? — a voz dele não era mais que um sussurro.
  — Acho que você sabe o que eu ouvi, ... — para a completa surpresa dele, ela abriu um sorriso lindo. O rapaz podia jurar que seu rosto não podia ficar mais vermelho do que já estava. Levantou-se do sofá em um pulo e começou a andar de um lado para o outro, murmurando para si mesmo coisas sem sentido. — , por favor, será que você pode parar um segundo e ouvir o que eu tenho a dizer? — como ele a ignorou, continuando a sussurrar coisas como “tanto esforço perdido”, “vou matar o ”, “garotos incompetentes”, suspirou e se acomodou no sofá antes de exclamar o nome inteiro dele em voz alta. O rapaz congelou, os olhos arregalados. — Eu sei que você gosta de mim.

   sentiu as pernas tremerem e rapidamente sentou-se na poltrona vazia em frente ao sofá. A garota em sua frente sorriu ternamente perante a reação dele.

  — Antes de qualquer coisa, quero dizer que você é um excelente ator. — ela soltou uma risadinha. — Nunca suspeitei de nada e você é muito bom nessa coisa toda de fingir, mesmo eu sabendo que nossa amizade nunca foi falsa de nenhuma maneira. Bom... Você sabe que eu tenho um péssimo histórico de relacionamentos, mas estou tentando melhorar.
  — ...
  — Tudo o que você disse quando Justin terminou comigo era verdade, mas estou tentando superar isso. Eu sou uma garota quebrada, . Já era desde antes de nos conhecermos, mas você, por algum motivo que está além da minha compreensão, se apaixonou por mim do mesmo jeito. E eu pensei muito sobre isso, sabe? Eu amo você, . Você é basicamente a única coisa estável de verdade na minha vida e eu fico sem rumo quando não estamos nos falando. Então, eu decidi que... Bom, se você quiser, eu posso te dar os pedaços do que ainda resta de mim e a gente pode começar tudo de novo. Mas só se você quiser e...

  Porém, antes que ela pudesse terminar de falar, já tinha levantado, se ajoelhado aos pés do sofá onde ela estava e puxado seu rosto para beijar seus lábios. Exalando felicidade, retribuiu o beijo e sentiu seus batimentos cardíacos aumentarem no mesmo instante. No fundo, já se sentia melhor. Mais inteira, mais feliz, mais, mais, mais... Ela queria muito mais daquilo. Queria muito mais de .

  — Eu amo você, . Sempre amei, sempre vou amar, sempre...
  — Acho que isso quer dizer que você aceita minha proposta? Quer mesmo começar tudo de novo?
  — Aceito tudo. Tudo o que você quiser. — a garota abriu um sorriso enorme antes de beijar novamente o rapaz.
  — Não, ... — ela disse, entre pequenos beijos que dava nele. — Dessa vez, tudo o que você quiser.

  E então, ele abriu o sorriso mais lindo do mundo para ela.
  Sim, definitivamente tinha tomado a decisão certa.

FIM



Comentários da autora

  Aloha, vocês! Nem acredito que terminei essa fic, sério. Não terminava nada desde janeiro e estava quase em colapso quando me inscrevi no projeto e acabei pensando que não ia terminar de novo. Eu amo Over Again e, quando a vi a música na lista, pensei que nunca queria que caísse pra mim, porque é perfeita e eu nunca ia conseguir fazer jus. Mas aí eu abro meu e-mail e adivinha só? HAUAHAUAHAU Ê vida cruel! Espero que eu não tenha decepcionado a Laurah, que sugeriu a música. Também queria mandar um alô especial à Patrícia, amiga mais linda que me aturou surtando enquanto eu quebrava cabeça com essa história. Sem as opiniões dela, eu não teria mais nenhuma autoestima. Enfim, é isso aí, amores. É a minha primeira fic aqui nesse site lindo, então, por favor, me digam o que acharam senão eu penso que todo mundo odiou e aí não escrevo mais nada. [drama forever] Beijão pra vocês. <3 (Qualquer coisa, eis meu tumblr: write-eat-sleep.tumblr.com)